Capítulo 19: Uma Caça aos Tesouros Perigosa (6/7)

Sete pessoas, incluindo Shin Sang-Ah, Yi Sungjin, Hyun Sangmin e Yun Seora, além das três com quem Seol havia compartilhado comida anteriormente, estavam paradas no corredor, bem em frente à sala de aula 3-2. Elas pareciam incapazes de entrar na zona segura.

Mas isso não era tudo.

Seol encontrou três figuras bastante familiares do lado de fora da sala de aula 3-1. Yi Hyungsik e Jeong Minwoo estavam de pé, triunfantes, enquanto Kang Seok estava sentado em uma cadeira, parecendo bastante relaxado e satisfeito consigo mesmo.

— Finalmente apareceu.

Kang Seok ergueu a mão e cumprimentou Seol. Ignorando-o, Seol se aproximou e percebeu a expressão sombria de Hyun Sangmin. Sua raiva era evidente. Shin Sang-Ah também parecia estar farta daqueles três.

— …Eles dizem que é um feitiço que restringe o acesso.

Hyun Sangmin olhou para Seol e soltou um gemido.

“Um feitiço que pode restringir o acesso?”

Assim que terminou de pensar nisso, Seol parou de andar. Não, isso não estava certo, ele não conseguia avançar, como se houvesse uma parede invisível bloqueando seu caminho.

Seol bateu levemente no ar aparentemente vazio. Toc, toc. Não havia nada à sua frente, e ainda assim, a sensação transmitida à sua mão era como se estivesse batendo em uma parede de cimento.

— Você está perdendo seu tempo. Sabe, eu ganhei isso como um bônus inicial. Ninguém pode entrar sem a minha permissão.

Kang Seok mexeu lentamente os dedos. Havia um pedaço de papel meio rasgado entre seu indicador e o dedo médio.

— Você não esqueceu que meu Selo era prateado, certo? Senhor todo-poderoso Selo de Ouro.

Kang Seok riu de maneira insidiosa. Seol, por outro lado, apenas franziu ligeiramente a testa.

— Você abriu a porta do sexto andar, não foi?

— Bingo.

— E por quê?

— Hm? Peguei a chave na máquina de sorteios. Você não sabia que, se gastar 199 moedas, com certeza receberá a chave?

Claro que Seol sabia disso. Mas ele estava curioso sobre o motivo pelo qual Kang Seok desperdiçaria suas moedas obtendo essa chave em primeiro lugar. Afinal, com Seol e Yun Seora pegando quase todas as moedas, Kang Seok e seus capangas não devem ter tido um tempo fácil para encontrá-las por conta própria.

Deve ter sido difícil conseguir moedas o suficiente apenas para pagar a taxa do portão, então por que…

— Ahh…

Foi então que uma hipótese se formou na mente de Seol. Ele se virou instintivamente para olhar para trás, para a inconsciente Yun Seora.

— Isso mesmo, como eu esperava! Sabia que você era um cara esperto!

Kang Seok exclamou, demonstrando uma agradável surpresa.

— Na verdade, tenho que admitir que isso foi uma aposta com baixas chances de sucesso. Quer dizer, para que nosso plano desse certo, duas coisas precisavam acontecer, sabe o que quero dizer? Se você tivesse escolhido nunca sair desta zona segura, então meu plano teria sido completamente inútil.

— O que você está dizendo?

— No entanto, eu sabia que você rastejaria para fora daqui. Sério, um cavalheiro bonzinho como você não ficaria sentado sem fazer nada depois de ouvir aquele grito alto, estou certo?

— …

— Quanto a Yun Seora… Bem, eu estava planejando me aproximar dela na hora certa, mas, por algum motivo, ela estava se esforçando muito para encontrar mais moedas. Ah, bem! No final, foi uma coisa boa para nós, então não importa, certo?

Ao ouvir isso, as peças finalmente se encaixaram.

