Capítulo 52: Para o Paraíso (3/5)

Yi Seol-Ah, Yi Sungjin e Yun Seora.

Os três estavam profundamente imersos na conclusão de missões ultimamente. Afinal, o prazo para o fechamento da Zona Neutra estava se aproximando rapidamente.

Como precisavam de 1000 Pontos de Sobrevivência para entrar no Paraíso, não era exagero dizer que o trio passava quase metade do dia perto do quadro de avisos do primeiro andar para acumular a quantia necessária.

Claro, Seol já lhes disse que não precisavam se preocupar, mesmo que não conseguissem juntar os 1000 pontos, mas os três não conseguiam se sentir felizes ou satisfeitos com sua situação atual.

E não era simplesmente por vergonha. Com o passar do tempo, começaram a perceber até onde Seol foi para apoiá-los nos bastidores e o quanto isso exigia dele.

A prova mais óbvia era o fato de estarem equipados da cabeça aos pés com equipamentos caros. Embora restasse pouco tempo até o fim do prazo, apenas cerca de 30% dos sobreviventes conseguiram comprar um conjunto completo de armaduras combinando. Apenas por esse fato, os três se tornaram extremamente conscientes da posição vantajosa que possuíam em comparação com as outras pessoas.

Assim, a questão não era apenas o orgulho, mas sim aprenderem a sobreviver por conta própria. Seol já havia feito tanto por eles, então, se falhassem em ganhar 1000 pontos sozinhos, definitivamente não tinham qualificações para serem considerados ‘sobreviventes’ neste lugar. No mínimo, queriam provar que eram capazes de entrar no Paraíso por seus próprios méritos.

“Eu consegui!”

Após completar com sucesso uma missão de dificuldade Normal sozinha, Yi Seol-Ah comemorou animadamente diante do quadro de avisos. Na realidade, chegar ao ponto de concluir uma missão assim sozinha não era visto como um grande feito por outras pessoas neste momento.

No entanto, considerando o tempo desde que começou a fazer missões, sua taxa de crescimento era, de fato, explosiva. Em sua primeira missão, nem sequer conseguiu puxar a corda do arco direito devido ao nervosismo extremo.

“Será que ele vai me elogiar?”

Um sorriso floresceu em seu rosto ao lembrar do rosto de seu orabeo-nim, que constantemente a incentivava a ser mais corajosa, assegurando-lhe que era capaz e sempre tirava um tempo para ensiná-la passo a passo, mesmo que já devesse estar frustrado com ela.

“Isso é divertido.”

Yi Seol-Ah começou a olhar para o quadro de avisos com um sorriso inocente.

Como um número muito maior de missões de dificuldade Normal foi disponibilizado inicialmente em comparação com as demais, ainda era possível encontrar alguns pergaminhos disponíveis no quadro. Certamente, havia apenas cerca de seis ou sete tentativas restantes para cada missão, mas, mesmo assim, ela planejava realizá-las mais algumas vezes para reunir coragem e, mais tarde, enfrentar missões Levemente Difíceis.

“Vou ficar com esta.”

Yi Seol-Ah finalmente encerrou sua pequena indecisão feliz e estendeu a mão para pegar um pergaminho de missão, quando…

— Ora, ora, mas quem temos aqui? Faz tempo, não faz?

…Sua mão parou de repente ao ouvir uma voz chamá-la. Antes que percebesse, uma mulher oriental desconhecida estava atrás dela, seus olhos semicerrados como os de uma cobra venenosa.

— Quem… Ah.

Yi Seol-Ah gaguejou um pouco antes de soltar uma pequena exclamação. Embora não conseguisse se lembrar direito, achou que reconhecia essa mulher de algum lugar. No final do Tutorial, não a viu no terraço?

— Você veio… da mesma Área que eu, certo?

— Eu me lembro de você.

— Sério?

— Sim. Você não foi aquela garota que tentou se exibir e acabou sendo a primeira a morrer? Lá no auditório, quero dizer.

O tom zombeteiro da mulher fez a expressão de Yi Seol-Ah endurecer.

— Você não sabe quem eu sou, sabe?

— M-Minha memória não é muito boa…

— Ah, imagino que não. De qualquer forma, é um prazer conhecê-la. Eu sou Oh Minyoung.

— S-Sim, prazer em conhecê-la.

