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    — Dano gracioso, divino, sei lá… Se não souber, aprenda agora. Não importa o ser, a espécie e entidade, não importa quem ou o que seja, dano gracioso é a maior arma. Um golpe poderoso é o suficiente para matar um nefilim, foi assim que matei dezenas.

    — Nunca tentei — respondeu. — Sei apenas dano físico e elemental, mas meu dano físico é uma porcaria, então…

    — Dano gracioso aumenta significativamente todas as outras áreas. Não precisa se preocupar, apenas se concentrar em acertar um único ponto: a consciência do inimigo. É isso que o dano gracioso afeta: a consciência além do corpo e alma…

    Com um movimento brusco, Mikgeray desfez os ataques de Theo e interrompeu a explicação de Zemynder. Por puro reflexo, o Jovem Mestre Lawrence reagiu a uma investida abrupta do filho da perdição, chutando o vento para criar uma repulsão entre eles.

    Todavia, sem que o nefilim voasse para longe, a criatura ficou paralisada no ar sem poder avançar.

    Inopinadamente, lâminas de vento materializaram-se por detrás de Theo e cravaram-se nos ombros de Mikgeray, arrastando-o para longe. O nefilim deu de costas em um dos pilares, entrando em contato quase que indireto com as barreiras de chamas roxas de Zemynder.

    [Sétima configuração {Avançada}: Limbo de Ifrit]

    Uma lâmina de fogo cravou no coração do nefilim.

    Empunhando a zweihänder, Theo avançou contra o nefilim encurralado.

    “Dano gracioso nada mais é que aquele corte…” Theo ponderou enquanto corria, pensando nitidamente no corte que Liam Mason usou para matar o Kishin no império Xin.

    Não somente aquele corte, mas outros inúmeros que Liam usou em sua breve vida. 

    Depois que aprendeu a ultrapassar as camadas da existência de um ser vivo e atingir diretamente sua consciência, o ex-general Le Fay ficou viciado em desferir o corte que atravessa dimensões.

    Vendo de outra perspectiva, Theo percebeu que só foi capaz de fazer aquilo por ser Liam Mason, tendo em vista que nem todo o talento da família Augustus dava um leve vislumbre de como efetuar aquele ataque.

    Mas, a realidade do mundo estava batendo na porta finalmente. 

    Theo se contentou demais com a facilidade que lhe foi apresentada, sem saber como é ser de fato poderoso. Porém, observando de um ponto de vista amplo, o mundo dele sempre foi daquele jeito: o nível nunca evoluiu, apenas foi omitido.

    “Arranjar uma desculpa não vai me fazer executar.” afirmou.

    Livrando-se das lâminas de vento, Mikgeray agarrou o pilar cravando os dedos da mão esquerda na estrutura e, com a ausência do braço direito, teve que segurar o peso do pilar com o próprio peito. 

    O nefilim ergueu uma estrutura que se estendia por quase um quilômetro de altura apenas com a força bruta e uma mão.

    Batendo asas, ele se moveu para o topo do pilar que despencou por cima de Theo e Zemynder. Desviando rapidamente dos destroços, Theo saltou para a parte superior do pilar e correu para o topo à medida que o pilar caia: uma luta contra o tempo. 

    Recuperando-se da exaustão que se encontrou após uma série de Túneis Vetoriais — cujo, por algum motivo, ele não entendeu — Theo voltou a utilizar sua técnica de locomoção.

    Em três passos pelo túnel vetorial, Theo alcançou Mikgeray no céu: o filho da perdição e o carrasco de Alsu batalhava no pilar em queda. Com um soco poderoso, Zemynder liberou suas chamas roxas que queimaram intensamente a consciência superior do nefilim. 

    Aplicando dano gracioso, o carrasco abriu espaço para Theo agir.

    “Hora de tentar criar algo sem o estado de lucidez!”

    Theo agarrou o cabo da Intempérie do Firmamento com as duas mãos.

    [Terceira configuração: Céu Tempestuoso!]

    Combinando o túnel vetorial e uma estocada com sua ignição, Theo desferiu um golpe abrupto diretamente no coração do nefilim, que ainda agonizava pelas chamas de Zemynder. Pelo fato de na ignição de Theo haver o atributo vento, as chamas com dano gracioso reagiram e intensificaram-se a um nível superior.

    Theo voou com Mikgeray do pilar em queda para o corpo de um pilar ao lado, cravando a criatura na estrutura e mantendo a reação de chamas e vento em ação. 

    Porém, desesperado pelos danos que os feitiços e Zemynder estavam causando, o nefilim agarrou Theo pelo crânio e o esmagou contra a parede. Sendo liberado forçadamente, o filho da perdição voo para o topo do pilar atual.

    Desnorteado por um momento, Theo quase caiu do pilar, mas Zemynder o agarrou pelo braço e lançou o rapaz para o topo. Recuperando-se subitamente, Theo pôs o pé no pilar para se apoiar e usou mais Túneis Vetoriais para alcançar o inimigo.

    — Cinzas será tudo que resta por teu rastejo… Que a morte caminhe a par. — Theo recitou enquanto usava o túnel vetorial e liberava éter junto do atributo fogo pela atmosfera. — Feitiço inerente: Jior!

