Índice de Capítulo

    Aviso: Violência, tortura e morte! — Você pode ocultar o conteúdo sensível marcado ou com a alternância no menu de formatação . Se fornecido, o conteúdo alternativo será exibido em vez disso.

    Notas de Aviso

    Nesse capítulo ira conter conteúdos como pessoas vomitando, criança sendo espancada e tortura, o protagonista no caso, se ainda quiser continuar siga em frente, se não, pule esse capítulo.


    O forte cheiro de medo, desespero, impotência e dor permeava o ar enquanto William olhava para suas mãos manchadas de sangue. Tudo ao seu redor havia caído no caos, e incêndios devastavam cada tenda até onde os olhos podiam ver.

    O choro de vários bebês podia ser ouvido por perto, enquanto suas mães faziam o possível para garantir-lhes que tudo ficaria bem.

    Gritos cheios de raiva, xingamentos e desespero…

    Risos carregados de escárnio e desprezo…

    Tudo isso se fundia para criar uma sinfonia que fez o garoto ruivo cair de joelhos. Tomado pela tontura e pela náusea, William tentou limpar o sangue que manchava suas mãos, mas, em vez de removê-lo, apenas o espalhou ainda mais.

    “Ughhh!”

    O jovem garoto não conseguiu mais segurar, e o cheiro de sangue, urina, suor e excremento o atacou por todos os lados.

    Ele vomitou até não ter mais nada para expelir, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto.

    Rugidos, gritos, explosões e o som de armas se chocando ecoavam por todo o acampamento onde os nômades de diferentes tribos haviam se reunido.

    William arfava enquanto via vários homens armados se aproximando. Ele limpou a sujeira dos lábios e se forçou a ficar de pé. O jovem garoto segurou firmemente Stormcaller em suas mãos e deu um passo à frente.

    O choro dos bebês ficou ainda mais alto, enquanto suas mães tremiam de medo. William ficou na frente delas com sua arma erguida. Suas pernas tremiam devido à exaustão e ao desconforto, mas ele não podia recuar. Ele se recusava a recuar!

    Infelizmente, havia momentos em que dar o seu melhor não era o suficiente. Ele já havia ultrapassado seus limites na tentativa de manter aquele lugar seguro. O garoto ruivo já havia chegado ao seu limite.

    Ele mal conseguia se manter de pé, mas ainda assim ficou. Pois quem mais o faria em seu lugar? Ninguém. E era por isso que ele precisava permanecer firme.

    O pequeno corpo de William foi lançado para trás, deslizando pelo chão por alguns metros até parar perto das mulheres e crianças. Ele era uma vela prestes a se apagar e não tinha mais forças para enfrentar o grupo de homens que havia chegado ao abrigo improvisado onde os membros mais frágeis da tribo estavam escondidos.

    Stormcaller estalava com eletricidade a poucos metros de distância do garoto caído, enquanto tentáculos de relâmpago dançavam ao redor de sua lâmina. Era como se estivesse implorando para que William se levantasse e protegesse aqueles atrás dele.

    Por mais que o garoto quisesse responder ao chamado de sua arma, ele já não conseguia mais mover seu corpo.

    Um dos homens caminhou até William e pisou em suas pernas sem piedade. O som estridente dos ossos se quebrando e o grito de dor do jovem ecoaram pela noite.

    Rindo de seu sofrimento, o homem então pisoteou seus braços, quebrando-os também.

    “Já chega. Não o matem,” um dos homens disse. “Ele é um Meio-Elfo, podemos vendê-lo por um bom preço.”

    O grupo de homens riu enquanto olhava para William e para as pessoas que tremiam atrás dele. Em meio ao choro dos bebês, a visão embaçada de William se fixou em uma árvore distante. Lá, ele viu um homem encapuzado, cujas vestes tremulavam ao vento.

    O homem encapuzado caminhava na direção do grupo de homens com passos calmos, e ainda assim, nenhum som de pegadas podia ser ouvido.

    Quando alguém finalmente percebeu sua presença, ele já estava a apenas um metro do homem que havia quebrado os braços e as pernas de William.

