Capítulo 106: Domínio de Mana
A vida é a morte são dois lados da mesma moeda. Porém, a morte é uma certeza, mas a vida não; afinal, viver é uma eterna memória de que um dia morreremos.
Nasháh
— Incrível, não é? — perguntou de forma retorica, orgulhoso pelo que havia conseguido realizar. — Essa arma que me foi dada tem o poder de criar um domínio completo, até mesmo os poderosos que estão assistindo não conseguem enxergar o que está prestes a acontecer com você… tudo que veem é uma encenação criada pela vontade dessa arma. Agora, prodígio, quero ver você se debatendo como um rato!
A mente de Jihan parecia estar a deriva em um grande oceano, lutando para se manter na superfície; cada braçada sugava suas energias como se estivesse preso por correntes que o puxavam para baixo.
— Dito isso, você é uma surpresa agradável… — disse Otávio. — Não é à toa que essa coisa quer tanto te consumir — continuou, olhando para a maça em suas mãos.
Suas palavras ecoavam por todo o domínio, penetrando os ouvidos de Jihan.
— O outro cara só aguentou ficar de pé por um ou dois minutos. — O homem apertou o cabo de sua arma. — Quero ver por quanto tempo você vai aguentar… vou saborear cada segundo…
O grandalhão avançou lentamente.
— Não se preocupe, não vai ser rápido, seria estranho para os espectadores se você fosse derrotado tão facilmente…
Balançando sua arma na direção de Li, seu golpe foi aparado no último instante, porem, mesmo diminuindo os danos, ainda foi o suficiente para empurrar seu alvo alguns metros de distância. Afetado pelo controle da mana realizado pelo domínio, Jihan penava em respirar e concentrar-se.
— Você deve estar se sentindo mal agora — sorriu. — Domínios são armas cruéis para aqueles que não o possuem, é quase… injusto… mas você… não… você não tem o direito de reclamar disso.
O Arcadiano não ousava interromper seu oponente, cada segundo de fala era um segundo a mais para se adaptar ao ambiente em que estava, e um segundo a menos para ter que se defender de seus golpes. Otávio não se preocupava em ser rápido, muito pelo contrário, andava lentamente como se tivesse todo o tempo do mundo.
— Tanto talento… tanto poder… na facção conhecida por ser a mais forte… não… alguém como você jamais entenderia o que é ser alguém como eu… — Otávio abriu um sorriso largo. — Como você se sente, sem conseguir utilizar de sua mana, sentir suas forças se esvaírem, ser um inútil!
Levantando sua maça, o homem atingiu a lateral do corpo de Li com toda a sua força; fazendo com que fosse atirado a distância e rompendo a malha de sua armadura leve. Mesmo sendo atingido, ele ainda conseguiu absorver parte do impacto; sendo quem era, uma coisa que aprendeu durante toda a sua vida foi a ser golpeado. Otávio percebeu isso.
— Isso mesmo… se debata, resista, lute por sua vida!
“Li!” uma voz sussurrou na mente do homem.
— Nasháh? — sussurrou.
“O que você está esperando? Por que não usa sua mana?” questionou.
— Não consigo… mal estou conseguindo controlar meu corpo agora…
“Você não é burro, garoto!” Seu professor o repreendeu. “Sabe muito bem do que estou falando.”
TSK
“Tenho certeza de que percebeu que ainda consegue utilizar de sua mana sombria…”
— Não! — gritou Li.
— Hum? — Otávio, logicamente, não entendeu. — O que foi? Sua mente já foi afetada a esse ponto?
“Você é burro? É sua única forma de sobreviver!” disse Nasháh. “Isso não é um treinamento, Li. Se não fizer o que estou dizendo, você vai realmente morrer!”
— Não posso depender disso…
“O que está dizendo…”
— Você mesmo disse… esse poder vem daquele maldito que é meu progenitor… me recuso a usar disso.
“Mesmo assim…”
— Me desculpa… mas essa é a decisão que tomei… não vou usar de nada que venha daquele desgraçado!
— Conversando sozinho…? — Otávio sorriu. — Esperava mais de um talento tão querido… bem, não importa… contanto que ainda esteja de pé, ainda vou me divertir.
Nasháh se calou e Otávio avançou com toda sua força. Li conservava energia, focando apenas em diminuir a quantidade de danos que recebia, esperando que um momento oportuno viesse.
— É melhor você parar de pensar muito… imagino que esteja achando que em alguma hora tera sua chance de contra-atacar … ela nunca vai chegar… — Olhando para sua arma, ele continuou. — Essa coisa foi feita para equilibrar o jogo… são novos tempos.
As pupilas do homem estavam dilatadas, em êxtase, como se estivesse fortemente drogado em poder.
— Consegue imaginar? Alguém como eu fui escolhido para ser o precursor de uma nova era… uma era onde os homens detêm o poder… — proclamou, levantando seu braço. — A era dos deuses chegou ao fim… uma pena que você não estará aqui para testemunhá-la!
Otávio acelerou seu passo, golpeando vez após vez o corpo de Li, que era atirado de um lado para outro. Seu corpo ficava cada vez mais ferido e seu tempo de resposta ficava mais lento a cada segundo.
— Mais!
BAM
— Me dê mais!
BAM
— É tempo de comemorar! — Gritou. — Você será o banquete que abrira os caminhos de um novo estágio!
BAM
BAM
BAM
Otávio respirou fundo e parou de golpear o alvo já imóvel no chão.
— Hm… acho que fui longe demais… bem, só preciso adaptar a encenação do domínio para condizer com… O quê? Tem algo dentro dele que você deseja? — Falou, olhando para a maça. — Te encostar no peito dele? Certo…
— Eu estava me perguntando o que exatamente era você…
Calafrios correram por todo o corpo de Otávio. A voz grave vindo de suas costas emitiu um choque em seu sistema e, como se seu pescoço fosse subitamente envolto por uma corda, suas palavras entalaram em sua garganta.
— O garoto disse que não usaria esse poder nem se isso significasse morrer… bem… ele não disse nada sobre mim…
Se forçando a virar a cabeça, Otávio viu um homem diferente, mas, ao mesmo tempo, similar ao que estava lutando a pouco. Deixando a voz extremamente grave de lado, seus cabelos longos estavam completamente brancos, seus olhos cor de âmbar tomaram um tom vermelho-escuro, como glóbulos de sangue coagulados; sua pele levemente tonalizada perdeu sua cor, ficando pálida.
— Bem, como você mesmo disse… não tenho que me preocupar em me esconder cercado desse domínio patético…
Mas para o homem, a aparência física de Li era insignificante. O que realmente o assustava era a aura que envolvia seu corpo; uma aura similar a que sua arma emitia. A maça subitamente chiou e o medo que prendia o corpo de Otávio desapareceu. Sem perder tempo, ele imediatamente pulou, tentando tomar distancia.
— ᚡᚨᛁᚨ
Em seus ouvidos, aquela palavra desconhecida soou.
— Caia!
E seu corpo desceu rapidamente, afundando no mármore do solo.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.