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    — Malcolm… — sussurrou Theo; este era o maior som que poderia emitir após o rugido.

    — E aí. Com todo respeito, mas você tá parecendo um inseto depois de ser esmagado.

    Theo tentou rir pela tentativa humorada de Malcolm, mas só conseguiu cuspir mais sangue no chão e contorcer graças à dor.

    — Foi mal. Pega.

    Malcolm estendeu um porongo para Theo, amarrado por um fino fio azul.

    — Isso é um elixir do meu império, de Mikoto. Ele possui…

    Sem cogitar, Theo arrancou o porongo das mãos de Malcolm. Ao escutar que se tratava do elixir de Mikoto, sua alma até purificou… Aquele elixir foi criado há mais de um milênio em Mikoto e possuía propriedades medicinais capazes de restaurar energia e cicatrizar feridas de batalhas.

    Ao escutar aquela afirmação de Malcolm, Theo não hesitou em beber. O gosto não o agradou muito; era similar ao hidromel de Egon, mas os efeitos foram certeiros, embora reduzidos.

    A dor muscular foi gradualmente sobreposta, enquanto o tecido da pele rapidamente se regenerou, mas deixando cicatrizes pelo corpo — principalmente no rosto. O sangramento no instante parou, mas os resquícios de tal permaneceram pelo corpo. Quanto à energia, a mente de Theo clareou, sua força não estava 100% recuperada mas ele já conseguia falar.

    — Você vai se recuperar com o tempo…

    Theo, sentado no chão, devolveu o porongo a Malcolm e abraçou os joelhos.

    — Meus músculos… Parece que vão se rasgar. Os ossos parecem ser feitos de gravetos fracos…

    — Então, cultive essa árvore. Faça dos músculos as casas, e cultive seu poder até que os frutos dêem resultados. Pode ficar aqui e se recuperar, mas, assim que conseguir correr… Nem que seja para trocar dois socos e morrer, venha para a luta.

    Malcolm se ergueu à medida que falava e, conjurando uma enorme e majestosa zweihänder preta na mão direita e apoiando no trapézio, afirmou: — Irei cuidar deles por ora, mas, precisarei de ti.

    Um vulto negro desintegrou-se em partículas de energia no mesmo segundo.

    — Uma zweihänder… — murmurou Theo, impressionado com aquela perfeição. Era ainda mais bela que a sua própria.

    Ele arrastou-se pela areia do chão e escorou nos destroços do Pilar, deitando-se nos entulhos ao mesmo tempo que olhava o céu novamente.

    — Desistir, é? Esse pensamento é podre… Lembra? — perguntou a si próprio olhando para o brilho do céu azul ofuscado pelas nuvens. — Iluminar a mente; subir cada degrau do Nirvana… Ser você e, por ser você, evoluir ainda mais. Abraça-te tua centelha…

    Repousando as mãos por cima do plexo solar, Theo tossiu algumas vezes quando tentou se concentrar em descansar e recuperar o éter.

    — Iluminar a si…

    Conforme Theo tentava recuperar suas forças, os efeitos do Rugido Imponente ainda jaziam sob Nik’hael e seu nefilim. Ainda assim, o pequeno anjo tentou não se importar já que a energia de Theo havia sido varrida após aquilo. O nefilim caminhava lentamente em direção ao pequeno anjo que, sentado de pernas cruzadas, o esperava com um certo rancor.

    — Quem mandou você se intrometer?! Atrevido! 

    — Você iria morrer, a ordem que Metzerai me deixou foi para evitar isso.

    — Eu não iria! Nós estávamos brincando, eu sei muito bem quando estou à mercê da morte. Agora, você provavelmente o matou e…

    — Se ele morreu com apenas isso, então não haveria muita brincadeira para vocês.

    — As vezes me esqueço que vocês não possuem noção da própria força. Ah, foda-se. — Nik’hael deitou-se de costas no chão, observando o céu azul. — Carriel não está lutando, ela lançou um ou dois feitiços e parou de atacar. Os oponentes dela fazem o mesmo, muito provavelmente decidiram conversar enquanto nos esperam. Aquele cara, por outro lado…

    Ele suspirou. A presença de ambos os nefilins que enfrentavam Zemynder havia desaparecido.

    As asas que cobriam os olhos e testa de Nik’hael abriram-se, repousando por de trás das orelhas do garoto. Dois olhos de tonalidade cinza remetente a um cristal esbelto abriram-se para ver melhor a realidade, agora, sem as asas tampando a visão. 

    Levantando-se, porém, ainda ficando sentado no chão, dois pares de asas angelicais surgiram nas costas de Nik’hael, balançando pelo o vento.

    — Com vocês eu não posso brincar… — afirmou o garoto, vendo Zemynder e Malcolm caminharem calmamente rumo a ti.

    — Um pequeno anjo… — comentou Zemynder. — E outro nefilim.

    Arrastando um par de asas longas pelo chão, Zemynder rapidamente as sacudiu no ar e jogou-as aos pés do nefilim.

    — Vou ter outro para me entreter.

    — Essas asas são… — murmurou o nefilim.

    — É — completou Hael. — São de Jitrsz e Hazmul, este homem é intrigante. Meus olhos mostram que… Você é Zemynder, correto? O carrasco de Alsu.

    — Acho que vou pedir pra mudar meu título, o que acha, Malcolm? Caçador de Nefilins? Já são cinquenta e dois na conta…

    — Para, tá vergonhoso — interrompeu Malcolm. — Não dá para brincar com essa criança.

    — Tô ligado.

    — Cuida do gigante?

    — Cuido.

    Nik’Hael resmungou sozinho.

    — Quê? Eu queria lutar contra o carrasco…

    — Ele é mais forte que eu — apontou Zemynder, jogando toda responsabilidade para o colega.

    — É?! Então… — Um sorriso de alegria se abriu em sua feição, contudo, foi rapidamente sobreposta por surpresa.

    Malcolm apareceu repentinamente no céu, cinco metros acima de Nik’Hael, empunhando sua zweihänder negra que agora esbanjava raios roxos e brilhos de mesma intensidade.

    [Estilo do Dragão Thundra: Clivar]

    — Huh?

    Ao entender a dimensão do problema, Nik’Hael levantou-se bruscamente e tentou correr de onde estava. Contudo, seu corpo foi bombardeado por centenas de cortes simultâneos e harmônicos. 

    Compativelmente, Malcolm bailou pelo chão até parar bruscamente em linha reta ao oponente, porém, há dez metros de distância.

    Buscando proteger Hael, o nefilim moveu-se velozmente para esmagar Malcolm de punho cerrado. Porém, antes que atingisse o general, Zemynder o parou com somente uma mão.

    — Se lembra de quem é teu oponente? — indagou Zemynder.

    Contorcendo o punho do filho da perdição em torno do próprio pulso, Zemynder o empurrou Pilares adentro até tomar uma longa distância dos demais. 

    Após largar a criatura no chão, o carrasco de Alsu ergueu sua espada aos céus e encantou-a em chamas roxas; liberando o atributo pelo ambiente, criou uma barreira de fogo ao qual o nefilim não escaparia.

    Virando-se para trás, Malcolm assistiu Nik’Hael com dificuldades para se reerguer; afinal, estava totalmente dilacerado, mutilado em todas as partes do corpo — exceto onde sua armadura ainda protegia.

    — Seu puto… Não vai sequer deixar eu considerar? — reclamou Nik’Hael, esforçando-se para ficar de pé e cuspindo sangue.

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