Capítulo 15 - Apresentação Parte 1

O sujeito de cabelo preto curto finalmente diminuiu sua aura intimidadora e desviou o olhar dos garotos. A pressão se dissipou, e finalmente Einar e Jaro conseguiram relaxar nas cadeiras, soltando o ar que nem tinham percebido estar prendendo.

Jaro se sentia realizado. Pela primeira vez, havia sentido sua mana… e conseguido usá-la eficientemente.

Então isso é mana…

Mas, a empolgação logo deu lugar a um pensamento mais urgente: a mulher de cabelos brancos.

Ei! Você consegue me ouvir?

Silêncio.

Droga… Esqueci de perguntar o nome dela. Mas como ela consegue falar dentro da minha mente?

Antes que pudesse se perder mais nos próprios pensamentos, a voz de Kyle o puxou de volta à realidade.

— Como podem ver, além de mim e do professor Cole, vocês terão aulas com esses três — anunciou Kyle, lançando um olhar ao homem forte de cabelos pretos, dando-lhe um sinal para continuar.

O homem soltou um suspiro pesado, como se já estivesse cansado antes mesmo de começar.

— Que chatice… Eu sou Jason Rudd. Vocês terão aulas de combate físico comigo. — Sua voz era grave, e o tédio estampado em sua cara deixava claro que ele preferia estar em qualquer outro lugar.

Ao lado dele, a mulher de cabelos castanhos longos bufou e colocou as mãos na cintura, com um sorriso sarcástico nos lábios.

— Nossa, mas que jovens feios! Sério, a maioria de vocês são horrorosos. — Ela riu, sem nem se importar com os olhares confusos e ofendidos que recebeu. — Ainda bem que me pagam bem, senão… eu mataria vocês só por serem tão feios. Podem me chamar de: Amélia Moreau.

Um silêncio desconfortável se instalou.

Ela é maluca. Todos pensaram ao mesmo tempo. Até Jaro sentiu um arrepio subir pela espinha.

A última a se apresentar foi uma mulher de cabelos loiros curtos, de expressão inquieta. Diferente dos outros dois, ela parecia genuinamente interessada nos alunos.

— Prazer, queridos alunos. Eu sou Olivia Beaumont. — Sua voz era firme, mas acolhedora. — Eu os ensinarei a arte da guerra. Estratégias, táticas pra obter informações e espionagem.

Kyle bateu palmas, chamando a atenção de todos. Os professores se sentaram em cadeiras próximas ao palco, deixando apenas ele de pé.

— Prestem atenção. Antes de qualquer coisa, vou explicar sobre as identidades cravadas no peito esquerdo de vocês. Quero que todos ativem agora.

Os jovens assentiram e disseram “Menu” em voz alta.

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Sistema Moong

∴: Codinome: 102

∴: Idade: 14 anos

∴: Mana: >58<

∴: Hierarquia: ?

∴: Classe: Guerreiro Secundário
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Ainda parece um pouco com um jogo… Jaro pensou, observando a interface surgir diante de si.

Kyle esperou alguns segundos antes de continuar:

— Existe uma forma mais discreta de ativar a identidade. Em vez de falar, basta focar na palavra “Menu” em seus pensamentos. No começo pode ser difícil, mas treinar isso ajudará na concentração.

Ótimo, mais uma coisa pra treinar. Reflitiu Einar.

Kyle deu uma pausa, depois seguiu: — As runas de identificação servem para registrar vocês dentro do reino, no clã Moong e também para rastreamento… caso algum engraçadinho pense em fugir.

Os alunos trocaram olhares.

Rastreamento? Então eles sabem exatamente onde estamos o tempo todo? Pensou uma garota de cabelos ruivos, sentindo um arrepio.

— Além disso, como estão vendo, elas exibem informações como seu número de registro, idade, nível atual de mana e sua posição dentro do Clã Moong.

Kyle, varreu o olhar nos alunos.

— A numeração e a posição foram inseridas manualmente, mas o restante das informações foi analisado automaticamente pela runa. Ela pode medir com cem porcento de precisão sua idade e sua quantidade de mana atual.

Elas podem medir nossa mana com tanta precisão assim? Isso é meio assustador… Pensou, um garoto moreno, franzindo a testa.

Kyle, então estreitou os olhos.

— No entanto, a runa tem um limite. Ela só consegue medir mana até a patente de segundo grau. Não é que nossa tecnologia ou a de outros não consiga ir além… Mas, a partir desse nível, medir mana externamente se torna desnecessário, já que vocês mesmos serão capazes de senti-la e medir tanto a sua quanto a dos outros. Porém, cuidado todos os guerreiros experientes podem ocultar suas verdadeiras forças.

