Índice de Capítulo

    Escuridão sem fim, como se as sombras fossem névoas densas que abraçam os olhos. Um solo congelante, semelhante ao mais resistente metal que protege um cavaleiro.

    Respirou fundo, sentindo o ar gelado dançar nos pulmões, purificando o que quer que seja impuro. Seu corpo parecia estar envolto em um redemoinho de gelo.

    Era nesse lugar que Saito se encontrava, sentindo seus dedos arrepiarem enquanto pisava com cuidado, também caminhando sem rumo com cautela.

    “Não vejo nada… Será que o tutorial já começou?”

    Um pouco estranho. Ele continuava a andar sem rumo, sem nem mesmo saber do porquê andava tanto, mas algo sussurrava em seus tímpanos que era isso o que devia ser feito.

    Instinto? Não acho que esse é o nome apropriado para essa situação. Depois de tanto andar sem encontrar nada de novo, finalmente alguma coisa de diferente aconteceu.

    Distante, muito distante, mas era visível: um brilho em tom ciano pulsando como um coração, misturando suas pulsações com sons de tambores e apitos.

    Saito notou essa mudança com plena atenção. As pupilas dilataram, como uma câmera dando zoom. O coração pulsou como um soco, entrando em modo de batalha.

    Ele moveu sutilmente sua mão para a cintura direita, agarrando uma bainha que se encontrava firme lá. Respirou fundo, esperando qualquer mínima mudança.

    A pulsação em ciano transformou-se em névoa, se disfarçando no abismo como um ladrão que rodeia uma casa, esperando a mínima chance de invasão.

    Ficou ao redor de Saito como um vapor discreto, rodando ao seu redor como se estivesse vivo. Estava opaca, mas, de pouco a pouco, sua cor foi ficando cada vez mais presente.

    Saito notou sua presença, mas nem mesmo moveu os olhos, ainda não era a hora. De repente, toda aquela névoa ciano juntou-se em uma diante de Saito.

    Foi quase instantâneo, como se tentasse o surpreender. Era um retângulo; em seu topo havia “S1 Minimizado”, com um caloroso sorriso e um gentil olhar logo abaixo.

    S1 Minimizado
    O-

    Tchin! O som de uma katana sendo expulsa da bainha ecoou. No mesmo instante, um corte em vertical atravessou o sistema, que tentou dizer “Olá!”.

    Esse corte o atravessou, mas não o cortando, era como se ele nem estivesse lá. Inesperadamente, esse sistema partiu-se ao meio, separando seu sorriso em um triste lábio apertado separado em dois.

    S1 Minimizado
    Oh, não… Estou morrendo… Alguém me ajude…

    Caía lentamente no chão, como uma folha seca se desconectando da árvore. Quando tocou o solo, ficou deitado lá, com aparentes lágrimas ciano caindo da interface.

    “Ué… Eu consegui cortar?”

    Olhou para sua katana com uma expressão confusa. Ele nem sequer sentiu o fio de sua arma o tocar… Será que ele era frágil assim ou era tudo apenas um teatro?

    Esse mesmo sistema reapareceu diante dele, remexendo-se como uma gelatina de um lado para o outro, ainda com um sorriso radiante em sua interface.

    S1 Minimizado
    Brincadeirinha!~ Você não pode me tocar, seu humano bobo!

    Olha só ele, cheio de graça. Por que sequer fez isso? É muito melhor só ir direto ao ponto. Será que ele, aos poucos, desenvolve uma personalidade conforme “vive”?

    “Que sistema estranho…”

    Concordo, mas acho fofo ele agir dessa forma. Saito guardou sua arma na bainha, abaixando sua guarda ao sentir que, aparentemente, estava tudo bem agora.

    Virou seu rosto para o sistema, fitando-o sem dizer nada, apenas aguardando suas ações. S1, por sua vez, fitou-o de volta, com confusão encharcada em seus olhares.

    Uma interrogação surgiu das pupilas. “Que humano estranho… Por que me olha sem me dizer nada?” Até agora, isso nunca lhe aconteceu antes, deixando-o com as mãos abanadas.

    Ainda continuava a pensar: “Será que eu tenho que fazer alguma coisa?”, inclinando o rosto como um cão. E então, finalmente uma exclamação substituiu sua dúvida.

    S1 Minimizado
    Ah, sim! Certo, certo. Você tá esperando eu fazer alguma coisa, né? Beleza. Você tem alguma dúvida? Vou tirar todas elas; basta me perguntar!

