Capítulo 3 - Predestinado
A ligação caiu antes que ele pudesse perguntar qualquer coisa. Ele olhou para sua mãe e irmã, tentando esconder a inquietação que o dominava.
Ethan ainda segurava o telefone desligado, com os pensamentos em turbilhão. O Vale? O que diabos aquilo significava? Ele nunca tinha ouvido falar de ninguém que o procurasse para algo tão misterioso.
– Quem era, Ethan? – perguntou Clara, tentando disfarçar a preocupação ao colocar a mão no ombro dele.
Ele hesitou, encarando os olhos de sua mãe. Não queria preocupá-la, especialmente porque nem ele mesmo sabia do que se tratava.
– Era… nada demais, só um trote, eu acho – mentiu, devolvendo o telefone ao gancho.
Sophia arqueou uma sobrancelha, desconfiada.
– Um trote? Mas você tá com essa cara aí… certeza que não é coisa de namorada misteriosa?
– Que namorada, Sophia? Para com isso – ele rebateu, tentando parecer casual. – Tá na hora de ir pra escola. Vamos.
Apesar de forçar normalidade, a verdade era que Ethan sentia como se um peso estivesse comprimindo seu peito. A ligação, a voz séria e autoritária, tudo parecia muito real para ser apenas um trote.
Enquanto ele caminhava com Sophia até o portão, Clara ficou na porta, observando os dois saírem. Ela notou a tensão nos ombros do filho e não conseguiu evitar sentir que algo estava diferente naquela manhã.
Na escola, o ambiente estava agitado como sempre. Alunos corriam pelos corredores, conversando e rindo. Alguns cochichavam sobre a nova aluna, Biih, que já tinha virado o centro das atenções.
– Parece que ela foi bem recebida – comentou Lucas, encostado na parede do corredor com as mãos nos bolsos.
Ethan apenas assentiu, distraído, enquanto olhava para Bia do outro lado do corredor. Ela estava cercada por um pequeno grupo de meninas curiosas, sorrindo e conversando com facilidade. Era como se ela nunca tivesse saído dali.
– E aí, tá tudo bem? Você tá meio calado hoje – Lucas perguntou, observando o amigo com atenção.
– É só… uma noite mal dormida, nada demais – respondeu Ethan, tentando afastar a inquietação.
Lucas não parecia convencido, mas não insistiu. Ele sabia que Ethan falaria quando estivesse pronto.
Bia olhou na direção deles e, ao notar Ethan, acenou com um sorriso largo. Lucas deu um sorriso malicioso.
– Olha só, parece que tem alguém interessado em você.
Ethan bufou, revirando os olhos.
– Nada a ver, cara.
– Claro que não – ironizou Lucas, antes de mudar de assunto. – Só não esquece que a gente tem treino hoje depois da aula. Você não pode faltar de novo.
– Relaxa, eu vou – respondeu Ethan, tentando se concentrar em algo mais simples, como o treino de basquete que ele e Lucas compartilhavam.
Apesar disso, a estranha ligação da manhã continuava pairando em sua mente como uma sombra que ele não conseguia ignorar.
À tarde, depois do treino, Ethan voltou para casa exausto, mas a inquietação não o deixava. Sophia estava no quarto dela, e Clara parecia ocupada na cozinha. Ele aproveitou o momento de silêncio para subir ao sótão, um lugar que ele raramente visitava, mas que sempre o fazia sentir próximo de seu pai.
Lá, em meio a caixas empoeiradas e objetos antigos, ele encontrou uma velha bússola dourada sobre uma estante. Era um dos poucos itens que seu pai tinha deixado para trás antes de desaparecer. A bússola estava quebrada, mas ainda assim, Ethan a segurou nas mãos, sentindo uma conexão inexplicável.
Aquela ligação pela manhã, a bússola… tudo parecia conectado, mas ele não sabia como.
Enquanto ele encarava o objeto, uma leve brisa passou pelo sótão, apesar de todas as janelas estarem fechadas. E então, por um breve momento, ele ouviu novamente o sussurro:
“Ethan…”
Ethan deixou escapar um suspiro trêmulo, quase soltando a bússola. Olhou ao redor, o coração disparado, mas o sótão estava vazio como sempre. Apenas as sombras dos móveis antigos e o cheiro de poeira o rodeavam. Ele deu dois passos para trás, ainda segurando a bússola, tentando afastar o calafrio que subia pela espinha.
