Capítulo 95
Como tudo parecia estar resolvido, Jonathan bateu palmas. Ele disse a Cayena: — Já faz muito tempo que você veio me visitar. Você deveria dar uma olhada por aqui. O jardim foi refeito, então deve ser uma visão agradável. Ah, duque, esta é sua primeira visita, certo?
O rosto de Jonathan se iluminou depois que Raphael assentiu.
— Então, você gostaria de ter Sua Alteza mostrando a você enquanto desfrutam de um bom passeio juntos?
Jonathan estava confiante de que estava fazendo algo bom.
A palavra sobre a sociedade era que Cayena não se importava mais com Raphael atualmente, mas Jonathan não acreditava nisso.
Dessa forma, ele ganharia pontos com Cayena. No entanto, a pessoa com quem ele ganhou pontos não era Cayena, mas Raphael.
Raphael se levantou e ofereceu a Cayena para acompanhá-la.
Cayena queria continuar a conversa e também perguntar algo a ele. Portanto, ela aceitou seu braço.
Então, Ethel deu um pulo.
— Eu também posso guiá-los.
Por algum motivo, Ethel parecia estar desafiando alguém.
Raphael cantarolou e inclinou a cabeça para olhar para Ethel.
Embora a jovem Ethel fosse fofo, Raphael não tinha intenção de deixar o garoto interferir em seu tempo com Cayena.
— Serei guiado por Sua Alteza. Você deveria trocar de uniforme.
Com a observação de Raphael, Ethel percebeu que ele ainda estava usando o uniforme escolar. Seu orgulho foi perfurado quando percebeu que ele, ao contrário do duque adulto, parecia uma criança que precisava ser protegida por Cayena.
— Sim. Será bom você trocar de roupa primeiro. Ou você quer que sua irmã escolha sua roupa? — Cayena perguntou.
Ethel corou quando ele entendeu que ela o estava provocando pelo que acontecera na academia.
— Eu não sou uma criança! — Os outros na sala engasgaram com a reação dele e ficaram cautelosos. No entanto, Cayena apenas caiu na gargalhada e acariciou os cabelos de Ethel.
— Eu sei. Eu só disse isso porque você é muito fofo.
— …! — Ethel escapou da sala enquanto seu rosto enrubescido como se fosse explodir.
Depois, Raphael disse: — Vamos?
Eles saíram da sala.
Olivia seguiu calmamente atrás de Cayena. Raphael olhou para ela antes de saírem da mansão.
— Por que você não faz uma pausa, Srta. Olivia? Eu cuidarei de Sua Alteza.
Cayena assentiu, permitindo.
— Sim, vá e descanse. Vamos apenas dar um pequeno passeio nas proximidades.
— Compreendido, Alteza.
O casal começou a percorrer o caminho sozinho.
As passarelas próximas à mansão eram uma densa mistura das últimas modas do império. Em outras palavras, havia muitos locais privados ao longo da trilha.
Depois de confirmar que não havia ninguém por perto, Cayena abriu a boca.
— Temos algo para conversar, não é?
Raphael fez uma rara expressão envergonhada.
— Quando a coisa com Annie começou?
Ele hesitou em que palavras escolher, então respondeu obedientemente.
— Foi há 10 anos.
Quando Raphael mencionou ‘10 anos’, Cayena percebeu como isso tinha acontecido.
Dez anos atrás foi quando Rezef exilou sua babá e substituiu todos os membros do palácio da princesa.
A razão pela qual Raphael hesitou foi que ele pensou que Cayena ficaria triste se ela se lembrasse de sua babá novamente.
— Eu vim ver Ethel hoje, mas também era para contar a Vossa Alteza sobre minha espiã.
Cayena não estava culpando Raphael por enviar um espião. Até ela teria feito o mesmo.
— Para ser honesto, é uma pena que você seja o mestre do espião.
Ela iria usar o espião contra seu mestre, mas seu oponente acabou sendo Raphael, seu aliado.
“Teria sido bom se fosse alguém do lado de Yester.”
Raphael franziu a testa um pouco quando percebeu que Cayena estava tentando fazer algo astuto.
— Você não pode continuar fazendo coisas perigosas.