O primeiro passo do plano de Kang Seok foi conseguir a chave de acesso ao sexto andar. Com três trabalhando juntos, encontrar 199 moedas não teria sido tão difícil.

Depois de adquirir a chave, Kang Seok manteve um olhar atento na situação.

Desde o início, ele nunca planejou atacar Seol. Não, seu plano era atacar Yun Seora no momento em que ela revelasse estar em posse do mapa.

O momento certo era crucial, mas a principal variável ainda era Yun Seora. Kang Seok precisava encontrar alguma maneira de separá-la de Seol.

O plano original era que um dos membros do grupo atacasse Yi Sungjin ou algum outro azarado para atrair Seol para longe e, nesse meio-tempo, os dois restantes atacariam a isolada Yun Seora. Sua personalidade significava que, mesmo que algo estivesse acontecendo em outro lugar, ela não se importaria e, portanto, não se moveria.

No entanto, Yun Seora estava focada em encontrar mais moedas bem depois da meia-noite. Como essa situação poderia ser melhor para Kang Seok e seus capangas?

Então, o trio atacou Yun Seora quando ela entrou no banheiro feminino. Depois de roubarem suas moedas, subiram ao sexto andar antes que Seol chegasse ao banheiro e abriram a porta. Então, quando Seol ainda estava no quinto andar, desceram de volta para a área segura e ativaram o feitiço de restrição.

— Todos vocês perderam completamente a cabeça!

Shin Sang-Ah gritou com eles.

— Seus desgraçados insanos! Vocês aleijaram uma pessoa desse jeito só por algumas moedas miseráveis?

— Não… Essa nunca foi minha intenção. Eu só queria nocauteá-la. Juro que era só isso.

Kang Seok se defendeu como se estivesse sendo falsamente acusado do crime.

— Mas então, essa garota era tão persistente, sabe o que quero dizer? Ela segurou a bolsa e não queria soltar, e isso realmente me irritou. Então, foi por isso…

O final da frase de Kang Seok se dissipou; Jeong Minwoo, que estava ao seu lado, riu de maneira desagradável e, do nada, tirou uma adaga e fez um movimento de facada no ar. Ele também era um Convidado, embora com um Selo de Bronze.

KKKIIIEEEHHHH…!!!

Com um timing impecavelmente inoportuno, um rugido demoníaco ecoou à distância. O semblante de quase todos ali empalideceu. O primeiro monstro que encontraram no início desta jornada, aquele que lhes causou tamanho pesadelo, o Gaekgwi estava escalando até onde eles estavam naquele exato momento.

— Uau! Parece que essa coisa está realmente furiosa, não é? Ah, bem. Ficou trancada lá embaixo esse tempo todo, então faz sentido.

Kang Seok e seus dois capangas pareciam extremamente relaxados.

— Se estão esperando pelo fim da duração desse feitiço… Bem, acho que devo informá-los agora mesmo que é melhor desistirem.

— Está dizendo que vai durar para sempre?

— De jeito nenhum. Não é um item trapaceiro tão absurdo assim. Na verdade, tanto a duração quanto o tamanho da área de efeito são limitados. Se eu aumentasse a área ao máximo permitido, provavelmente duraria cerca de oito minutos, no máximo? …Mas o que acha que aconteceria se eu limitasse a área à metade do tamanho máximo? Tipo, apenas essa parte do corredor.

Kang Seok apontou uma vez para a entrada frontal e outra para a entrada traseira da zona segura. Seol não respondeu. Não havia necessidade, afinal; Kang Seok estava insinuando que, ao reduzir a área coberta pelo feitiço, a duração do efeito aumentaria.

— Com esse Gaekgwi subindo, você mesmo não conseguiria chegar ao sexto andar.

— Ah, isso? Não precisa se preocupar. Veja bem, sou um desgraçado muito sortudo. Olha aqui.

Kang Seok puxou outro pedaço de papel e o balançou no ar.

— Viu? Tenho outro talismã com um feitiço escrito nele…!

