Índice de Capítulo

    Domínio da mana é mais do que controlá-la, caso não fosse, qualquer um que tivesse habilidade o suficiente conseguiria invocá-lo. O Domínio de mana é mais do que isso, é sobre entender, moldá-la a sua imagem, se entregar a ela e dividir seu corpo e mente com ela. Só assim conseguira torná-la sua, só assim conseguira despertar o verdadeiro potencial da energia que nos cerca.  

    O verdadeiro poder ~ Veritas  

    — Aceita um copo?  

    Dentro de uma sala espaçosa e lustrosa, Veritas agarrou sem cerimónias uma garrafa que carregava um líquido cor de mel e serviu em um copo.  

    — Me oferecendo do meu próprio licor? — ironizou Kali. — Não, obrigada.  

    A mulher não demonstrava expressões, mas a presença de seu tio nunca foi de seu agrado.  

    — Tudo bem, acho que é pedir demais para que dívida uma bebida comigo pelos velhos tempos…  

    — Adiante-se, tio, tenho compromissos que requerem urgência.   

    — Não se apresse… — disse o homem. — Sabe, sobrinha, a pressa sempre foi um dos seus maiores defeitos… a falta de paciência.   

    TSK   

    — Não fale comigo como se fossemos amigos — estalou os lábios, levantando-se. — Não tenho tempo para seus sermões.  

    Veritas calmamente se sentou e antes que ela pudesse passar pela porta, ele perguntou despretensiosamente.   

    — Como está meu irmão?   

    A mão da deusa da guerra que estava prestes a girar a maçaneta parou.   

    — Meu pai está em reclusão, bem como esteve na última centena de anos.  

    — Minha querida sobrinha, por quanto tempo achou que poderia esconder isso de mim?  

    — Não estou escondendo nada…  

    — Posso sentir a centelha divina de Muhali tremular… lutando bravamente para sustentar-se acessa, embora já não pareça ter mais combustível para mantê-la.   

    — O que você quer? Finalmente decidiu preocupar-se com meu pai? Não é muito tipico de você — indagou.  

    — Não brinque com isso, Kali — respondeu no mesmo tom. — Independente da nossa relação, sabe muito bem a importância de seu pai para o equilíbrio ser mantido.  

    — Meu pai não é uma ferramenta!  

    — Não… ele não é uma ferramenta… ele é A ferramenta — retrucou Veritas. — Muito mais importante do que você pensa.  

    — Você ainda é asqueroso como sempre foi, tio.  

    — Ah, criança, suas palavras não me ferem, sua ingenuidade as suaviza para mim — riu. — O que você sabe? Uma deusa recente que não completou nem seus duzentos anos!   

    — Sei que abandonou sua humanidade quando o deixou sacrificar-se sozinho.   

    — Ele era um homem altruísta, devo esse elogio a ele.  

    — Você deve muito mais do que isso! — Retrucou. — Se não tivesse o abandonado naquele momento, a humanidade não teria sido reduzida a um único império.   

    — Tolice!   

    — Você é um tolo!   

    — Se pensa assim, sua ingenuidade é maior do que eu imaginava, minha sobrinha… talvez o poder tenha subido para sua cabeça.  

    — Talvez a idade tenha subido a sua!  

    Veritas suspirou grosseiramente.  

    — Ah… uma pena que tenha puxado o temperamento de sua mãe… sinto falta dela.  

    — Não fale mais nada… — O tom de voz de Kali tornou-se grave. — Saia logo daqui tio.  

    O homem não se levantou, ao invés disso ele apenas fez uma pergunta.  

    — Me diga, oh, ‘deusa da guerra’, numa mesa de bar estão sentados um rei, um guerreiro e um mercador, quem é o detentor do real poder nesse lugar?  

    — Do que você…  

    — Responda.  

    — O guerreiro? — respondeu questionando-se.  

    — Por quê?  

    — Um rei sozinho não governa nada, um mercador, mesmo rico, ainda não possui força real — disse Kali. — Somente o guerreiro possui força de verdade.  

    — Errada…   

    — O que…  

    — O verdadeiro detentor do poder é o homem que serve a mesa.  

    GULP GULP GULP  

    Virando o copo de uma vez só por sua garganta, Veritas continuou.  

    — Eu, você, Muhali, as outras raças e até mesmo os demônios e calamidades estamos todos sujeitos a esse jogo de tabuleiro… somente peças movendo-se rigorosamente.  

    — O que está dizendo, tio?  

    — Não sei ainda… mas como parentes vou te dar essa colher de chá… seu pai fez alguma coisa que não deveria ter feito… algo que quebrou a balança…   

    — A balança?  