Yi Seol-Ah cumprimentou-a educadamente, mas sua expressão se tornou sombria. Essa mulher, Oh Minyoung, sequer tentava disfarçar a atitude hostil presente em sua voz e no olhar que lançava sobre ela.

— O prazo está se aproximando rápido, então… já conseguiu pontos suficientes?

— Não, ainda não.

— Sério? Ainda nem conseguiu 1000 pontos?

— Não…

Na verdade, Yi Seol-Ah começou a entrar em pânico ao sentir a intensa malícia da mulher.

Oh Minyoung cruzou os braços e analisou Yi Seol-Ah de cima a baixo.

Talvez para priorizar a mobilidade, Yi Seol-Ah usava um casaco de couro flexível como vestimenta externa, enquanto por baixo tinha uma pequena cota de malha prateada.

Suas calças também pareciam ser feitas de couro de alta qualidade; em sua cintura, havia um cinto preto ao qual uma adaga Main-gauche¹ estava presa frouxamente. Finalmente, em suas costas, carregava um impressionante arco recurvo e uma aljava cheia de flechas…

Mesmo em uma estimativa conservadora, o valor total de seu equipamento devia ser de pelo menos 14.000 pontos. Oh Minyoung também estava bem equipada, mas, mesmo se vendesse todo o seu equipamento, não conseguiria comprar nem uma única peça do conjunto de Yi Seol-Ah.

— Parece que as coisas estão indo bem para você ultimamente.

— …

— Você não se importa se eu der uma olhada, certo?

Oh Minyoung deu passos largos, aproximando-se antes de estender a mão para Yi Seol-Ah sem permissão. Pegando-a de surpresa, a garota tentou recuar, mas, quando percebeu, seu arco já estava nas mãos da mulher mais velha.

— Uh, uh?

— Uau. É, realmente, as coisas caras são as melhores. Quanto custou?

— E-Eu não sei? Não deve ter sido tanto assim.

Yi Seol-Ah mal conseguiu forçar uma resposta.

— É mesmo?

Oh Minyoung analisou os arredores por um momento antes de um sorriso suspeito se formar em seus lábios.

— Nesse caso, que tal me dar esse arco?

— …Ah?

— Você mesma disse que não deve ter sido tanto, não foi? Ah, não. Não estou pedindo de graça. Você me dá isso e, em troca, eu te ajudo. Entende o que quero dizer?

— N-Não. Não preciso disso. Obrigada.

— Não seja assim. Você não disse que precisa juntar Pontos de Sobrevivência? Se entrar para o meu time, tenho certeza de que conseguirá a quantia rapidinho.

Oh Minyoung apontou para trás com o polegar. Havia três homens ocidentais sentados em uma das mesas do saguão, observando a cena com expressões que poderiam ser interpretadas como ‘interessadas’. Um deles até sorriu maliciosamente e acenou para Yi Seol-Ah.

Yi Seol-Ah ouviu a troca de palavras enquanto se sentia ansiosa, até finalmente entender a situação. Sua expressão se fechou ainda mais como resultado.

A verdade era que os responsáveis pelo ataque a Yun Seora eram aqueles três. Claro, Yi Seol-Ah não sabia disso. No entanto, ainda assim, sentiu uma sensação desconhecida de ansiedade e queria sair dali o mais rápido possível.

— P-Por favor, devolva.

A inquieta Yi Seol-Ah estendeu a mão e agarrou seu arco, tentando puxá-lo de volta. Oh Minyoung apertou ainda mais o aperto em resposta.

— O que você está fazendo? Eu não disse que ia te ajudar?

— Eu não preciso. Por favor, devolva.

— Tá bom, tá bom! Eu vou… Ei, eu disse que vou devolver!?

Quando Yi Seol-Ah puxou com força, Oh Minyoung quase tombou para trás com o impacto. A mulher não conseguiu esconder sua surpresa. Subestimou a força física da garota mais jovem e acabou perdendo o arco antes que pudesse fazer qualquer coisa a respeito.

— Você…

— Eu vou indo agora. Se cuidem.

“Essa pirralha…” Chamas brilharam nos olhos de Oh Minyoung enquanto observava as costas de Yi Seol-Ah se afastando. Um ciúme descarado ardia intensamente em seu olhar.

— Ei, você. Quanto você cobra por vez?

O grito alto forçou os passos de Yi Seol-Ah a pararem abruptamente. Ela se virou tão rápido que seus cabelos esvoaçaram no ar. Começou a morder o lábio inferior.

— …Do que você está falando?

