Índice de Capítulo

    Os raios do sol da manhã atravessaram os vidros da janela de um quarto,  iluminando uma enorme cama onde três belas e jovens mulheres dormiam tão profundamente que nem os raios do sol pareciam ser capazes de despertá-las.

    Fora e do lado da cama, Ken vestia suas roupas pretas, colocou seu manto escuro e finalizou ao amarrar seu longo cabelo em um rabo de cavalo.

    Após terminar de se preparar, simplesmente andou até a porta e abriu.

    “…”

    No momento em que abriu, se deparou com um grupo de mulheres paradas no corredor rodeando sua porta, todas elas estavam com um estranho brilho de curiosidade em seus olhos, e talvez, expectativas.

    Estas mulheres eram as cortesãs do bordel [Prazer dourado], que, por alguma razão, de manhã, estavam reunidas ao redor de seu quarto.

    “…”

    Sem parecer surpresa e sem demonstrar nenhuma mudança de expressão, Ken apenas passou por elas, ignorando-as e andando em direção a escadaria.

    “…”

    No caminho, ele se deparou com a gerente que antes o havia oferecido um salão privado. Antes de passar por ela, Ken a cumprimentou com um aceno de cabeça e então deixou o andar.

    Como se tivessem esperando por isso, as cortesãs reunidas no corredor imediatamente começaram a entrar no quarto e andaram até a cama onde as três jovens se encontravam dormindo.

    “Hm…”

    No mesmo instante, talvez pelo barulho que as outras cortesãs fizeram ao entrar, as mulheres na cama começaram a acordar uma por uma.

    “!…”

    Mas assim que estavam quase sóbrias e olharam para cima, se surpreenderam e quase gritaram de susto ao verem o aglomerado de mulheres que se aproximavam delas. 

    Quando as cortesãs chegaram até elas, uma delas pegou as mãos de uma das cortesãs na cama e falou.

    “Ei, o que foi aquilo da noite passada? Não sabia que alguém podia gemer tão alto!”

    “?”

    A cortesã na cama apenas encarou a outra cortesã com uma expressão confusa, como se tivesse lutando para processar o que ela queria dizer com aquilo, afinal, elas haviam acabado de acordar agora, então seu cérebro ainda não estava trabalhando direito.

    “Foi tão bom assim?”

    “O que aconteceu?”

    “Vocês gemeram tão alto noite passada!”  

    Mas as outras cortesãs nem deram chance delas poderem se recuperar da sonolência e começaram a inundá-las com perguntas.

    “Que técnicas ele usou?”

    “Ele era grande?”

    “Vamos, contem-nos tudo!”

    As três mulheres na cama não sabiam o que fazer ou responder com a enxurrada de perguntas que chegavam uma após a outra, elas já nem estavam mais sonolentas por causa da confusão, estavam apenas confusas com tudo.

    “Dêem espaço para elas.”

    “?”

    “?”

    Mas foi então que uma voz fria cortou imediatamente a confusão e todas as cortesãs olharam todas para trás com medo, já sabendo quem poderia ser.

    “Ge-gerente?…”

    Perguntou uma das cortesãs na cama.

    “…”

    Ao invés de responder, a gerente começou a se aproximar da cama com passos calmos, e as cortesãs ao redor começaram a se afastar, dando espaço para ela passar.

    Quando a cortesã chegou até a cama, começou a olhar para uma das mulheres com olhos afiados como se estivesse tentando procurar algo nela, deixando-a desconfortável.

    Mas então de repente a gerente se inclinou para frente, seu nariz chegando na altura da boca da cortesã e começou a cheira-la, deixando a cortesã perplexa. Depois puxou um de seus braços e puxou toda a manga, revelando sua lisa pele que não tinha nenhuma marca de ferimento ou manchas, depois puxou outro, enquanto continuava analisando com seus olhos afiados.

    Quando seus olhos chegaram ao pescoço, a gerente percebeu quatro manchas vermelhas e ardentes, não demorou muito para ela perceber o que eram, então decidiu ignorar.

    Depois de examinar todos os cantos visíveis de seu corpo, a gerente levantou-se, e sem tirar os olhos dela, perguntou.

    “Vocês consumiram alguma coisa? Ou, ele obrigou-as a consumirem algo?”

    A pergunta não era apenas para ela, mas para as três na cama.

    “?”

    “?”

    “?”

    As três pareceram surpresas pela estranha pergunta da gerente, mas logo entenderam o que ela queria dizer. Drogas ou mesmo afrodisíacos são proibidas de serem utilizadas na maioria dos bordéis por causa de seus efeitos colaterais. 