    Naquele dia, William finalmente viu com seus próprios olhos e compreendeu que o mundo além dos limites de Lont era um lugar repleto de miséria e conflito.

    Onde os fortes oprimiam os fracos, e tiranos impiedosos ceifavam a vida de inocentes como se estivessem apenas cortando grama.

    Antes que sua consciência se apagasse na escuridão, ele ouviu o homem encapuzado murmurar em sua direção:

    “Requiescat In Pace.”

    O sangue do grupo de homens jorrou no ar como fontes e caiu sobre o corpo do jovem garoto como chuva.

    A única salvação foi que William já havia desmaiado e não tinha consciência do que estava acontecendo ao seu redor.

    O homem encapuzado olhou para o garoto caído no chão, com seus membros dobrados em ângulos antinaturais e lágrimas tingidas de sangue manchando seu rosto bonito. Mesmo inconsciente, suas lágrimas não paravam de cair.

    Talvez William chorasse pelas vidas que foram perdidas, ou talvez chorasse por sua própria perda. Seja qual fosse a razão, uma coisa era certa.

    Quando a manhã chegasse, o jovem garoto que havia deixado Lont mais de um mês atrás nunca mais seria o mesmo.

    “Comparado a William, Eve dá muito mais trabalho,” Anna disse enquanto acariciava suavemente as costas da bebê adormecida, olhando para as flores no jardim. “Quando você acha que ele voltará, Pai?”

    James olhou para sua neta adormecida com um sorriso no rosto. No entanto, quando Anna mencionou o nome de William, seu sorriso se desfez e foi substituído por uma expressão preocupada.

    “Já faz seis meses desde que ele deixou Lont,” James respondeu. “Tenho certeza de que ele já está a caminho de casa.”

    Anna fez um bico. “Pai, para onde exatamente você mandou William? Não quero que Eve cresça sem passar tempo com seu Irmão Mais Velho.”

    O garoto ruivo insistiu firmemente que Eve o chamasse de Irmão Mais Velho em vez de primo. Anna aceitou seu pedido com uma risada, pois achava a reação de William bastante divertida.

    Ela não fazia ideia de que James havia enviado o pobre garoto para uma missão que o faria se tornar…

    De repente, James ergueu a cabeça para olhar na direção do Portão Norte de Lont, pois havia recebido uma mensagem secreta de Ezio. Ele se apressou em deixar o jardim e seguiu para o norte.

    Ao chegar ao portão, ele viu duas figuras encapuzadas. Uma alta, uma baixa, ambas vestindo mantos com capuzes.

    James reconheceu ambos imediatamente. O Senhor de Lont manteve uma expressão calma enquanto esperava os dois se aproximarem.

    “Retornei, Meu Senhor.” Ezio colocou a mão sobre o peito em sinal de saudação.

    “Bem-vindo de volta.” James fez um breve aceno de cabeça antes de se virar para o jovem cujo rosto ele não conseguia ver. “Bem-vindo de volta, William.”

    O garoto apenas acenou levemente com a cabeça em reconhecimento e nada mais. William simplesmente ficou parado ali, com seu manto balançando ao vento.

    James suspirou internamente enquanto olhava para seu amado neto. Ele percebeu de imediato que o garoto não estava com humor para reencontros emocionantes.

    “Vocês dois devem estar cansados da viagem,” James disse. “Vamos para a residência. Vou pedir para Helen preparar algo bom para vocês–“

    “Eu não vou.”

    James franziu a testa ao olhar para o garoto encapuzado à sua frente.

    “Eu não vou para a residência,” William declarou. “Vou para a casa da Mestra.”

    William não esperou a resposta de James e simplesmente passou por ele.

    O velho não ficou com raiva das ações do garoto. Não. Ele não poderia ficar zangado, pois, no fundo, estava se sentindo extremamente culpado. James apenas observou as costas de seu neto se afastando enquanto ele caminhava em direção ao sul de Lont, onde ficava a residência de Celine.

    Suspirando pela segunda vez, ele fez um gesto para que Ezio o acompanhasse de volta à residência. Ele queria ouvir um relato detalhado sobre tudo o que seu neto havia vivenciado durante sua ausência de seis meses de Lont.


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