    A serpente de fogo, agora em sua representação mais pura graças ao feitiço entoado, seguiu pulverizando tudo no pilar visando incinerar Mikgeray. Entretanto, no último segundo, o nefilim conseguiu se apoiar no topo do pilar a fim de sair da linha de fogo.

    A serpente de fogo continuou subindo para o céu.

    As nuvens se abriram, deixando o sol iluminar aquele campo tão caótico. O céu azul destacou o crescimento anormal do feitiço Jior, cujo não chegava ao fim.

    Zemynder, novamente surgindo por detrás de Mikgeray, prendeu o oponente em correntes de energia e, outra vez, perfurou o filho da perdição com sua espada.

    — É tão engraçado… Vocês são maiores que nós, tão superiores e ainda têm o coração e a mente como ponto fraco. Tão vulneráveis, coitados… — zombou Zemynder. — Sabe a melhor parte? Esse não era o garoto que você derrotou com um soco? Um frágil copo de vidro?

    — Não festejem antes da hora!…

    Mikgeray agonizou, tentando se libertar.

    — Antes da hora? Não… A hora da vitória já passou.

    O feitiço Jior havia finalmente concluído seu ciclo, finalizando o comprimento no momento em que Theo surgiu diante de Mikgeray: a sombra do rapaz ainda era envolta pelas chamas do feitiço, mas era nítida sua presença.

    Contorcendo Jior para a palma de sua mão, acumulando todo aquele éter num único ponto, conjurou:

    — Feitiço divino, liberação máxima…

    Ao escutar a conjuração dos tipos mais poderosos de feitiços, Mikgeray agonizou uma última vez. 

    Convertendo o próprio núcleo em energia, o nefilim sacrificou um círculo para gerar uma metamorfose; todo o corpo da criatura cresceu estupidamente, saindo de um gigante humano para um verdadeiro colosso. Ainda assim, não foi o suficiente para escapar das correntes de Zemynder.

    — Parabéns, loiro. Você matou o primeiro da sua raça — comemorou o carrasco, sorrindo abertamente antes de sair da linha de fogo.

    — Ártemis: Sagitta divinae lunae Flammea Cervi!

    Para que não houvesse tempo de reação, Theo, de forma mental, aplicou outro efeito ao novo feitiço: o mesmo efeito que ele usou de base para criar o túnel vetorial; o efeito que Jane aplicou à sua flecha de Ártemis para que saltasse o espaço.

    “Gratia.”

    A flecha de Ártemis, com seu tamanho 10x maior e 50x mais poderoso, cortou o espaço entre si e o alvo para queimar o corpo de Mikgeray.

    Na zona de Malcolm, um estrondo ensurdecedor explodiu no céu, acompanhado por um céu flamejante tomado em fogo.

    O general de Jane recuou, desabilitando sua zona enquanto repousava-se numa pedra. 

    Todo seu corpo estava dormente, parte de suas vestes estavam rasgadas e seu corpo queimado. Malcolm estava completamente exausto, sensação esta que Nik’Hael também partilhava; o pequeno anjo estava com suas roupas mutiladas graças aos raios do general. 

    Sangue escorria pelos seus lábios quando ele olhou para o céu, assistindo aquela chuva de fogo.

    — Chegou o momento…

    — De quê? — perguntou Malcolm.

    — O carrasco de Alsu, ele se juntará a nós. É como o futuro que vi: o Theo, infelizmente, está debilitado de novo após seu elixir. 

    “Ele sabe…”

    — Zemynder matou Mikgeray, o nefilim, e aparecerá atrás de ti em alguns segundos… Ele irá demorar esse tempo por quê foi deixar o Theo com o resto de vocês…

    — E como você sabe disso?

    Hael olhou para Malcolm.

    — É o meu poder: Evidenttia. Posso ver fios do futuro, vislumbres, assistir como uma peça de teatro. Infelizmente, não posso escutar, apenas vejo. Algumas vezes surgem as informações sobre alguém na minha cabeça, como se eu estivesse vivendo no futuro e recebendo tais informações de mim mesmo. Obrigado, Malcolm.

    — Pelo quê?

    — Pela brecha que me deu… Contar a minha técnica, lembra? Tem um efeito maior. No caso da minha Evidenttia… Agora tenho o controle do seu futuro.

    O general não esboçou nenhuma reação alarmante, pelo contrário, ele sorriu olhando para o lado.

    — Não tenho o que temer, então. Tendo em vista que seu poder não seguiu o futuro descrito…

    — Quê?

    O odor de carne podre tomou o ambiente, acompanhada por uma fumaça incessante. Entre dois pilares estava a resposta: o corpo de Mikgeray, ainda em carbonização, caído no chão com um enorme buraco em seu crânio. 

    Da fumaça que emergia do cadáver do nefilim, surgiu Theo empunhando sua Intempérie do Firmamento. 

    Com a cicatriz em seu rosto, causada pelo cutelo de Mikgeray, e um olhar superior despejado sobre as costas do anjo, fervendo em adrenalina, disse:

    — Ainda bem que contrariar o tal destino é a minha dádiva.

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