Capítulo 111 de 06 – Eu venci!
Após cinco minutos de intensa cura, Idalme sentiu alívio ao alcançar as etapas finais. O corpo de Max regenerava-se sem grandes complicações. Os presentes permaneceram em silêncio, aguardando suas palavras.
Logo depois, parou, limpou o suor da testa e declarou:
— Feito, ele está curado.
Ui começou a festejar, enquanto Dam se manteve indiferente. No entanto, Izumi não parecia satisfeito com nada.
— Curado? Não parece — disse Izumi, com um tom de desconfiança.
Ouvindo, Idalme ainda sentia que a dificuldade persistia, mas desta vez, ela sentiu que podia responder.
— Como ele perdeu muito sangue, pode demorar um pouco para ele acordar.
Ui se aproximou e, com um sorriso tranquilizador, falou:
— Sim, Izumi, ele vai melhorar, pode acreditar.
Ele a fitou com seriedade e respondeu:
— Espero que sim.
— Pessoal, o chão… — expressou Dam, preocupado e, apontou para algo que chamava a atenção.
Todos estavam tão concentrados em Max que ninguém percebeu a transformação do terreno. O solo tornou-se completamente negro, exalando uma energia densa, semelhante à fumaça escura que se dissipava rente aos pés.
No entanto, nada parecia afetá-los, apenas a coloração do ambiente mudou. Izumi, ao observar o ambiente, concluiu que a ausência de reação devia ao fato de não serem demônios. Aquela deveria ser a energia que apenas eles eram capazes de sentir.
— O que vamos fazer, Izumi? — perguntou Ui, preocupada.
Ele se aproximou de Max, o pegou nos braços e declarou, com firmeza:
— Não se preocupe, vamos sair do alcance desse local.
Todos pareciam concordar e recuaram, aproximando-se de uma área onde o solo permanecia intacto. No entanto, assim que deu um passo para fora, a escuridão estendeu-se sob seus pés. Continuaram a caminhar, mas aquela coisa persistia e, acompanhava cada movimento.
— Izumi… — disse Ui, com a voz ainda mais carregada de preocupação.
Dam disparou vários tiros contra o solo, mas nada mudou. Idalme lançou uma flecha, obtendo o mesmo resultado. Izumi, sem hesitar, arremessou Max para o alto, desembainhou a espada e liberou 1% do seu “Sen To Ichi”, desferindo um golpe contra o terreno. Apesar do corte, a escuridão permaneceu.
Ele guardou rapidamente suas espadas, agarrou Max novamente e continuou seguindo em frente.
— Você vai ignorar? — perguntou Dam.
— Então me diz uma solução, geniosinho? — respondeu Izumi.
Dam o fitou por um momento antes de abaixar a cabeça e seguir em frente. Continuaram a caminhada, mas nada mudava. Sem respostas, decidiram aceitar que aquela presença não parecia maligna, embora permanecessem atentos.
Naquela noite, ninguém dormiu. Seguiram viagem até o amanhecer, mas, mesmo com a luz do dia, a energia sombria continuava a persegui-los. Entre todos, Ui mostrava-se a mais preocupada, enquanto Dam mantinha-se em alerta.
— Izumi…
— Finalmente acordou.
Ele o soltou rapidamente, e Max caiu no chão, visivelmente frustrado com o tratamento. Ele questionou:
— É assim que tratas o teu irmão mais velho?
No entanto, Izumi continuou andando, sem dar a mínima para o que ele disse. Foi aí que Ui se aproximou e revelou:
— Não liga, Max. Ele agiu assim, mas te carregou em segurança a noite toda.
— A noite toda… hum… Que porra é essa?!
Max gritou ao saltar para o alto, permanecendo no ar por um instante. Surpreendeu-se com a inação do grupo diante da situação. Ao descer, questionou o motivo e recebeu uma explicação. Em seguida, disparou várias balas explosivas contra o solo, mas, assim como antes, nada aconteceu.
— Isso é um problema sério — apontou, com um tom preocupado.
— Era o que eu estava dizendo, mas ninguém me dava ouvidos — contestou Dam, claramente frustrado.
— O que achas, Idalme? — perguntou, mas não obteve resposta. — Idalme!
— Ah, eu? O que foi? — ela pareceu um pouco distraída.
— O que achas dessa situação? — perguntou de novo e, notou algo diferente nela.
— Eu não sei, nunca tinha visto algo parecido — respondeu, com um olhar distante.
— Entendo.
Max levantou e pediu para conversar com o seu irmão, ele negou no início, mas no fim aceitou. Eles foram até um canto, onde ninguém poderia escutar.
— Você fez alguma coisa com Idalme? — perguntou Max, com uma expressão de desconfiança.
— Vai me culpar? — retornou, sem mudar o tom.
— Não, mas normalmente você é a causa dela ficar nesse estado aéreo — expôs, ainda a observando.
— Ela é só uma inútil que não sabe nem fazer o básico — Izumi falou, fitando Idalme com desdém.
— O que queres dizer? — perguntou Max, com dúvida na voz.
— Não me diga que não notaste? O amor é cego mesmo — zombou.
— Eu não estou entendendo… — disse, agora preocupado.
— Aquela mulher quer te matar — declarou, com uma expressão séria.
Max, ao ouvir aquilo, ficou incrédulo. Pela primeira vez, cogitou a possibilidade de seu irmão estar mentindo, embora não houvesse razão para isso naquela situação. No entanto, ao refletir por um instante, a ideia começou a fazer sentido, considerando o comportamento recente dela.
— Não sei o que aconteceu, mas ela está com muita raiva de você — informou Izumi, com um olhar incisivo.
— Eu fiz algo? — perguntou Max, inclinando a cabeça, claramente confuso.