    Saito cruzou os braços, sussurrando: ”Hum…” enquanto o encarava com curiosidade, como se milhares de perguntas surgissem em sua mente, deixando o sistema animado.

    S1 Minimizado
    Vamos, vamos! Pergunte qualquer coisa, qualquer coisinha!

    Seu ”Hum…” tornou-se mais forte, acumulando diversas perguntas. De repente, suspirou, como se tivesse se cansado de questionar. Por fim, disse:

    — Deixa pra lá, não tenho nenhuma dúvida não.

    Mentiroso, deixou de perguntar por pura preguiça. O rosto do sistema se torceu em frustração, murchando sua interface enquanto um ”Ah…” desanimado vazava dos lábios.

    Saito observou-o curioso, mas um leve sorriso surgiu, substituído por poucos risos logo após. Pensou: “É estranho, mas divertido também.” enquanto recuperava a postura.

    O sistema se ergueu, flutuando cabisbaixo, ainda com a interface murcha. Sua voz estava desanimada, como se tivesse perdido um ouro, mas deu continuidade:

    S1 Minimizado
    Quer pelo menos saber dos seus poderes então? Sei que esqueceu.

    Saito resolveu ser legal dessa vez. Acenou com a cabeça, dizendo: “Claro, claro, pode falar”, sem nem sequer prestar atenção aos detalhes curiosos.

    O sistema recuperou seu ânimo, dizendo: “yupii!~” enquanto aumentava seu tamanho, tanto para o horizonte quanto para a vertical, encharcando-se de informações:


    S1 Minimizado
    Nome do poder: Anfitrião da Luz.

    Quantidade de poder atualmente disponível: 1%.

    Habilidades disponíveis: Mestre Elementar Incompleto.

    Informações: Você tem conhecimento e controle sobre os quatro elementos e como usá-los.

    Limitações: Se você os usar com raiva ou algum sentimento negativo, terá dificuldade em controlar a quantidade de poder de algum elemento, podendo prejudicar seu corpo internamente ou externamente.

    Consequências: Caso você use algum elemento exageradamente sem a compreensão necessária, sofrerá danos em seu corpo.

    Informações adicionais: Você se tornará um mestre elementar completo quando estiver com pelo menos doze por cento do poder desbloqueado. Também é necessário ter controle sobre suas emoções para alcançar esse nível.

    Primeira passiva: Corpo Fortalecido.

    Informações: Você teve um aumento exponencial em todos os seus atributos físicos e uma pequena melhora nos seus sentidos.

    Segunda passiva: Acompanhado pela Luz do Sol.

    Informações: Sempre que tiver contato com a luz do sol, terá um aumento considerável na força do elemento fogo.

    Consequências: Caso use suas chamas de forma drástica sem ser um Mestre Elementar Completo, poderá ter queimaduras internas e externas. Essas queimaduras serão curadas naturalmente com o tempo ou com auxílio do elemento “água”.

    Saito leu tudo com atenção, mas um pouco insatisfeito. É anfitrião da luz, mas seu poder aparentemente não tinha nada de luz em nada do que foi lido.

    “Estranho… Será que eu desbloqueio minhas luzes com o tempo?”

    Resolveu deixar pra lá. De qualquer forma, a resposta só virá com o tempo. Disse: “Já terminei de ler tudo!” ao sistema que se encontrava estático.

    Começou a retornar ao seu tamanho original assim que ouviu a mensagem, remexendo-se como gelatina até encontrar estabilidade em sua forma.

    S1 Minimizado
    Minha participação está quase no fim! Agora, só falta você escolher as dificuldades. Uma delas terá recompensas e dois balanceamentos! O que você quer saber primeiro?

    Todas as informações lhe chamaram atenção. O que deveria escolher quando tudo parecia interessante? Sua reflexão não o levou a lugar algum.

    — Quero saber tudo.

    Resposta simples e óbvia, mas isso surpreendeu o sistema. Aparentemente, ele não estava acostumado com o simples, mas ainda assim sorriu em satisfação.

    S1 Minimizado
    Certo! Vou compilar as informações e jogá-las logo abaixo para você ler:

    • Dificuldades: Fácil, Médio, Difícil e Extremo.
    • Recompensas: O poder passará de um por cento para dois, e ganhará a passiva “Respirando1”. A passiva deve ser aprendida nesse tutorial.
    • Balanceamentos: Independentemente de quantas vezes você morra neste tutorial, irá reviver em nove segundos. Para concluí-lo, você precisa acertar apenas um ataque no seu oponente. Este tutorial também não tem um tempo limite, como todos os outros.