    Eles podem dar prazer no momento da relação, mas o uso constante dela torna-se veneno, destruindo aos poucos o interior da pessoa e até chegando a fazer a pessoa perder o apetite sexual.

    Portanto, se uma cortã estiver sem reações durante o sexo, acaba por se tornar, em palavras duras, um produto defeituoso para os bordeis, o que poderia afastar os clientes.

    A princípio pode parecer lucrativo o uso de afrodisíaco, o que daria mais animação na hora da relação e isso acabaria por chamar mais clientes, mas não adiantaria o risco se o produto for perdendo rapidamente seu valor.

    É por isso que em grandes bordéis como o Prazer dourado proíbe fortemente o uso de afrodisíacos, principalmente o consumo de drogas que foram considerados crimes pelo atual prefeito.

    Quando as cortesãs sentadas na cama finalmente entenderam o que a gerente queria dizer, rapidamente começaram a negar.

    “Não, gerente, nós não consumimos nada.”

    “Sim! Ele não nos obrigou ou nos fez consumir nada suspeito.”

    “Sim! Ele simplesmente…foi com tudo…”

    A última pareceu envergonhada enquanto tentava explicar que a relação foi feita sem nada suspeito, lembrando-se da noite passada.

    “…”

    A gerente apenas ficou em silêncio enquanto observava suas expressões, como se estivesse analisando se elas estavam realmente dizendo a verdade ou não.

    “Haa…tudo bem, eu acredito em vocês.”

    A gerente então suspirou, finalmente acreditando nelas. Na verdade, a gerente já sabia que elas não haviam consumido drogas desde o momento em que entrou.

    “Mas…”

    Mas foi então que a gerente voltou a olhar seriamente para elas de novo, e perguntou, deixando-as nervosas.

    “Porque a vossa pele parece mais clara?”

    “O quê?…”

    As três mais uma vez ficaram confusas com a pergunta repentina, mas antes que tivessem a chance de responder, as outras mulheres as cercaram novamente.

    “Sim, a vossa pele está tão clara.”

    “Vossa pele sempre foi assim?”

    “Que eu saiba não, vocês realmente não usaram nada?”

    Diante das perguntas incessantes das cortesãs, a gerente teve que interferir.

    “Já chega, elas devem estar bastante cansadas depois da…noite intensa que tiveram, então vamos deixá-las descansar…”

    “Hum…”

    Dizia a gerente, preocupada com elas, mas antes que pudesse terminar, uma das cortesãs na cama levantou a mão para falar.

    “Na verdade…estranhamente, não me sinto tão cansada. Não, na verdade, até que me sinto bem.”

    Disse ela, como se tivesse procurando palavras para dizer.

    “Hm? Sério? Você está realmente bem? O que queres dizer?”

    Perguntou a gerente, curiosa pelo que a cortesã acabou de revelar. 

    ‘Agora que vejo, elas não parecem tão cansadas…’

    Ela achou que depois daquela noite agitada de ontem as três estariam mentalmente e fisicamente esgotadas, mas ao vê-las agora, pareciam estranhamente bem.

    Para responder a dúvida da gerente, uma das cortesãs respondeu.

    “Não sei bem como explicar, mas, recentemente, vinha me sentindo cansada e meu corpo parecia pesado. Mas agora, estranhamente, sinto como se meu corpo tivesse se tornado tão leve.”

    Disse ela, tentando explicar o que sentia, e outra respondeu.

    “Sério? Você também está sentindo isso? Mas além de sentir meu corpo leve, também sinto minha mente mais clara.”

    Outra também respondeu.

    “Eu vinha me sentindo bastante deprimida, mas agora me sinto bem.”

    Cada uma delas, para além de suas peles terem se tornado mais claras, também demonstram estranhos sinais de melhora de saúde, tanto física quanto mentalmente.

    A gerente, ouvindo e vendo tudo isso, só conseguia pensar em uma coisa.

    ‘O que está acontecendo aqui?’

    §§§§

    O pecado da luxúria tem a habilidade de restaurar a estamina e a energia vital após ter relações sexuais com uma mulher, mas por causa do emblema amaldiçoado, esta capacidade acaba se tornando limitada, então ao invés de uma, Ken é obrigado a ter relações com diversas mulheres.

    ‘Minha energia vital chegou apenas aos 51%, ainda é pouco.’

    Pensou Ken.

    Ao enfrentar a mulher que encontrou no castelo do monte da neve azul, a mulher chamada Crystalline, Ken foi obrigado a utilizar grande parte de sua energia vital para ativar o raio branco para enfrentá-la, então agora ele precisava repor esta energia vital que foi gasta dormindo com as mulheres do bordel.

