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    Acabei tendo um sono muito estranho essa noite. Sentia meu corpo tremendo de medo, e meus lábios secos como um deserto. Não entendia o motivo de meu pesadelo, mas coisa boa não era. 

    Ao instante em que abri meus olhos, não lembrava mais o que havia sonhado segundos atrás. O quarto, iluminado pela luz, apenas ofuscava a minha visão.

    Coçava a minha barriga, sem entender exatamente o que estava acontecendo ou onde estava. Mas de uma única coisa eu tinha certeza, havia algo faltando, e esse sentimento transbordava em meu corpo.

    Não sabia o que, não sabia quem. Essa sensação simplesmente estava lá; um incômodo que não parecia passageiro.

    — Até quando você vai ficar dormindo, Seven? 

    — Uoh… Ah! — Quase pulei da cama.

    Um susto repentino que tive e a culpada disso não era nada mais nada menos do que essa boneca de madeira. 

    Olhei para ela, ainda desnorteada, sem distinguir ainda do real ou do imaginário. 

    Me abracei em Gaia, caindo ao chão por cima dela. Nesse ponto, havia finalmente coçado meus olhos e despertado realmente.

    Fiquei levemente desesperada por ter me colocado nessa situação constrangedora.

    — Me desculpa! 

    Mas, olhando para ela…

    Por que estava evitando meus olhos? 

    Eu fiz alguma coisa?

    Gaia colocava a mão por cima de sua boca, e a sua face estava virada para o lado. Parecia envergonhada… Não, ela estava definitivamente envergonhada. 

    — Dá para você sair de cima de mim, por favor…? — murmurou.

    Ah, é mesmo!

    Saí de cima dela, me colocando ao seu lado no colchão. De qualquer forma, seu jeito de agir ainda estava estranho. 

    E nessa situação, não pude deixar de rir levemente da expressão que fazia. Era engraçado, e de certa forma, fofo.


    [Hefesto está envergonhado com a situação…]

    Até ele, então…? Haha. 

    Meus poderes divinos estavam voltando a interagir comigo, mesmo que seja raro as situações em que eles aparecem. E só uma coisa me incomodava, dentre os quatro que tinha, apenas um não havia descoberto até o momento.

    Será que, por pensamentos, aquela tela de estatísticas abriria novamente?

    Vamos abra…


    Seven Fortune
         A Falsa  ██████████
         19 Anos     |        Lvl. 7

         Estatísticas:

           Força: 24
           Velocidade: 19
           Vigor: 29
           Inteligência: 35
           Espírito: 16

         Dádivas:

          ▷ Fantasia – A Corda do Destino
           A Divindade Fantástica lhe abençoa com a habilidade de consertar seus erros. Em troca, ela trabalhará com seus piores medos.

          ▷ Hefesto – Primeira Chama da Criação
           O Herói lhe abençoa com o controle do metal e das chamas. O seu corpo se transforma em uma forja viva. Em troca, ele irá observar a sua jornada.     

         Bênçãos:

          ▷ Psyche – A Vigarista de Almas
             Uma vez aprisionada, todos os seus súditos foram levados às profundezas. Agora, manipulando suas almas, concede ao portador o seu poder. Em troca, ela irá garantir que você sofra a pior morte possível.

          ▷ A Condessa do Conhecimento
             Seus conhecimentos não serão desperdiçados. A sua criação única permite ao usuário controlar o sangue. O seu domínio não fica apenas por isso, também permite o seu uso para compreensão de seu alvo. Em troca, ela irá garantir que você não sofra.

    Uoh, funcionou! A pulseira que Klaus tinha me dado funcionou! Mas essa compatibilidade com o complexo é estranha…

    Dessa vez, algumas coisas estão muito mais completas. Quase todas as informações que queriam estavam à minha frente.

    Pude ver as consequências de meus poderes divinos, e sinceramente teria que aceitar o que estava à minha frente. Seu conceito era vago, mas bem autoexplicativo.

    E duas coisas chamavam a minha atenção.

