Zahara manteve o olhar fixo em Zarek com sua mente ainda presa na linha de raciocínio que acabara de surgir.

    “O que mudou desde a última vez?”, era a pergunta que passava por sua mente.

    Ela inclinou a cabeça, observando-o com interesse, e Zarek, sem perceber, a imitou como se estivesse acompanhando seus pensamentos. 

    Seus olhos passavam por ele com atenção, puxando algumas memórias de eventos recentes…

    “Se eu tivesse que pensar sobre isso… ele só ficou desacordado duas vezes. E até o momento em que ele foi nocauteado pela segunda vez, o que aconteceu de relevante foi ele voltar a se mexer…”
     
    A ideia se formou de maneira quase tátil em sua mente como um fio que conectava os pontos dispersos.

    “Os sonhos dele também estão ficando mais claros conforme ele recupera suas forças?”, pensou, estreitando os olhos. 

    Foi quando ela se recordou também do momento em que ela tentou acelerar o seu despertar a partir de uma infusão de energia, através da imposição de mãos.

    “Eh… Isso pode ter colaborado, também.”

    Mas outra lembrança se sobrepôs a essa linha de raciocínio. 

    Seus olhos percorreram os tentáculos de Zarek, que se agitavam sem perceber, deslizando pela superfície da mesa.

    “Mas o corpo não pareceu mudar relativo a isso… será que não foi energia o suficiente?”

    — Zarek — Ela se direcionou a ele — acho que eu ainda não cheguei a perguntar, mas… por que esse corpo de polvo mesmo?

    Zarek, surpreso com a pergunta, hesitou por um momento, mas respondeu logo em seguida:

    — Na verdade… eu apenas não consegui fazer como antes.

    — Humm — Zahara acenou em compreensão.

    “Se for isso mesmo… se ele receber um pouco mais de energia, talvez nós consigamos entender um pouco mais sobre ele.”

    Entretanto, enquanto pensava sobre isso, uma imagem submergiu em sua mente, como um fantasma. A sua primeira visão dele no pântano… a silhueta humanoide e a chacina que ele havia feito.

    Uma possibilidade desconfortável surgiu. 

    “Mas qual a possibilidade de, ao recuperar força o suficiente, o que está escondido na mente dele acabar ativando a maldição e ele ficar insano?”

    Zahara apertou os lábios, com seus dedos tamborilando levemente sobre a mesa.

    Se essa hipótese estivesse correta, precisava ser mais cuidadosa. Não poderia simplesmente alimentar Zarek com energia sem considerar as consequências. Ele perder sua sanidade, por mais que ainda estivesse sob controle, ainda significava a perda de uma capacidade de diálogo. Mas seria interessante investigar o significado de tais sonhos.

    “O jeito é escalar o processo de forma controlada”, Zahara estreitou os olhos, refletindo. “Enquanto isso, ele vai ter que ficar preso nessa forma mais um tempo.”

    Mas antes que pudesse aprofundar-se ainda mais em seus pensamentos, um som inesperado quebrou o silêncio.

    Um ronco…

    Zarek piscou algumas vezes, a encarando. 

    Zahara olhou para o próprio estômago e suspirou, levando a mão até a barriga, e sem dizer nada, levantou-se e caminhou até sua bolsa, começando a vasculhar-lá em busca de algo. Remexeu os objetos por alguns instantes, mas logo parou, soltando um suspiro frustrado ao perceber que não tinha nada útil ali.

    — Ótimo… — murmurou para si mesma, cruzando os braços.

    Zahara se moveu, caminhando até a porta da saída e abrindo-a, atravessou, sentindo o ar um pouco mais fresco do lado de fora do cômodo.

    Ao se virar, viu Zarek ainda sobre a mesa, observando-a atentamente, como se esperasse por algo.

    — Vamos… — disse ela, lançando-lhe um olhar. — Já terminamos por hora. Vou lhe mostrar as redondezas.