– Não pode ser – murmurou para si mesmo, olhando para o objeto em suas mãos.
A bússola parecia inerte, como um pedaço de metal qualquer. No entanto, Ethan sentia algo diferente nela, algo que não sabia explicar. Era como se estivesse sendo observado, como se aquele objeto contivesse mais do que aparentava.
Ele guardou a bússola no bolso da jaqueta e desceu do sótão com passos cuidadosos, tentando reprimir a ansiedade que começava a dominá-lo. Ao entrar na cozinha, encontrou Clara mexendo em uma panela no fogão. O cheiro de sopa fresca preenchia o ambiente, trazendo um pouco de conforto em meio ao turbilhão de pensamentos.
– Subiu lá de novo? – perguntou ela, sem tirar os olhos da panela.
– É… só queria dar uma olhada em algumas coisas – respondeu Ethan, tentando soar casual.
Clara virou-se e o encarou por um momento. Seus olhos pareciam sempre saber mais do que ela dizia em palavras.
– Sabe, Ethan, você não precisa ir lá para se lembrar do seu pai – ela disse suavemente. – Ele está com a gente de outras formas.
Ethan apenas assentiu, sem conseguir responder. Ele sabia que sua mãe não entenderia. Nem ele entendia.
À noite, enquanto estava no quarto, tentou se concentrar nos deveres da escola, mas seus pensamentos continuavam voltando para a bússola e a estranha ligação. Pegou o objeto do bolso e o colocou sobre a mesa, estudando cada detalhe. Era simples, com uma tampa metálica que não fechava direito e uma agulha que parecia presa, apontando sempre para o norte.
Ou pelo menos, era o que ele pensava.
Quando Ethan virou a bússola levemente, a agulha começou a girar, lenta e hesitante, antes de parar em uma direção diferente. Ele franziu o cenho, curioso, e virou o objeto mais uma vez. A agulha girou de novo, como se estivesse respondendo a algo, apontando para um ponto fixo no vazio.
– Isso não faz sentido… – ele disse em voz baixa.
O som de batidas na porta o fez pular.
– Ethan? Tá acordado? – era Sophia.
– Sim. Pode entrar.
Sophia entrou, segurando um pacote pequeno nas mãos. Ela o colocou sobre a cama de Ethan com um sorriso discreto.
– Achei isso no correio hoje. Tá com o seu nome.
Ethan olhou para o pacote, curioso. Era simples, embrulhado em papel pardo, sem remetente. Ele abriu com cuidado, revelando um pequeno pedaço de pergaminho e um anel prateado com um símbolo gravado que ele não reconhecia.
No pergaminho, uma única frase escrita com uma caligrafia antiga:
“O Vale aguarda aquele que carrega o destino.”
Ethan sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Ele olhou para a irmã, que já estava saindo do quarto, alheia ao que ele segurava nas mãos.
Sentado na cama, ele encarou o anel e o pergaminho, tentando entender o que estava acontecendo. A bússola, o anel, a mensagem… Parecia que tudo estava levando a algo maior. Algo que ele não podia evitar, mesmo que quisesse.
E, pela primeira vez, ele sentiu que as respostas poderiam estar mais perto do que imaginava.
Ethan segurou o anel prateado em uma mão e a bússola na outra, como se as duas coisas fossem peças de um quebra-cabeça que ele não sabia como resolver. Ele colocou os dois objetos lado a lado sobre a mesa e olhou para a pedra que ele havia guardado desde aquele acontecimento na escola. Sentia-se como se estivesse cercado por enigmas que pareciam querer algo dele.
Pegou a pedra e colocou ao lado da bússola e do anel. A luz do abajur refletia na superfície lisa da pedra, criando pequenos brilhos que dançavam pelas paredes do quarto. Por um momento, Ethan quase achou que a luz estava pulsando, mas piscou e a sensação desapareceu.
Ele se inclinou, analisando os objetos mais de perto. A bússola e o anel pareciam desgastados pelo tempo, enquanto a pedra tinha um brilho quase hipnótico, como se fosse algo vivo.
– O que tudo isso tem a ver comigo? – murmurou, se sentindo mais perdido do que nunca.
