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    Todos exibiram expressões surpresas assim que saíram do teatro e contemplaram a vista diante de seus olhos.

    A chamada Zona Neutra lembrava um shopping center gigantesco com seu interior espetacular. O andar térreo tinha o formato de um enorme círculo, e por toda parte era possível encontrar lounges, lojas e outras instalações. E ninguém ali conseguia sequer imaginar quantos andares interligados por escadarias espirais havia acima de suas cabeças.

    Eles ainda não podiam sair da Zona Neutra, mas não era difícil imaginar como esse lugar poderia parecer do lado de fora, como a lendária Torre de Babel, uma torre alta e circular.

    Seol encontrou uma cadeira vazia em um dos lounges do andar térreo e se acomodou para observar a área ao seu redor. O objeto mais chamativo dentro desse ‘saguão’ era um enorme quadro de avisos, localizado ao lado de uma fonte no centro do andar. Nesse quadro, inúmeros papéis que lembravam talismãs estavam colados. Uma grande multidão havia se reunido em frente a ele.

    Seol decidiu verificar aquilo mais tarde, quando a agitação diminuísse um pouco. Por enquanto, ele permaneceu sentado, organizando seus pensamentos.

    Inicialmente, ele pretendia sair da Zona Neutra imediatamente. Como já possuía as qualificações, acreditava que não havia necessidade real de perder tempo ali. No entanto, as outras quatro pessoas que acumularam mais de 1000 pontos escolheram ficar. E nem sequer hesitaram ao tomar essa decisão.

    Além disso, Hao Win não disse isso claramente? Ele chamou essa ideia de ‘pergunta tola.’

    “Certo, então. O que eu sonhei sobre este lugar…?”

    …Ele não conseguia se lembrar de nada sobre esse lugar.

    Deve haver uma razão para os quatro terem decidido permanecer. Em momentos como esse, Seol não podia deixar de sentir ressentimento por Kim Hannah.

    Seol continuou sentado, esfregando o rosto, sem saber exatamente o que fazer a seguir. Foi então que percebeu alguém se aproximando e levantou a cabeça.

    — Como vai?

    A mulher que o cumprimentou com uma elegância digna assim que seus olhares se cruzaram estava vestida com um traje bastante familiar. Ao ver seu cabelo bem preso, bem como os óculos que repousavam sobre seu nariz, Seol a reconheceu facilmente, ela era a segunda empregada posicionada à esquerda no palco.

    “Ela é da… Área 2, não é?”

    — Olá. Posso ajudá-la em algo?

    — Meu nome é Agnes. Se não se importar, gostaria de ter a honra de guiá-lo por estas instalações.

    Aquilo era algo maravilhoso de se ouvir. Mas também levantou uma questão na mente de Seol.

    — Achei que devíamos encontrar as informações necessárias por conta própria.

    — De fato, esse é o caso. No entanto, nossa tarefa é fornecer informações básicas. Além disso, oferecer mais informações por conta própria não vai contra as regras.

    Seol imaginou que esse tratamento especial tinha algo a ver com sua Marca de Ouro. Ele acenou com a cabeça em aceitação. Ser guiado, em vez de vagar às cegas pelo lugar, certamente economizaria muito do seu tempo.

    — Obrigado pela ajuda. Estarei sob seus cuidados, então.

    — Ahh, nesse caso…

    Assim que a expressão de Agnes se iluminou, ela começou a olhar para trás de Seol com o rosto repentinamente rígido. Ele se virou e viu a empregada loira do Tutorial parada ali. E, não apenas isso, havia um… sorriso refrescante em seu rosto também. Agnes se esforçou para retribuir o sorriso.

    — M-Maria… É claro que sei que a Área 1 não está sob minha jurisdição. Mas o Tutorial já terminou. Não seria um problema ceder esse pequeno favor para mim desta vez?

    A empregada loira, Maria, continuou sorrindo radiante. Enquanto isso, começou a levantar o dedo do meio. A expressão de Agnes se endureceu imediatamente.

    — Qual o significado desse gesto?

    — Com licença…

    — ?

    — Não enche o saco, por favor.

    — …Você continua tão rude quanto sempre, vejo.

    Agnes soltou um suspiro suave, mas resoluto, antes de se curvar silenciosamente para Seol e partir sem dizer mais nada.

    — Ainda com esse hábito nojento de tentar abanar o rabo para todo lado, sua vadia siciliana.

    Seol não pôde deixar de duvidar dos próprios ouvidos. Ele já havia confirmado que a empregada loira conseguia falar normalmente, mas ver xingamentos tão pesados saindo daquele rosto adorável e radiante era simplesmente…

    — Bem, então. Permita-me guiá-lo.