    Zarek observava o ambiente ao seu redor, com uma curiosidade quase infantil. A floresta era um espetáculo por si só, cheio de troncos retorcidos cobertos de musgo, cogumelos pulsantes emitindo uma leve bioluminescência, pequenos insetos de cores vibrantes e criaturas minúsculas que se moviam pelos galhos, onde algumas pareciam observá-lo com tanto fascínio quanto ele as observava.

    Os sons também eram distintos. O farfalhar das folhas parecia ter um ritmo próprio, como se a própria floresta respirasse. 

    Ele se deteve diante de uma planta que, ao menor toque de um de seus tentáculos, se encolheu como se estivesse sentindo cócegas. 

    — Hum…? — Zarek piscou, surpreso.

    Testou mais uma vez, vendo as folhas se retraírem num movimento quase instantâneo.

    — Algumas plantas daqui são mais espertas do que parecem — comentou Zahara, alguns passos atrás, enquanto descascava uma árvore com uma pequena adaga.

    Zarek virou-se para ela.

    — Até aqui… — continuou — ainda é raro aparecer outras pessoas. Mas se ouvir um estalo seco, pare e escute. Confiar no trivial é abrir portas para o imprevisível… então, tente não ser burro. Outras pessoas podem não lhe dar muito bem, ao ver algo como você.

    — Se eu ouvir algo, eu fujo… certo? — respondeu Zarek, em um tom confiável.

    Zahara lançou-lhe um olhar significativo antes de se virar para continuar coletando o que precisava e Zarek voltou a estudar o seu derredor.

    Foi quando ela recolheu a última casca de árvore e guardou-a em uma cesta que trouxe consigo. E então ergueu o olhar para Zarek, que ainda parecia encantado com os mínimos detalhes do ambiente.

    — Eu já terminei aqui. — disse, sacudindo a poeira das mãos. — Tenho algumas coisas para resolver, então vou até a cabana e depois precisarei ir a alguns vilarejos próximos.

    Zarek desviou os olhos de um pequeno inseto que rastejava pelo chão e voltou-se para ela novamente.

    — Eu devo voltar?

    Zahara hesitou por um momento, observando-o com curiosidade.

    — Hmm… não… não. Vou deixar você aproveitar um pouco, pode ser que esse tipo de estímulo acabe sendo benéfico de alguma forma. Mas antes… quero testar algo.

    Zarek inclinou levemente a cabeça, curioso, enquanto Zahara se aproximava e estendia sua mão sobre ele, começando a recitar algumas palavras.

    — Fique tranquilo, provavelmente isso não vai doer… provavelmente. Evodr Ent…

    No mesmo instante, um calor estranho percorreu seu corpo. Não era incômodo… era mais como se algo invisível o tocasse de dentro para fora. A marca brilhou em seu crânio ao mesmo tempo que Zahara irradiava a mesma luz em seu peito.

    Por um instante, Zarek sentiu como se sua percepção se expandisse, como se pudesse sentir a presença dela de forma mais intensa. Era diferente de apenas vê-la ou ouvi-la, era como se houvesse um fio ligando ambos com um chamado silencioso ressoando dentro dele.

    Zahara observava atentamente a reação dele, enquanto terminava de recitar o encantamento.

    — Zarek.

    Ao som de seu nome, a conexão pareceu se firmar por um instante antes de desaparecer, e a marca brilhou uma última vez antes de se apagar.

    Zarek piscou, confuso com a sensação.

    — Ah… — balbuciou.

    Zahara cruzou os braços, parecendo satisfeita.

    — É… parece bom.

    Mas ele ainda tentava processar o que havia sentido.

    — O que foi isso?

    Ela esboçou um pequeno sorriso, como se já esperasse a pergunta.

    — Basicamente, é um chamado.

    — Um chamado?

    — Sim — Zahara ergueu a mão, apontando para ele. — Quando recitei o encantamento, senti a sua presença de forma mais nítida, como se você estivesse dentro do meu alcance, mesmo sem estar na minha frente. Você também pôde sentir?

    Zarek hesitou, lembrando-se da sensação estranha dentro dele.

    — Era como… se minha atenção fosse puxada para você — disse, escolhendo as palavras com cuidado.

    Zahara assentiu.