    Hefesto era diferente das outras, não promete algo ruim. Será que isso é realmente uma consequência? Estou muito confusa. Mas desde que não prometeu algo ruim para mim, fez mais sentido, pois se fosse aplicar uma penalidade em todas as vezes que utilizei a Ferromancia

    E agora essa Condessa. Acredito que já estava aí quando vi, mas esses termos abertos não me agradam. Pelo menos, posso utilizar para diversas coisas. Sem contar com essa de controlar o sangue, que não entendi e nem consegui até hoje.

    Meu peito ainda sentia um aperto. Estava realmente esquecendo de algo, e tinha certeza de que não iria lembrar o que.

    Ah, vamos deixar isso para lá!


    [Atualização ocorrendo…]

    Vendo o quão constrangida Gaia estava, coloquei minha mão sobre sua cabeça, fazendo carinho. Seus olhos se arregalaram momentaneamente, e após isso percebi o motivo de seu mal-estar.

    Eu ainda estava com meu pijama.

    Ela não utilizava tantas roupas diferentes assim, mas desde que me estabeleci momentaneamente em Azaleia, comprei algumas roupas fofas até. 

    Minha roupa de dormir não era transparente, mas podia jurar que não tinha dormido com ela ontem. 

    Logo, aquele sentimento surgiu em mim também. Minha barriga borbulhava e sentia meu corpo se esquentar de vergonha.

    — Será que você pode me dar o quarto…? — falei.

    Gaia saiu de fininho, sem olhar para trás. E, me sentindo totalmente humilhada, vesti minhas roupas.

    Coloquei o mais simples dos conjuntos, aquela camisa longa preta e meu casaco verde. Minha calça, simples como sempre foi, pintada de marrom com alguns botões.

    Cheguei no espelho do quarto, me preparando para arrumar meu rosto.

    — Que? Esse meu olho esquerdo sempre foi vermelho assim?

    Talvez uma pergunta boba. É claro que ele sempre foi assim, afinal eu nasci com ele. Controlei o pequeno acessório de orelha e o coloquei.

    Deixava o ouvido pontudo, e eu achava super estiloso. Como um toque final, amarrei uma pequena parte do meu cabelo e coloquei uns brincos.

    Eu acho que nunca havia me sentido tão linda quanto agora.

    Humpf!

    Sentia orgulho de mim mesma. Consegui me arrumar sem a ajuda de ninguém.

    Abri a porta, dando de cara com o pequeno espaço de lazer que havia no templo. Gaia estava me esperando encostada na parede ao lado, de certa forma, ainda visualmente constrangida com a situação.

    Lótus estava cheia como sempre, seus fiéis andando de lá para cá e as freiras iniciando a sua rotina matinal. Havia grupos formados de caçadores, alguns ajudando os feridos, e outros conversando e limpando suas armas.

    Sabia que hoje seria um longo dia, mas não importava tanto, afinal iria novamente com Gaia para o festival à noite. Tínhamos planos para agora, mas já haviam sido estragados antes mesmo de acontecer. Através de seu assistente, a santa iria me dar uma nova missão hoje.

    E quando acabei de pensar na situação dela, logo Samira apareceu em nossa frente. Uma mulher pequena com véu, nunca mostrando sua face. Cabelos longos e marrons, vestindo roupas brancas e largas, de cunho nobre.

    Sempre acompanhada de seu assistente, Pedro. Um homem alto e de pele escura. Seu jeito marcante de sempre andar com uma espada na cintura sempre me assusta. Mesmo que já tenha dito abertamente que é contra o assassinato, seja lá qual fosse a raça.

    Gaia não gostava de Samira, e nunca entendi seus motivos. E não precisava de muito para entender que o sentimento era mútuo, pois Samira já havia deixado claro o seu ódio por ela.

    Cômico para mim, que ficava apenas olhando essa briguinha boba de longe. 

    E, olhando para Samira, sempre tive esse sentimento de estranheza vindo de sua presença. 

    — Seven Fortune! O destino lhe escolheu para concluir outro pedido hoje — disse Pedro.

    Seu tom de comandante era impressionante, sempre admirei isso. Estava chateada com essa solicitação repentina, mas era necessário.

    No fundo da minha alma, eu só queria dar o pé daqui.


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