Capítulo 143
Enquanto o Império parecia ansioso por encontrar a Princesa, a mansão do Duque estava repleta de convidados: as damas de companhia de Cayena vieram.
— Alteza!
Só haviam escutado de que Cayena estava bem até então e estavam tristes de não poder ver seu rosto. Mas Cayena que viram hoje… Parecia tão feliz.
— Passou muito tempo para todas.
Ela as recebeu amavelmente, pois eram aquelas que lutaram para ganhar sem serem arrastadas pela situação do Império em constante mudança. Estavam agradecidas.
— Foi um grande problema, mas agora todos podem relaxar.
Se ela dizia que podiam relaxar, o caos havia acabado.Só então se deram conta de que tinham ganhado.
— Foi muito trabalho até agora, Marquesa Julia.
Julia estava surpresa pelo título honorífico usado por Cayena. Logo, com uma expressão firme e uma atitude que não era comparada a quando recém entrara no Palácio, foi educada com Cayena:
— Tudo isso é graças a Vossa Alteza. Seguirei servindo-a como minha senhora pelo resto de minha vida.
Todas a olharam com carinho.
— E por favor, não diga isso, todas são irmãs.
Se encararam e falaram sobre como estavam. O tema de conversa logo fluiu até os recém imperialistas que buscavam Cayena e Susan, séria, disse:
— Que tal criar um novo mito contra o mito fundador que já sequer se pode ver?
Vera respondeu:
— Descendendo dos céus, Vossa Majestade, a Imperatriz Cayena! Algo assim?
Os olhos de Cayena se semicerraram. Entretanto, todas começaram a opinar uma a uma para testar o tema. Olivia disse — Ah— quando foi dito que ela descendia do céu.
— Não seria misterioso, como filha de deus, dizer que descende das nuvens dos céus?
Julia disse:
— De onde vejo, também há reis nascidos de ovos. Creio que estaria bem se fosse um ovo de ouro!
— As flores são melhores de minha opinião. Grandes flores.
— Dirigir os cavaleiros vestindo capas vermelhas e montando um cavalo branco…
Cayena que até então estava quieta, disse:
— Todas estão se divertindo…?
Todas riram ante sua pergunta, exceto ela, que balançou com a cabeça.
— Quando subirá ao trono?
Ante a pergunta de Vera, Cayena, com um leve sorriso, disse:
— Quando Rezef deixar a capital…
Todas expressaram compreensão ante seus sentimentos. Olivia estava ressentida como a pessoa que presenciou de primeira mão a tragédia ocorrida no dormitório. Segurou a mão de Cayena com força, recebendo a retribuição com força e um sorriso de olhos curvados levemente, como se agradecesse.
Rezef, condenado ao exilio, logo deixaria a capital. Cayena pensou em aparecer novamente quando ele se fosse.
“Rezef…”
Tudo se resolvera. Entretanto, esse problema parecia uma tarefa a qual Cayena nunca resolveria. Não acreditava haver uma resposta correta para tudo, mas sempre tentou viver próxima a uma. Há momentos nos quais tudo ocorria tão bem quanto esperado e momentos que não. Cayena pensou que Rezef era um problema persistente.
Então Vera disse:
— A escolha de Vossa Alteza é a correta, acredito nisso.
Era uma voz confiada, como se não tivesse dúvida alguma. Depois disso, Susan e Julia concordaram:
— Acredito que tenha tomado a melhor decisão.
Cayena agradeceu seu apoio. Alguma vez imaginara que teria uma amizade tão forte por apenas reuni-las? Absolutamente não.
“Bem, assim é a vida.”
Seguia tomando decisões e escolhas ambíguas, êxitos e fracassos, deixando marcas em sua vida. Era a forma que nunca vivera até então.
— Obrigada a todas.
Cayena sentiu como se tivesse eliminado completamente o fio que a controlava.
— Bem, agora.
Agora poderia dizer que vivia por vontade própria. Vera perguntou:
— O Duque Kedrey segue no ducado ocidental?
— Terei de ir ali por um tempo, também começarei com o Ducado.