Vendo como ele provocava Seol e os outros daquela forma, parecia que essa era sua habilidade nata. Seol não pôde deixar de pensar que aquele desgraçado havia acabado assim por ter sofrido algum tipo de desenvolvimento pré-natal ruim ou algo parecido.

— Por favor! Deixe-nos entrar!

Alguém atrás de Seol gritou. Era o jovem que, pouco antes do início da caça ao tesouro, tentara secretamente pedir a Seol para reviver seu amigo morto.

— Hm?

— E-Eu não fiz nada de errado com você, fiz?

Ao ouvir isso, Seol não pôde evitar soltar uma risada amarga.

“Está tentando insinuar que fui eu quem fez algo errado, então?”

Fazendo uma expressão falsa que gritava ‘Eu não tinha pensado nisso!’, Kang Seok arregalou os olhos e começou a esfregar o queixo, fingindo uma profunda reflexão. Então, como se estivesse sendo um benfeitor generoso, murmurou em voz alta.

— Sim, de fato… Pode ser. Tenho certeza de que isso é injusto para você assim. Tudo bem! Muito bem! Você, você e você. Vocês três, concederei a entrada.

O trio se entreolhou e, sem hesitar, correu para frente. Foi uma repetição da cena em que entraram apressadamente na zona segura do segundo andar assim que a barreira metálica foi abaixada. Somente depois de correrem para dentro da zona segura começaram a soltar suspiros de alívio.

E assim, o momento que Kang Seok esperava finalmente chegou. Ele olhou para os outros que ainda estavam do lado de fora da barreira com um sorriso relaxado.

— Huh…

Seol soltou um suspiro decepcionado por dentro. Parecia que as lições ensinadas no segundo andar não haviam sido suficientes para aqueles idiotas.

— Ainda bem que me preparei.

Seol lentamente enfiou a mão no bolso, pronto para acabar de vez com aquela palhaçada; mas, antes que pudesse…

— E quanto a você, garotinho? Ou você, Hyun Sangmin?

A mão de Seol parou antes que ele pudesse agarrar as esferas mágicas. Era desconhecido o que ele estava pensando naquele momento, mas retirou a mão vazia do bolso.

— Quer morrer assim? Ei, quer morrer para aquele monstro Gaekgwi, o mesmo que assassinou sua irmã tão bonita e gentil? Irmãos, hein? É tipo, ‘leve um e ganhe outro’ de brinde?

— E-Eu…

— Ei, cara! A Srta. Yi Seol-Ah deve estar se revirando no túmulo. Aposto que está rezando fervorosamente para que eu salve sua pele agora mesmo.

Kang Seok confirmou que Yi Sungjin estava tremendo como uma folha e então voltou sua atenção para Hyun Sangmin.

— E você… Já fez o que podia, certo? Não, espera um pouco, será que está sentindo peso na consciência ou algo assim? Mas o quê? Achei que você fosse um desgraçado realista como eu. Me enganei?

— …

— Apenas entre logo. Não tem ninguém aqui para te julgar.

As palavras de Kang Seok eram tão suaves e sedutoras quanto os sussurros de uma víbora. Depois de ouvirem essas palavras persuasivas, Hyun Sangmin e Yi Sungjin continuaram se encarando antes de desviarem o olhar para um único homem.

No entanto, Seol simplesmente permaneceu em silêncio.

O primeiro a se mover foi Yi Sungjin. Ele fechou a boca com firmeza e seguiu em frente. Passou pela barreira invisível e entrou na zona segura.

— Keke… Ainda tão jovem, mas tão impressionantemente decidido. Muito bom. Você poderia até se tornar um general no futuro.

Kang Seok deu um leve tapa no ombro do jovem. O garoto não disse nada e entrou na sala de aula.

— No entanto, você é mais leal do que parece, não é, Hyun Sangmin?

Mesmo assim, Seol não demonstrou nenhuma reação. Vendo isso, Hyun Sangmin lambeu os lábios com pesar e abaixou o boné. Depois de soltar um gemido baixo, ele também começou a se mover.

