Capítulo 27: Uma Estrela Brilhando Novamente (2/5)

“Um cerco? Esqueletos?”

O pergaminho da missão gritava ‘perigo’ mesmo com um simples olhar. O fato de permitir até seis participantes reforçava essa impressão. Muito provavelmente, assim que rasgasse o pergaminho ao meio, Seol se veria cercado por todos os lados.

No entanto, por mais que observasse, a cor da missão permanecia amarela. E essa cor, sem dúvida, significava que ele deveria prestar atenção. Seol hesitou um pouco por causa da palavra ‘cerco’ mas então se lembrou de que Kang Seok também brilhava em um tom amarelado. Se as criaturas que ele enfrentaria estivessem no nível daquele cara, então…

“Tenho que correr o risco.”

Se conseguisse sobreviver e concluir a missão, poderia acumular até 15.000 pontos. Com uma única missão, conquistaria quase metade de seu objetivo de 34.000 pontos. Além disso, nenhum outro sobrevivente parecia sequer tocar naquele pergaminho, o que o tornava perfeito para sua situação atual.

“Ainda assim, preciso ser cuidadoso.”

Depois de tomar sua decisão, Seol puxou todas as esferas mágicas que possuía.

“Veneno funciona contra esqueletos?”

Seol ponderou por um momento, mas decidiu usá-las mesmo que fossem ineficazes. Ele confirmou um detalhe importante quando matou o Gaekgwi: a Névoa Venenosa parecia conter elementos de gás explosivo. Se combinasse isso com Ignição, teria uma boa chance de colher enormes benefícios, assim como da última vez.

“Então, é melhor combinar essas duas…”

Ele inspecionou cuidadosamente cada esfera mágica e as separou em dois grupos, aquelas que seriam usadas em conjunto e as que seriam lançadas individualmente. Era uma pena que não houvesse esferas relacionadas à magia sagrada ou divina.

Seria mentira dizer que não estava nervoso. Ainda assim, enfiou as esferas nos bolsos, agarrou firmemente a barra de aço e rasgou o pergaminho com os dentes.

A já familiar sensação passou por ele, e o cenário mudou instantaneamente.

O local da missão era um espaço subterrâneo semelhante a uma caverna. Sua visão captou imediatamente o teto acima, que parecia muito mais baixo do que ele gostaria.

— …

E bem diante de seus olhos… Várias dezenas de esqueletos estavam ali, exatamente como ele esperava, encarando o intruso.

— Todos parecem bastante hostis, não é…

A disparidade entre o que via em jogos e a realidade era tão grande quanto o céu e a terra.

De qualquer forma, seu plano era começar com um bang. Seol puxou a combinação de Névoa Venenosa e Ignição, o mesmo combo que funcionou tão bem contra o Gaekgwi, e estava prestes a lançar os dois quando, de repente, suas mãos congelaram no meio do movimento.

— …Huh.

Um pensamento lhe ocorreu de repente. Ele estava em um ambiente completamente diferente de quando enfrentou o Gaekgwi. Olhou para trás e viu uma parede sólida. O espaço ao seu redor era limitado e, pior ainda, não havia espaço para recuar.

Mas ele estava pensando em usar gás venenoso ali? E fazê-lo explodir, ainda por cima?

Engoliu em seco ao perceber o quão perto esteve de acabar se matando por acidente. Desde o início, as coisas já estavam saindo do controle.

Kwaaahhhaaa!!!

Na retaguarda da horda de mortos-vivos, um esqueleto usando um capacete de batalha rugiu. Então, dezenas de esqueletos ‘normais’ começaram a bater os dentes em uníssono, ergueram suas armas e começaram a se aproximar de Seol.

Percebendo a urgência da situação, Seol rapidamente lançou a esfera de Ignição primeiro. Ela causou uma pequena explosão e derrubou dois esqueletos. Talvez por ter sido usada isoladamente, sua potência foi menor do que ele esperava.

Seol tentou manter a calma e puxou sua segunda combinação do bolso, Teia de Aranha e Ácido Clorídrico.

A esfera lançada girou rapidamente no ar antes de explodir em dezenas de fios prateados. Mais de dez esqueletos ficaram presos nesses fios. Seol então lançou a esfera de Ácido, que derramou seu líquido corrosivo sobre os monstros imobilizados. Crânios, costelas, pélvis, fêmures… tudo derreteu num piscar de olhos, eliminando a primeira leva de inimigos.

O efeito geral foi aceitável, mas o problema era que ainda restavam mais de vinte esqueletos. Os monstros continuavam avançando, batendo os dentes ruidosamente, mesmo enquanto alguns pegavam fogo por conta das chamas de Ignição.

Ainda assim, tudo isso estava dentro dos cálculos de Seol. Ele precisava reduzir o número de inimigos o máximo possível antes de ser encurralado contra a parede. Enquanto recuava cautelosamente, puxou mais esferas mágicas do bolso.