Todas ficaram perplexas quando escutaram que Cayena iria ao ducado ocidental. Susan inclinou a cabeça e disse:
— Não irão começar o serviço de limpeza agora?
— Susan.
Vera tratou apressadamente de contê-la em dar a resposta de uma pergunta tão imprevista. Cayena negou com a cabeça com um sorriso sôfrego:
— Tudo estará pronto em sete anos.
Os olhos de todas brilharam com suas palavras, porque as matrizes não eram tão sérias.
— Está segura de que se comprometeu?
Cayena sorriu profundamente, então tirou seu fino colar e lhes mostrou o anel de diamante azul.
— Oh!
Todas se calaram.
— Realmente se casará? Então o Duque Kedrey entrará aos livros nacionais…?
O que aconteceria com a família Kedrey se o Duque entrasse ao livro nacional? Todas estavam confusas.
— Decidi me casar após entregar o reino a Ethel.
— Ahh!
— Então irá se casar apenas depois de sete anos de encontro?
Quando Cayena afirmou, Julia gritou mais forte que todas:
— É tão romântico!
De fato, na sociedade aristocrática não existia o conceito de casamento após uma longa relação devido a que geralmente se comprometem e logo se casam pela família ter a razão. Cayena também pensou ser muito interessante.
— Não sabia que ia casar.
Em sua vida, pensava que o casamento se tratava de ser vendida ou que um casamento falso se tratasse de um marido fictício. Susan riu levemente:
— Com seu cargo, o Duque Kedrey terá muita competição no futuro.
Todas assentiram, compadecendo como se fosse algo em que todas concordassem.
— Eu sei, certo? A competência daquela vez foi feroz, mas agora é a nível nacional.
— Mas se o Duque Kedrey está em seus olhos, quem passaria por ele?
— Em sete anos, certamente haverão uma ou duas pessoas que optarão por um posto no escritório nacional.
Acrescentaram palavra por palavra e concluíram que era obvio que Raphael sofreria.
— Posso perguntar a razão para sua visita ao ducado ocidental?
Cayena respondeu a pergunta de Olivia:
— Não há forma de que o reino legal se dê conta de que Heimbel foi absorvida por Kedrey, para eles é uma grande emergência agora.
— Entendo, de repente a fronteira e o Império estão conectados.
— Além disso, escutei que os bárbaros temem o Duque Kedrey. Então seria natural que saqueassem Yulryeong.
Vera analisara de forma precisa. Quando o ducado ocidental recém entrara em recessão, os bárbaros foram eliminados por Raphael ao expandir seu campo metalúrgico. Desde então, eles sequer aparecem no ducado tomado por Raphael. Em contrapartida, começaram a ameaçar e saquear Heimbel.
Entretanto, agora Heimbel foi absorvido pelo ducado e em lugar de atacar Raphael, como Vera disse, apontarão ao reino de Yulryeong. Olivia disse:
— Então tentaremos entrar em contato com Yulryeong, seja por negócios ou chantagem.
— Quer dizer que Vossa Alteza irá a um lugar assim? Não será perigoso?
O que aconteceria se estivessem tirando um exército de Yulryeong e, tentando derrocá-lo, terminar capturada? O que queria dizer com ir ali?
— É obvio que teremos disputas por guerra, mas o representante da administração estatal deve ir certamente. Também criará uma boa oportunidade para que eu retorne de forma natural.
Mas essa não era a razão pela qual queria ir ao ducado ocidental. Quando o mesmo fora absorvido por Kedrey, os nobres imperiais detiveram os efeitos secundários.
“Por exemplo, o uso de rotas comerciais com tarifas muito mais baixas que antes.”
Mas falavam de uma guerra enquanto tentavam interceptar Heimbel, a galinha dos ovos de ouro? Os nobres gananciosos não puderam tolerar.
Suas expressões se iluminaram ao ouvir Cayena.
— Estarei esperando os dias do reinado de Vossa Alteza.
Então o dono do mundo mudará.
Alguns dias depois, Baston veio ao anexo.
— Dizem que o exilio do Príncipe Rezef foi decidido e estará partindo em uma carruagem hoje.
