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    Um segundo antes da esfera de fogo explodir na mão de Theo, ele procurou uma forma de se livrar dela. Percebendo com a ressonância entre os dois elementos estavam colapsando, ele criou uma corrente de ar no caminho entre si e Jackl e, por fim, lançou a esfera de fogo no chão.

    As chamas espalharam-se pelo chão, alastrando o espaço entre os dois combatentes e criando uma verdadeira barreira flamejante.

    “Ainda é muita energia para um simples híbrido… Talvez pela ressonância com o vento, mas o poder destrutivo desse ataque me custou dois velcros…” ponderou Jackl, fugindo da barreira de fogo.

    Os dois velcros em seu braço esquerdo foram incinerados.

    Batendo as brasas, Jackl retornou ao combate.

    “Faltam três velcros azuis e um vermelho para ele vencer…” Olhando para a plateia, Jackl notou a inquietação dos olheiros. “Vocês já viram o suficiente, não é?”

    O trabalho de um examinador era ficar no modo defensivo até que o desafiante demonstrasse um certo nível desejado de demonstração. Assim, mesmo que o desafiante já estivesse matriculado noutra academia, olheiros das academias rivais poderiam enviar propostas de bolsas de estudos.

    — Então, garoto…

    Theo estava se erguendo em meio a fumaça do próprio ataque, tossindo as impurezas do ar.

    — Podemos finalizar?

    Jackl surgiu subitamente na frente de Theo, trazendo um transtorno para o garoto. Aquela velocidade de movimentação fora surreal. Reagindo rapidamente, Theo atacou o ar com um corte limpo.

    Todavia, o examinador surgiu nas costas de Theo, preparado para contra-atacar no velcro vermelho. Notando o movimento arriscado, Theo criou um vórtice de vento na mão direita e, dobrando o braço por cima do cotovelo, ele atirou em Jackl.

    Uma explosão nas costas de Theo lançou o garoto para frente, enquanto empurrou Jackl para trás. Deslizando e se apoiando no chão, ele se virou novamente contra seu examinador.

    Jackl havia se recuperado mais rápido…

    — Exame encerrado — anunciou Etrbak. — Theo Caesar, por favor se direcione até a saída.

    Paralisado e tentando entender, Theo olhou para o examinador, que havia arrancado o velcro no peito do garoto.

    “Quando que ele…” Theo analisou, tentando compreender a velocidade do oponente.

    — Foi uma boa atuação — disse Jackl, mostrando a mão disposta para um aperto — Me procure quando for para fazer uma reavaliação, para termos uma revanche!

    Theo apertou a mão de Jackl.

    — Beleza! Estou ansioso por isso!

    Após cumprimentar seu examinador, Theo caminhou até um portão de grades. Ele sabia que Jackl oferecia uma revanche para todos seus desafiantes, então, nada chegou a surpreendê-lo. Exceto por…

    “Como ele… me acertou?” Theo pensou jogando seus braceletes numa caixa ao lado.

    Retirando as outras peças da armadura, Theo continuou repensando em como aquele combate escalonou.

    — Hum…

    Sentando-se em um banco de madeira, Theo começou a retirar a parte inferior da armadura.

    — Ah… Entendi.

    Demoraram seis minutos para ele entender o aconteceu.

    Enquanto Theo ainda estava deslizando e preocupado em como iria sobressair naquele cenário, em formas de atacar e se defender, Jackl já havia agido e encerrado combate.

    Você pensa demais antes de agir, filho. Isso se tornará uma dor de cabeça… Foi a frase mais comum de Ethan durante os dez anos de treinamento.

    Escorando a cabeça na parede, ele suspirou enquanto olhava para o teto. Apenas a bota do pé direito tinha sido tirada.

    “Se bem que não importa muito agora… O que importa é que eu provavelmente me sai bem na prova prática também. Caso não, minhas notas na prova teórica serão suficientes para me colocar ao menos numa das melhores salas de Wispells…”

    Retornando a tirar sua armadura, Theo se preocupou apenas em esperar os resultados e pegar a carruagem para poder ir diretamente para a Ordem de Vagus.

    ☽✪☾

    Num escritório fora do coliseu, os examinadores se reuniram para analisar os desafiantes. Etrbak, sentado na mesa principal, pegou as pastas do dia para dar o veredito sobre suas classificações.

    — Jason… um atribuidor da academia Wispells… Não foi ótimo na prova teórica, mas foi um gênio no combate. Quase derrotou o examinador… — Etrbak leu em voz alta. — Qual grau você dá para ele?

    — Grau um, e anda mais — respondeu Jamir, o examinador dos atribuidores.

    Etrbak assinou a folha de Jason.

