Índice de Capítulo

    Dentro de um escritório escuro, o líder da guilda Martelo imortal, Magnus Holgersson, estava sentado em seu escritório com os pés sobre a mesa, enquanto fumava um cigarro.

    Na sua frente, curvado no meio do escritório, estava seu subordinado, o mesmo subordinado que o acompanhou até o castelo municipal e teve seu braço quebrado pelo Ken, que agora estava engessado e usava um suporte para imobilizar o braço.

    “Hm…”

    Magnus parecia pensativo enquanto olhava para o subordinado.

    “Como está seu braço?”

    Perguntou Magnus depois de soprar a fumaça que tragou, enchendo o espaço de fumaça branca.

    “A-ainda dói um pouco, mas obrigado pela preocupaç-”

    “Preocupação minha bunda.”

    “!”

    A voz fria de Magnus fez o subordinado se encolher de medo.

    “Este braço quebrado é um lembrete do quão patético você é. Não apenas perdeu para ele, como me colocou em uma situação vergonhosa. Espero que você sinta essa dor até o fim de sua vida.”

    Disse Magnus, seu tom de voz cheia de veneno.

    “E-eu lamento…”

    O subordinado se curvou ainda mais enquanto se desculpava com medo.

    “Você sabe que tem sorte de eu não ter me livrado de você, não sabes?”

    “Sim…”

    “Tens sorte de ainda seres útil para mim, entendeste?”

    “Sim, eu entendo…”

    A cada pergunta de Magnus, o subordinado respondia com peso no peito, sabendo que se o líder realmente quisesse, ele poderia desaparecer deste mundo sem ser capaz de fazer nada para evitar.

    “Agora que entendeste, responda às minhas perguntas se ainda quiseres continuar vivo.”

    Disse Magnus, voltando o cigarro à boca.

    “Sim, pode perguntar.”

    “Aquele garoto é o Lobo branco caolho dos rumores, certo?”

    “…Se formos analisar os antigos rumores e as capacidades dele ao derrotar o grupo Jager, as chances são bastantes altas, chefe.”

    Respondeu o subordinado, ainda olhando para o chão.

    “Sim, também acho. Agora, o que ele está fazendo neste momento?”

    “Os homens que coloquei para vigiá-lo disseram que depois de ter deixado o bordel hoje de manhã, ele foi direito para-”

    “Espera, ele passou a noite em um bordel?”

    Perguntou Magnus com pura curiosidade, cortando a fala do subordinado.

    “S-sim, pelo que parece, ele foi direto para lá assim que deixou o castelo municipal.”

    “…”

    Magnus tirou o cigarro da boca e começou a coçar o queixo, como se tivesse em um pensamento profundo.

    “Então, e o que ele fez lá?”

    Perguntou Magnus depois de pensar.

    “Bem…”

    O subordinado pareceu hesitante, como se tivesse medo de responder.

    “O que foi?”

    Magnus pareceu insatisfeito pela sua demora enquanto lançava um olhar furioso, fazendo o subordinado perceber seu erro.

    “D-desculpe, fiquei sabendo que ele apenas passou a noite com três cortesãs assim que entrou no bordel! Até disseram que foi uma noite tão intensa por causa dos gemidos das cortesãs que podiam ser ouvidos por quase todo bordel, quase a noite toda.”

    “…”

    Magnus ficou em silêncio por um momento sem reação depois de ouvir o que seu subordinado havia acabado de dizer, depois seu rosto se contorceu em descrença, como se estivesse se perguntando se realmente acabou de ouvir aquilo.

    “Você está brincando comigo?…”

    “!”

    Sentindo a fúria de Magnus, o subordinado caiu de joelhos e bateu com a cabeça no chão.

    “Não estou mentindo, Chefe! O que aconteceu ficou tão conhecido que passaram a chamá-lo de Domador da noite branca! Não me atreveria a mentir para o Senhor!” 

    Gritou ele, se justificando.

    “…”

    Magnus apenas ficou encarando-o.

    ‘Ele não parece estar mentindo.’

    Pensou ele, apertando a mão por cima da mesa com força.

    ‘Mas porque estou com raiva? Ciúmes? Eu posso dormir com a mulher que eu quiser, e estou com ciúmes de um garoto só porque ele tem mais estâmina que eu?’

    Magnus não sabia o que estava sentindo, mas uma coisa era certa, ele não estava gostando deste sentimento.

    “Haa…deixa para lá. Então, para onde ele foi depois de deixar o Prazer dourado?”