— Obrigado por me informar…
Cayena respondeu em voz baixa e Baston disse educadamente:
— Então me retiro.
Agora era o momento de viver sem ser como um fantasma na mansão do Duque Kedrey na capital. Era o momento em que seu poder mágico se fora e de romper o ciclo completamente, em lugar de fazer coisas imprudentes. Cayena chamou:
— Bayel.
Ao ouvir o chamado, um gato amarelo queijo familiar apareceu.
— O momento é propício.
— Por quê? — Bayel perguntou.
— A delegação de Yulryeong chegou no ducado ocidental.
Pensava que encaixava de forma similar. Cayena comprovou suas vestimentas: Manteve uma roupa simples, já que não podia viver luxuosamente com muita gente no anexo, mas tampouco poderia aparecer frente a uma delegação como uma plebeia.
— Bem, preciso de um vestido, como poderia fazê-lo?
Ante suas palavras, Bayel estalou a língua e golpeou o chão com o rabo.
Paf!
E então, embaixo de suas pernas, surgiu um brilho branco que cobriu seu corpo todo e, por onde passava, a roupa de Cayena mudava.
As sapatilhas estavam costuradas com laços e pedrarias e o vestido amarelo esverdeado se tornou um elegante vestido negro. Não passou muito tempo após a morte do Imperador, portanto pareceu melhor usar roupa de luto. O cabelo dourado também estava cuidadosamente penteado e adornado com enfeites.
Cayena se olhou no espelho do local. Era uma roupa perfeita, como a cena em que Cinderela, a que leu antes de voltar, se transformou maravilhosamente com a ajuda da fada madrinha para assistir ao baile real.
— Parece uma fada madrinha. Não, um gato de fadas?
— Escute, não tenho tempo para bobagens, os enviados de Yulryeong acabam de chegar.
Paf!
Sua visão mudou terrivelmente com o fim do discurso.
— Está bem? — Ante sua frase, ela inclinou a cabeça.
— O quê?
— Sente dor no corpo ou não?
— Não sinto nada.
Então os olhos dele se entrecerraram. Se Cayena era uma maga que movia e transformava tempo e espaço, Bayel era uma entidade que se teletransporta na velocidade da luz. Portanto, a medida que a distância aumenta entre os locais que irá, a força de repulsão faz com que os humanos comuns sofram gravemente.
“Por sinal, parece estar bem, como se não tivesse sofrido? Será que é por um dia ser uma maga contratada…?”
Bayel não sabia sobre tal fenômeno, então não pode chegar a uma resposta.
— Bem, de qualquer forma, isso não importa agora.
Viajaram habilmente pelo castelo, entrando depois em uma habitação vazia e apontando para uma corda na parede com as patas.
— Se puxar essa corda, esse tal Jeremy ou outro servente virão.
Cayena esperou um pouco e depois de puxar a corda algumas vezes como explicado por Bayel, Jeremy abriu a porta e parecia surpreso ao ver Cayena.
— Saúdo Vossa Majestade, a Imperatriz.
— É bom vê-lo, Sir Jeremy.
Cayena se aproximou da janela e olhou para fora, vendo uma procissão de bandeiras vermelhas.
— Quem veio de Yulryeong?
— Ah… O Príncipe Luhin e a Princesa visitam.
“Princesa…?”
Trazer uma Princesa a um lugar como esse…
“Quer formar uma aliança matrimonial?”
Raphael não está casado ou tem prometida, seria muito melhor persuadir para o casamento com uma bela Princesa que ameaçar com a guerra.
— Parece que o Príncipe não tem cabeça em absoluto.
— Hahaha…
Jeremy riu com força ante as palavras comovedoras da Princesa. Não importasse quem, não diria isso ao Príncipe de um país poderoso.
Se perguntava se deveria dizer algo.
— A essas alturas, todos devem ter chego a sala de jantar. A levo ali? — Ela assentiu.
— Vamos agora mesmo.