    Saito leu tudo com clareza, mas assustou-se com os balanceamentos. Que tipo de monstro teria que enfrentar para morrer e reviver quantas vezes for necessário?

    S1 Minimizado
    Tudo dito! Podemos começar no modo Extremo? Sei que é esse o que você mais quer~

    Que sistema esperto e prestativo. Saito sabia que essas recompensas o ajudariam e que uma oportunidade dessas não surgiria tão facilmente.

    — Tudo bem. Inicie o modo extremo, por favor.

    Seu desejo foi realizado. O sistema sorriu gentilmente, piscando os olhos, dando início ao desafio. Começou a desaparecer, diminuindo como uma estrela, mas antes de sumir, disse:

    S1 Minimizado
    Boa sorte!~

    Sua saída fez com que o silêncio predominasse de novo e, junto a ela, escuridão. Nada ainda havia acontecido, mas um estranho incômodo nasceu no coração de Saito.

    Os dedos tremiam, como se tentassem fugir. Seu coração pulsava em um ritmo veloz, dando-lhe toda a energia que havia reservado para fortalecê-lo o máximo possível.

    “Eu tô com medo? Mas nada aconteceu…”

    O ritmo de seu coração o fez sentir calor, criando suor em sua testa, que escorria suavemente. Ele caía em direção ao solo, como um cronômetro para o desastre.

    O som dessa gota colidindo contra o solo ecoou. Nesse momento, uma luz radiante surgiu abruptamente dos céus, expulsando a escuridão quase instantaneamente.

    Saito tentou observar, mas os olhos pareciam queimar. O que era isso? Algo tão brilhante quanto o sol brilhava no topo, com luzes formando asas que ajudavam-na a pousar.

    Era tão belo que parecia sagrado. Os cabelos eram tão prateados que pareciam irreais, como se fossem a própria luz. Um manto, tão branco quanto, a abraçava como um anjo.

    As pupilas eram ainda mais douradas que o ouro. A esclera2 assemelhava-se a um mar prateado, enaltecendo as pupilas como algo ainda mais sagrado.

    Sua pele assemelhava-se ao divino, com uma perfeição maior do que a cor da neve. Estava distante, mas era nítido que era mais macia do que qualquer algodão.

    Essa divindade desceu levianamente até tocar o solo. Suas asas explodiram como partículas de luz, afastando-se dela como fogos de artifício abraçados pelo vento.

    A brisa do ar alterou-se para algo frio como o inverno, tornando sua apresentação ainda mais grandiosa. Ela levantou os olhos, fitando seu adversário por um momento.

    Saito a observava confuso, com o coração pulsando em medo. O que era esse ser que acabara de descer? Era vencível? Havia como voltar atrás da decisão que tomara?

    Sua saliva não se atrevia a se mexer. Ele a engoliu seco, movendo sua palma esquerda para o cabo da espada, tentando encontrar uma brecha para o ataque.

    A divindade suspirou, abaixando os olhos, torcendo-os em tristeza. Por que essa reação? Ela estava ali por querer? O medo de Saito não o permitiu questionar esse detalhe.

    Ela levantou o rosto, iniciando seus passos em direção ao seu inimigo. Fitou-o e, enquanto caminhava, resolveu dialogar com o humano à sua frente:

    — Não precisa se apresentar se não quiser, sei muito bem quem você é. Me chamo Celeste.

    Sua voz era calma e clara, como se o cantar dos pássaros tomasse forma em palavras. Os passos ecoavam com facilidade, substituindo o silêncio.

    Saito não prestou atenção. Na verdade, nem sequer ouviu seu nome, apenas permaneceu focado, aguardando como um leão que observa friamente a zebra.

    Pouco tempo se passou, e eles já estavam a uma distância de um metro. Saito sentiu seus instintos gritarem, sinalizando que agora era a sua chance.

    Sua bainha foi coberta por relâmpagos, retirando sua katana dali como um veloz tiro. O golpe aproximava-se do rosto da divindade com todo o poder que havia.

    Celeste, por sua vez, observou aquela arma se aproximando com indiferença, como se ela nem estivesse lá. Quando estava prestes a ser atingida, desapareceu.

    A katana cortou o nada, atravessando o invisível. Para onde ela foi? Essa resposta estava mais próxima de Saito do que até mesmo ele conseguiria imaginar.