Raios de luz intensa explodiram da quarta esfera que Seol lançou ao ar.

Com um zumbido alto, a esfera detonou em um chuveiro ofuscante de eletricidade crepitante que se espalhou por toda parte, desencadeando uma reação em cadeia. Os esqueletos tremeram ininterruptamente antes de desmoronarem no chão como marionetes com os fios cortados. De alguma forma, Seol conseguiu derrubar a segunda leva de inimigos.

Guaaaah!

Na retaguarda, o esqueleto de capacete rugiu novamente de raiva. Como parecia ser o líder da horda de mortos-vivos, sua frustração era compreensível, já que mais da metade de seus subordinados havia sido destruída em questão de segundos.

O líder dos esqueletos agarrou um enorme machado e avançou, impulsionando-se com força contra o chão.

O braço ossudo recuou para trás e então disparou para baixo, como se quisesse partir o intruso insolente em dois com um único golpe.

Seol não esperava que o inimigo realizasse um ataque aéreo como aquele e ficou momentaneamente atônito. Enquanto isso, a distância entre ele e o monstro diminuiu rapidamente. Ele tentou puxar mais três esferas mágicas do bolso, mas teve que abandonar essa ideia para levantar a barra de aço em defesa.

Embora tenha sido pego um pouco de surpresa, ele pensou que, contanto que bloqueasse o ataque e bombardeasse o esqueleto com suas esferas mágicas, tudo ficaria bem…

CLANG!!

O corpo de Seol inclinou-se para o lado de maneira inesperada. Seus olhos se arregalaram em descrença.

O golpe aéreo, impulsionado pelo impulso descendente, carregava um poder destrutivo que superava em muito suas expectativas. O ângulo da defesa conseguiu desviar o machado que descia, mas a força do impacto também empurrou seu próprio braço para longe.

O machado foi brandido novamente em um arco diagonal e afastou a barra de aço de Seol como se não fosse nada. Em seguida, girou de volta em direção à sua agora exposta caixa torácica.

Seus olhos instintivamente giraram, captando o arco poderoso desenhado pelo machado. Sua mente ficou em branco.

“Vou morrer aqui?”

“Assim, desse jeito? Sério?”

“Mas, a missão só pedia ‘Atenção Necessária’ não era?”

“Ainda tenho esferas mágicas para usar, e nem estou em uma posição tão desvantajosa assim…!”

Enquanto milhares de pensamentos entravam e saíam de sua cabeça, seus instintos gritavam. Diziam que já era tarde demais.

Seol desistiu de contra-atacar imediatamente e girou com o pouco reflexo que conseguiu reunir. Expondo as costas, ele se abaixou o máximo que pôde.

Slice!!

A lâmina afiada do machado não cortou suas costas, mas rasgou o objeto que estava pendurado em seus ombros – a bolsa grossa que continha praticamente tudo que ele pegou naquela loja de conveniência.

Ao mesmo tempo, a cabeça do esqueleto foi refletida na superfície lisa e polida que espiava pelo vão aberto pelo machado.

De repente, um feixe de luz disparou da bolsa e penetrou nas órbitas vazias do esqueleto.

Kieeeeeee!

O esqueleto gritou. Seol quase caiu com o impacto, mas conseguiu se apoiar colocando as mãos contra a parede. Ele virou a cabeça para olhar. Embora estivesse atordoado e pasmo, ainda conseguiu ver o esqueleto gritando de dor enquanto queimava.

O momento de rápida adaptação salvou sua pele, mas ele não conseguiu esconder o choque com a reviravolta inesperada.

“O q-que aconteceu?”

Ele sobreviveu, mas isso não significava que seus problemas haviam acabado. Ele rapidamente puxou a bolsa, que havia se tornado um escudo maravilhoso, para frente e remexeu em seu conteúdo. Então, descobriu a causa da mudança. Um feixe de luz brilhante estava saindo pelo corte da bolsa.

— …Ah.

O Espelho da Compreensão. Era o item ESPECIAL que ele havia tirado da máquina de sorteios, supostamente para lidar com os Falecidos.

Pensando ‘e se’ Seol puxou o espelho e direcionou sua luz para o esqueleto de capacete, que ainda queimava. Cada osso de seu corpo começou a mudar de cor imediatamente. Pouco depois, o monstro se desfez completamente em cinzas e se espalhou como poeira.

E não foi apenas ele. Até os esqueletos que estavam presos na Teia de Aranha, os que tentavam recuar apressadamente… assim que a luz os tocava, eles se desfaziam em pó, soltando gritos de lamento.

Ele só precisou iluminar a caverna uma vez, e em menos de um minuto, dezenas de esqueletos haviam virado pó.

Quando todos os alvos desapareceram, a superfície do espelho rachou, como se estivesse sinalizando que havia cumprido seu propósito.