    — Isso significa que, caso você se perca, ou tenha que fugir para se esconder de algo, eu posso encontrá-lo, não importa onde esteja.

    Zarek inclinou a cabeça, processando essa informação em silêncio por um momento. Ainda sentia um resquício daquela conexão no fundo de sua consciência, como um eco distante.

    — Bem, agora que já testei isso, preciso ir. Mas lembre-se — continuou Zahara — não ultrapasse a trilha que lhe mostrei antes. Fique por perto e não faça besteira.

    — Certo — Respondeu Zarek.

    Zahara manteve o olhar nele por mais alguns instantes, como se quisesse ter certeza de que ele levaria suas palavras a sério. Então, sem mais delongas, girou nos calcanhares e começou a caminhar de volta pela trilha que levava para a cabana, desaparecendo entre as árvores.

    Zarek observou até que ela sumisse de vista, então voltou sua atenção para a floresta ao redor, sentindo um misto de liberdade e curiosidade tomar conta de si.

    Ele continuou a vasculhar pela floresta, sentindo o solo irregular sob seus tentáculos enquanto os sons do ambiente preenchiam seus ouvidos com um ritmo constante e vivo.

    Cada pequeno detalhe era como um farol para seus olhos curiosos e brilhantes, que o guiavam pelo lugar, como se quase já tivesse se esquecido da advertência de Zahara.
     
    “Isso com certeza tem uma energia totalmente diferente daquele quarto”, pensou Zarek.

    Ele parou ao notar uma criatura pequena e ágil, algo parecido com um roedor, correndo entre as raízes retorcidas.

    Zarek, curioso, tentou se aproximar. Mas a criatura, ao percebê-lo, logo fugiu para longe dele.

    Ele deslizou mais adiante e viu uma lagarta de corpo segmentado se movendo lentamente pelo tronco de uma árvore, com seus minúsculos pés se revezando em um fluxo constante. Mas logo foi capturada por um pássaro que passou rapidamente, em seguida pousando em um galho de uma árvore, depois lançando-se de novo no ar, com uma facilidade quase invejável.

    Zarek observava tudo isso com as chamas de seus olhos parecendo se intensificar de animosidade.

    Tantas formas distintas de seres. Era de uma riqueza imensurável.

    Foi quando, vendo novamente o roedor, Zarek tentou acompanhá-lo.

    Seus tentáculos deslizavam pelas superfícies das raízes das árvores, às vezes se esticando para passar por cima delas, mas por mais que tentasse, não conseguia igualar à rapidez da pequena criatura, e logo ele ficou para trás. 

    “Humm… é mais difícil do que parece”.

    Sem querer desistir, ergueu-se um pouco mais, tentando outra abordagem já experimentada. Dobrou seus membros para criar quatro pontos de apoio e tentou caminhar. No começo, parecia uma ideia melhor.

    Ele conseguia se sustentar e evitar a fricção contra o solo. Mas, assim que pisou em uma região mais fofa do solo, seu peso fez com que suas patas afundassem a cada passo. A cada tentativa de avançar, precisava erguer o corpo novamente, exigindo um esforço que logo se tornou desgastante.

    Então, ao chegar perto de uma rocha coberta por musgo, seus membros deslizaram sem controle, fazendo com que quase caísse de cara no chão. Ele se estabilizou a tempo, mas o incômodo era evidente.

    “Parece bem mais fácil quando se tem o corpo certo para isso”, pensou Zarek, com as chamas dos seus olhos tremulando. “Me pergunto se, caso eu tivesse pernas, isso não seria mais fácil.

    Foi quando ele se recordou da pergunta de Zahara.

    Realmente, já fazia algum tempo desde a última vez que ele havia tentado. A sua falha anterior, ao almejar refazer seu corpo original, o manteve nesta forma por um tempo e sequer havia passado pela sua cabeça a ideia de tentar novamente. 

    Até agora…

    — Será que agora eu não chegaria perto? — A dúvida se formou em sua mente.

    Ele tinha que tentar.

    Então, começou a visualizar seu corpo original.

    Peitos largos, braços longos e as garras afiadas.

