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    Protótipo de capa Volume 1 – Ironia Divina

    Capa Volume 1

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    A luz do ambiente, inicialmente inofensiva e confortável, começou a dobrar-se em pequenos ângulos sutis, criando espelhos translúcidos que giravam organizadamente pelo ar. A manipulação cuidadosa dos índices de refração era simplesmente incrível, e cada um deles exibia uma imagem distorcida e confusa dos caçadores, iludindo completamente a percepção visual do tamanduá mutante.

    O animal, que até então parecia ter algum controle sobre seus sentidos, perdeu completamente a compostura. Golpes vigorosos atingiam o nada absoluto, enquanto a criatura girava e gemia, furiosamente frustrada.

    Era quase triste de assistir, mas talvez mais engraçado do que triste.

    E pensar que duvidei por um segundo,” Ana refletiu silenciosamente, sentindo um orgulho genuíno que não experimentava com frequência. “Ela é realmente um prodígio”.

    Não era como se conhecesse muito do assunto, mas seus estudos deixaram claro a dificuldade das manipulações, e a luz não era, de forma alguma, um elemento fácil de se manipular — ao contrário, era quase um pesadelo para qualquer manipulador razoável.

    Enquanto a terra era considerada algo confortável, sólido, fácil de visualizar, a luz era algo intangível, rápida demais para acompanhar, e frustrante demais para tentar segurar. Manipular luz significava distorcer padrões de ondas eletromagnéticas em tempo real, algo que um em mil — não, um em um milhão, talvez menos — efetivamente conseguiam. E lá estava Marina, evoluindo a olhos vistos, provando que Ana havia feito uma escolha excepcional.

    Se fosse obrigada a apostar sobre quem se tornaria a pessoa mais poderosa naquele grupo, incluindo ela própria, colocaria suas fichas em Marina sem qualquer hesitação — desde que ela parasse com essas malditas canções de ninar, é claro.

    — Ciranda, cirandinha… vamos todos cirandar…

    Ana conteve um suspiro. A voz da garota ecoava leve, como se cada palavra estivesse sendo embalada pelo movimento dos espelhos de luz ao seu redor. Era constrangedor, verdade, mas quem era ela para julgar métodos de concentração?

    Não podia negar que estava funcionando bem demais para ser ignorado. Talvez a garota estivesse prestes a revolucionar o combate mágico com esse inovador e ligeiramente humilhante estilo.

    Vivendo e aprendendo.

    Decidiu que tentaria algum dia, não perderia algo valioso por puro preconceito. Mas não hoje.

    — Seus idiotas, terminem logo com isso! Felipe, chega de gastar munição, economiza pra depois. Deixa esses dois resolverem a situação! — Ana gritou, num tom mais casual do que propriamente preocupado, indicando Alex e Júlia com um aceno desinteressado.

    — Se você ajudasse, isso ia acabar muito mais rápido! — protestou Júlia imediatamente, num tom claramente indignado. — Não tem moral nenhuma pra reclamar se vai ficar aí só assistindo!

    — Deixa de frescura e luta direito.

    — Eu tô falando sério, sua folgada!

    Infelizmente, enquanto reclamava de forma um tanto dramática, a ruiva foi atingida por um golpe involuntário da cauda da criatura, que agora balançava desesperadamente tentando encontrar um alvo de verdade. Não parecia um golpe particularmente planejado pelo monstro, mas a fez voar alguns metros para trás, cuspindo uma pequena porção de sangue — menos um ferimento sério e mais uma lição involuntária sobre o perigo das reclamações exageradas no meio de uma batalha.

    Ana balançou a cabeça, sentindo que deveria tentar, ao menos, fingir estar preocupada:

    — Muito bem, chega de brincadeiras. A nossa fadinha brilhante não vai ficar salvando vocês pra sempre. Alex, se afasta um pouco daí, dá espaço.

    O jovem guerreiro recuou obedientemente, provocando o animal com pequenos golpes de longe para atraí-lo na direção desejada.

    — Júlia, presta atenção: assim que ele virar a cabeça, foca na mandíbula. — Ana apontou teatralmente para seu próprio rosto, dando um pequeno soco no próprio queixo, numa imitação bastante didática, embora exagerada. — E você, grandão, assim que ela deixar a pedra frágil, atravessa essa lança exatamente no mesmo lugar sem dó, entendido?

    A ruiva exibiu brevemente a língua num gesto imaturo, embora compreensível, considerando as circunstâncias atuais. Com dentes cerrados e uma expressão feroz de determinação irritada, ergueu-se do chão, escolhendo exatamente o instante em que a criatura decidiu virar-se na sua direção e destroçar mais um dos espelhos quase ilusórios criados por Marina. O martelo descreveu um belo arco ascendente — digno de figurar num manual de combate — e encontrou o focinho comprido do tamanduá com um estalo nauseante, deixando-o torcido de forma quase cômica, caso alguém tivesse humor suficiente para rir de algo tão cruel.