Cayena sorriu brilhantemente.
— Não tenho intenção de fazer nada perigoso.
— Você disse isso da última vez.
Ele estava se referindo à tentativa de abdução no templo.
“Acho que ele não sabe que bebi veneno, já que Annie não soube disso.”
Raphael entrelaçou seus dedos com os de Cayena, segurou-os com força e beijou as costas da mão dela.
— Eu não me importo, então, por favor, me use para cuidar dessas coisas.
Cayena estava ensinando a ele como é estar ansioso. E não era apenas esse sentimento. Ele se sentia como se tivesse se tornado uma criança. Como se ele agora estivesse enfrentando o mundo e aprendendo coisas, uma por uma.
Cayena acariciou sua bochecha e Raphael beijou a palma de sua mão.
— Eu sou um homem vergonhoso, — Raphael disse.
Os olhos de Cayena se arregalaram com essa confissão repentina.
— Estou com ciúme de Ethel.
— Isso não é vergonhoso.
— Ethel chama você de“irmã” e fala com você de maneira amigável, mas me sinto magoado que você ainda me chame de“duque”.
— …
Ele havia revelado seus sentimentos vergonhosos com tanta honestidade que não sabia mais o que dizer.
Cayena sorriu.
— Raphael.
Quando ela chamou seu nome, seus olhos se suavizaram imediatamente. Uma estranha atmosfera floresceu entre os dois.
Sentindo que as coisas podiam ser um pouco perigosas, Cayena tentou retomar a caminhada.
Mas Raphael puxou levemente a mão de Cayena e disse: — Eu quero te abraçar, Vossa Alteza.
— … o quê?
Ele queria abraçá-la?
Cayena estava prestes a repreendê-lo por estar louco quando percebeu.
“Oh. Um abraço.”
Raphael olhou para ela vagamente como se perguntando por que ele não podia. Estranhamente, seu olhar fez seu coração vacilar.
— Vá em frente.
Permissão concedida, Raphael abraçou Cayena em torno de sua cintura. Ele parecia incapaz de aguentar mais e se agarrou a ela.
Ele abaixou a cabeça e beijou brevemente os lábios de Cayena. Desta vez, ele pretendia aprofundar o beijo assim que Cayena fechasse os olhos.
Em vez disso, Cayena cobriu os lábios de Raphael com a mão.
— Não podemos fazer isso aqui.
Embora estivessem fora da vista de outras pessoas, ainda estavam perto da entrada do caminho.
Raphael, com um olhar ligeiramente insatisfeito, abriu a boca.
— Há um jardim de flores por aqui.
Cayena estreitou os olhos.
— Não é a primeira vez que visita a mansão Hamel?
— Eu vim aqui quando era jovem. Sir Jonathan não estava por perto, então ele não sabe.
Agora, era exaustivo ficar surpresa com todas as coisas surpreendentes que ele disse.
Raphael se aprofundou nas trilhas, seguindo suas memórias.
Finalmente, eles encontraram um jardim calmo com uma pequena fonte e um balanço pendurado em uma árvore.
Cayena se aproximou do balanço. Não estava em mau estado.
— Talvez a falecida imperatriz tenha balançado neste balanço.
— … pode ser.
Cayena mal conseguia se lembrar de sua mãe, mas de alguma forma, ela se sentia sentimental.
— Você gostaria de usar?
Cayena sentou-se no balanço. Houve um leve rangido, mas foi bom mesmo quando ela chutou as pernas.
Raphael lentamente deu a volta e parou em frente a Cayena.
Nesse momento, eles pareciam amantes normais. Era como se eles fossem os personagens principais de um cotidiano tão pacífico, onde não precisavam ficar atentos para que algo pudesse machucá-los. Como se tudo o que tivessem a fazer fosse valorizar e amar um ao outro.
Raphael sabia o quão desavergonhado era ele querer Cayena assim.
Mas, ao mesmo tempo, ele não desejaria nada se ela pudesse ficar ao seu lado.
Ela apenas tinha que ficar. Isso era tudo que ele queria.
Cayena tinha um jeito estranho de fazer alguém se sentir inquieto.