De repente, a agulha da bússola começou a girar de novo, dessa vez mais rápida, até parar bruscamente, apontando diretamente para a pedra azul. Ethan arregalou os olhos, a respiração acelerada.
Ele estendeu a mão, hesitante, e tocou a pedra. Assim que seus dedos encostaram na superfície fria, um calor estranho percorreu seu braço, fazendo-o recuar. Era como se a pedra estivesse tentando falar com ele, mas ele não conseguia entender.
Foi nesse momento que a porta do quarto abriu de repente, e Lucas entrou sem bater.
– Eai Malandro, ta surdo? Tô te chamando há uns cinco minutos! – ele disse, olhando para o amigo com preocupação.
Ethan rapidamente recolheu os objetos para o bolso, tentando não parecer estranho.
– Aaaa Foi Mal cara, tava estudando.
Lucas franziu o cenho, mas não insistiu. Ele se jogou na cama de Ethan, como sempre fazia, e olhou para o teto.
– Então, o que foi aquele papo da manhã? Sua mãe me disse la em baixo que alguém te ligou, e que tu ficou esquisito depois disso.
Ethan hesitou. Lucas era seu melhor amigo, mas como explicar o que estava acontecendo sem parecer maluco?
– Foi só… uma coisa estranha. Não sei se vale a pena falar agora – ele disse, desviando o olhar.
Lucas deu de ombros, mas algo no olhar de Ethan o incomodava.
– Tá, mas se precisar de ajuda, você sabe que pode contar comigo, né? – ele disse, sincero.
Ethan assentiu, sentindo-se grato, mas ainda confuso.
Depois que Lucas saiu, Ethan voltou a olhar para os objetos. Ele sabia que aquilo não era coincidência. A ligação, a pedra, a bússola, o anel… tudo parecia conectado, mas ele ainda não sabia como.
Na manhã seguinte, enquanto caminhava até a escola, Ethan sentiu a pedra no bolso esquentar levemente. Ele parou no meio da calçada, olhando ao redor, mas não havia nada de diferente. Respirou fundo e continuou andando.
Ao chegar na escola, encontrou Bia no corredor, cercada por algumas meninas. Ela o viu e sorriu, acenando de longe. Ethan forçou um sorriso em resposta, mas sua mente estava em outro lugar. Ele precisava entender o que estava acontecendo antes que aquilo o enlouquecesse.
Durante o intervalo, ele decidiu ir até a biblioteca, um lugar que poucos alunos frequentavam. Talvez pudesse encontrar alguma pista sobre o que era “o Vale” ou os objetos misteriosos.
Entre estantes de livros empoeirados, ele encontrou uma seção sobre história local. Puxou um livro grosso com a capa desbotada e começou a folheá-lo. Não demorou muito para que algo chamasse sua atenção: uma ilustração antiga de uma pedra azul cercada por símbolos estranhos.
Abaixo da imagem, o texto dizia:
“Diz-se que a Pedra do Vale contém o poder do equilíbrio, conectando quem a carrega ao fluxo de energia entre mundos.”
Ethan sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A pedra azul no bolso parecia mais pesada agora. “Fluxo de energia”? Aquilo começava a soar como algo muito maior do que ele imaginava.
Enquanto ele processava essa nova informação, a bibliotecária se aproximou silenciosamente, falando em um tom baixo:
– Interessado nas lendas do Vale, garoto?
Ethan olhou para ela, surpreso. Ele não sabia que mais alguém sabia sobre aquilo.
– Eu… é só curiosidade – respondeu, tentando disfarçar.
A mulher sorriu de forma enigmática, ajustando os óculos no nariz.
– Cuidado, Garoto. Existem perguntas que não queremos saber as respostas…
Antes que ele pudesse responder, ela estendeu a mão, como se quisesse entregar algo. Ethan olhou, hesitante, e viu uma pequena pedra azul, quase idêntica à que havia aparecido magicamente em seu bolso aquele dia na sala de aula.
— Pegue. Quando chegar a hora certa, você saberá o que fazer com isso.
Ele olhou para a pedra, depois para ela, sem saber o que fazer.
— Eu… já tenho uma dessas. — Ele recuou ligeiramente, tirando a pedra azul de seu bolso. E mostrou isso fez a mulher sorrir.