    Alex, suando e ofegante por baixo da armadura pesada, não perdeu tempo. Sem esperar qualquer reação da criatura, avançou com uma estocada precisa e feroz, aproveitando a vulnerabilidade que Júlia havia aberto. A lança voou certeira, encontrando o exato ponto entre a omoplata e a mandíbula exposta, agora estranhamente desalinhada. Em um último ato de desespero ou puro instinto, o monstro levantou uma das patas, tentando inutilmente interceptar a trajetória da arma.

    Não teve sucesso. A lâmina penetrou o centro desprotegido da pata com facilidade surpreendente, continuando até perfurar profundamente sua garganta. O tamanduá mutante emitiu um som borbulhante e horrendo — o tipo de ruído que se escuta em pesadelos, não em plena luz do dia — antes de finalmente sucumbir. Como última vingança, jorrou uma generosa quantidade de sangue escuro e viscoso sobre os jovens, cobrindo ambos em uma camada grossa e pouco convidativa de vermelho-sujo.

    — FILHO… DA… PUTA! — gritou Júlia, incapaz de conter o desgosto pela situação, largando o martelo no chão com um baque seco e imediatamente avançando contra o lanceiro. Seus socos desajeitados atingiam apenas a armadura, ferindo mais suas próprias mãos do que qualquer coisa. — Sério, Alex?! Não podia ter matado essa coisa de um jeito menos nojento? Agora vamos feder por dias!

    Alex coçou a nuca com constrangimento genuíno, exibindo um sorriso que combinava vergonha e o orgulho desajeitado de quem não esperava sucesso tão explosivo — literalmente. O rapaz até teria ficado vermelho, se já não estivesse tingido dos pés à cabeça pela cor rubra.

    — Isso foi… intenso — murmurou finalmente, limpando inutilmente o rosto com as costas da mão, só conseguindo espalhar ainda mais a sujeira. — Mas vamos admitir, foi um começo top dem—

    A frase interrompeu-se bruscamente com o zunido de uma lâmina passando perigosamente perto do seu rosto, tão próxima que ele sentiu uma brisa desconfortável nas bochechas. Claro, a faca não era destinada ao garoto — Ana podia ter suas manias estranhas, mas assassinato acidental não era uma delas. A arma encontrou precisamente o alvo real atrás dele, que os dois sequer haviam notado.

    A rainha mercenária aproximou-se num passo rápido e frustrado, massageando as têmporas como quem tenta afastar uma enxaqueca repentina e perfeitamente justificável. Claramente, segurava com esforço uma série de comentários pouco educados.

    — Vocês deviam prestar mais atenção, seus idiotas.

    — Desculpa… — os dois murmuraram quase em uníssono, tão cabisbaixos quanto crianças repreendidas por uma professora particularmente assustadora. O motivo da vergonha estava bem evidente: a língua longa, rígida e pontiaguda da criatura havia avançado perigosamente perto do pescoço de Alex, paralisada apenas pela morte súbita causada pela faca certeira.

    Embora ainda estivessem atordoados pelo susto adicional, um leve brilho de admiração surgiu nos olhos da dupla ao perceberem o grau absurdo de precisão com que Ana atingira o coração do monstro à distância. A rainha mercenária fingiu não notar o olhar de respeito — seria estranho demais receber elogios logo depois de quase perderem um membro da equipe por desatenção pura.

    — Da próxima vez, se certifiquem de que realmente mataram antes de relaxar — aconselhou, com um tom paciente demais para ser sincero, enquanto arrancava a faca do corpo inerte da criatura.

    Na verdade, Ana não podia culpá-los completamente. O tamanduá mutante havia feito um ótimo trabalho em fingir-se morto, um desempenho digno de algum prêmio obscuro que certamente deveria existir para criaturas desagradáveis. Ainda assim, a faca nunca abandonara completamente suas mãos, ela estava preparada, e isso deveria ter sido um sinal suficientemente claro para todos os envolvidos.

    Em dois movimentos rápidos, ela limpou o sangue viscoso da lâmina no tecido já rasgado da manga de Felipe — que estava perto e distraído demais para reclamar da ousadia. Estava prestes a guardá-la quando um detalhe chamou sua atenção, interrompendo seu gesto pela metade.

    Um terceiro risco havia surgido na lâmina negra.