    Por um momento, seus tentáculos se retorceram, reagindo ao seu desejo, e se desfizeram, voltando para a forma de juba abaixo de seu pescoço. E a estrutura pareceu começar a se moldar, mas então algo o deteve.

    Uma sensação estranha emergiu de dentro dele, como um peso invisível o pressionando. Não era dor, nem uma força física que o segurava, mas uma trava. Diferente da última vez que tentou, onde sentiu algo fluir para dentro de si, agora era simplesmente como um limite imposto que ele não compreendia completamente.

    Zarek hesitou, tentando avançar, mas seu próprio corpo não respondia. A sensação de impedimento se intensificava à medida que ele tentava forçar a mudança, como se houvesse algo restringindo sua existência dentro daquela forma. O que conseguiu foi apenas um amontoado disforme, incapaz de sustentar-se.

    “Eh… talvez não”, pensou, um pouco frustrado. “É como se faltasse algo… talvez, se eu falar com Zahara sobre isso, ela tenha alguma resposta.”

    Foi quando ele viu, através das folhas de uma moita próxima, um movimento sutil, mas distinto. Então, conforme se aproximava, a imagem tornou-se mais clara, conseguindo ver entre as folhas.

    Uma raposa de pelagem avermelhada, imóvel, quase encolhida sobre si mesma.

    Mas ela não estava sozinha. Havia outra ali… uma segunda, deitada ao seu lado. Mas essa não se movia e seu corpo estava rígido e com os olhos semicerrados e opacos.

    Zarek parou, observando em silêncio.

    A primeira raposa moveu sua orelha em direção à moita na qual Zarek estava se ocultando e ergueu a cabeça para encará-lo.

    — Eh… Olá? — Zarek não sabia como reagir, pois não estava acostumado a interagir com nada além de Zahara.

    A raposa manteve-se ali por mais alguns segundos, avaliando-o. Então, sem aviso, afastou-se com um salto ágil, desaparecendo entre as árvores.

    Mas Zarek permaneceu.

    Seu olhar voltou-se para a outra, começando a se aproximar lentamente.

    O corpo da raposa estava levemente afundado na terra, com seus membros esticados e rígidos. 

    Zarek inclinou-se, estudando-a com curiosidade.

    “Está morto”, concluiu Zarek, voltando a olhar ao redor buscando a que estava guardando o corpo.

    Mas sem sinal dela.

    Seus olhos percorreram as patas, os músculos relaxados, a estrutura da coluna, analisando cada pequena parte com bastante curiosidade.

    Instintivamente, ele ergueu um de seus tentáculos e deslizou-os ao longo da perna do animal, sentindo o formato dos ossos sob a pele.

    Foi quando, conforme ele apalpava o corpo morto da criatura, ele começou a tentar imitar os seus membros. 

    O emaranhado de fibras do seu corpo começou a mover-se, retraindo parte da massa de seus membros, tentando redistribuí-la.

    A primeira tentativa foi estranha. Suas “patas” improvisadas quase chegavam na forma, mas pareciam apenas um amontoado de massa.

    “Hmmmm… é como se estivesse faltando algo”, Zarek observou curioso, voltando seus olhos para o cadáver.

    Com um movimento hesitante, Zarek pressionou os dedos sobre a pele fria da raposa morta. Havia rigidez, mas não completa. O tempo ainda não havia consumido tudo. Ele deslizou a ponta dos tentáculos ao longo do flanco do animal, sentindo a tensão dos músculos enrijecidos.

    Ele encarou o cadáver mais uma vez, como se estivesse tramando algo, em seguida, vasculhando mais uma vez aos arredores. 

    Ele continuava sozinho.

    Então, seus tentáculos cortaram.

    E como lâminas finas, perfuraram a carne com suavidade. Permitindo que ele abrisse espaço pelas camadas externas, revelando o emaranhado de fibras rosadas.

