Capítulo 63
— Você parece cansada.
Julia viu um sorriso encantador e agarrou a barra da saia. Na verdade, ela não tinha imunidade a homens bonitos.
— N-não. Eu só estou um pouco…
Rezef olhou para a joia da família Evans.
Talvez ela não tivesse aprendido a etiqueta da corte, já que ela vinha tendo muita liberdade em suas palavras e ações desde um tempo atrás.
Comparada a ela, a chata mulher de cabelos cor de trigo e olhos verdes que ele viu ontem e hoje, tinha excelentes modos, apesar de ser de família pobre. E não era apenas sua etiqueta na corte que era notável. Da perspectiva de Rezef, ela também possuía uma maneira única de viver.
Rezef ouviu que a mulher havia empurrado os cavaleiros na frente de seus aposentos.
“Quanto mais aprendo sobre ela, menos gosto dela.”
Olivia Grace estranhamente o lembrava de Raphael. Rezef não gostou do fato de que tal mulher era próxima de sua irmã.
De qualquer forma, ele não gostava de Raphael e Olivia e achava que os dois não tinham sorte. Em comparação, Julia Evans, que era apenas um rosto bonito, era uma presa fácil para Rezef.
Rezef sabia bem como segurar e fazer uso dessas mulheres tolas. Ele havia desistido sem muita convicção, mas houve um tempo em que agiu assim com Cayena.
— Você chorou?
A grande mão de Rezef ergueu o rosto pequeno de Julia. Os resquícios de suas lágrimas eram claros.
O rosto de Julia ficou vermelho quando ela abaixou a cabeça.
“Ah, meus olhos devem estar inchados de tanto chorar!”
Ela se sentiu muito chateada. Tudo isso por causa de seu irmão.
— Eu não…
Julia respondeu com uma voz fraca, torcendo as mãos. Ela pensou que Rezef estava sendo estranhamente gentil com ela.
Não, isso era natural. Julia sempre recebeu terno interesse e afeto. Mas depois que ela chegou à capital, Susan e Zenon continuaram a incomodá-la.
A risada baixa de Rezef alcançou seus ouvidos.
— Alegre-se.
Seu coração acelerou com o incentivo. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Rezef passou por ela.
Julia olhou para ele com olhos pesarosos.
Rezef voltou para seu quarto, desfez sua capa e a jogou de lado.
— Onde está Zenon?
O servo que pegou a capa que caiu no chão deu um pulo e respondeu: — Ele verificou se Vossa Alteza não estava na cama e saiu sem dizer uma palavra.
As sobrancelhas de Rezef franziram.
Ele não tinha visto Zenon desde ontem. Ele estava relaxando? Foi especialmente estranho que Zenon não apareceu para parar Rezef durante o grande incidente de ontem.
“Achei que ele gostasse da minha irmã.”
Parecia que não era o caso, já que Zenon não se envolvia em um caso tão sério como o sequestro.
“Enquanto isso, Gillian, aquele desgraçado que não conhece seu lugar, cobiçou Cayena.”
Quando Rezef se lembrou do sequestro, ele sentiu a raiva gelada novamente.
Henverton Gillian tinha certeza de conhecer o outro culpado por trás do sequestro. Rezef queria interrogá-lo rapidamente, mas como Henverton era nobre, não foi fácil colocar as mãos nele. Ele tentou convocar o visconde Gillian ao palácio depois de discutir as coisas com Raphael, mas as convocações falharam.
Desde que Raphael se tornou o duque provisoriamente, sua prioridade era cuidar das coisas dentro da família.
Rezef estava descontente por ter que receber a ajuda de Raphael, mas ele tinha que ser paciente. O principal culpado foi preso no local, mas o outro culpado ainda não havia sido capturado.
“Eu não deveria ter ordenado a morte de todos eles ontem.”
Irritado, ele desabotoou o paletó. Foi quando ele tirou o coldre da cintura que ele percebeu.
— …
A arma não estava lá.
Ele olhou para o chão.
“Caiu?”
Mas a arma não estava à vista.
“Alguma coisa além da capa caiu?”
O servo respondeu que nada além da capa havia caído.
Foi estranho. Onde ele deixou cair? E onde e como caiu uma arma dentro de um coldre?
— Tsk.
Rezef estalou a língua e saiu novamente. Não seria bom se ele fosse visto usando a arma descuidadamente. Rezef, em sua posição, ainda precisava ser cauteloso com o imperador. Além disso, era uma arma pessoal que ele não denunciou.