Com o Duque Kedrey no ocidente, uma grande procissão de bandeiras vermelhas com o padrão de dragão estavam penduradas como um rio¹. Todos eram enviados do reino de Yulryeong, tendo no fim, uma carruagem de enfeites brilhantes que se deteve em frente a ele.
A porta da carruagem se abriu e desceu um homem de cerca de trinta anos, com pele escura e um corpo enorme. Diferentemente de Raphael, tinha o cabelo cor chocolate escuro. Ele era Luhin, o Príncipe do Reino.
Ainda que fosse apenas um reino, era um país que acumulara uma enorme riqueza e, ainda que insuficiente comparado ao Império Eldigm, tinha um exército forte que era apontado como um dos maiores do continente. Mesmo depois do Império, não haveria escassez de recursos.
— Felicidades por ser o novo proprietário da família Kedrey, Duque.
Um sorriso alegre estava desenhado em sua boca.
— Oh, minha irmã também veio comigo sob meu comando. Posso pedir que a escolte?
Logo, a porta da carruagem atrás da do Príncipe herdeiro se abriu e dela desceu uma bela mulher de corpo alto e sensual.
— Um prazer conhece-la, sou Raphael Kedrey.
A mulher o cumprimentou com um sorriso frio:
— Nos conhecemos pela primeira vez, Duque Kedrey. Me chamo Sahir, a quinta Princesa do reino de Yulryeong.
Quando ela apareceu, todos arregalaram os olhos e exclamaram em silêncio:
“É um pretexto para ameaçar a guerra com ignorância.“
O Príncipe Luhin pensou em utilizar a beleza para satisfazer ao Duque Kedrey.
“Escutemos o que tem a dizer. Havia dito que a Primeira Princesa Eldigm era tão bonita?”
Mas agora era dito que havia desaparecido em algum lugar.
— E agora, não era apenas uma criança de vinte anos?
O Principe pensara não ser grande coisa.
Pouco depois, Raphael estendeu o braço para a Princesa Sahir para escolta-la ao interior do castelo. Ela tinha um sorriso encantador, como alguém que sabe parecer bonita. Raphael riu casualmente ao pensar em Cayena. Nunca viu ninguém empunhar tão bem sua beleza como Cayena.
“Ainda que seja melhor ajoelhar a outra pessoa com a mente que com a beleza.”
A pessoa com quem se casará não é tão boa, portanto teria de manter a mente reta para não ir contra a semeadura. A bochecha de Sahir se elevou um pouco quando viu o sorriso de Raphael ao seu lado. Desde a infância escutara que a beleza dele era única, mas estava além de sua imaginação.
“Se me caso com este homem…”
Ela sabia bem o motivo de sua presença ali hoje. Nunca experimentara um momento em que sua beleza não funcionasse, por isso estava convencida de que o homem saído de uma pintura e a fada se apaixonariam logo, como pelo destino.
Ela apertou um pouco mais profundamente seu braço. Então o corpo de Raphael estremeceu um pouco. A Princesa, sentindo o leve tremor, olhou ligeiramente para cima com um leve sorriso, mas se encontrou com os olhos vermelhos de Raphael.
O sorriso no rosto de Sahir se desfez em um instante e, em contrapartida, seu coração batia com uma tensão desagradável. Os olhos dele dirigidos a si eram insensíveis e sombrios. Era estranho, parecia irreal. Nunca vira um homem que a olhasse assim.
Logo, como se estivesse equivocado, ele voltou a sua expressão fria característica, agarrando a maçaneta da sala de jantar e dizendo:
— Por favor, entre.
— Ah, sim…
Sahir voltou a si e entrou. Era um lindo salão onde se podia ver a bonita paisagem de fora através de uma grande janela.
Raphael escolheu um ambiente intimo para o jantar do tamanho de um banquete. Não um lugar para rir e falar, de qualquer forma. O Príncipe Luhin atuava para que o Duque Kedrey pudesse ter um espião de seu reino, era obvio o motivo pelo qual trouxera a Princesa.
“Com o Imperador morto e a falta de sucessores, esse tipo de contato também degradaria sua reputação no Império.”
Era necessário fazer-lhes saber que essa posição era apenas uma fantasia, não real.
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