    Magnus suspirou para afastar a frustração e se recostou na cadeira enquanto lançava uma pergunta para o subordinado.

    “Sim.”

    o subordinado então se levantou e começou a falar.

    “Fiquei sabendo que ele foi até a favela.”

    “! Favela?”

    O rosto de Magnus ficou sério depois de ouvir o que o subordinado falou.

    “E o que ele está fazendo lá?”

    Perguntou em seguida.

    “Pelo que soube, ele apenas tem andando pelas áreas residenciais e nas ruas. É como se estivesse procurando por algo, mas ao mesmo tempo, não estava fazendo nada.”

    “Hm…será que ele está procurando pelas crianças desaparecidas? Embora o prefeito não tenha revelado nada, não vejo mais porque razão o prefeito o tenha chamado para conversar diretamente.”

    Magnus visitou o castelo municipal com a desculpa de fornecer ao prefeito informações sobre os monstros que rondavam a cidade. Como uma grande guilda, era uma ação natural que visava a proteção da cidade, mas o verdadeiro motivo da sua visita era saber o porquê dele ter chamado Ken para seu escritório, aquele que derrotou o grupo Jager.

    Ele ficou ainda mais desconfiado porque Ken o desafiou abertamente e sem esconder sua hostilidade, mesmo depois de revelar que era o líder da guilda Martelo imortal.

    “Não sei dizer, pois ele tem apenas rondando a favela, sem fazer mais nada.”

    Respondeu o subordinado.

    “Hum…”

    Magnus começou a contemplar, achando o comportamento de Ken bastante estranho.

    “Devo mandar os homens atrás dele?”

    Perguntou o subordinado, seu olhar sério e repleto de fúria, claramente querendo se vingar de Ken.

    “…”

    Magnus não respondeu de imediato, levantou da cadeira e andou até a janela, observando as ruas da cidade através dela. E então, falou algo que o subordinado não esperava. 

    “Deixem-o em paz.”

    “! Tem certeza?”

    A surpresa ficou evidente em seu rosto enquanto perguntava se o líder realmente tinha certeza de sua decisão.

    “Sim. Se enviarmos pessoas atrás dele, estaríamos aumentaremos lenha na fogueira caso ele esteja realmente procurando pelas crianças, e como ele não tem feito nada demais, não vamos aumentar as suspeitas.”

    “Então, o que o senhor irá fazer?”

    Diante da pergunta do subordinado, Magnus riu maliciosamente enquanto olhava para ele.

    “Não te preocupes, mesmo se ele achar o paradeiro das crianças, terá uma surpresinha esperando por ele.”

    Seus olhos brilhavam com um cintilante vermelho escuro.

    §§§§

    Ken continuava a andar pelas ruas da favela sem parecer ter um destino próprio, ele andava nas áreas mais povoadas, passava em igrejas, orfanatos e até perto de lugares perigosos onde os bandidos se reuniam. Às vezes, voltava a passar pelo orfanato, outras vezes nas áreas perigosas e voltava a andar pelas ruas.

    Não havia um padrão próprio, e as pessoas da favela começaram a ver ele como um louco que não sabia o que fazer na vida, pois ninguém sabia o que ele realmente queria. Nunca parava ou falava com ninguém, simplesmente andava como se estivesse inspecionando a favela.

    Depois de várias horas perambulando pelas ruas, Ken finalmente parou em um pequeno restaurante que parecia mais uma barraca de comida, mas que estava repleto de gente comendo comida barata.

    Ken sentou em um canto e pediu pela sua comida. Como esperado, a comida da periferia não era das melhores. O pão era duro e o ensopado parecia mais uma sopa gordurosa.

    Mas para Ken, que ficou comendo uma substância branca e nojenta durante cinco anos na Toca do inferno, pão duro e ensopado gorduroso não eram o suficiente para incomodá-lo.

    Após terminar de comer, Ken cruzou os braços, se recostou na cadeira e simplesmente ficou aí, como se estivesse descansando das horas que ficou andando. Horas se passaram e ele não se mexia, clientes entravam e saiam, riam alto, conversavam alto e até chegavam a brigar, mas nada foi o suficiente para incomodá-lo.

    Quando o sol já estava quase a se pôr, Ken finalmente se levantou, deixando as pessoas ao redor surpresas e simplesmente deixou o restaurante. Ele não voltou a perambular pela favela, ao invés disso, começou a andar para o norte, deixando a favela e chegando até o ponto do prazer, depois, foi direto para o bordel Prazer dourado.