    — Você já percebeu, raças antigas ressurgindo, habilidades consideradas lendas reaparecendo aos montes, talentos crescendo da lama e barro… tempos fáceis são acompanhados de ventos alísios… mas a tempestade que está se formando não passara em branco…  

    — Não consigo entender…   

    — É melhor se preparar sobrinha… a roda que governa o mundo está prestes a sair dos trilhos…  

    BUUUUUUM  

    Uma explosão foi subitamente ouvida por todo o lugar, Kali desviou sua visão por um instante, mas quando olhou de volta, Veritas já havia desaparecido.  

                                                                                                          

    Mais cedo naquele momento, Li lutava fervorosamente contra um homem bruto.  

    CLING  

    CLING   

    CLING  

    — Quem diria! — gritou Téo, narrando a luta. — O favorito para uma vitória fácil está enfrentando dificuldades, mas por motivos que ninguém imaginaria!   

    — O que tem de errado com ele? — questionou um espectador.  

    — Está se segurando para dar mais emoção?  

    — É… isso é arrogância?   

    — Não tem a mesma graça quando sabemos que ele pode vencer no momento que quiser…  

    O grupo de Li, no entanto, possuía outra visão da situação.  

    — Ele não está usando mana… — disse Fynn  

    — Acha que foi a maneira que ele encontrou de lutar contra esse cara? — perguntou Glória.  

    — Jihan deve ter percebido algo que nós não… mas… desde quando ele consegue usar tão bem usando uma espada? — questionou Hans.  

    — Bem… hahahaha! — Matheus gargalhou. — Isso é muito além de bem… se eu fosse o Prado estaria espumando de raiva nesse momento…  

    — Por quê? — Perguntou Glória. — Não vejo nada de errado…  

    — Esse é o xis da questão — respondeu.  

    — Desembucha logo hombre — disse a latina, sem mais paciência.  

    — A técnica de luta que o Li está utilizando nesse momento se chama Fechten Schwanz a tradução mais correta seria algo como Esgrima de Cauda — explicou. — É uma especialidade desenvolvida pelo próprio Prado, um dos assistentes de Dédalos.   

    — Hm… por isso a espada dele parece fazer curvas às vezes?   

    — Exatamente, agora me responda… quanto tempo você acha que o Prado demorou para aperfeiçoar essa técnica?   

    — É difícil dizer… me parece algo muito complexo… talvez alguns anos…  

    — O Li aprendeu os movimentos em duas semanas.  

    — Duas…  

    Percebendo o absurdo que acabará de ouvir, Glória virou para o homem, boquiaberta.   

    — Exatamente… agora você consegue entender o tamanho real do que você está vendo?   

    — Incrível…  

    — Sim, é algo surreal.  

    — Mas, se ele sabe tanto, por que a luta está num impasse?  

    — Porque o Prado tem em excesso algo que falta no Li… experiencia em batalhas reais.   

    Já na arena, outros pensamentos corriam pela mente de Jihan.  

    “Mesmo que não esteja usando mana… é como se eu estivesse sendo corroído por dentro…” pensou.  

    — Cale a boca, me deixe me divertir mais um pouco! — gritou Otávio para o nada.  

    “Qual é a desse cara?” Li não entendia exatamente o que se passava.  

    Subitamente, o homem careca balançou sua maça, que brilhou em um tom azulado e espalhou água pelo chão, que num instante congelou.  

    — Essa habilidade! — Matheus deu um grito de raiva. — Como ele ousa!  

    — Hahahaha! — Otávio gargalhou fortemente.   

    Li, pisando em falso no chão, utilizou sua mão livre para apoiar-se no solo e completar uma pirueta saindo da zona congelada.  O grandalhão, no entanto, não perdeu a oportunidade e avançou com tudo para cima do seu oponente.  

    Jihan, instintivamente, foi forçado a utilizar a magia de quarto círculo, refletor. Otávio sorriu.   

    PLING  

    — Peguei você…  

    No ressoar de uma gota de suor caindo no chão, o tempo ao redor de ambos parou. O tic tac de um relógio mental pareceu durar uma eternidade na cabeça de Li enquanto ela tentava se adaptar a mudança de realidade.  

    — Mana Domain…   

    “O que” tentou balbuciar, embora sua boca falhasse em acompanhar seus pensamentos.  

    Kleistó kathestós  

    BAM BAM BAM BAM  

    Enquanto sua mente teimava em traduzir as palavras que acabará de ouvir, diversas portas surgiram do nada, fechando tudo a sua volta, como uma grande prisão. Foi aí que o nome fez sentido em sua cabeça.  

    — Regime Fechado…   

    — Incrível, não é? — perguntou de forma retorica, orgulhoso pelo que havia conseguido realizar. — Essa arma que me foi dada tem o poder de criar um domínio completo, até mesmo os poderosos que estão assistindo não conseguem enxergar o que está prestes a acontecer com você… tudo que veem é uma encenação criada pela vontade dessa arma. Agora, prodígio, quero ver você se debatendo como um rato!  

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (1 votos)

    Nota