Capítulo 6 – inveja
“Droga… de novo, eu falhei.”
O pensamento ecoava em minha mente enquanto eu permanecia deitado na grama do jardim, meu corpo exausto após inúmeras tentativas frustradas de usar magia. O céu acima estava tingido com tons alaranjados do fim da tarde, e uma brisa suave passava entre as árvores, fazendo as folhas sussurrarem. Mas nada disso me confortava.
Já fazia um ano desde que comecei a devorar livros de magia na biblioteca, buscando qualquer método que pudesse me ajudar a despertar esse poder misterioso. Porém, por mais que eu tentasse, por mais que me esforçasse até a exaustão, eu não sentia absolutamente nada. Era como se a magia simplesmente não existisse para mim.
Enquanto isso, Aiza, minha irmã adotiva, havia despertado seu poder com apenas cinco anos. Para ela, usar magia parecia tão natural quanto respirar. Desde o primeiro dia em que descobriu seu talento, ela manipulava os elementos com uma facilidade absurda, como se tivesse sido agraciada por Deus com esse dom divino.
Pelo que sei, a magia é algo raro em crianças. Normalmente, os primeiros vestígios de energia mágica começam a aparecer por volta dos nove anos, mas a maioria só consegue usá-la de fato aos treze. Esse é o padrão. Mas Aiza… essa pirralha simplesmente quebrou todas as regras. Para ela, lançar feitiços era tão fácil quanto andar.
Minha tia sempre diz que, se continuar nesse ritmo, Aiza será uma das magas mais poderosas que já existiram quando chegar aos sessenta anos. Mas, sinceramente, acho que minha tia está exagerando. Tudo bem, admito que Aiza é talentosa, mas será que ela é tão extraordinária assim? Afinal, ela nem mesmo faz parte da família real, diferente de mim! Hahaha!
Mas isso não importa. Eu treino todos os dias, sem descanso, tentando despertar minha própria magia. Se ela conseguiu, então eu também conseguirei. Não importa quantas vezes eu fracasse ou o quanto meu corpo fique cansado, eu vou conseguir!
— Ah, então era aqui que você estava! — A voz de minha mãe interrompeu meus pensamentos.
Ao me virar, vi sua expressão furiosa. Seus olhos me fuzilavam como se eu tivesse cometido um pecado imperdoável.
— Oi, mamãe… — murmurei, tentando soar inocente para amenizar sua raiva.
— Não me venha com esse seu “mamãe”! Você deveria estar arrumado para a festa no palácio real! — ela disse, respirando fundo para tentar se acalmar.
— Ah, é verdade… Eu tinha me esquecido! Já vou me arrumar!
— Pois se apresse! Estamos atrasados!
Assim que ela virou as costas, me levantei de um pulo e corri o mais rápido que pude para meu quarto.
Droga! Como pude esquecer algo tão importante? Eu estava ansioso por essa festa! Desde o incidente com os sequestradores, quando minha tia Ayesha nos protegeu, tenho saído de casa raríssimas vezes. Esse evento era uma oportunidade de ouro para finalmente sair um pouco.
Mas, enquanto corria, um impacto repentino me fez perder o equilíbrio. Meu corpo foi lançado para trás, e senti uma forte dor na testa.
— Ai…!
Ao erguer os olhos, vi a silhueta imponente de um homem vestindo roupas luxuosas que eu nunca o vira usando antes. Meu coração gelou. Era meu pai.
Ele me olhava de cima com sua postura rígida e sua presença intimidadora, que sempre me fazia sentir um calafrio na espinha. Sua voz grave e autoritária logo ressoou:
— Cuidado por onde anda, filho. Se continuar assim, isso vai se repetir muitas vezes.
Engoli seco. Meu pai sempre foi uma figura distante e assustadora para mim. Ele passava pouco tempo em casa, e, quando estava, sua aura rígida tornava qualquer ambiente pesado. Todos os dias, ele saía cedo e só voltava tarde da noite, como se tivesse negócios secretos que ninguém podia saber.
— Você já se arrumou? Essas roupas não parecem adequadas para uma festa real. — Seu olhar crítico percorreu meu traje sujo de grama.
— N-não, pai… Eu estava indo me arrumar agora… — respondi, desviando o olhar para o chão.
— Então, apresse-se. Já deveríamos estar prontos.
— Sim, senhor.
Assim que ele se afastou, respirei aliviado e continuei meu caminho.
Por que meu pai é tão assustador? Ele quase nunca está em casa, mas, mesmo assim, sua presença sempre me deixa tenso. Hoje, porém, parecia uma exceção… Será que essa festa é tão importante assim para ele?
Deixando isso de lado, eu precisava me arrumar o mais rápido possível. Certamente, todos já estavam prontos. Será que até Aiza já terminou? Espero que não, para que eu não seja o único a atrasar todo mundo.
Ao chegar no meu quarto, avistei Aiza sentada no chão, lutando para calçar um sapato.
— Lucas, me ajuda aqui, por favorzinho… — ela pediu, fazendo um biquinho adorável e usando aquele tom de voz infantil que tentava me convencer.
Mas eu não tinha tempo para isso!
— Se vira aí, otária! — respondi rapidamente, correndo para o meu quarto sem nem olhar para trás.
Ao entrar, percebi que minha roupa já estava separada sobre a cama. As empregadas tinham preparado tudo para mim. Sem perder tempo, comecei a me vestir.
Assim que terminei, caminhei até o espelho preso à parede e me encarei.
— Uau… até que eu fico bonito assim, hein? — murmurei para mim mesmo, impressionado.
Meus olhos azuis brilhavam sob a luz do quarto, e meus cabelos negros combinavam perfeitamente com o traje formal. Eu parecia um verdadeiro príncipe.
Mas algo chamou minha atenção. Meu tamanho. Para uma criança de quatro anos, eu era grande. Na verdade, parecia ter uns sete ou oito anos. Será que estou crescendo rápido demais?
Dei de ombros e saí do quarto. Ao notar que Aiza não estava mais ali, imaginei que ela tenha encontrado outro trouxa para ajudá-la com o sapato.
Foi então que uma voz alta ecoou pela casa:
— LUCAS!
— LUCAS!
Desci as escadas rapidamente e avistei uma das empregadas perto da entrada principal.
— O que foi?! — perguntei, ainda ofegante.
— Venha rápido! A carruagem já está esperando no portão!
Droga! Já está na hora!
“Desci as escadas correndo, com a mente cheia de pensamentos sobre como seria o palácio real. Sempre vi palácios assim em filmes e animes na minha vida passada,
Que ansiedade que eu tô sentindo.ios assim em filmes e animes na minha vida passada,Que ansiedade que eu tô sentindo.
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