Capítulo 2: O Precioso Quadro em Branco

“Fui enganado!”

Uma onda de fúria percorreu o coração de Adam antes que ele corresse apressadamente na direção oposta.

No entanto, ele não foi muito longe antes que uma rajada de vento viesse de trás, e ele fosse envolvido por uma rede metálica, seguida de uma gargalhada triunfante.

— Haha! Ninguém escapou do poderoso Aranha até hoje!

A outra extremidade da rede metálica estava conectada a um lançador, instalado no braço mecânico de um dos homens.

— Muito bem, vamos ver quanto você vale!

A força de tração do braço mecânico arrancou Adam do chão e o arrastou diretamente até o homem, fazendo-o cair ao chão com um baque surdo.

— Oh, que corpo saudável! Olha só a pele dele! Com certeza vai render um bom preço.

Os olhos de Aranha brilharam ao ver o rosto de Adam, e ele sacou um cartão eletrônico com um pino acoplado, cravando-o diretamente no braço de Adam. Uma série de estatísticas corporais apareceu rapidamente no cartão.

— Índice de saúde dos órgãos internos: 100, índice de saúde cerebral: 100, índice de saúde do sangue: 100, zero acúmulo de placas nas paredes dos vasos, índice de saúde óssea…

Ao ver os dois primeiros parâmetros, um sorriso de satisfação surgiu no rosto de Aranha, mas quanto mais estatísticas apareciam, mais sua expressão se tornava de choque, e no final, havia até um traço de medo em seus olhos.

— E aí? Ele com certeza vai render um bom preço, não vai? — Cachorro Velho estava por perto e não podia ver as estatísticas, mas também percebia que tinha encontrado um verdadeiro tesouro. — Eu deveria receber pelo menos uns 20 mil, não, 50 mil, certo? Ou então você pode me dar o Paraíso V. Ouvi dizer que o modelo mais novo consegue ler os desejos diretamente e até estimular o cérebro a secretar mais dopamina! Desta vez, quero um harém inteiro de mil beldades me servindo ao mesmo tempo! — A voz de Cachorro Velho foi sumindo enquanto ele caía na gargalhada.

Aranha encarou as estatísticas em silêncio por um momento, depois olhou ao redor para as outras pessoas na passagem. Eles tinham feito bastante barulho, e muitos já estavam atentos à situação, vários mendigos olhavam em sua direção.

Aranha ponderou por um instante, então assumiu uma expressão generosa e disse:

— Esse aqui realmente é uma descoberta maravilhosa, vai me render uma bela grana. Todo mundo aqui vai ganhar uma parte!

Ele lançou um olhar significativo ao seu subordinado e continuou:

— Dê a todos um dispositivo da série Sonho e dê ao Cachorro Velho um da série Paraíso.

— Chefe, tem certeza…

Aranha sempre fora extremamente mesquinho, e diante desse gesto inesperadamente generoso, o subordinado ficou sem saber como reagir.

— Chega de papo! Vai logo!

Sob as ordens de Aranha, um brutamontes tirou de uma mochila algumas esferas metálicas do tamanho de bolas de pingue-pongue e começou a distribuí-las entre os mendigos que ainda estavam acordados.

Após receberem essas drogas psicológicas, muitos dos viciados entraram no estado de sonho o mais rápido que puderam. No entanto, dois mendigos bastante cautelosos e alertas olharam para as esferas metálicas com expressões desconfiadas.

— O que foi? Por que ainda não usaram? — Aranha perguntou com um sorriso, aproximando-se dos dois.

— Alguém precisa ficar de vigia à noite, então nem todos podem dormir…

Os dois mendigos estavam sendo cautelosos, mas mantinham sorrisos bajuladores no rosto.

— Entendi. Eu sou um homem bondoso, então queria que vocês morressem de forma mais confortável… mas acho que não tem jeito.

Aranha agarrou a cabeça de cada um com uma de suas grandes mãos mecânicas enquanto falava, e apertou com força antes que tivessem tempo de gritar.

Sob seus dedos grossos e robustos, as cabeças deles explodiram instantaneamente com um estrondo alto, como melancias esmagadas por uma prensa hidráulica, espalhando plasma e fluido intracraniano por todo lado.

— Queimem este lugar. Não deixem ninguém vivo!