    Ba-dump. Seu coração deu sua última e mais forte batida. Saito virou seu pescoço para trás, observando Celeste envolvida em uma espécie de barreira transparente.

    Virou o olhar para a barriga, sentindo um pequeno incômodo lá. Havia um pequeno corte morando em seu umbigo, soltando pequenas gotas de sangue.

    “O que… É isso?”

    Moveu sua mão para o corte. A pele estava gelada, como se ele já estivesse morto. E então, logo após, seu sangue explodiu daquele corte, espalhando-se por todos os lados.

    Suas pernas começaram a falhar e seu tórax parecia mais pesado do que o normal. O corpo despencou para trás, caindo como um saco de cimento no chão.

    Não conseguia respirar. Ao olhar um pouco para baixo, viu seus órgãos expostos, junto à sua perna descolada do abdômen, abandonando seu local de origem.

    Com esforço, virou o olhar para a esquerda, observando aquela divindade olhando-o com lágrimas caindo do rosto, como se estivesse sendo obrigada a fazer o que fez.

    Sentiu-se confuso. Estava mesmo morrendo? As últimas coisas que pôde ouvir foram os passos leves de Celeste afastando-se do corpo, caminhando para outro lugar.

    Seu mundo tornou-se escuro e agora ele estava se sentindo leve, como se estivesse submerso, afundando no mais vasto oceano que o mundo podia oferecer.

    Não pensou em nada; sua mente estava consumida pela paz. De pouco a pouco, começou a ouvir seu coração voltar a bater, trazendo-lhe consciência de volta.

    Abriu os olhos. Estava confuso; o que foi isso agora? Ele morreu? Ainda estava morto? Ou em outro lugar distante? O desespero pós-morte começou a consumi-lo.

    Sua respiração encontrou-se instável e o coração doía. O corpo tremia, ainda processando sua mais recente ressurreição, com o trauma perfurando sua carne.

    “Calmo… Preciso ficar calmo…”

    Tentou buscar algo que lhe trouxesse paz, mas nada lhe ofereceu isso nesse momento. Buscou na parte mais profunda de seu cérebro, até que uma mensagem em tom ciano brilhou de lá:

    “Respirando…”

    Ali estava a resposta que ele procurava. Começou a mover seu abdômen enquanto respirava, aplicando corretamente a técnica de respiração diafragmática.

    A calma, de pouco a pouco, começou a afastar seu desespero. Uma estranha paz o envolveu, trazendo-lhe consciência do agora junto de um estranho foco.

    “Consegui… Tenho que pensar em uma estratégia agora.”

    Conseguiu sentar-se, pondo a mão no abdômen para ter certeza de que estava tudo em seu devido lugar. Olhou para frente, fitando a divindade.

    Ela estava em um trono de pedra, com uma das mãos apoiada no queixo enquanto observava Saito. Logo atrás dela, havia um pequeno e estranho detalhe.

    “Paciente 369 atualmente em coma.” Uma grande parede de barro encontrava-se atrás de Celeste, carregando essa mensagem em letras prateadas e destacadas.

    Isso fez Saito recordar-se de uma memória ruim nos seus tempos escolares. Deixou-o levemente irritado, mas não se deixou levar por essas emoções.

    “Deve estar tentando me irritar lendo minhas memórias… Não vou cair nesse truque.”

    Celeste arregalou os olhos, como se estivesse surpresa com o que ele pensou. Ela levantou-se, murmurando ”Idiota…” enquanto olhava para o chão.

    Saito refletiu por um momento, aceitando que não teria chances contra a divindade em um combate a curta distância, levando em conta sua extrema velocidade e força.

    “Eu nunca vou acertá-la assim. Essa luta, desde o começo, nunca foi justa. Preciso enganá-la de alguma forma.”

    Pisou no solo com força, criando alguns pregos de terra. Ele não sabia como estava criando-os, apenas imaginava e acontecia, como se estivesse em um jogo.

    Articulou as mãos para cima, fazendo suas criações subirem como partículas de água. Suspirou profundamente, fechando os punhos no mesmo instante.

    Os pregos começaram a cair como uma tempestade em direção a Celeste que, por sua vez, apenas se cobriu com um escudo de ar que a protegia de quaisquer perigos.

    Ela caminhava até Saito, sem nem olhar para os ataques que vinham em sua direção. Ele, por sua vez, tentava atacar com tudo o que tinha à longa distância.