— Você sabe. Fiquei curiosa.

Oh Minyoung sorriu de forma zombeteira enquanto falava.

— Alguém como você, quanto cobra por vez? 100 pontos? 200?

— O q-que você disse?!

Yi Seol-Ah não pôde deixar de duvidar da própria audição naquele instante.

— Quantas vezes você teve que ficar com ele para aquele cara te comprar toda essa armadura e coisas legais? Hm?

Diante dessa tentativa descarada de humilhação, os olhos de Yi Seol-Ah se arregalaram de choque.

— Orabeo-nim não é assim!

— Ah, por favor. Você acha que eu não sei que você mora no mesmo lugar que ele?

— Por que está agindo assim?

A raiva de Yi Seol-Ah disparou e sua voz se tornou estridente. Lágrimas se acumularam nos cantos de seus olhos, refletindo o quão injusto tudo aquilo era.

Elas nem se conheciam. Não apenas ali na Zona Neutra, mas até mesmo no Tutorial, nunca haviam trocado uma única palavra até aquele momento. Naturalmente, Yi Seol-Ah não conseguia entender por que essa mulher estava sendo tão hostil com ela.

— Eu te disse, não disse? Eu quero te ajudar. Qual o problema? Você não quer minha ajuda?

— Eu não preciso da sua ajuda!

— Olha só essa pirralha. Como ousa levantar a voz para mim?

Ao sinal de Oh Minyoung, os três homens que estavam observando do saguão se levantaram. Sentindo que a situação estava piorando rapidamente, Yi Seol-Ah começou a recuar passo a passo.

— Essa unni vai te ensinar um jeito fácil de ganhar pontos.

— E-Eu não preciso.

— Você não está preocupada com os pontos? Não se preocupe. Aqueles caras dão muitos deles.

Ouvindo as palavras insidiosas de Oh Minyoung, a expressão de Yi Seol-Ah ficou ainda mais sombria.

“Por quê?”

Ela não havia feito nada contra essa mulher, então por quê…?

— Não precisa fingir inocência, sabe? Já é tarde demais para isso.

Yi Seol-Ah finalmente se cansou do veneno de Oh Minyoung e se preparava para fugir dali. Mas então…

— Ei, talvez você devesse parar de se apresentar. Concorda?

De repente, um homem se intrometeu entre as duas mulheres. Enquanto Yi Seol-Ah ficou surpresa com sua identidade, Oh Minyoung franziu a testa, visivelmente descontente com esse novo desenvolvimento.

Afinal, era o homem que adorava usar óculos escuros em ambientes fechados e um boné verde virado para trás, Hyun Sangmin.

Oh Minyoung começou a ranger os dentes.

— Você…

— Kyah. Eu estava me perguntando o que era todo esse latido de cachorro por aqui. Quem diria que era realmente uma cadela?

— O que você disse?!

— Opa, erro meu, erro meu. Você ainda é um ser humano, então compará-la a um animal é injusto.

Hyun Sangmin ergueu as mãos em um gesto defensivo e sua expressão mostrava que ele estava genuinamente arrependido.

— Então, se bem me lembro, seu apelido verdadeiro era…

Ele então tirou os óculos escuros suavemente.

— …10 pontos, certo?

Tremor.

O corpo de Oh Minyoung tremeu enquanto ela tentava ao máximo parecer composta.

— Melhor tomar cuidado com o que diz, se não quiser acabar toda ensanguentada.

— Ah, é mesmo?

Hyun Sangmin lançou um olhar de soslaio para o saguão e soltou uma risadinha debochada.

— Se você está agindo como uma vadia por causa daqueles três idiotas… que tal dar uma olhada para cá?

O olhar de Oh Minyoung seguiu a direção apontada pelo queixo dele, e ela precisou engolir em seco. Havia um grupo de quatro homens encarando-a friamente.

— Sabe, você não é a única com amigos por aqui… Opa, na verdade, você não é amiga daqueles três, né? É mais como um cachorrinho de estimação?

— Cala a boca.

Oh Minyoung lançou um olhar assassino para Hyun Sangmin.

— Não quero ver essa sua cara nojenta, então suma daqui, seu filho da puta.

— Mas eu não quero. Além disso, você também é uma cadela, não é?

Hyun Sangmin riu alto e ignorou as ameaças dela sem a menor preocupação, antes de dar um leve tapinha no ombro de Yi Seol-Ah.