    — …Você é bem boa. Digo, em falar.

    — Ahh, isso. No momento, estou praticando um voto de silêncio, sabia?

    — Um voto de… silêncio?

    — Sim. Estou tentando corrigir esse meu mau hábito. Sabe, minhas palavras tendem a sair da boca antes mesmo de passarem pelo cérebro.

    Maria estava sugerindo que falava sem pensar. De alguma forma, Seol conseguia enxergar isso.

    — Bem, uh… estarei sob seus cuidados, então.

    Quando Seol se levantou da cadeira, Maria começou a puxar as pontas de sua roupa. Então, apontou para dentro da área do lounge. As instalações ali pareciam um café.

    — Antes de começarmos… que tal comprar algo para eu beber ali primeiro?

    — …

    Seol se virou para chamar Agnes. Maria saltou no mesmo instante, alarmada.

    — Espera, espera!! Tá bom, tá bom! Mas, qual o problema em me comprar algo para beber?!

    — Mas por que eu deveria…?

    — Mão de vaca. Você tem um monte de Pontos de Sobrevivência, não tem?

    Seol piscou algumas vezes. Enquanto ela pedia algo para beber, mencionou os Pontos de Sobrevivência. Por quê?

    — Isso significa que é necessário gastar Pontos de Sobrevivência para usar as instalações daqui?

    — Sim. Dentro da Zona Neutra, os Pontos de Sobrevivência funcionam como a única moeda. Para comer, dormir e comprar roupas, você precisa deles para tudo isso.

    Seol franziu a testa. Não bastava ter que acumular muitos pontos, ainda precisava gastá-los, isso aumentaria drasticamente a dificuldade.

    — Como se consegue mais Pontos de Sobrevivência?

    Em vez de responder com palavras, Maria apontou para o quadro de avisos. Ainda havia uma grande multidão reunida diante dele.

    — Pegando missões no quadro de avisos e completando-as, você recebe pontos como recompensa. Esse é o jeito normal de consegui-los.

    — O jeito normal, huh…

    — Os Pontos de Sobrevivência também podem ser emprestados ou transferidos para outras pessoas.

    Um sorriso amargo surgiu no rosto de Seol. Ligando o que Maria disse às palavras de Cinzia, ‘não nos importaremos com os métodos que inventarem’, ele pôde fazer uma boa suposição. Muitos provavelmente resolveriam seus problemas pegando empréstimos ou, mais provavelmente, recorrendo ao roubo.

    — Já que te contei isso, você vai me comprar algo, certo?

    — Recuso.

    — Ehhh? Mas por quê?

    — Preciso economizar meus pontos. Eles não caem do céu.

    — Mas por que tão miserável?! Você sabe que tem alimentação e acomodação gratuitas, então por quê?

    Seol inclinou a cabeça, sem entender o que ela queria dizer.

    Maria olhou furtivamente ao redor e começou a sussurrar em seu ouvido.

    — Mesmo aqui, há muita discriminação, sabe? Os Contratados precisam pagar o valor total ao usar as instalações daqui, mas esse não é o caso dos Convidados, certo? Marcas de Bronze recebem 10% de desconto, Marcas de Prata recebem 20% de desconto, e…

    — Se esse for o caso…

    — Como um Marca de Ouro, você recebe 30% de desconto em todas as instalações disponíveis aqui. Além disso, você foi o sobrevivente com a maior pontuação. Então, além de receber uma residência exclusiva, também ganha 70% de desconto ao utilizar serviços de certas lojas e restaurantes.

    Quando Seol a encarou, incrédulo, Maria assentiu animadamente.

    E, como se descobriu, ela estava falando a verdade.

    A bebida mais barata custava um Ponto de Sobrevivência. Maria escolheu uma que custava 10 pontos, mas assim que Seol mostrou sua Marca de Ouro e a placa anexada à sua chave, ele não precisou gastar um único ponto.

    — Você realmente tomou uma decisão sábia ao ficar para trás, sabia?

    Enquanto se dirigiam para sua residência localizada nos andares superiores, Maria de repente disse isso. Seu rosto transbordava felicidade enquanto sugava a bebida pelo canudo.

    — Sabe, é muito difícil voltar para a Zona Neutra depois que você sai. Já que você garantiu seu direito de sair, por que não aproveitar ao máximo cada benefício daqui?

    — E que benefícios fazem valer a pena minha estadia?

    — A loja VIP.

    Maria respondeu imediatamente e puxou um panfleto do nada.

    — Aqui está a lista de algumas das coisas que você pode comprar na loja VIP.

    Os olhos de Seol se arregalaram cada vez mais conforme ele lia o conteúdo da lista.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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