    Atacava o ar como uma dança de capoeira enquanto lançava água, fogo, terra, ar e, algumas vezes, relâmpago, mas nada ultrapassava aquela barreira.

    “Tenho que roubar a atenção dela o máximo que eu puder!”

    Cada passo da divindade indicava a morte iminente, mas isso não o fez recuar; pelo contrário, apenas fortificou seu desespero, tornando seus ataques mais fortes.

    Estavam frente a frente. Saito a observava com cautela, projetando o braço esquerdo para trás em ataque. Celeste não dava muita importância ao golpe desesperado do adversário.

    Ele cerrou os punhos com tanta força que algumas gotas de sangue caíam de lá. Gritou, lançando-o como uma bala que rasga o ar, avançando com o único objetivo de destruir.

    Infelizmente, isso foi inútil. Um súbito gelo nasceu do chão, expandindo-se como um raio tanto no solo quanto no corpo de Saito, abraçando-o por inteiro.

    Uma brecha intencional foi deixada em sua barriga, permitindo que qualquer ataque o atingisse naquela área sem que ele tivesse a mínima chance de defesa.

    Celeste tocou as pontas dos dedos lá, sentindo a pele de seu adversário se contorcer ao tentar escapar de qualquer forma, mas nada adiantou.

    Atravessou seu abdômen, deixando um buraco exposto lá, junto aos órgãos e ao sangue que transbordava como um copo cheio de água.

    Desfez o gelo, permitindo que ele caísse de costas para o solo. Olhos mortiços estampavam sua face encharcada com seu próprio sangue que espirrou.

    Celeste virou-se, voltando seu caminhar ao trono, desfazendo a barreira que a protegia. Os olhos desfocados entregavam seus desvaneios, e essa foi sua derrota.

    Sentiu um leve incômodo na sola de um dos pés enquanto caminhava e, quando percebeu, havia pisado em um espinho, causando um mínimo ferimento lá.

    Isso foi o suficiente para concluir a missão. O corpo de Saito foi envolto em uma aura esverdeada, curando seu corpo no mesmo momento para que ele não morresse.

    Ficou confuso por um momento. Até pouco tempo atrás, tinha certeza de que morreria; mas, agora, seu corpo parecia tão leve quanto uma folha de árvore.

    Riu brevemente, levantando-se enquanto murmurava: ”E pensar que isso deu certo…”, voltando os olhos para a divindade que o observava fixamente.

    O sistema ciano reapareceu, informando-o alegremente que o teleporte o levaria de volta em nove segundos, junto das recompensas que lhe foram entregues.

    Saito sorriu, acariciando o sistema, retornando sua atenção para Celeste que, agora, lhe parecia familiar… Familiar até demais para ser coincidência.

    Desde o nome até a estrutura do rosto. Se substituíssemos a cor, ficaria idêntico a uma pessoa que ele conhecia. Finalmente, ele se deu conta de quem estava diante dele.

    — Celeste…?

    Ela suspirou, abaixando o rosto e olhando para frente, evitando contato pessoal. Disse: “Finalmente você entendeu, seu idiota.” com uma voz desanimada.

    Ela juntou suas mãos trêmulas, como se juntasse forças para evitar que algo acontecesse consigo, mas não adiantou. Seus olhos estavam inundados de lágrimas.

    — Como Divindade, eu tenho minhas limitações, não posso fazer o que quero. Por favor, cuide do Ônix. No torneio, você vai descobrir quem fez a casa dele queimar naquele dia.

    A voz encontrou-se trêmula, como se estivesse numa corda bamba. O inevitável aconteceu: lágrimas caíam de seus olhos como o chuvisco de um dia calmo.

    — Desculpe, se eu falar muito, o sistema me apaga. Mas ouça com atenção: ele vai ser vítima de algumas maldições. Vai chegar um momento em que ele terá que fazer a escolha mais difícil da sua vida.

    Voltou seu olhar para Saito. Agora, o chuvisco se comportava como uma tempestade enquanto sua face foi de algo quase controlado para desolado, entregando-se à tristeza que machucava seu coração.

    — Por favor, conte a ele que eu o estou observando de longe porque não posso me aproximar, mas tenho muita saudade.

    Próximo capítulo: Tutorial (Ônix)

    1. @Maik: Desde que respire conscientemente em um ritmo lento, poderá ter controle de suas emoções de forma mais fácil.[]
    2. @Maik: Parte branca do olho[]

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