Índice de Capítulo

    Nick saiu do quinto andar e desceu para o segundo.

    Por enquanto, o segundo andar estava designado para os Espectros Físicos sem grande destaque, como a Lavagem de Dinheiro e a Dama Sangrenta.

    Claro, agora também havia um terceiro Espectro.

    Nick foi até uma das Unidades de Contenção na ala oeste e parou diante da entrada.

    “Tenho dinheiro suficiente comigo?” pensou Nick enquanto verificava os bolsos.

    Em seguida, pegou várias placas longas de metal.

    Cada uma dessas placas representava mil créditos.

    Nick tinha uma pilha inteira delas.

    “Deve ser o bastante”, pensou.

    Naturalmente, como esse Espectro havia vindo da cidade, Nick sabia como trabalhar com ele.

    Nick abriu a porta e entrou.

    Diferente de antes, ele não estava com pressa e entrou em um ritmo tranquilo.

    Fechou a porta atrás de si e olhou para o centro da Unidade de Contenção.

    — Ora, ora! Presumo que seja um novo cliente?

    Um homem alto, vestindo um terno elegante e uma cartola preta, estava parado no meio da sala com um sorriso encantador no rosto.

    Diante do homem, havia uma mesa com vários baralhos de cartas espalhados sobre ela.

    A mesa era feita de um material muito raro, madeira, e seu tampo era completamente preto.

    Este era um dos três novos Espectros da Sonho Sombrio.

    O Apostador.

    Nick caminhou em direção ao Apostador, que apenas o observava com um sorriso largo.

    — Oi, sou o Chefe Extrator Zephyx da Sonho Sombrio, seu novo local de residência — disse Nick.

    — Ah, então estou na Sonho Sombrio agora? — comentou o Apostador com interesse. — Ouvi alguns dos meus antigos clientes falando sobre esse lugar. Você é um novo Fabricante, certo?

    — Algo assim — disse Nick.

    Obviamente, o Apostador era plenamente senciente.

    E também bastante inteligente.

    — Vejo que não é um homem de muitas palavras — disse o Apostador enquanto pegava um dos baralhos.

    O verso de cada carta exibia um vazio negro com dois olhos vermelhos no centro.

    Então, o Apostador começou a embaralhar as cartas casualmente.

    — Quais são minhas novas regras? Apenas dinheiro, ou jogamos pra valer? — perguntou.

    — Apenas dinheiro — respondeu Nick.

    — Oh, que pena — disse o Apostador, lamentando. — Você realmente não quer um jogo de verdade? Se ganhar uma vez, pode levar um quilo inteiro de Zephyx.

    — As regras e o baralho são justos. Sempre é um 50/50. Por que não se arrisca um pouco?

    Nick lançou um olhar nada impressionado para o Apostador.

    — O documento diz que é mais para 40/60 — disse Nick.

    O Apostador riu. — Isso porque a maioria das pessoas simplesmente não sabe jogar cartas. Com uma estratégia perfeita, as chances de vitória são 50%. Talvez até mais, já que eu mesmo não sou completamente perfeito.

    — Não estou interessado — disse Nick. — Alguém que conheço muito bem sempre diz que devemos minimizar os fatores que não podemos controlar e maximizar os que podemos.

    — Por que eu arriscaria perder o Zephyx dentro do meu corpo quando posso aumentá-lo sem um risco significativo?

    Nick olhou nos olhos do Apostador.

    — E não quero que nenhum dos meus funcionários faça o mesmo. Ninguém tem permissão para apostar seu Zephyx. Mesmo que queira.

    — Se eu souber que algum dos meus funcionários apostou seu Zephyx com você, colocarei esta Unidade de Contenção em quarentena por um mês.

    — Entendeu? — perguntou Nick.

    O Apostador continuou embaralhando o baralho e suspirou. — Claro. Apenas dinheiro.

    Nick assentiu. — Ótimo.

    Então, ele pegou a pilha de placas de metal e colocou sobre a mesa.

    Quando o Apostador viu aquilo, seu sorriso se alargou.

    — Muito bem — disse o Apostador. — Vamos começar com um jogo simples de sorte. Nós dois pegamos uma carta, e a mais forte vence. Uma aposta de mil créditos está boa para você?

    Nick assentiu.

    O Apostador estendeu a mão e puxou uma das placas de metal da pilha, colocando-a sobre a mesa.

    Em seguida, cortou o baralho ao meio e entregou uma das metades para Nick.

    Ambos puxaram a primeira carta e olharam para ela.

    Quando Nick viu a imagem na carta, suas sobrancelhas se ergueram em surpresa.

    A ilustração mostrava um grande lodo vermelho no meio de uma Unidade de Contenção.

    No canto superior direito, havia um número cinco, e o nome da carta estava no topo.

    O Ancestral de Sangue.

    — Onde conseguiu esse baralho? — perguntou Nick enquanto olhava para a carta.

    — Eu mesmo fiz — respondeu o Apostador. — Crio novas cartas com base nos Espectros sobre os quais ouço falar. Não sei exatamente como todos os Espectros se parecem, mas ouvi o suficiente sobre cada um deles para formar uma imagem bem clara.

    — Interessante — disse Nick, observando a carta. — E onde conseguiu essa informação?

    — Você já não sabe disso, Nick? — perguntou o Apostador.

    Nick não ficou surpreso por o Apostador saber seu nome, mesmo que ele não o tivesse dito.

    E sim, Nick sabia como o Apostador sabia de tudo isso.

    Era possível apostar informações.

    Na verdade, podia-se apostar quase qualquer coisa, e o Apostador aceitava a aposta desde que tivesse o poder de cobrar o que lhe era devido.

    O Apostador provavelmente havia trabalhado com pessoas dos Laboratórios Ghosty para obter informações suficientes sobre o Ancestral de Sangue e criar a carta.

    — E então, o que pegou? — perguntou o Apostador.

    Nick colocou a carta sobre a mesa. — O Ancestral de Sangue.

    Ao ver isso, o Apostador soltou uma risada.

    — Uau, a sorte é uma amante cruel — disse.

    Nick não demonstrou nenhuma reação, mas se sentiu um pouco satisfeito.

    Afinal, quem não se sente bem ao ganhar um jogo?

    Então, o Apostador colocou sua carta sobre a mesa.

    Quando Nick viu a carta, seus olhos se arregalaram.

    Era uma floresta de enormes cogumelos vermelhos cheios de buracos dos quais escorria sangue.

    Todo o chão estava coberto por raízes que pareciam veias, e havia rostos gritando em cada um dos chapéus dos cogumelos.

    No canto superior direito, havia um número seis, e o nome da carta era…

    O Fungo Carmesim.

    — Perder para um Fanático — disse o Apostador com um riso enquanto recolhia a placa de metal.

    — Verdadeiramente trágico.

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (2 votos)

    Nota