— Você só está com ciúmes dessa garota, não é?

— …N-Não. Não mesmo.

Oh Minyoung se encolheu, seus olhos se arregalando de maneira um tanto estranha.

— Eu não tenho inveja dela! Por que eu deveria sentir inveja de uma garota que vende o corpo por meros pontos?

Embora tentasse parecer confiante, sua voz tremia claramente. Por outro lado, Hyun Sangmin estava completamente relaxado.

— Eu te disse para parar de se apresentar. Você sabe que ela nunca fez isso, e é por isso que está tão mordida com ela, né…?

“Do que ele está falando agora?”

Yi Seol-Ah ouvia aquela troca, sentindo-se ansiosa, até que finalmente entendeu. Seu cenho se franziu ainda mais.

— Alguém tem que rebolar o dia todo só para sobreviver, mas aqui temos outra pessoa que não precisa…

Quando Hyun Sangmin zombou dela com um tom provocador…

— Cala. A. Boca.

A voz de Oh Minyoung saiu carregada de intenção assassina. Mas Hyun Sangmin não ia parar só por causa disso.

— Aposto que você era muito mais feliz quando essa garota, o irmão dela e Yun Seora estavam lutando para sobreviver, né? Você provavelmente os espionava todos os dias e se consolava com isso, certo? Sentindo uma patética sensação de superioridade, pensando que, pelo menos, você estava melhor do que eles.

— S-Seu filho da puta! Quando foi que eu fiz isso?! Você é maluco?!

— Você provavelmente estava esperando também, né? Esperando pelo dia em que os três chegariam ao fundo do poço, igual a você. Foi você quem deu essa ideia para aqueles três, não foi?

Naquele momento, o rosto de Yi Seol-Ah escureceu ainda mais.

— Sim. Sério agora… Não sei quem bateu nela, mas esse desgraçado realmente a destruiu.

…Poderia ser?

Yi Seol-Ah cerrou os punhos sem perceber e encarou a venenosa Oh Minyoung.

— Mas e agora? Um dia você encontra eles e, olha só, estão todos vivendo felizes… para sempre!

— Eu disse para calar essa boca maldita, seu filho da puta!!!

Oh Minyoung gritou quase como um pedido de socorro, seus olhos injetados de sangue se arregalando como se fossem rasgar suas pálpebras.

— De quem foi a culpa?!

— Hã?

— Você… você me fez ficar assim!! Por que ajudou só eles? Por que não fez o mesmo por mim?! Eu também lutei!! Eu também batalhei desesperadamente para chegar até aqui!!

Ela começou a balbuciar quase incoerentemente agora. Ao ouvir isso, Hyun Sangmin bufou com desdém.

— Você devia dar uma boa olhada em si mesma primeiro. Quem iria querer te ajudar quando você é tão insuportável?

— O quê?! Quando foi que eu te fiz algum mal?!

— Seus erros? Tem vários, na verdade.

— V-Você…?!

Oh Minyoung girou com raiva na direção da nova voz, apenas para se encolher grandiosamente ao ver quem era, uma mulher vestindo um manto branco, os braços cruzados contra o peito, com um sorriso de desdém estampado nos lábios.

— Eu te ajudei a chegar ao segundo andar, só para você cair nas artimanhas daquele desgraçado do Kang Seok.

A identidade da mulher que passou a mão pelos cabelos curtos era ninguém menos que Shin Sang-Ah.

— Talvez a história tivesse sido diferente se você tivesse tentado apertar o botão de liberação da porta como o Sungjin fez. Então, quem foi mesmo que me abandonou para apodrecer no corredor escuro como se eu não valesse nada? Hm?

Ao ouvir a voz carregada de crítica e sarcasmo, tudo o que Oh Minyoung conseguiu fazer foi abrir e fechar a boca sem emitir som algum.

— E isso não foi tudo, certo? Lembra do que aconteceu no quarto andar?

— I-Isso foi…

— Ah, e não vamos esquecer que você não deu aquela medicina de Revitalização de graça, como a senhorita Yun Seora.

Shin Sang-Ah cuspiu no chão de maneira exagerada e voltou a sorrir.

— Você não fez nada até agora, e ainda quer que a gente te ajude?

— Seu… Seu…!

Cercada de todos os lados e atacada verbalmente sem conseguir responder, Oh Minyoung de repente desmoronou e começou a soluçar. Ela caiu no chão e chorou copiosamente de pura angústia.