— É claro que tem. — Ela parecia satisfeita, como se esperasse por isso. — Você está mais ligado a isso do que imagina. Ethan, o caminho para o Vale já começou a se abrir. A escolha de atravessá-lo será sua.
Ethan congelou no lugar. O que ela estava dizendo? O que era esse Vale? Suas palavras eram ao mesmo tempo fascinantes e aterrorizantes. Antes que ele pudesse dizer algo, ela deu um passo para trás, já se afastando.
— Quando precisar de respostas, volte a essa biblioteca. As páginas certas sempre se abrirão para você. Até lá, cuide bem do que está em suas mãos.
E então, ela desapareceu entre as estantes, como se nunca tivesse estado ali.
Ethan ficou parado por um longo momento, encarando a pedra azul na palma da mão. Sentia que algo dentro dele havia sido acionado, como uma engrenagem antiga finalmente começando a girar.
Ele respirou fundo e saiu da biblioteca, tentando afastar os pensamentos que martelavam sua cabeça. Ao voltar para a sala de aula, sua atenção estava em qualquer lugar, menos nos professores ou na matéria. O que diabos era aquele “Vale”? E por que parecia que sua vida inteira estava prestes a mudar de um jeito que ele não conseguia controlar?
Ethan passou o resto do dia tentando se concentrar, mas as palavras da mulher na biblioteca ecoavam incessantemente em sua mente. O “Vale” parecia mais do que uma metáfora, mais do que um conceito vago. Havia algo real nisso, algo que ele não conseguia ignorar, por mais que tentasse.
Quando o sinal final tocou, liberando os alunos, Ethan suspirou aliviado. Ele precisava de ar, de espaço para pensar. Lucas e Sophia insistiram para que ele fosse com eles à lanchonete, como de costume, mas ele recusou com uma desculpa qualquer. Em vez disso, caminhou sozinho até o parque próximo à escola. Era um lugar tranquilo, com árvores altas e bancos desgastados pelo tempo, perfeito para clarear a mente.
Sentado em um dos bancos, Ethan pegou a pedra azul do bolso. O objeto parecia mais vibrante sob a luz do sol, como se tivesse vida própria. Ele girou a pedra entre os dedos, tentando entender o que havia nela que fazia parecer tão importante.
Seu pensamento foi interrompido por Lucas, que apareceu segurando um refrigerante e um pacote de batatas fritas.
— Ah, então era aqui que você estava. Ficou todo misterioso hoje, o que tá pegando? — Lucas perguntou, sentando-se ao lado dele.
Ethan rapidamente guardou a pedra no bolso, sem saber exatamente por quê.
— Nada, só cansado. Você sabe como é.
Lucas deu uma mordida nas batatas e o observou com desconfiança.
— Certo, cansaço. Você não é bom de mentira, sabia?
Ethan suspirou, mas não respondeu. Ele não sabia nem por onde começar se quisesse explicar tudo o que tinha acontecido naquele dia.
— Bom, se quiser falar, tô por aqui — Lucas disse, levantando-se e dando um tapinha no ombro do amigo antes de ir embora.
Ethan ficou no parque por mais algum tempo, tentando juntar os pedaços do quebra-cabeça que começava a se formar em sua mente. Ele não tinha respostas, mas sabia que não poderia ignorar aquela sensação de que algo grande estava por trás de tudo.
De volta para casa, Clara o esperava na cozinha, cantarolando uma música antiga enquanto preparava o jantar. Ela parecia tranquila, mas Ethan sabia que sua mãe era boa em esconder suas preocupações.
— Oi, filho. Como foi o dia? — perguntou ela, colocando a mesa.
— Normal — respondeu Ethan, tentando soar casual. — E o seu?
— Tranquilo. Ah, tem uma correspondência pra você em cima da mesa. Chegou enquanto você estava fora.
Ethan franziu o cenho e caminhou até a mesa. Havia um envelope pequeno, sem remetente. Ele o pegou com cuidado, sentindo um frio na espinha. Ao abrir, encontrou apenas um pedaço de papel com uma mensagem escrita à mão:
“O Vale espera por você.”
Ele encarou as palavras por um longo momento, o coração disparado. Quem estava enviando aquilo? E por quê? Ele olhou para Clara, que continuava distraída na cozinha, alheia ao que ele segurava.