O professor respirou fundo e continuou: — Enquanto estiverem no Clã, essa runa continuará servindo para identificar vocês. Para mostrar sua identidade a um superior ou funcionário qualificado, basta pensar e o menu surgirá pra eles. Caso tenham dificuldade, podem tocar na tela, e as informaçãos serão exibidas automaticamente pra quem vocês quiserem.

Ele deu um passo à frente, lançando um olhar afiado para os alunos.

— Alguma dúvida?

Os alunos se entreolharam, alguns ainda absorviam tudo.

Esse sistema é incrível… mas também parece uma coleira invisível. Jaro pensou.

— Agora darei a palavra ao senhor Jason. — O professor Kyle se afastou, sentando-se entre os outros professores. Enquanto isso, Jason avançou, sua presença imponente preenchendo o espaço.

Ele cruzou os braços e lançou um olhar afiado para as crianças.

— Tampinhas, todos vocês receberam um guarda de primeiro grau, um quarto, roupas e comida dos seus mercadores. Se sentem privilegiados? Isso significa que eles esperam grandes coisas de vocês. Gastaram muito dinheiro e querem retorno. Não se esqueçam disso.

O silêncio pesou na sala. Jason continuou: — Vou explicar como as coisas funcionam no Distrito Azul e qual será a utilidade de vocês. O clã Moong está ligado a duas guildas de mercenários. Essas guildas recebem missões de todo tipo, mas, principalmente, para eliminar monstros e criminosos. E é exatamente isso que vocês vão fazer.

As crianças se encolheram ao ouvir “monstros” e “criminosos”. Jason percebeu o medo no ar e soltou um suspiro.

— É óbvio que não vamos jogar vocês nessas missões sem treinamento. Além disso, vocês estarão em equipes de cinco ou seja teremos quatros equipes no total e na entrada do prédio, como vocês viram tem uma secretária sênior que vai mostrar as missões disponíveis para o nível de vocês.

Jason se virou para o enorme quadro, ergueu a mão direita, que brilhou em um tom avermelhado, e palavras começaram a surgir na superfície do quadro.

— Com base nas informações que reunimos sobre vocês, essa é a melhor formação para equilibrar os poderes.

No momento, que todos observaram as informações no quadro ficaram em choque. As reclamações foram imediatas. Murmúrios cresceram até se tornarem protestos e insultos. Muitos detestaram a formação.

— Não acredito que vou ficar no time desse fracote! — resmungou Lopez, ajeitando o topete.

— Fracote?! Tá maluco? Vou te encher de porrada! — Liam, um garoto de cabelo raspado dos lados, agarrou a gola da camisa de Lopez, pronto para a briga.

— Ótimo… é exatamente isso que eu precisava. Ficar preso com um bando de amadores — comentou Trevor.

— Amadores?! Tu é bom no quê mesmo? Fugir?

— Cala a boca, ninguém aguenta mais essa tua voz irritante!

— Ei, eu devia estar numa equipe melhor. Cês tão me deixando prá trás!

— Ah, claro, o gênio subestimado. Só esqueceram de avisar que você não serve pra nada.

— O que você disse?!

Já a Alice suspirou, lançando um olhar de puro desgosto para Jaro.

Não acredito que vou ficar no mesmo time que esse louco.

Peter, ao contrário, abriu um sorriso satisfeito. Estar no mesmo time que Jaro parecia a sorte grande. Os outros membros da equipe 3 ainda não sabiam o que pensar.

Jason observava a confusão de braços cruzados, com um sorrisinho impaciente nos lábios.

— Eu me perguntava até quando vocês iam se segurar antes de começarem a reclamar. Pelo visto, não demorou muito…

Jason, numa velocidade absurda desapareceu e reapareceu entre Liam e Lopez, segurando a cabeça de ambos.

— O que diabos você tá fazendo, desgraçado?! — gritou Lopez.

Sem responder, Jason os ergueu no ar e os jogou brutalmente no chão. O impacto ecoou pela sala.
Lopez e Liam, ficaram desacordados no chão.

— Vocês esqueceram quem manda aqui?

Ao ver toda a cena e ouvir as palavras de Jason, todos acalmaram os nervos.

— Membros da equipe 1, quando eles acordarem, expliquem o que perderam.

Os membros da equipe 1 apenas assentiram com a cabeça. Jason, andando calmamente, voltou para o palco.

— Agora que se acalmaram, irei continuar a explicação. Como eu ia dizendo… não vamos enviá-los sem treinamento. — Nessa hora, Jason sorriu de leve. — Mas, daremos um mês para vocês se fortalecerem e pegarem a primeira missão.