Ele estava ansioso. Raphael estava nervoso que um dia, ela iria desaparecer de repente ou deixar para trás seus apegos persistentes ao mundo.
Creak— Cayena, que estava chutando os pés para mover o balanço, de repente sentiu-se tonta e caiu.
— Vossa Alteza! — Raphael rapidamente agarrou Cayena e virou seu corpo para o lado.
Cayena franziu a testa e gemeu de angústia.
Ela deitou a cabeça no peito de Raphael e esperou a tontura passar.
— Vou ficar assim por um momento…
A expressão de Raphael afundou.
Quanto tempo ela poderia durar no palácio imperial assim? Havia um número infinito de questões em torno dela, e Cayena provavelmente não conseguia nem descansar direito.
Raphael se sentou na grama para que pudesse apoiar melhor o corpo dela enquanto ela estava em seus braços.
Cayena soltou um leve suspiro, inclinando-se confortavelmente contra ele.
Seu corpo estava definitivamente mais fraco.
“Obviamente, são os efeitos colaterais do contrato mágico.”
Parecia que o poder destrutivo do contrato era tanto que não poderia ser curado pelo Elixir.
“Pensar que meu corpo se sente tão fraco mesmo depois de beber Elixir…”
Sua tontura desapareceu depois que ela descansou enquanto se apoiava em Raphael. Quando Cayena tentou se levantar, Raphael a abraçou pela cintura com força.
— Eu não quero deixar Vossa Alteza ir.
— … raphael.
— Vossa Alteza me faz agir infantilmente.
Ou talvez ele sempre tenha sido assim.
Ele pressionou o rosto contra o pescoço branco de Cayena e suspirou profundamente.
Ele se sentia como um monstro em uma história, onde a sede do monstro desapareceria se mordesse um pescoço e bebesse sangue.
Raphael não podia acreditar que ele estava com falta de paciência. Ele nunca foi ganancioso por nada, então não reconheceu o quão impaciente ele realmente era.
A ganância gerou repetidamente uma nova ganância.
Ele queria engolir todas as respirações dela. Ao mesmo tempo, ele queria apoiá-la com tudo o que tinha. Até sua alma.
Raphael mal controlou sua ganância de cobri-la de afeto. Infelizmente, ele perguntou: — Se eu deixar você ir assim, quando vou vê-la novamente?
Eventualmente, Cayena se virou para Raphael.
Raphael olhou nos olhos azuis gelados de Cayena e disse algo estúpido.
— Eu pensei que poderia esperar por você pacientemente, mas agora, eu honestamente não sei.
Esse pensamento tolo, fraco e humilde refletia seus verdadeiros sentimentos.
O coração de Cayena bateu tanto que ela sentiu que estava sufocando.
“Se eu tivesse percebido tantas coisas antes, poderia não ter acabado assim.”
Não seria tudo mais fácil se Cayena não tivesse sido tão estúpida em sua primeira vida? Ela sabia que era um arrependimento inútil, mas ainda pensava nisso.
— Eu tenho que ir agora.
— Cayena.
Rafael se atreveu a chamar o nome da princesa.
Quando ele segurou o nome dela em sua boca, sentiu profundamente o quão especial aquele nome era.
Cayena suspirou brevemente, então o abraçou lentamente.
Assim que saíssem daqui, teriam que retornar às suas posições de princesa e duque imperiais.
Cayena o abraçou um pouco mais forte.
“Eu gostaria que o tempo pudesse parar assim.”
Foi então.
Tock, tock, tock…
A brisa suave parou.
— …?
Ela não conseguia sentir o hálito quente de Raphael ou o batimento cardíaco suave.
Cayena ergueu a cabeça e se afastou ligeiramente dos braços de Raphael.
Raphael estava congelado como uma boneca e foi empurrado por seu movimento.
Seus olhos se arregalaram.
— O que é isso…?
Sua pele ficou dormente. Uma sensação estranha e grotesca a deixou tensa. Seu coração bateu violentamente.
Uma voz a meio caminho entre um gemido e um grito escapou de seus lábios.
— … isso não pode estar acontecendo.
O mundo diante de seus olhos havia parado.
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