— …Desculpe.

…Deixando para trás apenas essa única palavra.

— Ah, espera aí. Que tal me dar um cigarro primeiro?

Kang Seok impediu Hyun Sangmin antes que ele pudesse entrar na barreira.

— Não esqueça do isqueiro.

Somente depois que Hyun Sangmin acendeu o cigarro pessoalmente para Kang Seok, ele teve permissão para entrar. Kang Seok tragou a fumaça uma vez e, em seguida, fingiu surpresa ao ‘perceber’ que Shin Sang-Ah ainda estava ali.

— O que há com você agora? Virou exibicionista de repente depois de tirar as calças uma vez?

Shin Sang-Ah rangeu os dentes. A deserção de Yi Sungjin e Hyun Sangmin foi um choque, mas havia um problema muito mais grave: sua própria segurança. Ao lembrar do confronto que aconteceu no auditório e da humilhação que sofreu no segundo andar, ela sabia que não havia chance de Kang Seok facilitar as coisas para ela agora.

No entanto, Kang Seok tratou de destruir suas expectativas, como se quisesse se exibir.

— Ei, calma! Eu só estava brincando, sabe. Só uma piada. Sei que rasgou sua camisa para estancar a perda de sangue de Yun Seora. Isso é louvável. Mas, ainda assim, se continuar parada aí, pode acabar pegando um resfriado, sabia?

Então, Kang Seok tirou seu cardigã e o empurrou na direção de Shin Sang-Ah. Ele o balançava lentamente, como se estivesse dizendo para ela ir e pegá-lo. Ela não pôde evitar ficar desconfiada.

— Você, fazendo isso de novo…!

— Não. Não estou tentando te iludir. Eu prometo.

— Mas, por quê…?

— Para de tentar me fazer dizer o óbvio. Pega isso e veste logo. Não entende?

— …Hã?

— Nossa, essa mulher é bem devagar, hein. Tô dizendo que você também pode entrar. Preciso soletrar para você também?

Shin Sang-Ah engoliu em seco levemente. Por que ele estava agindo assim de repente?

Ela conseguia entender o motivo, muito provavelmente, eles deviam guardar um ressentimento profundo contra Seol por causa do que aconteceu no segundo andar.

Naquele momento, uma forte indecisão a dominou. Enquanto isso, Seol ainda não mostrava nenhum sinal de movimento.

Shin Sang-Ah ficou entre Seol e Kang Seok, ponderando suas opções, até que um brilho estranho passou em seu rosto por um breve momento. E então…

— Argh, meu braço dói.

Assim que Kang Seok abaixou o cardigã apenas um pouco, ela moveu os pés.

— Isso mesmo. Isso mesmo.

Ela lançou alguns olhares rápidos para Seol, mas seus pés não pararam. Logo, cruzou a barreira. Um sorriso estranho surgiu no rosto de Kang Seok.

— Oh? Então você realmente veio, hein?

— O que quer dizer com isso…?

— Nada, nada. Você fez bem. Pega isso antes que meu braço caia, vai?

Kang Seok fez um pequeno alarde enquanto balançava o cardigã. Shin Sang-Ah olhou para Seol mais uma vez antes de estender a mão. No entanto, no momento em que tocou a roupa oferecida, Kang Seok de repente agarrou seu braço e a puxou para perto.

— Mamãe!?

Como alguém caindo de cara no chão, ela tombou para frente e acabou no colo de Kang Seok, que ainda estava sentado.

— Você gosta de chamar pela sua mãe, não é?

— O q-que você está fazendo!?

— Fica quieta, vai? Você veio aqui já sabendo que isso ia acontecer.

— E-Eu…!

Thud, thud…

A leve vibração vinda dos andares inferiores continuava a se aproximar. O corpo rígido de Shin Sang-Ah se encolheu ligeiramente. A mão de Kang Seok deu leves tapinhas em suas costas e, então, lentamente desceu, passando por sua cintura esguia até chegar ao seu pequeno e arredondado traseiro.

