Capítulo 7 - Cataclismo Negro
Magnum correu desesperadamente pela estrada de barro, seguindo em direção aos armazéns próximos da entrada do plantio. Assim que tiveram o primeiro contato, as três crianças se dividiram naturalmente para aqueles que eram os mais importantes…
Apenas dez metros de onde estavam, Magnum encontrou seu pai ferido na ponta da plantação com a perna presa debaixo de um veículo de plantio. Anton não estava sentindo as partes inferiores do corpo, ao menos podia se mexer.
O garoto se desesperou rapidamente e, invés de chorar ou tentar ajudar o pai a mover a cabine (algo impossível) ele decidiu correr para buscar Ethan, que estava nos armazéns.
Entretanto, as primeiras explosões se originaram daqueles mesmo armazéns…
“Duque Ethan… Esteja bem, por favor!” Magnum implorou em seus pensamentos, correndo mesmo que sem fôlego.
Ao chegar no armazém, Magnum tomou cuidado com os destroços repetidos e pela nuvem de fumaça cobrindo o ambiente. Tossindo com o pulmão seco, ele cobriu o rosto e continuou explorando.
Chegando próximo a entrada, ele berrou: — Duque Ethan!
Não teve nenhuma resposta.
Ele continuou espantando a fumaça com o braço e tentando obter um campo de visão amplo, mas não obteve êxito. Tentando chegar próximo a uma caixa de madeira no fundo, Magnum fora rapidamente interrompido por um raio negro que atirou-se em sua frente.
Pelo susto, Magnum recuou, mas foi rodeado por dezenas de raios se movendo amplamente pelo galpão em ruínas.
Gradualmente, uma vibração espalhou um som agudo e sem direção, mas, com uma única origem; metros a frente do garoto, uma esfera de energia branca emitiu uma luz negra e implodiu abruptamente.
Antes da explosão surgir, Ethan se pôs a frente de Magnum, com o braço esquerdo estirado e sem movimento; o Duque estava com um pedaço de metal enfiado no ombro, com o sangue escorrendo até a ponta dos dedos.
Com o braço direito, Ethan criou uma rajada de fogo que suspendeu a esfera de energia, atrasou a expansão da fumaça e, em questão de segundos, transformou os galpões em pó com uma única onda flamejante. Controlando a direção da destruição, Ethan ergueu uma explosão ao céu arrastando tudo o que era nocivo.
Uma nuvem de cogumelo se apresentou naquela manhã.
Tendo a atenção tomado momentaneamente, Theo olhou para trás, onde a nuvem de cogumelo emitia luz e uma onda de vibração. Um vento forte bateu em suas costas e quase o levou adiante; por sorte, Ethan conseguiu controlar aquela explosão e a manteve isolada mesmo com o resultado avassalador.
Todavia, ainda assim, Theo continuou correndo pelos campos devastados e consumidos pela dor.
As torres de fumaça tinham o campo de visão à medida que os gritos de dor e pedido de ajuda se espalhavam pela perspectiva do Jovem Mestre.
Porém, havia algo suplicando por sua atenção: alguns metros a frente, uma daquelas torres de fumaça se exibiram pelo terreno. Theo se desesperou, pois sabia que sua intuição estava garantido uma catástrofe…
Desviantes podem sentir a presença de humanos, mesmo que os próprios não possuem domínios pelos próprios chakras. Theo tinha certeza daquele à sua frente… Estava fraco, quase nos últimos suspiros, mas era a realidade…
A sua esquerda, uma barra de corte danificada e com as facas amassadas estava jogada para dentro da plantação.
Theo manteve consciência para continuar correndo, mesmo escorregando nos vestígios dos incidentes pelo caminho. Quando chegou na base da fumaça, ele correu para a direita onde a cabine de uma das máquinas estava jogada.
Mais adentro da plantação, uma placa metálica estava inclinada sobre o corpo de um homem…
Um chapéu de palha estava perdido em meio aquilo tudo.
O corpo de Theo paralisou. Seus olhos processaram, mas a mente negou sem chances para intervenções. Ele não conseguia acreditar…
O homem esmagado pela placa de metal era Michel, que ainda lutava por sua vida ao tentar empurrar aquela estrutura maciça de metal, mas falhava por ser um mero humano.
Por ter a consciência de Liam Mason, Theo subentendeu o que estava acontecendo. Algo que ele não deveria presenciar, mas estava. As lembranças oscilaram entre a antiga e a nova vida.
Enquanto Theo estava parado olhando para Michel, o som de uma máquina de medidor de batimentos cardíacos apitava assinando com a morte do paciente.
Liam estava de frente a uma janela de vidro, assistindo os médicos socorrerem sua mãe. Mas o medidor estava apitando simultaneamente ao registro dos batimentos, demonstrando que os cuidados médicos e o desespero profissional não salvaram a vida de Mavie Müller.
Ao contrário de Theo, aquela informação de morte súbita não fazia sentido para Liam. Devido a isso, por agora saber o que aquilo significava, o corpo de Theo se moveu sozinho para se encontrar com Michel.
Contudo… No meio do caminho, o Jovem Mestre encontrou a feição de um homem sem arrependimentos. Liam Mason estava de braços cruzados, escorado na máquina em que Michel morria, mantendo uma expressão serena e sem sentido para a atual situação.
Theo somente ignorou e continuou correndo em direção a Michel, expressando o verdadeiro desespero em sua face.
Os olhos cor de âmbar colidiram com os olhos azuis celestiais; Liam, um homem sem arrependimentos e com força para exercer ajuda, e Theo, uma criança com consciência e sem forças para sequer cogitar ajudar…
Escorregando pela lama e caindo ao lado de Michel, Theo rapidamente se recuperou e tentou empurrar a placa de metal. Porém, foi intencionalmente empurrado para trás.