    Quando Ken abriu a porta, como esperado, começou a chamar atenção das pessoas, mas simplesmente os ignorou e começou a andar na direção do balcão.

    “Ei, é ele?”

    “Sim…o cara que passou cinco horas intensas com três cortesãs.”

    “Que inveja, gostaria de ter sua estamina.”

    “O domador da noite branca, me pergunto o porque recebeu este apelido.”

    Quando Ken chegou até o balcão, tirou o capuz antes de falar com o homem por trás do balcão.

    Foi neste momento que as pessoas perceberem o porquê de Ken ter ganhado o apelido de domador da noite branca. Um homem de pele tão branca e cabelos platinados que dominou completamente a noite de ontem, o Domador da noite branca.

    Ken continuou ignorando os murmúrios das pessoas, depois retirou uma moeda de ouro do bolso.

    “Um quarto.” 

    Disse Ken enquanto botava a moeda de ouro do bolso por cima do balcão. O balconista passou alguns segundos olhando entre a moeda e Ken, depois guardou a moeda na gaveta, e com um sorriso, falou.

    “Claro, por favor, siga-me.”

    Finalmente, o balconista pediu para que Ken o seguisse e o levou até o quarto andar, no mesmo quarto que havia usado na noite passada.

    Depois de entrar no quarto, Ken retirou a roupa da parte superior de seu corpo e entrou no quarto de banho e mergulhou na longa banheira de madeira para lavar seu corpo.

    Depois de terminar de se lavar, Ken envolveu uma toalha em volta de sua cintura cobrindo a parte inferior de seu corpo e deixou o banheiro.

    “…”

    Quando chegou no quarto, Ken podia sentir uma pessoa se aproximando de seu quarto e parando na porta. Como não tinha um mínimo cuidado em esconder sua presença, parecia ser uma pessoa comum.

    Mas acontece que Ken não estava esperando por ninguém e as cortesãs eram para chegarem apenas daqui a vinte minutos.

    *Toc, toc, toc.*

    Depois de alguns minutos de silêncio, a pessoa finalmente bateu a porta.

    “…”

    Sabendo que a pessoa claramente queria algo dele, Ken andou até a porta e parou frente a ela. Sentindo um cheiro familiar vindo do outro lado, Ken abriu a porta.

    “…O que a traz aqui?”

    Perguntou Ken, sem surpresa em seus olhos.

    Do lado de fora, estava ninguém menos que a gerente do bordel prazer dourado. Ela, com um sorriso no rosto, olhou diretamente para os olhos de Ken e respondeu sua pergunta com uma resposta.

    “O que mais uma cortesã faria no quarto de um cliente?”

    Os lábios de Ken se esticaram em um sorriso enquanto olhava para ela.

    “Achei que a gerente era alguém que não dormia com ninguém, não importa o que preço que lhe era oferecido?”

    Como Ken havia dito, a gerente do prazer dourado também já servia clientes na sua juventude, mas com suas habilidades de gerenciamento e bela aparência, ela rapidamente largou o status de cortesã e se tornou a gerente do bordel Prazer dourado.

    Com isso, ela também começou a recusar os clientes que solicitavam seus serviços, pós o salário de gerente já ajudava a pagar as contas, não importava o quanto a oferecessem.

    Mesmo agora, com seus trinta e poucos anos, quase aos quarenta, ainda existem pessoas que tentam solicitá-la.

    Depois de ouvir as palavras de Ken, a cortesã riu.

    “Acontece que eu escolho meus próprios clientes, e mesmo que esteja quase nos meus quarenta anos, ainda não perdi todo meu charme, certo?”

    “…”

    Ken não respondeu sua pergunta de imediato, ao invés disso, seu olhar vagou por todo seu corpo. Como a cortesã havia dito, ela realmente era charmosa. Seu cabelo ruivo caía até suas costas, seu rosto era elegante e seus olhos afiados, como se fosse a ceo de uma empresa, seus peitos volumosos marcados em sua roupa feito de seda de cor vermelha profunda e brocado por fios dourados.

    Neste momento, Ken abriu ligeiramente os lábios em um sorriso, revelando seus dentes brancos e puros.

    “!”

    Sem perder tempo, Ken envolveu sua mão direita na cintura da gerente e a puxou para dentro do quarto, pegando-a de surpresa. Depois, fechou a porta, largou a cintura, pegou seus pulsos e os levantou por cima da cabeça, envolveu sua mão esquerda em sua coxa por baixo do vestido, tocando sua pele macia e a levantou, encostando-a de costas na porta, e roubou seus lábios com os seus.