No entanto, Shin Sang-Ah apenas a encarava friamente, sem se importar se ela chorava ou não. Só desviou o olhar quando sombras se aproximaram, os três homens do saguão finalmente decidiram intervir, percebendo que as coisas não estavam indo como esperavam.

— Por que vocês não param por aí?

O homem de físico enorme no meio ergueu a voz e interveio.

— Pelo que ouvi, essa história toda não é grande coisa, no fim das contas. Então, há necessidade de tanto alarde?

— Claro, não é nada demais. Eu só apareci aqui porque um cachorro estava fazendo muito barulho, só isso. Já que o dono apareceu agora, espero que as coisas fiquem mais tranquilas por aqui.

Hyun Sangmin retrucou sarcasticamente, fazendo com que a expressão do grandalhão se contorcesse de raiva.

— Eu sei quem você é. É melhor medir suas palavras.

— Tal dono, tal cachorro, hein. O que a minha boca tem a ver com algum de vocês, seus merdas?

— Quer morrer?

— O quê, quer tentar a sorte? Está confiante?

Hyun Sangmin deu um leve tapinha na besta pendurada em suas costas. Enquanto isso, o grandalhão analisava o ambiente ao redor com um olhar ponderado. Não era apenas a equipe de Hyun Sangmin que ele precisava levar em conta, mas também a equipe de Shin Sang-Ah. O homem percebeu que estava em desvantagem numérica.

— …Você, eu vou me lembrar de você.

— Ha, por que não diz também ‘é melhor tomar cuidado’ enquanto está nisso?

— Não ouse pensar que todo Selo de Bronze é igual. Vamos ver no dia em que entrarmos no Paraíso.

— Aigoo… Estou morrendo de medo…

Hyun Sangmin fingiu estremecer e se encolheu, fazendo Shin Sang-Ah cair na gargalhada. O grandalhão lançou um olhar furioso para os dois por um longo tempo antes de pegar Oh Minyoung e desaparecer de vista.

Por fim, a paz e o silêncio voltaram, permitindo que Yi Seol-Ah soltasse a respiração que vinha segurando.

— Haaaaa…

Todo esse evento estava completamente fora de suas expectativas,  nunca teria imaginado que Oh Minyoung guardava tanto rancor. Era como se um furacão tivesse acabado de passar.

Após um breve silêncio, Hyun Sangmin deu um leve tapinha nos ombros caídos de Yi Seol-Ah.

— Ei, você está bem?

— Ah, s-sim!

Yi Seol-Ah assentiu rapidamente.

— Ainda bem que passei por aqui procurando por você. Eu estava tipo “e se”, mas nossa, que alívio. De qualquer forma, tome cuidado, tá? Aqueles três são gente ruim.

— Eu… Obrigada. De verdade.

Ela se curvou profundamente para expressar sua gratidão. Hyun Sangmin apenas acenou com a mão displicentemente.

— Não precisa disso. Afinal, Seol me pediu esse favor.

— Orabeo-nim pediu?

— Isso mesmo. Ele disse que aquela tal de Oh Minyoung parecia suspeita e me perguntou se eu me importaria de deixar você e seu irmão ficarem por perto por um tempo. Eu disse: claro, por que não.

— Sério? Ele me pediu para cuidar da senhorita Yun Seora, na verdade — disse Shin Sang-Ah, enquanto lançava um olhar pela área do primeiro andar. Hyun Sangmin acenou como se já soubesse disso.

— Bom, de qualquer forma. Você está pensando em dar uma pausa? Se não, que tal tentar uma missão Levemente Difícil comigo e minha equipe mais tarde? Junto com seu irmão, é claro.

— P-Podemos mesmo?

O rosto de Yi Seol-Ah se iluminou na mesma hora. Se pudesse entrar na equipe de Hyun Sangmin, não precisaria mais se preocupar com outro incidente como esse.

— Não se preocupe. Meus companheiros já concordaram. Além disso, eu pareço alguém que faz favores de graça?

— Ah… não era isso?

— Mas é claro.

Hyun Sangmin assentiu, como se nem fosse necessário perguntar algo tão óbvio.

— Em troca desse favor…

Ele puxou um maço de cigarros e abriu um sorriso largo.

— Seol prometeu nos ajudar em uma missão Difícil!

1. É um tipo de adaga relativamente grande, é usada na mão não-dominante, normalmente acompanhada da rapieira e usada para aparar.[↩]