Capítulo 100 — Fim, mas continua interminável.
Sem mais energia, Astéria usou tudo naquele ataque e seu corpo enfim descolou. Seu sangue foi aos poucos esvaindo, Night e Kevyn se separando e o garoto então, desesperado, agarrou a neve para correr até sua mãe.
Ele então tentou curá-la, curá-la, mas nada adiantou. Salvá-la não pôde, como poderia? Uma cena deplorável, sangue e tripas pelo chão. Desespero palpável de uma criança chorando com sua progenitora no chão.
A mesma situação vinda de Kley, sua regeneração não existiu, seu corpo destruído existiu, e nada poderia fazer. Sem cura, seu corpo sangrando, mas sua morte impossível de se ver.
Ainda viva, a mulher olhou para seu filho e sorriu. Rouca, disse com lágrimas em seus olhos:
— Foi cansativo para vocês, não foi?
De costas, Night engasgou com seu choro. O príncipe tentou e tentou, a espada anti-regeneração foi quebrada, por que ele conseguia curá-la?
O desespero nos olhos de Kevyn, ele tentou e tentou e tentou, mas nada, nada e nada.
— Por favor! Não morre! NÃO MORRE!
Astéria pegou o rosto de seu filho e o abraçou, encostando sua cabeça em seu peito.
— Me escuta, a mamãe não vai poder estar aqui por você, não gaste sua energia com isso. — De maneira chorosa, ela acariciou-o e sorriu.
Então desistiu de tentar, e tentou aproveitar o último momento com sua mãe.
— A mamãe vai morrer… eu preciso que você escute, você precisa sair daqui, se salvar. — Carícias e choro.
— Mãe… por favor!
Astéria escorou sua testa com a dele e, sentindo as lágrimas carmesim de seu filho, ela disse:
— Eu quero que você cresça forte, tá? Você é a coisa mais especial que eu já fiz, então… por favor… cresça forte.
Sem ao menos conseguir falar, Kevyn a segurou mais forte e franziu sua testa tentando dizer.
— Desculpa por não ser a melhor mãe para você, eu tentei ser a melhor, mas sei que nã-
— Não! Para de mentir! Mentir para si mesma. — O garoto fechou seus olhos e gritou com ela, mas a mulher sorriu.
Astéria tirou um pequeno papel de trás da orelha de seu filho e botou dentro de sua bolsa dimensional. — Só veja esse papel quando for adulto, a mamãe te ama, tá bom?
Ao abrir suas pálpebras, Kevyn pôde ver os olhos sem brilho de sua mãe se tornarem mortos e, então, morreu em seus braços.
Sem saber como conseguir reagir, o garoto deitou a cabeça dela e, apático, ele chorou sem perceber e respondeu baixinho:
— Mãe… eu também te amo.
Um toque no ombro o príncipe sentiu, mãos que ainda não eram conhecidas para ele. Agachado, Gabriel sentiu a dor de seu irmão e disse:
— Astéria é a mulher mais forte que conheci… honre seu legado. Kevyn, vamos, vou te tirar daqui antes que eles apareçam.
— Eles, quem?
— Isso não importa agora, precisamos sair.
O garoto fechou os olhos de sua mãe e se levantou. Seu irmão mais velho então criou um portal elemental e aguardou.
Kevyn foi até a única pessoa que te restou e ergueu sua mão. A demônio limpou suas lágrimas e aceitou sua ajuda, mas algo diferente estava em seus cabelos.
Night, de cabelos brancos, segurou a mão do príncipe firmemente e disse:
— Vou na frente.
Ela soltou a mão dele e então seguiu pelo portal. A sós com Gabriel, o garoto se aproximou e perguntou:
— Por que fez tudo isso?
— Você é meu irmão mais novo, não estou te mimando, apenas cuidando de você — disse de maneira triste e acariciou o topo da cabeça do jovem.
— Não! Irmãozão! Todos se foram e… o que eu vou fazer agora?! — Abaixou a cabeça.
— Vamos conversar sobre isso, mas por enquanto, apenas durma por essa noite, tudo bem? Amanhã eu estarei lá.
Após ouvir as palavras de seu irmão, Kevyn apenas se afastou do toque dele e olhou-o nos olhos para então dar um soco no peito dele.
Mas mesmo assim, foi fraco o bastante para o homem sequer sentir.
— Irmãozão, somos famílias, não morra! — gritou o príncipe, que com lágrimas em seus olhos cruzou o portal.
Sozinho, o homem loiro manteve um rosto nebuloso e respondeu mentalmente para si: “Não se preocupe”.
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Ao cruzar o portal, Kevyn viu a casa de seu falecido mestre, as vinhas, as árvores e todo aquele ar fresco. Nas escadas, Night aguardou por ele e seus olhos pareciam querer sua atenção.
Ao se aproximar, ainda apático, o garoto fez contato visual e disse:
— Night, eu quero que me faça um adulto. — O soar de sua voz era fraco e inquietante, mas a garota arregalou seus olhos e uma pontada em seu coração foi sentido.
— Farei como quiser, meu espadachim. — Ela se levantou, se aproximou e o abraçou. — Mas antes… quer namorar comigo?
— Para sempre.
— Lembra da minha promessa?
— Sim.
— Quero que você melhore o mundo. Prometa dominar tudo, prometa não deixar mais pessoas se machucarem, prometa fazer com que ninguém mais sofra pelos outros, e somente por si. — Ela olhou-o mais fundo da alma dele, seus olhos arregalados quase tocaram os de seu amado.
— Eu prometo.
Ao ouvi-lo, Night pegou-o em seu colo e caminhou para dentro. Agarrado em sua amada, o garoto começou a chorar e a garota seguiu em frente.
“Você não deveria conter seus sentimentos, me mostre todos eles a partir de agora”, ela adentrou o quarto do menino e então o jogou na cama e começou a tirar suas roupas.
— Mostrar meus sentimentos? Você já não os lê como um livro?
— Eu não preciso ler você quando eu posso te sentir, seu bobo.
Night então parou, deixando apenas de blusa social. Assim, começou a se despir. Envergonhado, o garoto tentou cobrir suas partes com sua perna.
Seu rosto, cheio de lágrimas e incertezas traziam excitação para a garota. “Será que esse sentimento é certo, ou eu estou me aproveitando dele?”, ela pensou e se aproximou.
Adulto?
Kevyn esticou suas mãos para ela, oferecendo não só seu corpo, mas sua alma.

