Capítulo 144 — Escala global (1)
— Deixe-me ver se entendi… Você pode ver o futuro? De que forma? — indagou Theo, curioso.
O Jovem Mestre Lawrence não teve medo, afinal, Hael não o matou antes. Ele planejava deixar Theo vivo, para algum objetivo sádico talvez, mas não era o plano do pequeno anjo naquele momento. Além disso, Nik’Hael não sabia da diferença entre as duas eras.
— Através da luz. A luz é refletida no espelho, meus olhos cor de prata possuem uma infinidade de camadas refletoras, é como se espelhos tomassem o fio da dimensão temporal. A luz reflete em cada espelho e me revela um novo futuro, infinitos, para cada momento. Acho que aderi tanto ao futuro provável que exclui uma pequena possibilidade…
Nik’Hael baixou sua guarda, pois a partir do novo futuro que Theo criou, em nenhuma ocasião ele seria atacado.
— Entretanto, você é uma incógnita para mim. Tudo possui uma luz e é através dessa luz que eu me guio pelo futuro. Só que, a sua luz é tão forte que acaba cegando meus olhos quando tento olhar para seu futuro… Nem quando lhe toquei fui capaz de ver além do presente. É como se você não estivesse destinado a nada, ou, alguém estivesse escondendo seu destino…
O pequeno anjo cerrou os olhos.
— Citou que não pode ouvir… Por quê? — perguntou Malcolm.
— Por que eu viajo conforme a luz, quando vislumbro o futuro. O som não chega nem perto de acompanhar ela, logo, não consigo esperar para ouvir.
“Certo…” pensou Theo, descendo do cadáver de Mikgeray. “Já que avisamos aos generais como funciona o entendimento sobre os poderes na nossa era, Malcolm não deve ter caído naquele detalhe de controlar o futuro. Se bem que esse cara é muito apelativo. Mas, pelo que ele diz, sou uma espécie de contra medida.”
Deixando a zweihänder cravada perto do cadáver do nefilim, Theo passou para o lado de Malcolm enquanto recuperava a energia.
“Já encontrei alguns pontos fracos, na realidade. Alguém com um poder assim não ignoraria uma possibilidade mínima, mas ele o faz. Isso leva a um erro como ignorar que eu mataria o nefilim. A outra é que ele é ansioso, já que pontuou não conseguir esperar o som acompanhar… Se o forçarmos a usar o poder dele enquanto luta, ficará preso entre o presente e o futuro, sem poder acompanhar de fato o que está acontecendo. Podemos vencer dele assim ou fazendo sua mente colapsar com tantas informações sobre o futuro.”
Theo sorriu delicadamente.
— Ele te demonstrou muitos feitos de força? — cochichou para Malcolm.
— Não. Por quê?
— Quando lutei com ele, estávamos acirrados. Consegui sobressair poucas vezes, fiquei com medo de que ele estivesse se segurando. É bom saber que não estava, provavelmente.
— É… Ele só é muito poderoso: os feitiços e encantamentos dele estão um grau acima, são bastante refinados e complexos. Sua velocidade também é invejável. Não senti a técnica dele me afetar ainda, acha que aquela diferença vai fazer efeito?
— Sim. Eu também escutei o poder dele, e nem por isso estou sendo pego. Nós estamos numa zona segura. Mas temos que matar ele logo.
— Matar um anjo? — perguntou incrédulo.
— Se lembra? Se está respirando, também pode parar. Imortal é apenas uma forma de chamar gente difícil de matar.
— Não é bem assim.
— Bom, até o universo tem um fim. Quem dirá um pirralho desses? E aí, general. Vai seguir meus passos?
Theo estendeu o braço para Malcolm, convidando para se levantar. Aceitando o gesto, o general se levantou.
— Vamos ver o seu nível de liderança.
— Nice.
[Intempérie do Firmamento]
A espada materializou-se na mão de Theo.
— Você só parece ser invencível, mas é fácil.
— Garoto… Você sofreu para me superar quando eu estava com minha visão tampada, o que acha que vou fazer contigo agora? Sem sua máscara divina?
— Que máscara? — questionou Theo, repousando a mão sobre o rosto. — Essa máscara?
Gradualmente, após acumular éter na feição de Theo, a máscara de Alunne revelou-se ainda danificada, porém, em estado de reparo.
— Ótimo — disse Nik’Hael, sorrindo.
Esticando o braço para frente, Malcolm apontou para o chão com os cinco dedos, como se segurasse algo.
— Novamente? — perguntou Nik’Hael.
— Vamos lá.
Theo foi o único sem de fato entender o que estava acontecendo.
— Zona: Montanha tempestuosa de Thundra.
Raios começaram a moldar um círculo no chão, rodeando os três envolvidos rapidamente. Quando delimitaram uma certa região, os raios subiram como uma barreira sólida e selaram os três combatentes.
“Uma zona…” pensou Theo, abismado.
Enquanto um domínio se trata de uma dimensão e um território e enorme possessão de terra, a zona, no entanto, poderia ser definida como “um território inferior”.
Uma forma de manifestar a própria mente na realidade; como se trouxesse seu plano espiritual à tona na realidade. Um mundo de desejos, onde o próprio núcleo é o responsável por exercer cada conceito.
Nik’Hael já presenciou a zona de Malcolm, por isso estava feliz quando foi ativada pela segunda vez: ele já sabia como interferir no efeito que ela causa.
— Esplêndido. Mas, não irei permitir que me ataque novamente.
— Certo… — cochichou Theo. — Vou criar algumas distrações, enquanto isso me atualize sobre essa zona.
[Ignição: Festejo do Eclipse Calamitoso]
[Primeira configuração: Torre do Tormento]
Um redemoinho de cortes rodeou Nik’Hael, que sentiu-se forçado a reagir contra cada golpe materializado.
[Primeiro configuração {Variada}: Desmoronar]
Agora, invés dos cortes apenas rodearem Hael pelas laterais, tomaram direções totalmente distorcidas, como uma chuva de ventos fortes.
— Resumindo; eu tenho controle da eletricidade aqui dentro, posso torná-lo lento graças ao meu núcleo roxo, que atende aos requisitos para um núcleo frio. Sou capaz de conjurar raios em qualquer localização aqui dentro, inclusive no corpo dele.
“Ele adquire a capacidade de um núcleo neutro.” Theo analisou. “Dá pro gasto, ainda mais vendo a capacidade do elemento dele. Eletricidade, né? Nunca presenciei tamanho controle de energia.”
— Tenho um plano — afirmou o Jovem Mestre. — Dê sua maior descarga de energia, não importa se estarei no fogo cruzado.
— Tem certeza? — Malcolm soou frio; sua maior descarga de energia não possuía um limite, podendo variar de um volts até uma quantidade inimaginável.
— Sim.
— E depois?
Theo respirou concentrado, mantendo os olhos nos movimentos de Nik’Hael. Ele esperava o momento certo para agir — que seria quando Hael se virasse de costas — e, enquanto isso, elevou sua energia exponencialmente.
Saliva escorreu por seus lábios, os olhos chegaram a lacrimejar graças ao tempo sem piscar e admirando os próprios cortes.
— Eu venço.
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