— Sim — respondeu, sem hesitar.
— Por que acha que sou o culpado? — reforçou sua dúvida, sem acreditar.
— Bem, como seu irmão, vou te dizer. Eu consigo sentir as emoções intensas das pessoas, principalmente as negativas quando são direcionadas a mim — Izumi explicou, sem sair de sua postura.
— Está dizendo que ela quer te matar também? — Max perguntou, incrédulo.
— Não seja idiota, nem nos seus melhores sonhos. O que estou dizendo é que ela tem uma raiva tão intensa de você que até eu consigo sentir — esclareceu, com um tom sério.
Max abaixou a cabeça e ficou em silêncio, refletindo. O que teria feito para que Idalme chegasse a esse ponto? Não conseguia entender.
— Quer que eu a mate? — perguntou Izumi e, segurou as empunhadoras.
— O que está dizendo?! — gritou, tão alto que todos ao redor ouviram. O ambiente ficou tenso enquanto todos olhavam, curiosos sobre o que conversavam.
— Eu sei que não consegues fazer isso, mas se quiser… — Se ofereceu de novo, com uma calma desconcertante.
— Não, vou descobrir primeiro o que está acontecendo — Max declarou com firmeza.
— Faça o que quiser — Izumi falou, enquanto se afastava para onde o resto do grupo estava.
Com o assunto encerrado, Max retornou e logo percebeu a ausência de Idalme e Ui. Questionou Dam sobre o paradeiro delas e, recebeu como resposta que haviam saído para uma “conversa de meninas”.
Enquanto isso, as duas se afastavam cada vez mais do grupo, cientes de que Izumi poderia ouvir qualquer palavra dita por perto.
— Agora, desabafa comigo — expressou Ui.
— Desabafar, o que queres dizer com isso — respondeu Idalme preocupada.
— Não sei se notaste, mas você está estranha faz muito tempo, e ontem foi mais estranho ainda!
— Não grite, ele pode ouvir… — falou baixinho.
— Não se preocupe, Izumi não escuta daqui — disse fitando ele que a encarou de volta. — Será que escuta? — perguntou com dúvida.
Ui não sabia, mas seu amado tinha uma audição melhor do que a dela.
— Bem, continuando, eu ouvi a conversa do Max com Izumi.
— Serio, o que eles falaram? — perguntou murmurando.
— É muito grave, podes morrer se não fizer nada.
— Quê?
Idalme sentia a crescente preocupação, mas, ao pensar em revelar sua missão, temia que isso fosse selar seu destino naquele mesmo dia. Precisava falar algo, mas, quanto mais refletia, mais o suor se acumulava em seu corpo. Enquanto isso, Ui a chamava, mas Idalme não parecia ouvir, absorta em seus próprios pensamentos.
— Idalme! — gritou enquanto bateu a cabeça dela.
— Quê, o que foi?
Agora, Ui estava mais séria, decepcionada com a amiga. Sabia que ela escondia algo, e isso a fazia questionar a confiança que haviam construído. Embora tivessem se tornado mais próximas, parecia que ela estava enganada sobre a verdadeira natureza de sua amiga.
— Idalme, eu realmente sou sua amiga?
— O que estás dizendo? És uma amiga importante para mim.
— Então não esconda as coisas de mim. Principalmente uma que coloca a sua vida em perigo.
Idalme parou por um momento e, refletiu sobre a situação. Sentia que poderia pedir ajuda a Ui, mesmo sabendo que isso implicaria revelar um plano que colocaria não apenas sua vida, mas também o clã em risco. No entanto, percebeu que, de qualquer forma, estava em uma encruzilhada.
— Eu vou contar, mas… podemos falar mais baixo? Não quero que ele escute.
— Claro — respondeu Ui, com um sorriso de compreensão.
Idalme se aproximou e, sem avisar, a abraçou. A menina ficou um pouco tímida com o gesto repentino, mas não se afastou.
— Eu não sei bem por onde começar. Tudo começou quando eu voltei à cidade… — sussurrou perto da orelha de Ui.
— Fica tranquila, vai com calma — declarou, também em um sussurro.
Idalme fechou os olhos por um momento e, buscava as palavras certas.
— Eu estava apaixonada por ele. Acho que, na nossa primeira aventura, já sentia algo… mas quando voltei, descobri algo que mudou tudo.
— O que aconteceu?
— Max… ele me enganou. Tudo que eu sentia por ele, era mentira.
— Como assim? — questionou, confusa.
— Eu soube que… sabe… o líquido dos homens… — Corou um pouco, como se fosse difícil falar sobre aquilo.
— Eu sei… — Ui ficou vermelha.
— O dele tem o poder de… fazer as mulheres ficarem submissas… E eu… engoli tanto.
— O quê!? — quase gritou, o calor subindo pela sua pele.
— Ele me manipulou, Ui. Quando o vi morrendo, senti… uma raiva tão grande, eu queria que ele tivesse morrido mesmo. E eu… sinto que a culpa foi minha.
— Não, não é sua culpa — acariciou gentilmente a cabeça dela e, tentou confortá-la.
— Me ajuda… Eu não quero mais sentir isso.
— Não precisa se preocupar, eu vou te ajudar, ok?
— Muito obrigada, muito obrigada mesmo, por confiar em mim — declarou Idalme.
— De nada, somos amigas por isso, neh?
Ao ouvir a confirmação de sua amiga, Idalme sorriu por dentro. Sabia que não estava mentindo, mas também reconhecia que aquilo poderia enganar todos ao redor, mas era uma desculpa plausível para entenderem que suas ações não foram mal-intencionadas.
Com esse plano em mente, não conseguiu evitar um sorriso que se formou em seu rosto. Enquanto abraçava Ui com mais força, ela declarou em pensamento:
Eu venci!
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