Uma névoa negra vazou do núcleo em colapso, causando uma estranheza no coração de Theo. O garoto tossiu sangue…
— Não… — Michel implorou com suas últimas forças.
Ignorando o pedido do ancião, Theo tentou puxar a placa de metal com toda sua força, mas estava falhando até em pegar no material. A temperatura impediu que o Jovem Mestre tocasse no metal sem se queimar.
Instantemente, Ethan surgiu ao lado de seu filho e tentou levantar a placa. Todavia, com um dos braços completamente ferido e seus movimentos limitados, o Duque não conseguiu fazer nada além de tentar.
Michel pôs a mão no braço de Ethan e, com sua última gota de força, o ancião segurou fortemente o pulso do Duque. Ele havia entendido o recado…
A dor nos olhos de Michel não poderia ser descrita. Era por esse motivo que Theo estava lutando. Porém, Ethan percebeu que aquela dor não iria deixar o idoso viver por mais tempo.
A vida de seu filho valia mais…
Uma vibração monótona escapou do núcleo de energia abaixo da placa, criando reverberações e sensações térmicas indescritíveis.
O arrependimento iria travar na garganta de Ethan, com seu egoismo sendo a fonte da confusão.
Notando a sensação impura e impossível de ser ignorada, Ethan agarrou Theo pelo estômago e se lançou para longe da máquina. Entretanto… o núcleo que sustentava o motor explodiu, dessa vez, liberando toda sua energia e causando um forte impacto.
Sem conseguir reagir e correr rápido o suficiente, Ethan e Theo foram arrastados para longe pelo impacto e força da explosão.
Posteriormente, todas as máquinas ressoaram com a energia liberada pelos núcleos que explodiram, resultando, portanto, na destruição em massa de todas as máquinas perto da plantação.
Os campos de Midian foram tomados por explosões constantes, vibrações e o gosto amargo do desconhecido… Acima de tudo, a dor do luto.
☽✪☾
— Duque Lawrence! — exclamou um oficial, descendo da carruagem às pressas.
Ethan estava sentado na beira da estrada, onde Theo estava sendo atendido pelos paramédicos. O garoto estava estirado numa maca, sendo constantemente engessado e tendo a certificação de que estava sem dificuldades para respirar.
No pátio do que restou dos galpões, inúmeras pessoas machucadas estavam procurando socorro, à medida que novos feridos surgiam das plantações.
— Oficial Hart… — disse Ethan, com o braço esquerdo enfaixado.
— Perdão pela demora! — Hart estava ofegante pela corrida que fez para chegar ao Duque. — Todas as máquinas que funcionavam por um núcleo de energia foram destruídas na capital. Tivemos que garantir a segurança de lá primeiro…
— Ah… Então não foi só aqui…
— É… Desculpa, mas ouvi decepção em sua voz?
Ethan manteve-se sério e refletindo sobre a situação. Seus olhos correram vagarosamente pelo ambiente, vendo as pessoas se arrastarem com os membros machucados, manchados pelo próprio sangue e agonizando de dor.
— Quando senti uma ressonância externa nos galpões, rapidamente deduzi que poderia ser uma máquina com defeito. Ao chegar, notei o núcleo totalmente em colapso, sem conseguir suportar a própria energia… Ele explodiu primeiro. Depois, as outras máquinas explodiram uma atrás da outra sem deixar rastros do motivo…
Hart saltou para trás em descrença.
O Duque, entretanto, colocou a mão direita no plexo solar e agonizou silenciosamente por uma dor semelhante à de alfinetes.
— O senhor acha que… Isso foi obra de um atentado terrorista?!
Ethan assentiu que sim.
— Organize as tropas e cuide dos feridos. Se for um atentado, não apenas a capital e Midian, mas todo o território pode precisar de ajuda — ordenou Ethan — Trabalhem para evitar muitas mortes.
— Sim, senhor! Homens, enviem um esquadrão para resgatar quem ainda estiver no meio dos campos! Providenciem carruagens para levar os socorridos até o posto mais próximo! Cuidem!
Em silêncio, Ethan observou o estado de seu filho com uma distância razoável. Embora Theo mostrasse sinais de vida, como uma respiração consistente e dedos mexendo inconscientemente, o Duque manteve-se preocupado a todo instante.
Pondo o braço direito acima da testa, deixando apenas uma brecha para seu olho vigiar Theo, o Duque de Lawrence pegou em lamentações.
Como um tenente renomado de, não apenas em Romerian, mas todo o continente, ele estava acostumado com aquelas situações. Vidas sendo tiradas por algum motivo foi a razão pela qual ele prezou tanto a segurança em Loureto.
Entretanto…
— Para mim, não… — retrucou. — Para mim, vocês são só uns idiotas que aprenderam a como usar a energia do corpo para executar feitiços e coisas grandiosas. Mas, não são deuses, heróis, salvadores… Eu não acredito em nenhum desses falsos mensageiros da paz.
— Então, eu sou um zé ninguém para você?
— Não… Você é um cara muito forte. O mais forte que meus olhos camponeses já tocaram… Mas, é o cara que coloca dinheiro no meu bolso. Você não é um herói para mim, entende?
— Mesmo que… Eu salve sua vida?
— Eu serei grato, mas, nada além disso.
Uma faca atingiu o coração de Ethan. Cerrando os dentes e rangendo de dor e raiva, ele pensou:
“Desculpa… Não tive nem a tua gratidão…”
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