Night então subiu na cama, pegou as mãos de seu amado e acariciou por seu rosto, o fez sentir sua orelha, mordeu seu dedo de leve e disse:
— É bem melhor quando os dois se conhecem bem, consegue sentir o toque? Nunca se esqueça dele.
O garoto corou e, em meio às lágrimas, ela o fez abraçar, assim segurou sua bochecha com uma de suas mãos até entrelaçar seus lábios e o beijar.

Olhares se tocando, o choro, o beijo e aqueles sentimentos. A demônio soltou sua boca e olhou-o de cima por mais uma vez.
— Eu te amo, meu amor. — Quase rouca, Night passou sua mão pelo corpo de seu amado, desabotoando sua blusa para revelar todo o seu ser.
Kevyn abaixou sua perna e deixou ser tomado, mais uma vez ela o beijou e, ofegante, o príncipe deixou-se levar.
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No fim da noite, Night estava sentada na cama com seu amado dormindo escorado em seu ombro. Em sua cabeça: “Não posso deixá-lo com fome, cuidarei de seu corpo e nunca vou deixar ser machucado. Mas agora que tudo mudou, no fim, meu plano deu certo, afinal… Kelly morreu, você é meu, mas a que custo?”, ela acariciou a cabeça de Kevyn e ficou olhando para o canto do quarto.
“Eu te amo, então não fuja de mim”.

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