    — Theo Augustus De Lawrence… Entendi. Ele utilizou o sobrenome Caesar para ter prioridade na fila…

    — É. Augustus é só um sobrenome alternativo para a família co-lateral do Imperador, né? Eles podem usar Caesar quando quiserem… — comentou Jackl.

    — Sim. Bom; um hibrido, ele já foi chamado pela academia de Wispells… Se saiu bem nas duas provas, hein…

    — Grau um também — disse Jackl, cruzando os braços e se lançando numa poltrona.

    — Na verdade…

    Etrbak disse e parou, analisando as condições de Theo. Ele deixou um pequeno drama e tensão no ambiente.

    — O Imperador Caesar enviou uma carta indicando o garoto como grau dois — informou.

    — Ah… É, ele merece também.

    O grau dois é uma classificação que só pode ser atingida de duas formas; sendo indicado por um tutor das academias, e por um chefe de família nobre ou da realeza.

    Sendo uma classe que só poderia ser atingida por indicação, os examinadores não se importam quando isso ocorre já na primeira seleção.

    “O filho do Duque Lawrence, né? Estou presenciando o nascimento de uma nova calamidade?” Etrbak molhou a ponta da caneta. “Mas é claro. Toda realeza tem a genética perfeita para isso…”

    Por fim, ele assinou ao fim da página: Aprovado. Designação: Grau Dois.

    ☽✪☾

    Descansando num banco na praça fora do coliseu, Theo esperava sua carruagem no ponto de saída. Outros desafiantes comemoravam em grupos em pontos específicos, reunidos para demonstrar suas conquistas. Enquanto muitos estavam tristes por não serem aprovados.

    Theo cruzou os dedos e apoiou os braços nas pernas, olhando os grupos ao longe.

    Ele refletiu sobre seu estado…

    Estar sozinho naquele momento era… Deprimente. Ele adoraria que Agnes e Thays estivessem ali, mas as duas foram aprovadas na Ordem de Fulmenbour antes dele. Agnes fora aprovada apenas há alguns meses.

    “Ela deve ter ficado assim também… Ou será que ela conseguiu socializar?” 

    O raciocínio de Theo foi quebrado pelo relinchar de um cavalo. Olhando para a rua, observou uma carruagem branca parar em sua frente.

    Automaticamente, todos passaram a olhar para ele. As carruagens brancas só podiam simbolizar uma única academia; Wispells, a mais renomada de todas.

    — Olá, Jovem Mestre Lawrence. Me chamo Rikard, um dos administradores de Wispells. Estou aqui para te levar — apresentou-se após descer da carruagem.

    Theo levantou-se e olhou Rikard nos olhos. Curvando levemente a postura, ele entrou na carruagem.

    Parecia um local de luxo. As almofadas cor de vinho com detalhes brancos e dourados, criando pequenas vinhas nas paredes que formavam a base para o lustre no teto.

    Sentando-se nas almofadas, Rikard ordenou que o cocheiro seguisse viagem.

    — Certo… — disse Rikard, cruzando as pernas e olhando para Theo — Você foi enviado para a ala norte de Wispells. Desde já, adianto que deverá dividir quarto com outro aluno avaliado nessa mesma sessão…

    — Uhum. Não me importo muito com quem seja. Desde Junior até Veterano… — Theo interrompeu. — Eu tenho direito aos meus dias de adaptação, certo?

    Rikard ajustou os óculos escuros no rosto e respeitou a pressa de Theo.

    — Sim… Você poderá ter uma semana de preparo. Ficará uma semana nas classes inferiores, antes da aula prática com a professora Beatrice. Até lá, você terá apenas um dia de folga, onde poderá sair da academia sem um superior…

    “Beatrice? Ela conseguiu se graduar para o ensino básico e médio de Wispells?”

    A antiga professora de Theo foi transferida e reconhecida na Ordem de Vagus há apenas seis anos. Saber que teria alguém conhecido acalmou sua ansiedade.

    Um sorriso se abriu em seu rosto.

    — Sem querer me intrometer, mas… Como gastará sua semana de adaptação? — perguntou Rikard.

    — Se puder, gostaria de desafiar outros agentes para ganhar um pouco de experiência…

    — Não vai querer aproveitar nossos recursos para estudar? — Rikard franziu o cenho.

    De braços cruzados, Theo buscou o azul celestial do céu.

    — Não… — retrucou em tom calmo — Eu já estudei demais, e vou estudar mais ainda nos próximos anos. Pretendo esquentar um pouco as coisas…

    Theo desejava, por fim, entender o que seu pai queria ensinar ao falar que somente as academias poderiam fazê-lo evoluir. Para isso, ele se jogou à mercê do destino…

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