“Para onde foi…”
Franzindo a testa, ele voltou seu olhar para a passagem para o palácio da princesa.
Foi onde ele ficou a maior parte do dia. Estava lá?
Os pés de Rezef voltaram para a câmara onde sua irmã estava dormindo.
Cayena abriu os olhos depois de muito tempo. Apenas Vera permaneceu no quarto.
Cayena a chamou.
— Vera.
Vera parou de costurar. Cayena tinha ficado tão quieta sem se virar que Vera suspeitou que ela pudesse estar fingindo dormir.
— O que foi, Alteza?
— Peça para que o número de patrulhas perto da prisão imperial seja aumentado e fique vigilante até que o sequestrador seja julgado.Começando hoje. Agora mesmo.
Vera achou que Cayena devia ter ficado assustada com o sequestro.
— Como você manda.
Vera tentou chamar uma jovem dama de companhia para substituí-la. A saúde de Cayena não estava em boas condições, então era melhor alguém cuidar dela. No entanto, ela recusou.
— Meu corpo está bem. Acho que seria mais desconfortável ter alguém por perto por causa das minhas memórias do sequestro.
— Então, vou pedir à senhora que passe por aqui de vez em quando.
— Tudo bem.
Vera baixou as cortinas da cama e saiu do quarto. A porta se fechou.
— …
Cayena se levantou de seu assento e puxou a arma que havia escondido sob o cobertor. Quando Rezef a abraçou, ela o colocou secretamente no bolso do vestido.
Ela calmamente olhou para a arma. Era uma bela arma, parecendo uma obra de arte. Além disso, ela já estava carregada.
Cayena saiu da cama sem hesitar.
Ela usava um casaco interno com um chapéu. Segurando a arma, ela parou na frente da tapeçaria. Ela o enrolou e empurrou a porta deslizante por baixo. A porta estava bem lubrificada e abriu suavemente sem fazer barulho. Então, a escura passagem secreta apareceu.
Foi o mesmo caminho que Rezef usou antes.
Segurando uma lamparina à luz de velas, Cayena desceu pelo caminho solitário.
Finalmente, no andar térreo, ela escondeu a lâmpada. Ela então procurou pela prisão do palácio em suas memórias.
Seu ritmo ficou impaciente.
“Ele definitivamente vai fugir hoje.”
A família de Henverton Gillian não era comum. Estava claro que ele escaparia no final do dia, apesar de todos os erros que tinha feito.
Cayena não podia perder esta oportunidade.
Ela finalmente chegou à prisão. Como esperado, o guarda do portão não estava lá, como se eles tivessem sido substituídos por pessoas que os Gillians já haviam comprado.
Graças a isso, ela facilmente entrou.
Ela ouviu um som perturbador.
Cayena se escondeu. Ela viu as pessoas saindo com cuidado, uma por uma. Estava claro que eles iriam abrir a cela de Henverton. Finalmente, ela viu Henverton Gillian.
Clique.
Depois de confirmar que estava carregado, Cayena apontou o cano da arma para a nuca de Henverton.
— Henverton Gillian.
Henverton olhou para trás, para a voz que o chamava. Cayena caminhou lentamente sob a luz da tocha, revelando-se.
Com os braços esticados e prontos para puxar o gatilho a qualquer momento, sua forma parecia tão nobre quanto uma juíza.
— Ha, haha! — Henverton caiu na gargalhada ao vê-la. Ele parecia estar bem, mesmo sem sua energia e as drogas. No entanto, a loucura persistiu.
— Vossa Alteza veio me encontrar primeiro.
Henverton olhou para a arma de Cayena com um sorriso de escárnio.
— Você veio até aqui pela honra de atirar em mim?
Ele caminhou em direção a Cayena como se estivesse convencido de que ela não poderia puxar o gatilho.
Cayena berrou friamente: — Eu esperava que você fugisse como um rato sem pagar pelos seus pecados. Você realmente não perde minhas expectativas.
Henverton balançou a cabeça e deu um passo à frente. Involuntariamente, ela deu um passo para trás e fixou a arma nele novamente.
— Você não precisa necessariamente ser punida por pecar, Vossa Alteza.
— Talvez sim. — Cayena disse.
— Mas não para você.
Ela puxou lentamente o gatilho.
Se ela continuasse, a bala perfuraria sua cabeça e Henverton morreria instantaneamente.
Ela iria se livrar dos fantasmas cansativos de seu passado.
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