— Ou… Prefere voltar para lá fora?

Ela começou a tremer ainda mais quando Kang Seok sussurrou em seu ouvido. Gradualmente, toda a força parecia se esvair de seu corpo. Mesmo quando ele começou a amassar grosseiramente sua bunda como se fosse massa de pão, Shin Sang-Ah não esboçou nenhuma resistência.

— Agora, já está disposta a ouvir o que eu digo?

— …

— Não quer responder?

— …S-Sim…

Quando Shin Sang-Ah respondeu com honoríficos, o semblante de Kang Seok se iluminou de felicidade.

— Uh-whew. Minha putinha, olha só como sua bunda é macia e fofinha.

Slap, slap.

Kang Seok deu dois leves tapas em seu traseiro, fazendo Shin Sang-Ah fechar os olhos com força. No entanto, surpreendentemente, ela então envolveu cuidadosamente os braços ao redor das costas de Kang Seok e se aninhou ainda mais em seu abraço. Ao ver isso, Yi Hyungsik e Jeong Minwoo assobiaram alto. Kang Seok explodiu em uma gargalhada ruidosa quando ela começou a esfregar suavemente a bochecha contra ele.

— Muito bom. Viu? Se tivesse se comportado assim desde o início, tudo teria sido mais simples. Se começar a me agradar, mostrando um pouco de aegyo¹ e tal, vou te tratar bem, sabia?

Enquanto desfrutava abertamente das riquezas do corpo de Shin Sang-Ah, Kang Seok então apontou o queixo para fora da barreira.

Restavam apenas duas pessoas ali, Seol e a inconsciente Yun Seora.

— Então, como é ser traído? Por que não nos ilumina, Senhor Selo de Ouro?

Seol estava ocupado analisando a Janela de Status de Kang Seok. Sentia que conseguia entender um pouco onde tudo deu errado para aquele idiota. Além do ‘dom da lábia’, ele parecia sofrer com alguns traços notoriamente negativos.

— Ei, amigo.

As sobrancelhas de Seol se franziram ligeiramente. — Amigo, é?

— Eu realmente sinto muito por você.

O rosto de Kang Seok demonstrava uma expressão genuína de pesar.

— Por que insiste em viver assim? Hm?

Ele deu um leve tapinha na cabeça de Shin Sang-Ah e continuou.

— Você não parece ter moral alguma.

— Moral?

Kang Seok começou a rir, como se tivesse ouvido algo engraçado.

— Aigoo… meu amigo… Ah, eu entendo, eu entendo. De verdade! Existe um motivo para se ter isso em mente quando estamos na Terra. Existem leis e tudo mais, e se eu não segui-las, acabo preso. Porém…

Kang Seok apontou para o chão abaixo deles.

— Aqui não é a Terra. Ou seja, não há razão para eu permanecer o mesmo. Você também é um Convidado, então já deveria ter percebido isso, não? Estamos indo para um mundo novo? Meu traseiro! No fim, isso tudo é só um maldito jogo, cara! Um jogo. E se supõe que devemos nos divertir jogando.

— Um jogo, é?

— Isso mesmo. Então, qual o sentido de manter sua moral aqui? Tipo, qual é o maldito sentido de ser o melhor, o mais bondoso e o mais justo nesse lugar? Não tem ninguém aqui que se importe com isso. Apenas o ‘eu’ importa. Estou te dizendo, ninguém liga.

— Ahh, aheuck!

De repente, Kang Seok agarrou os cabelos de Shin Sang-Ah e puxou, fazendo-a soltar um gemido de dor.

— Olha para ela. Ela é a prova disso. Só ficou ao seu lado por um tempo para se aproveitar de você. Digo, você viu com seus próprios olhos, não viu? Como ela reagiu quando a situação mudou agora há pouco?

Shin Sang-Ah desviou o olhar lentamente.