Sem dizer nada, Ethan subiu para o quarto, o bilhete ainda em sua mão. Fechando a porta atrás de si, ele se jogou na cama, encarando o teto. Era como se cada evento daquele dia estivesse se conectando, formando uma teia que o puxava para algo que ele não entendia.
A pedra, a mulher na biblioteca, e agora o bilhete. Tudo parecia apontar para o mesmo lugar. O Vale dos Reis Eternos.
Ethan passou o restante da noite em silêncio, sentado na escrivaninha de seu quarto, observando a pedra azul em suas mãos. A luz fraca do abajur refletia na superfície cristalina, criando um brilho quase hipnótico. Ele não sabia como explicar, mas sentia que aquele objeto carregava algo maior, algo que ele não conseguia compreender.
Clara bateu suavemente à porta antes de entrar. Ela trazia um prato com um sanduíche e um copo de suco, colocando-os ao lado dele.
— Você não comeu nada direito no jantar. Achei que talvez estivesse com fome.
Ethan ergueu os olhos para a mãe e forçou um sorriso.
— Valeu, mãe.
Clara observou o filho por um momento, como se quisesse perguntar algo, mas se conteve.
— Qualquer coisa, estou aqui, tá bom?
Ethan assentiu, e Clara saiu do quarto, fechando a porta com cuidado. Assim que ficou sozinho novamente, ele suspirou e deixou a pedra sobre a mesa, tentando afastar os pensamentos que o atormentavam.
Na manhã seguinte, a rotina parecia voltar ao normal, mas Ethan ainda sentia um peso em seu peito. Na escola, ele encontrou Bia no corredor. Ela estava encostada em um dos armários, mexendo no celular, mas levantou os olhos assim que o viu.
— Bom dia, dorminhoco. Parece que finalmente resolveu acordar — brincou ela, com um sorriso fácil.
Ethan deu uma risada sem jeito.
— Bom dia, Bia.
— E aí? Decidiu sobre o cinema? — perguntou ela, com um tom casual, mas havia uma expectativa evidente em seus olhos.
Ele hesitou por um instante, mas acabou cedendo.
— Tá, eu vou. Que horas?
O sorriso de Bia se alargou, e ela parecia genuinamente contente.
— Depois da aula, eu te encontro no portão.
Lucas, que vinha logo atrás de Ethan, deu uma leve cotovelada no amigo, sorrindo de forma maliciosa.
— É isso aí, campeão.
Ethan revirou os olhos, mas não conseguiu evitar um sorriso discreto.
Mais tarde…
O dia passou rápido, e antes que percebesse, Ethan estava esperando por Bia no portão da escola. Ela apareceu logo depois, carregando uma mochila pequena e com o mesmo sorriso caloroso de sempre.
— Pronto? — perguntou ela, ajustando a alça da mochila.
— Pronto — respondeu ele, tentando não parecer nervoso.
O caminho até o cinema foi tranquilo, preenchido com conversas leves e algumas piadas. Bia tinha um talento para deixar as pessoas à vontade, e Ethan se sentia grato por isso.
Durante o filme, Bia parecia estar mais interessada na reação de Ethan do que na tela. Ele, por sua vez, estava tão focado na história que não percebeu os olhares discretos que ela lançava em sua direção.
Quando o filme terminou, os dois saíram do cinema discutindo as cenas favoritas. Ethan, pela primeira vez em dias, sentia-se mais leve.
— Obrigado por me arrastar pra cá — disse ele, enquanto caminhavam pela rua. — Acho que eu precisava disso.
Bia deu de ombros, sorrindo.
— Às vezes, você só precisa de uma boa companhia.
Ele riu, sem perceber o significado mais profundo das palavras dela.
Ao se despedirem, Ethan voltou para casa com a sensação de que, mesmo em meio ao caos que parecia rodeá-lo, ainda existiam momentos simples que valiam a pena.
Mas quando ele entrou no quarto, algo estava diferente. A pedra azul que ele havia deixado sobre a mesa agora brilhava intensamente, iluminando o ambiente com uma luz pulsante. Ethan parou na porta, o coração disparado, enquanto o brilho parecia chamá-lo, quase como se tivesse vida própria.
E então, como um sussurro ecoando na mente dele, a mesma voz que ouvira antes voltou.
— Ethan… o tempo está se esgotando.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.