Com essa ordem de Aranha, um incêndio foi imediatamente iniciado na imunda passagem abandonada.

Todas as pessoas e criaturas vivas ali dentro seriam reduzidas a cinzas por aquele inferno.

No caminho de volta, várias picapes seguiam por uma estrada deserta e estreita, tentando evitar a Guarda Mecânica.

— Por que você fez isso, Chefe? Ninguém vai vingar esses mendigos, mas depois de matar tantos de uma vez, a força policial robótica com certeza vai abrir uma investigação. Vale mesmo a pena só por um ‘estoque’?

— Vale a pena? Pode apostar que sim! — Aranha lançou um olhar empolgado para o banco de trás, certificando-se de que Adam estava são e salvo, então continuou com entusiasmo: — Sabe o que ele é? Ele é um quadro em branco, dos mais puros! Um adaptador avançado que nem mesmo os nobres conseguem comprar! Se conseguirmos concluir esse trabalho sem falhas, nós dois podemos nos tornar imortais!

— Um quadro em branco? Que porra é essa?

— Hehe, você nunca lidou com algo tão avançado. Depois eu te explico…

Thump!

Bem na hora em que Aranha estava prestes a continuar, as três picapes foram lançadas no ar ao mesmo tempo, como se tivessem colidido com uma pedra gigantesca, o impacto violento fez seus corpos se chocarem dentro da cabine junto com o próprio veículo.

Como o corpo de Adam estava completamente amarrado no banco traseiro, ele sofreu um ferimento na cabeça durante a queda. Felizmente, antes que o caminhão batesse no chão, uma figura ágil cortou a cabine ao meio e o puxou para fora, impedindo que morresse no impacto.

Um estrondo alto soou quando a picape caiu no chão. Adam já estava seguro neste momento, enquanto Aranha saía debaixo do veículo em estado de desespero.

— Quem são vocês? — Como ciborgue, os ferimentos de Aranha naturalmente não eram muito graves. Ao sair debaixo da picape, lançou imediatamente o olhar para as duas pessoas que haviam resgatado Adam. — Vocês são o Tanque e a Aranha Vermelha da loja de penhores! A loja de penhores não trabalha só com negócios legais? Por que estão me roubando um produto?

— Isso mesmo, só lidamos com negócios legítimos — o que significa que estamos salvando alguém de você, não roubando!

Quem havia salvado Adam era uma mulher. Ela o colocou no chão enquanto falava e, com um movimento casual, enfiou as mãos nos bolsos ao mesmo tempo em que abria as oito pernas de aranha afiadas que se projetavam de sua coluna.

Ela caminhou tranquilamente até Aranha e continuou:

— Já gravei a cena em que você matou aqueles mendigos e enviei as imagens para a força policial robótica. Tendo matado tanta gente, com certeza você vai pegar pena de morte! Para falar a verdade, já queria ver você morto fazia tempo. Como pode haver duas aranhas na mesma cidade ao mesmo tempo, ainda mais quando uma delas é um lixo? Não concorda?

— Sua vadia!

A essa altura, não havia mais espaço para palavras, e Aranha atacou primeiro — lançou uma rede mecânica pelo braço, enquanto o módulo mecânico em seu ombro rapidamente se transformava, formando uma metralhadora que começou a disparar uma saraivada de balas.

— Nossa, que módulo de energia mais antiquado! E que método de ataque primitivo! Não dá pra gastar um pouco mais e melhorar esses membros protéticos de quinta?

Uma voz sedutora escapou dos lábios da Aranha Vermelha, e Adam observou enquanto as oito pernas de aranha nas costas dela destruíam instantaneamente a rede metálica que vinha em sua direção — junto com todas as balas disparadas.

Durante todo esse processo, as mãos da Aranha Vermelha permaneceram nos bolsos de seus shorts justos.

Para provocar ainda mais, ela até bocejou, demonstrando tédio.

— Lutar com você não tem graça nenhuma! Deixo o resto com você, Tanque. Esmague os braços e as pernas deles, mas sem matar ninguém!

— Beleza!

Um homem enorme e musculoso se aproximou pelo lado, destruindo metade do corpo de Aranha com um único soco antes de rasgar as picapes com as próprias mãos e transformar os passageiros em tetraplégicos na mesma hora.