Índice de Capítulo

    Embora Liang Wei, Chen Bo e Mei Lian não se conhecessem há muito tempo, eles lutavam com uma sincronia que parecia anos de prática. Seus movimentos eram rápidos e coordenados, suas espadas zunindo como o vento cortante que sustentava sua técnica. Os dois cultivadores da Terra mal conseguiam acompanhar seus passos, limitando-se a reagir enquanto os discípulos do Vento desferiram golpes precisos.

    Até então, os corpos maciços dos oponentes já acumulavam diversos cortes, enquanto os três ainda permaneciam praticamente ilesos. Mas havia algo que preocupava o trio.

    ‘Se a luta continuar assim, estaremos perdidos,’ pensou Liang Wei, rangendo os dentes enquanto desviava de um punho que quase o atingiu.

    Cultivadores da Terra eram conhecidos por sua resistência; para eles, a fadiga era quase inexistente. Ao contrário, os discípulos da Espada Voadora já sentiam o cansaço pesando nos braços e nas pernas, cada golpe ficando mais lento que o anterior.

    Um dos corpulentos discípulos da Terra viu sua chance e avançou, envolvendo o braço com uma placa de terra sólida como um escudo. Com um rugido, ele investiu contra Chen Bo como um rinoceronte enfurecido.

    Chen Bo tentou reagir, mas a força avassaladora do impacto o lançou para trás, seu corpo batendo no chão e rolando na neve fria. Ele se levantou cambaleando, uma linha de sangue escorrendo pelo canto da boca.

    Liang Wei e Mei Lian trocaram um olhar alarmado, suas respirações ofegantes formando nuvens no ar gelado. Antes que pudessem socorrer o companheiro, o segundo discípulo da Terra bloqueou o caminho. Seu braço musculoso, coberto de uma camada endurecida de pedra, veio girando em direção a eles como um tronco maciço.

    Liang Wei abaixou o corpo, dobrando-se para trás com uma agilidade felina. A massa de terra passou zunindo acima de sua cabeça. Porém, Mei Lian, já exausta, não teve a mesma sorte. O golpe a atingiu no ombro, e o impacto sacudiu todo o seu corpo. Um grito de dor escapou de seus lábios enquanto ela desabava no chão, sua espada caindo da mão trêmula.

    “Lian!” gritou Liang Wei, recuando até ela.

    “Eu… estou bem,” disse Mei Lian, com a voz fraca. Ela tentava se levantar, mas seus braços tremiam sob o peso de seu próprio corpo.

    ***

    Tu Zhen encarava Xiao Ning com uma expressão sombria, o sangue escorrendo de uma ferida profunda em seu braço. Ele rasgou o tecido de sua camisa e o apertou contra o ferimento, tentando estancar o sangramento. Seus olhos, no entanto, permaneciam fixos na garota à sua frente.

    Xiao Ning era um prodígio com a espada, e sua habilidade com o vento a tornava quase impossível de acompanhar. Ela atacava com golpes rápidos e precisos, o som do metal cortando o ar ecoando pela montanha. Apesar de suas feridas, Zhen mantinha um sorriso de desprezo no rosto. Ele não tinha a velocidade dela, mas derrubar ele não era uma tarefa nada fácil.

    Em um momento de descuido, Ning foi pega de surpresa. Zhen pisou com força no chão, ativando uma armadilha oculta que ele havia preparado. A terra abaixo dela se ergueu em pilares, prendendo suas pernas e imobilizando-a.

    “Você é habilidosa, garota, mas isso acaba aqui,” disse Zhen, ele se ajustou seu corpo para avançar até ela e finalizar o combate.

    Mas então ele notou uma figura solitária a alguns metros de distância.

    Seus olhos se voltaram para um garoto careca que estava mais atrás, carregando as mochilas do grupo. Zhen avançou na direção dele, mesmo que fosse um servo ele não deixaria ninguém do grupo inimigo ileso.

    Com um movimento rápido, Zhen desferiu um soco direto no abdômen do garoto. Jin voou para trás, caindo pesadamente no chão coberto de neve. A reação lenta do garoto chamou a atenção de Zhen, ele não esperava que acertar um Cultivador do Vento seria tão fácil. Porém, não foi apenas isso que ele achou estranho, o discípulo da Terra esperava ouvir o som de ossos se partindo imediatamente, mas, para sua surpresa, sua própria mão latejava de dor.

    “O que…?” Zhen olhou para o punho avermelhado, incrédulo.

