Capítulo 5 – Contrato?

O milionário abriu os olhos, seu coração batia como um tambor. Seu rosto estava molhado, não de suor, mas de lágrimas que escorriam como rios.
— Eu… estou vivo?
Ele olhou ao redor, reconhecendo cada detalhe do quarto que havia sido seu refúgio por anos. A iluminação suave, os móveis luxuosos, o PC. Tudo estava no lugar.
— Estou em casa. — Sua voz estava aliviada.
Sem hesitar, ele se levantou, suas pernas tremendo. Correu até o espelho, seu coração acelerado, e lá estava ele. Seu reflexo o encarava.
— Foi só um sonho? — murmurou, um sorriso frágil surgindo em seus lábios.
Mas então, algo chamou sua atenção. Na cama, duas silhuetas repousavam em paz.
Renata… Maria…
Seu coração apertou, uma emoção avassaladora tomou conta de seu peito.
— Nunca imaginei que seria tão bom ver vocês…
Ele se aproximou, estendendo a mão para acariciar Maria. Mas, para seu horror, sua mão atravessou o corpo dela como se fosse névoa. O sorriso desapareceu instantaneamente, substituído por uma expressão de puro terror.
— N-n-não… — ele balançou a cabeça, negando a realidade que se impunha diante de seus olhos.
Nesse instante, o quarto começou a se contorcer. As paredes tremulavam como se fossem feitas de líquido, o chão desaparecia sob seus pés, e um buraco gigantesco se abriu, sugando tudo ao seu redor como um vórtice insaciável. O quarto desmoronava, despedaçando-se em fragmentos.
— AHHHH!!! — seu grito ecoou no vazio enquanto ele caía, mergulhando em um abismo.
PLOFT!
Seu corpo colidiu com algo macio. Não havia dor. Apenas um céu estrelado se estendendo sobre ele, e um sol pequeno brilhando na imensidão.
— QUE MERDA!! ESSE PESADELO NÃO ACABA?! — gritou, sua voz carregada de fúria.
Suspiro.
Ele se levantou, observando ao redor. Uma floresta exuberante se estendia diante de seus olhos, tão perfeita que parecia irreal. As árvores eram imponentes, suas folhas balançavam suavemente na brisa. O som dos insetos, o farfalhar das folhas, o canto dos pássaro. Tudo era harmonioso, extraordinário.
Logo seus olhos caíram em uma pequena casa de madeira, isolada entre as relvas, a quinhentos metros de distância.
— Que lugar é esse?!
Seus olhos brilhavam de incredulidade. Até a raiva havia se dissipado.
— Isso é um paraíso, é tão lind—
— Lindo.
Uma voz feminina cortou sua fala. O milionário se virou procurando. E lá estava ela.
Uma mulher jovem, de cabelos brancos como a neve, olhos vermelhos igual sangue. Vestia um traje branco com detalhes dourados, e braceletes reluzentes adornavam seus braços. Sua beleza era irreal, como uma deusa descida dos céus.
— Humano, posso iniciar o contrato?
João sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A voz dela, ele já a ouviu antes. Era a mesma voz que escutou naquele cômodo escuro, mas agora bem mais suave.
— Quem é você? — ele perguntou, sua voz trêmula. — E como sabe meu nome? Onde estou? Eu estava levando uma surra há alguns segundos, de repente estava no meu quarto e agora nessa floresta!
Ele colocou as mãos na cabeça, enquanto falava coisas sem sentido. A loucura daquele cômodo escuro o atingiu novamente.
A mulher se aproximou calmamente do milionário, seu olhar era penetrante fixo nele. Ela pressionou levemente sua testa com o dedo indicador, e a dor que latejava em sua mente desapareceu como se nunca tivesse existido.
— O que você fez comigo? — Ele se afastou, atordoado.
— Você está melhor, humano?
— Sim… eu acho.
— Não temos muito tempo. Você vai morrer em breve. — ela ergueu a mão, palma virada para cima, como se oferecesse algo invisível. — A única coisa que você precisa saber agora é que, se aceitar fazer um contrato comigo, você viverá.
João ficou em silêncio, seus olhos se estreitando enquanto processava as palavras dela.
Viver? Eu perdi tudo que era importante pra mim porra!
— E se eu recusar? O que acontece?
— Você morre.
É óbvio…
João fitou seu olhar na linda mulher a sua frente. Sem hesitação, respondeu: — Não aceito.
Pela a primeira vez, a mulher esboçou uma reação. Ela observou com um brilho curioso nos olhos.
Esse humano é estranho. O que a deusa espera dele?
— Pode me deixar morrer. — Ele desviou seu olhar.
Universo, se você não me matar logo. Eu vou querer mesmo continuar vivo. Pensou João, seu rosto tinha uma expressão inconsolável.
O ignorando, ela deu alguns passos, chegando bem perto do milionário. Seus corpos estavam tão próximos que ele podia sentir o calor dela pulsando contra o seu.
Seus dedos delicados deslizaram pelo pescoço dele, envolvendo-o. Ele ficou paralisado, seus braços hesitaram pairando perto da cintura dela.
— O que você vai fazer? — João não se sentiu intimidado, ele havia lidado com muitas mulheres anteriormente.
Ela não respondeu. Em vez disso, inclinou-se lentamente, fechou os olhos e aproximou seu rosto do dele. João sentiu o calor do hálito dela contra sua pele.
Ela vai me beijar? Talvez seja por pena. Mas quem se importa? Ela é a mulher mais linda que conheci!
Ela o beijou. Um beijo leve no início, mas que rapidamente se aprofundou, seus lábios macios e insistentes.
João cedeu, seus braços encontrando a cintura dela, puxando-a ainda mais para perto, como se quisesse apagar qualquer espaço que ainda existisse entre eles.
Alguns segundos depois, ela se afastou devagar, foi como se ele tivesse sido arrancado de um sonho.
De repente, a grama sob seus pés começou a mudar. Um líquido escuro se espalhou rapidamente inundando a floresta.
De novo isso!? João nem conseguiu gritar dessa vez…
No fim, tudo se apagou. João não sentia mais nada e nem via. No entanto, a voz dela soava na sua cabeça.
Abra os olhos, humano.
João obedeceu. Assim que suas pálpebras se ergueram, ficou surpreso: ele estava no ar, flutuando como se estivesse preso entre o céu e a terra. Tudo ao seu redor era pura escuridão, mas não havia medo, era como estivesse enrolando num cobertor quente.
Não posso te deixar morrer, temporariamente te dei um pouco do meu poder. Sobreviva, humano…
Poder?
A voz dela foi ficando distante, até desaparecer por completo.
— Espera aqui sua—
Dor.
O milionário abriu os olhos de súbito.
Um rosto familiar surgiu diante dele. Era o garoto que o espancava: Einar.
Raiva o incendiou.
João moveu o braço pra cima instintivamente, a palma aberta cortando o ar acertou o jovem.
O agressor saltou para trás, alarmado.
Mas era tarde.
Um corte profundo abriu-se no peito esquerdo de Einar, do trapézio até abaixo das costelas.
O sangue jorrou, tingindo o chão.
Ele caiu de joelhos, uma mão sobre o ferimento.
— AHHHH!!!!! — Einar gritou de dor.
João estava de pé olhando seu adversário friamente. Em seguida cuspiu um dente quebrado no chão.
Eu disse para aquela vadia que eu não queria… Quer saber? Foda-se! Estou no num mundo de fantasia mesmo… não vou negar mais essa oportunidade!
— Gostou de ter batido em mim? Espero que sim. Porque vou fuder a tua cara, SEU FILHO DA PUTA!
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