    Depois de um longo tempo beijando-a, Ken afastou seus lábios dela. 

    “Ah…ah…”

    A gerente parecia atordoada com o rápido acontecimento que não conseguia dizer nada, seu rosto estava corado e ela respirava com dificuldade, como se tivesse parado de respirar durante o beijo.

    A mão esquerda de Ken que pegava sua coxa, subiu mais para cima enquanto a olhava diretamente nos olhos.

    “Parece que você será minha entrada antes do prato principal. Não, na verdade, parece que você será meu prato principal antes das sobremesas.

    “…Eu-Hmph.”

    Antes que ela tivesse a chance de falar mais alguma coisa, Ken mais uma vez roubou seus lábios.

    §§§§

    Dia seguinte. 

    Logo de manhã cedo no castelo municipal, o prefeito da cidade estava sentado em seu escritório. Seu rosto estava marcado pela falta de sono, mas seus olhos que liam e analisavam os documentos não vacilavam, mostrando sua competência em seu trabalho.

    Mas em algum momento, ele falou, sem tirar os olhos dos papéis.

    “Alguma novidade do Lobo branco caolho?”

    Além do prefeito, o único presente na sala era o capitão da força de proteção de Crystenold, bem ao lado da mesa do escritório.

    “Foi a mesma coisa da noite antepassada, ele foi passar a noite em um bordel, provavelmente desfrutando com o dinheiro de sua comissão.”

    Respondeu o capitão, o tom de sua voz repleta de indignação. O prefeito, cansado, suspirou e largou o documento na sua mão.

    “Sim, também fiquei sabendo. O Domador da noite branca, é este o nome que está circulando sobre ele no ponto do prazer. Sinceramente, estou até com inveja, como é possível alguém ter tanta estamina para durar horas, ainda mais em dois dias seguidos?”

    Embora o prefeito achasse as ações recentes de Ken inadequadas, também sentia ciúmes sobre sua capacidade na cama, afinal, que homem não amaria ter a capacidade de passar horas de sexo e satisfazer plenamente uma mulher?

    “Na verdade, as ações dele ontem foram estranhas.”

    Disse o capitão.

    “Estranhas?”

    Perguntou o prefeito, olhando para o capitão pela primeira vez.

    “Sim, fiquei sabendo que ele ficou rondando pela favela antes de voltar para o bordel. Com seu capuz sobre sua cabeça, as pessoas não conseguiam reconhecê-lo, mas era obviamente ele.”

    “Hm…”

    O prefeito se recostou na cadeira, parecendo pensativo, depois perguntou.

    “E você sabe porque ele fez isso ou foi para lá? Se falou com alguém ou interagiu?”

    “Não, ouvi dizer que ele apenas ficava rondando a área durante horas sem parar ou interagir com alguém, a única coisa de diferente que fez foi parar em uma barraca para comer antes de voltar para o ponto do prazer.”

    Respondeu o capitão, deixando o prefeito mais pensativo.

    “…Que estranho, qual era o objetivo dele?”

    Disse para si mesmo, tentando analisar os movimentos de Ken para tentar desvendar seus objetivos.

    ‘Se fosse eu fazendo isso, qual poderia ser o meu objetivo?…!?’

    Foi então que no meio dos pensamentos os olhos do prefeito se arregalaram quando pensou em um plano. Ele rapidamente se levantou batendo com a mão na mesa.

    “Espera! Qual era mesmo o nome do bordel que ele está frequentando?”

    “!”

    O capitão ficou surpreso com a reação repentina do prefeito, mas ele sabia que isto acontecia quando ele chegava em uma solução, então respondeu com calma.

    “Se bem me lembro, é Prazer dourado, prefeito.”

    “Prazer dourado…”

    O prefeito repetiu estas palavras como se quisesse se lembrar de algo, parecendo bastante pensativo, então, voltou seu olhar para o capitão.

    “Capitão, tenho um trabalho para você. Descubra a quem realmente pertence o bordel Prazer dourado o quanto antes!”

    Disse o prefeito com urgência.  

    “Claro, isto não seria difícil. Mas, prefeito, porque a curiosidade?”

    Diante da pergunta inocente do capitão, o prefeito riu antes de responder.

    “Se o que estou pensando for realmente verdade, então não é coincidência o Lobo branco caolho ter ido até o Prazer dourado. Aquele lobo faminto provavelmente já está caçando sem ninguém sequer se dar conta disso.”

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