    Zarek inclinou-se mais para perto, tocando cada camada com atenção, sentindo a resistência de cada tecido. Puxou um feixe de músculo e observou como ele se tencionava antes de se romper. Passou os tentáculos sobre os tendões, notando a rigidez que os mantinha unidos aos ossos.
    Seus tentáculos deslizaram até os ossos expostos. Tocou-os com mais cuidado, sentindo sua rigidez sob a pele ainda presa em alguns pontos. Eram duros, inflexíveis, mas moldados para um propósito. Formavam ângulos, articulações que permitiam movimento.

    Era um quebra-cabeça.

    Cada parte tinha uma função específica, e todas trabalhavam juntas. Estruturas de suporte, cordas que puxavam, alavancas que moviam.

    Zarek deixou a informação se fixar dentro de si. Seu próprio corpo original tinha ossos da mesma forma, mas era algo diferente… em estrutura e estatura.

    Mas e se ele pudesse criar uma estrutura que funcionasse do mesmo modo, só que em uma estatura e forma diferentes?

    Ele respirou fundo, ou ao menos tentou simular esse reflexo e começou do começo. Visualizou sua antiga estrutura, mas dessa vez a encolheu na própria mente, como se fosse uma escultura em miniatura esculpida em sua essência. Não apenas a aparência, mas o funcionamento, como se cada parte tivesse de ser ajustada para caber naquele novo espaço.

    Conforme sua mentalização tomava forma, sua massa reagiu.

    Fibras começaram a se estender e se entrelaçar, como fios de um tecido sendo costurados. Primeiro, surgiu o esboço de uma estrutura interna, com sua massa tentando mimetizar uma coluna vertebral, que se estendeu até formar uma calda e costelas, que logo começaram a se calcificar. Seu corpo criou pontos de tensão, simulando ligamentos e articulações e, gradualmente, mais partes de sua massa começaram a se expandir, alongando-se para formar os membros.

    Foi quando os primeiros traços de patas surgiram, e ele reforçou-as, engrossando as extremidades com mais camadas e as coroando com garras. Criou um suporte mais rígido nas articulações, permitindo que dobrassem de maneira mais fluida.

    Cada fio conectava-se ao próximo. Cada camada assentava-se sobre a outra.

    Quando a transformação finalmente se estabilizou, Zarek olhou para si. Pequeno, diferente, mas, por fim, era algo.

    Entretanto, ele não sabia bem o que, mas ainda não parecia… correto.

    Seus “membros” pareciam desproporcionais e estavam tortos como se estivessem quebrados. Em tese, estava tudo em seu devido lugar, mas parecia inacabado, fazendo-o parecer mais monstruoso do que o normal.

    “Isso não parece igual… acho que tem algo fora do lugar.”

    Ele tentou dar um passo… e logo percebeu outro problema: seu crânio, que para seu novo corpo de estatura reduzida, era desproporcionalmente pesado.

    Foi quando a outra raposa retornou, como se estivesse à procura de sua companheira, e o encontrou ali, agora ao lado dela, em sua nova forma totalmente nova e medonha.

    Antes que pudesse perceber, seus olhos se encontraram.

    A raposa apenas o observou sem pressa, como se ainda estivesse tentando entender o que estava vendo. 

    Zarek olhou o movimento de suas patas tocando o solo com firmeza. Sua coluna se movia com uma harmonia que Zarek ainda precisava entender completamente, e sem pensar muito, tentou imitá-la, fazendo um movimento brusco, que soltou sons secos como o de ossos se partindo.

    E a raposa recuou, grunhindo para ele. Como se questionasse o que ele estava fazendo.

    Zarek olhou para a raposa, depois para o corpo alterado no chão. Para ele… a conexão era óbvia.

    “Ah… eu mexi nele. Isso deve ser um incômodo.”

    — Ehh… eu só… mexi um pouco.

    A raposa rosnou baixo com os olhos fixos nele.

    — Tá, talvez mais do que um pouco… quer dizer… — Zarek ergueu um dos próprios braços deformados, analisando a estrutura irregular — eu estava tentando fazer isso. O que acha?

    A raposa não respondeu e nem hesitou. Apenas virou e disparou para dentro da floresta, sumindo entre as sombras das árvores.

    Zarek observou o rastro vazio que ela deixou para trás e soltou um suspiro.

    — Huh. Certo… acho que foi uma crítica.

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