    “Como isso é possível?” Ele não conseguia entender. O corpo de um cultivador do Vento deveria ser frágil comparado ao de alguém como ele.

    Enquanto isso, Jin se levantou lentamente, limpando a neve de suas roupas com um olhar desinteressado e sem demonstrar nenhum incômodo com o ataque anterior. Ele caminhou até as mochilas caídas e as pegou, ignorando completamente a dor que Zhen esperava ter causado.

    Xiao Ning aproveitou a distração para se libertar da armadilha, usando sua espada para cortar os pilares de terra ao seu redor. Ela retomou o ataque, mas seu foco foi interrompido por um som alto. Quando ela olhou para trás, viu uma enorme parede de terra desmoronando sobre sua irmã.

    “Mei!” Ning gritou, seu coração apertado pelo pânico.

    ***

    Para evitar ser enterrada viva, Mei não teve outra escolha além de usar toda a essência que ela conseguia reunir para criar uma poderosa corrente de ar capaz de segurar a parede de terra por tempo suficiente para ela conseguir escapar da armadilha mortal.

    Ela se apoiava na espada, suas pernas trêmulas pela exaustão. Apesar de sua determinação, ela sabia que estava no limite. Ela viu alguém se aproximando, para sua sorte não era seus inimigos.

    Quando eles chegaram perto dela, ela viu suas expressões preocupadas deixando claro o que pensavam.

    “Mei, precisamos ir,” disse Chen Bo, olhando para trás onde os discípulos da Terra ainda estavam em perseguição. “Não podemos continuar assim.”

    “Não!” Mei ergueu a voz, suas mãos tremendo em torno do cabo da espada. “Eu não vou fugir!”

    Antes que pudesse continuar, Xiao Ning agarrou o braço da irmã e começou a puxá-la para longe. “Não seja teimosa! Não podemos morrer aqui!”

    Relutante, Xiao Mei permitiu-se ser arrastada.

    Jin seguiu eles por trás, mesmo sendo o mais lento do grupo, ele conseguia manter uma distância razoável dos perseguidores.

    Os discípulos da Espada Voadora subiram a montanha apressados, mas então Chen Bo avistou algo que fez seu coração afundar.

    “Maldição, mais pessoas…” ele murmurou, apontando para um grupo que se aproximava.

    Quando chegaram mais perto, ele reconheceu as vestes azuis que brilhavam sob a luz pálida da neve. Seus olhos se arregalaram em reconhecimento.

    “Eles são da Seita do Lago da Serenidade!”

    As palavras ressoaram como trovões entre o grupo. Liang Wei, Lian, Ning e Mei se entreolharam, suas expressões refletindo um misto de choque e apreensão. Encontrar uma das cinco seitas mais poderosas de Zaguhan ali, naquele momento, era uma má sorte que ninguém poderia prever.

    ***

    O corpo de Tristan girava enquanto ele caia. Antes que sua velocidade de queda pudesse aumentar a níveis perigosos, ele guiou a essência de Escuridão de seu núcleo para suas mãos, estendeu seus braços e cravou seus dedos na rocha. Ele rangeu os dentes com os ferimentos que surgiram em seus dedos enquanto tentava parar sua queda.

    Após alguns segundos ele finalmente parou e conseguiu se manter firme na parede da montanha.

    ‘Maldição!’

    Ele estava irritado com sua má sorte por ter encontrado uma besta no meio do nada.

    Tristan olhou para baixo, havia algumas centenas de metros até o chão, ele estava aliviado por ter reagido a tempo. Ele soltou um suspiro, e cravou seus pés na parede e então olhou ao redor. Depois de observar uma rocha grande o suficiente para ele ficar não muito longe da onde ele estava, ele começou a se deslocar até lá.

    Depois de subir na rocha e a primeira coisa que ele pensou foi:

    ‘Cachorro desgraçado.’

    Ele pensou em como adoraria dar o troco para aquela criatura, mas lembrando de sua grande figura ele achou melhor torcer para não cruzar seu caminho com aquilo de novo.

    Tristan retomou sua viagem pela lateral da montanha, seus sentidos estavam em alerta, ele olhava para cima constantemente e mantinha seus ouvidos atentos. Ele acreditava que caso aquela situação se repetisse, dessa vez ele seria capaz de reagir rápido o suficiente. Felizmente suas preocupações se mostraram desnecessárias quando ele conseguiu ir para um lugar mais seguro sem passar por outras eventualidades.

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