Capítulo 781: Parceria
Nick compreendia os Protetores.
Todos seguiam a Braço Esquerdo porque ela liderava pelo exemplo.
Ela ajudava a humanidade, e sua atitude os inspirava.
Nick sabia disso porque ele também se sentia inspirado por ela.
— O Pesquisador Invejoso está morto — a Braço Esquerdo falou com uma voz séria enquanto olhava para os pesquisadores.
Então, várias folhas de papel apareceram diante deles.
— Analisem todos esses novos avanços. Precisamos ter certeza — ela ordenou.
Os pesquisadores quase não conseguiam acreditar que o Pesquisador Invejoso estava morto, mas ainda assim seguiram as ordens da Braço Esquerdo.
Os Escudos aguardaram por meia hora enquanto os pesquisadores liam sobre os novos avanços.
Eventualmente, os pesquisadores disseram que haviam terminado.
Todos olharam para Nick.
— Nada — Nick confirmou.
Estava confirmado!
O Pesquisador Invejoso estava realmente morto!
— Espalhem a notícia — ordenou a Braço Esquerdo. — Todos agora estão autorizados a compartilhar conhecimento uns com os outros.
Esse era um momento monumental!
A humanidade havia se livrado de uma de suas maiores correntes.
E ainda assim, Nick franziu a testa.
“Um pouco tarde, não?” pensou Nick, ao sentir o Sol olhando para ele mais uma vez.
Nick lançou um olhar para o Campeão, que parecia um pouco distraído.
“Estão conversando?” ele pensou.
— Cuide de tudo — disse o Campeão à Braço Esquerdo.
— Cuidarei, Campeão — ela confirmou. — Você fez um bom trabalho. É digno de seu título como o Campeão da Luz.
O Campeão apenas assentiu.
— Julian — Nick ouviu o Campeão falar em sua mente.
— Sim, Campeão? — Nick transmitiu de volta.
— Venha comigo — ele ordenou.
Nick franziu a testa e seguiu o Campeão em silêncio.
Normalmente, alguém pensaria que o Campeão estava prestes a elogiá-lo por sua contribuição, mas Nick sabia que isso não aconteceria.
Os dois entraram na sede da Égide e foram até o escritório do Campeão.
A porta se fechou atrás deles, e os sentidos de Nick foram isolados.
O escritório do Campeão podia ser completamente isolado de qualquer tipo de percepção.
Claro, a nova janela também estava coberta pelas paredes.
Quando o escritório estava nesse estado, nem mesmo a Braço Esquerdo conseguia sentir o que acontecia lá dentro.
O que quer que o Campeão quisesse fazer com Nick não era algo que queria que ninguém soubesse.
“Matar-me agora não faz sentido. Esse seria o pior momento imaginável”, pensou Nick.
“A coisa que ele mais teme é ser exposto, e me matar depois de eu ter contribuído tanto seria impossível de justificar perante os outros Escudos.”
“Isso tem relação com a conversa dele com o Sol?”
O Campeão foi até seu trono e se sentou.
Por vários segundos, apenas olhou para Nick, que retribuiu o olhar com uma expressão neutra.
— O que é a humanidade para você? — perguntou o Campeão.
Essa era uma pergunta complicada.
Nick supostamente era um Espectro, mas também deveria trabalhar para a Égide.
Responder que a humanidade era apenas uma ferramenta trairia sua aliança, enquanto dizer que era uma aliada trairia sua identidade como Espectro.
Como Espectro, deveria buscar apenas seu próprio benefício, mas como membro da Égide, deveria ver a humanidade como sua aliada.
— Parceiros — respondeu Nick.
E foi só isso que ele disse.
Ao mentir, falar demais era prejudicial.
Pessoas honestas davam respostas curtas a perguntas simples, pois não sentiam necessidade de explicar ou justificar suas ações.
— Apenas parceiros? — perguntou o Campeão após alguns segundos, com os olhos semicerrados.
— Se eu dissesse qualquer outra coisa, acabaria mal para mim — disse Nick. — Se eu disser que trabalho pela humanidade, você pensaria que estou mentindo, já que sou um Espectro, e Espectros sempre querem o que é melhor para si. Se eu dissesse que ela é uma ferramenta, estaria traindo minha parceria com a Égide.
— O que eu penso não importa. Só importa o que eu digo.
O Campeão olhou para Nick em silêncio por um tempo.
— Como Espectro, você deveria se interessar apenas por si mesmo. Como a humanidade pode confiar que você não a trairá? — perguntou.
— Porque eu não sou estúpido — respondeu Nick.
O Campeão franziu a testa enquanto Nick continuava explicando.
— Conquistar novos clientes é várias vezes mais difícil do que manter os antigos. Além disso, clientes recorrentes representam a maioria do lucro.
— De certo modo, a Égide e a humanidade têm sido clientes dos meus serviços. A Égide é um cliente recorrente sólido, e nossa parceria já rendeu frutos para ambos várias vezes.
— Nos últimos cinco anos, trabalhei com vários Protetores, o que fez meu poder avançar drasticamente. Quem mais pode me oferecer algo assim?
— Trair a humanidade seria trair meu próprio crescimento e sobrevivência.
— Trabalhando com vocês, eliminei meu maior predador. A Égide tem o monopólio de uma mercadoria da qual preciso desesperadamente. Humanos.
— E eu também não sou o único Espectro que pensa assim — disse Nick.
O Campeão sabia a quem Nick estava se referindo.
O Falso Profeta.
O único Adversário com quem a Égide precisava trabalhar.
A Égide suprimiu o Falso Profeta?
Não.
O Falso Profeta estava ali voluntariamente.
Sempre que um humano poderoso trabalhava com o Falso Profeta, ele pronunciava uma profecia.
Em 50% das vezes, a profecia se tornava realidade.
Em 50%, não.
Ainda assim, a profecia sempre envolvia algo significativo.
Uma cidade seria destruída.
Um Protetor morreria em batalha em breve.
Um Caído ou Demônio no Pináculo escaparia.
À primeira vista, isso parecia uma ferramenta útil.
Se não fosse pelo fato de que instâncias frequentes de trabalho com o Falso Profeta levavam a um aumento nas catástrofes globais.
Quanto mais a humanidade trabalhava com ele, mais tragédias ocorriam.
Mais Demônios escapavam.
Cidades eram destruídas com mais frequência.
O motivo pelo qual era chamado de Falso Profeta não era porque suas profecias estivessem erradas metade das vezes.
O nome vinha do fato de que ele não apenas previa as coisas.
Ele as previa e então fazia com que se tornassem realidade por meio de seus poderes.
Mais ainda: quanto mais poderoso era o Extrator que trabalhava com ele, mais devastadoras eram as profecias.
Trabalhar com ele era extremamente arriscado para a humanidade, mas era o único Adversário da humanidade.
Assim como Nick, o Falso Profeta tinha uma parceria com a humanidade.
Oferecia Zephyx e crescimento aos Escudos, mas em troca, podia causar desastres e se tornar mais poderoso.
O Campeão olhou para Nick por um tempo.
— Suas respostas são muito parecidas com as minhas — ele disse.
— Alguém me fez essas mesmas perguntas uma vez, e eu dei uma resposta parecida.
Nick percebeu aonde isso estava indo.
“Já é hora?”
— Julian, você estaria interessado em um novo parceiro de negócios?
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