    Era um pouco menor que os anteriores, mas compartilhava da mesma brancura marcante, como uma linha rabiscada com giz fino. Ana franziu a testa e analisou cuidadosamente o estranho fenômeno, girando a faca de um lado para o outro como se tentasse encontrar respostas em diferentes ângulos de observação. Chegou até mesmo a equilibrá-la brevemente em um dedo, uma atitude que não ajudou em absolutamente nada, exceto talvez a deixar com uma aparência ligeiramente excêntrica.

    Pensei que fosse só paranoia minha, mas cresceu mesmo. Se continuar assim, em pouco tempo não poderei mais chamar isso aqui de faca”, concluiu com um suspiro resignado.

    Não era exatamente fácil explicar a situação com o senso comum — metal não tem o hábito conhecido de crescer espontaneamente, até onde sabia. Mas ali estava ela, zombando da lógica como se as leis da física fossem apenas sugestões opcionais neste novo mundo. Claro, comparado a monstros mutantes, manipulações mágicas e anjos inconvenientemente ausentes, uma faca com problemas de crescimento não parecia tão absurda assim.

    Minha vida é uma bagunça completa”, refletiu, embora esse pensamento específico já tivesse perdido a novidade há alguns dias.

    Originalmente, a arma fora cuidadosamente criada para imitar as baionetas táticas que tanto gostava, precisamente com seus trinta e dois centímetros confortáveis. Agora, estava em algo como 32,3 ou talvez 32,4 centímetros — não o suficiente para dificultar seu uso imediato, mas certamente preocupante a longo prazo. O que aconteceria se essa lógica perversa de crescimento continuasse eternamente?

    Outra hipótese menos prática, porém mais perturbadora, também florescia em sua mente: “Será possível que esses riscos sejam algum tipo ridículo de contador de mortes? Que ideia mais absurda, Gabriel. Tinha que ser uma piada macabra vinda daquele anjo idiota.

    Apesar da leve irritação, Ana sentiu um sorriso melancólico se formar ao lembrar-se de seu velho companheiro de jornada.

    Independente de os riscos serem registros palpáveis de sua crescente brutalidade ou apenas sinais de fadiga no aço contra as ameaças místicas do novo mundo, a única forma de testar a teoria era seguir matando mais coisas — algo que, felizmente ou não, não seria difícil naquela expedição.

    — Muito bem, vamos recolher o que for útil e seguir viagem — suspirou Felipe, exibindo visível frustração ao cortar o pedaço da própria roupa que Ana havia sujado. Se abaixou, prestes a recolher os espólios da batalha, quando de repente foi interrompido um som estranhamente irritante, algo próximo de um “bip”.

    — Oh, talvez não tenhamos muito o que seguir afinal…

    Consultando o pequeno dispositivo fornecido por Madame e o mapa recém-aberto e tremido de Marina, Ana deu alguns passos hesitantes adiante. Com mais atenção, notou a discreta entrada de uma caverna cravada no paredão do desfiladeiro — pequena demais para o tamanduá gigante ter se escondido lá, mas suficientemente grande para duas pessoas entrarem lado a lado, desde que essas pessoas não estivessem especialmente confortáveis em manter distância pessoal apropriada.

    A escuridão dentro da abertura era completa e vagamente ameaçadora, embora uma agradável brisa soprasse de lá, como se convidando os invasores para uma armadilha refrescante.

    — Gente, acho que no fim não vamos ter nem que procurar… — Marina apontou com evidente nervosismo para pequenas gotas de sangue espalhadas no chão rochoso da entrada. — Será que é da tal agente?

    — Só tem um jeito de descobrir. Vamos logo. — Júlia avançou com uma confiança questionável, dando passos largos e claramente imprudentes, já impaciente demais para perder tempo com cautela.

    E então, com uma brusquidão repentina, a arqueira travou onde estava, petrificada pelo medo repentino. Antes mesmo que alguém tivesse tempo de piscar (e piscar não costuma demorar muito), uma espada enorme caiu dos céus — ou pelo menos da parte superior da entrada da caverna que ficava não muitos metros acima de suas cabeças, que na ocasião parecia tão distante quanto os céus — rasgando o ar e pousando com violência diretamente à sua frente. A arma roçou sua roupa, cortando-a superficialmente como se dissesse “isso foi só um aviso”.

    A espada larga era impressionante: quase dois metros de altura, afiada e não excessivamente ornamentada, trazendo apenas uma decoração sutil com um intrigante buraco em formato de losango no centro da lâmina. 

    — Mas que porra foi essa?! De onde saiu isso? — Júlia tinha uma expressão desesperada e a respiração ofegante, claramente mais perturbada pelo susto do que pelo quase-ferimento.
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