— Então, a questão aqui é a seguinte: não sofra perdas. Você tem talento e dá para ver que tem um cérebro rápido nessa cabeça. Então, por que simplesmente não fechou os olhos e entrou no esquema?

Seol continuou a ouvi-lo, com os braços cruzados.

— Você quer cuidar desses fracos? Que grande monte de merda. Você acha que todos os poderosos são maus e todos os fracos são puros e bonzinhos? Ainda acredita que esses perdedores são boas pessoas?

Kang Seok cuspiu suas palavras com fervor.

— Dá para ver que você levou um dano mental agora há pouco. Mas, sabe, não precisa ficar tão desanimado, cara. É assim que… o mundo funciona. Você deve superar os ‘que têm’ e pisar nos ‘que não têm’ essa é a única maneira de sobreviver. Se continuar se preocupando com esse cara ou aquela garota, mais cedo ou mais tarde, será mordido por todos os vira-latas por aí. No final, só você vai acabar morto.

Seol fechou os olhos lentamente. As palavras de Kang Seok eram algo que ele mesmo vinha refletindo recentemente.

— Ainda não entendeu? O que aconteceu com Yi Seol-Ah antes? E o que está acontecendo com você agora?

— …

— Veja bem, não é que os — que deveriam vencer — vencem, mas sim que aqueles dispostos a vencer são os que vencem. E também, não é que os que deveriam falhar falham, mas sim que eles estão destinados a nunca conseguir. Simples.

— Aqueles que estão destinados a conseguir…

— Isso mesmo!

Kang Seok gritou de repente e estendeu a mão.

— Agora que já falei tanto, tenho certeza de que você entendeu. Então.

— ?

— Como verdadeiros homens, por que não deixamos o passado para trás? Como um símbolo de um novo começo… Ahh!

Como se tivesse se lembrado de algo, Kang Seok recolheu a mão.

— Ainda preciso que você peça desculpas, no entanto.

Os olhos de Seol se estreitaram.

— Pedir desculpas, é?

— Exato, desculpas. O lugar onde você me deu aquele soco ainda dói, sabia?

Whew…

Kang Seok soltou um suspiro e relaxou os ombros.

— Se você realmente mudou sua forma de pensar, tenho certeza de que não será tão difícil fazer algo tão pequeno como pedir desculpas, certo?

Seol olhou fixamente para Kang Seok.

— Bem, é algo simples, no fim das contas. Tudo o que você precisa dizer é uma palavra ‘desculpa’. Então, poderemos ser verdadeiros amigos depois disso.

Seol lançou um olhar para Yun Seora.

— Ela, não. Você tem que deixá-la aí.

Kang Seok deve ter notado seu olhar, pois falou em termos bastante claros.

— Vou recusar seu pedido de desculpas se ele vier de uma mentalidade onde você acha que não tem escolha se for para salvar Yun Seora. Sabe, eu realmente odeio hipócritas.

Seol desviou o olhar e, então, colocou a mão esquerda sobre a barreira invisível.

— …Então…

Kang Seok sorriu; sua boca se abriu cada vez mais em um sorriso, como se um desejo há muito acalentado estivesse finalmente se tornando realidade.

— …Então…

A voz de Seol soava como se estivesse sendo arrancada dele ‘à força’, como se estivesse sendo obrigado a falar. Como uma criança abrindo seu presente de aniversário, as cores da expressão de Kang Seok se iluminaram ainda mais.

Seol prendeu a respiração e, então, cerrou o punho.

— …Filho da puta.

— Eu estava mentin… Hã!?

No instante em que Kang Seok esqueceu o que ia dizer e ficou ali estupefato, a área segura atrás dele ficou subitamente agitada.

— Mas que diabos?

Jeong Minwoo se virou para descobrir o motivo da confusão repentina.

E bem quando Seol estava prestes a tirar uma esfera mágica do bolso…

1. Aegyo (애교) é um termo coreano que se refere a um comportamento fofo, infantilizado e adorável, geralmente usado para conquistar simpatia ou demonstrar charme.[↩]