    A noite no bordel não apenas restaurou sua energia vital, mas enquanto dormia, o pecado da preguiça curou alguns ferimentos internos e externos.

    O pecado da luxúria não restaura apenas a vitalidade de Ken, mas também da parceira com quem teve relações sexuais, se Ken consegue restaurar sua enrgia yin, as mulheres recebem sua energia yang, e Ken possuia uma quantidade grande de energia yang depois de executar a técnica de modificação corporal com a enrgia vital da besta divina Fenrir.

    Então, ambos são beneficiados após a relação sexual.

    Após Ken deixar o bordel Prazer Dourado, começou a se afastar do ponto do prazer, indo mais para o sul. Se você for mais para o sul depois de deixar o ponto de prazer, você chega até a área mais pobre e perigosa da cidade, a favela.

    As ruas eram sujas com casas e edifícios que pareciam ter mais de duzentos anos sem receber manutenções, quase aos escombros. As ruas estavam quase vazias, apenas algumas pessoas que vestiam roupas esfarrapadas podiam ser vistas. Alguns eram tão pobres que nem tinham casas para morar e simplesmente dormiam nas calçadas.

    Também haviam pessoas de aparências suspeitas espreitando pelos becos. Com sua altura e com o capuz escondendo seu rosto, Ken chamava bastante atenção das pessoas, como se não pertencesse a aquele lugar.

    Mas Ken ignorou seus olhares curiosos e hostis e simplesmente continuou a andar pela favela como se estivesse procurando por algo.

    Depois de andar por alguns minutos atravessando algumas ruas, ele chegou até uma residência feita com apenas alguns pedaços de madeira, com a entrada coberta com panos rasgados e sujos, ao invés de uma porta.

    Chegando até a entrada, Ken levantou o pano e deu uma olhada dentro da pequena residência improvisada, o interior era tão pequeno que Ken nem podia caber lá dentro, haviam caixas que pareciam ser usadas como assentos e cinco panos que pareciam ser usados para deitar.

    Sem móveis, apenas restos de objetos que poderiam ser usados no dia a dia.

    “…”

    Isto era claramente uma residência improvisada feita de restos, tão pequena para um adulto, mas que parecia obrigar mais de três pessoas, ou seja, crianças. Mas o lugar estava inabitado, como se fizesse dias que ninguém habitava.

    “Snif, snif.”

    Ken começou a cheirar o ar, percebendo o cheiro de coisas velhos e até de coisas podres, mas também havia cheiros de pessoas novas, que ainda permaneciam nos objetos e principalmente nos panos.

    “Q-quêm é você?…”

    “?…”

    Foi então que uma voz fraca e cansada surgiu por trás, chamando sua atenção. Ken então largou o pano e olhou para trás, encontrando uma velha com costas curvadas e mesmo usando uma bengala ainda parecia lutando apenas para se manter em pé. Suas roupas eram um pouco decentes que as das pessoas da favela, mas ainda parecia fazer parte dela.

    Ela tremia parecendo com medo da presença de Ken, mas determinada o suficiente para enfrentá-lo e não fugir.

    “Porque você está aqui?…Por acaso você sabe onde as crianças que moram aqui foram parar?…Me responda!”

    “…”

    Ao invés de responder, Ken apenas ficou encarando-a durante um tempo, o que apenas aumentava o medo na velha ao ponto de ficar com as pernas dormentes.

    “Desde quando estão desaparecidas?”

    Perguntou Ken.

    “?”

    A velha pareceu confusa com a pergunta repentina de Ken, que contradizia com sua própria pergunta.

    “…”

    Mas, por alguma razão, aquele medo que ela sentia antes foi se dissipando, sendo substituída por uma estranha calma. Ela apertou a boca, suas mandíbulas tremiam enquanto tentava falar.

    “Hoje…fazem três dias. Coitados…elas eram apenas crianças lutando para sobreviver neste mundo cruel, mas…já fazem três dias que não os vejo…Onde será que foram parar?…Como pode…”

    A velha soluçava enquanto falava, as lágrimas se formando em seus olhos enquanto seu corpo fraco tremia.

    “…”

    Depois de ouvir o que queria, Ken começou a andar em sua direção e simplesmente passou por ela, deixando-a sozinha.

    “Você!…quem é você?”

    Assim que Ken passou por ela, a velha gritou, perguntando pela identidade de Ken. Ele parou, olhou pra cima do ombro, para a velha, e respondeu.

    “Alguém que vai trazer as crianças de volta.”

    Depois de dizer estas palavras, Ken voltou a andar, deixando a velha sozinha para trás.

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