Capítulo 4: Eu prometo para ti.
Eles saíram do quarto de Masha. Kizimu andou a passos largos, querendo distância daquele ambiente. Kim apressou seu passo para acompanhar seu mestre. Não sabia por que estava tão apressado, também não questionou.
Ao chegar nas escadas, parou e questionou Kim.
— Certo, o quarto de Amelaaniwa, para onde fica?
— Terceiro andar, no corredor à esquerda, é a penúltima porta.
Sem responder a Kim, Kizimu começou a subir as escadas. Ele estava com pressa. Tinha um questionamento preciso que responderia sua maior dúvida agora.
As escadas em espiral quadrado eram longas, só que em sua velocidade não demorou muito para chegar no penúltimo andar, o terceiro.
Virando a esquerda, seguiu reto, com Kim logo atrás. A última porta ficava na parede e tinha duas portas antes dela, uma na esquerda e outra na direita.
— Espere. Qual?
— O quarto à esquerda é da senhorita Amelaaniwa.
— Oh, certo. Posso lhe pedir algo? Quero confirmar algo com Amelaaniwa, peço que fique aqui na porta. Podemos fazer assim?
Kim não pareceu estar muito contente com isso, a contra gosto assentiu.
— As suas ordens.
Kizimu fica de frente para o quarto. Ele respira fundo e bate na porta. Aguardou e em poucos segundos uma voz responde: “entre”, ele faz o que fora pedido.
— Finalmente você voltou.
Em sua frente tinha uma jovem. Com lindos cabelos loiros. Estava sentada em uma cadeira confortável enquanto tinha um livro em sua mão. A garota fecha o livro após colocar um marcador de página.
Aquilo ainda está aqui.
Ela se levanta e anda até Kizimu. Ele, que tinha parado na frente da porta, entra e fecha a porta atrás de si.
A garota se aproxima até ficarem próximos e o observa bem de perto. Frente a frente sem dizer uma palavra.
A garota olha-o com seus olhos bordô e ele com seus olhos azuis-escuros a finta.
O silêncio ensurdecedor é cortado por ela:
— Quem é você?
— O que quer dizer com isso? Eu sou… K… Eu sou o garoto que você encontrou mais cedo.
— Certo. Então ponha isso então.
Amelaaniwa estende seu palmo e um anel com um pequeno cristal em formato estrela branca na ponta pode ser percebido.
“Não coloque.”
— Pode ser que não confie em mim, porém só irei responder suas perguntas, após colocar o anel.
Kizimu hesita. Mas, sem escolhas, não demora muito até que ele coloque o anel.
— Kuzimu, até onde você lembra de nossa conversa mais cedo.
— Eu sabia. Não estava enganado. Você me disse que meu nome era Kuzimu, mas as pessoas estão me chamando de Kizimu.
Era uma diferença boba, só que, ele até a manhã daquele dia, não sabia seu nome, então o que ele mais queria saber era. Qual seu verdadeiro nome?
— Kuzimu é seu verdadeiro nome. Contudo, Kizimu também é seu nome. Você sem memórias e seu eu interno são a mesma pessoa. Porém, um se tornou uma maldição e o outro continua sendo humano.
— Eu tinha esse pressentimento. Então… quem é Kuzimu?
— Apenas Minne sabe dizer. Eu não sei se ela conheceu Kuzimu ou Kizimu, porém, sem esse anel, se você definir que quem está no controle é ele. Ele vai tomar o controle.
Tomar o controle? Sua lista de dúvidas só aumentava. Por que ele entrou em coma? Quem era Minne? Quem era ou o que era Kuzimu? Kuzimu pode ser o motivo do seu coma?
— Quando você diz tomar o controle, o que quer dizer?
— Quando eu disse seu verdadeiro nome, você trocou e seu verdadeiro eu apareceu… E ele tentou me matar.
Matar? Por quê? E acima de tudo, se eu tentei…
— Então… me diga. Por que falhei em te matar?
— Porque matei você primeiro.
Essa resposta foi tão inesperada que ele até esqueceu de respirar. O que ela queria dizer? Ele tava vivo, não estava? Ele era imortal? Ou ela disse metaforicamente? Seu rosto doce e infantil não combinava com a conversa sombria que eles estavam tendo.
O que aquela garota pequena e indefesa poderia fazer contra ele…
Garota pequena e indefesa?
— Você… é uma maldição, né?
— Sim.
Ela nem precisou pensar.
— Você não sabe como, mas está no corpo de Amelaaniwa, certo?
— Isso eu não sei dizer. Porém, é bem provável. Não tenho memórias de antes, a primeira coisa que ganhei quando acordei foi receber meu nome e Minne disse que eu era a irmã dela.
Isso respondia à primeira dúvida. Esse não era seu nome, porque ela não era Amelaaniwa.
— Como sabe que é uma maldição? E não apenas perdeu as memórias?
— Eu apenas sei, é como se fosse parte de mim. Não acho que seja apenas uma perda de memória. É mais interno que isso… e… eu sinto que a garota está dentro de mim.
— A uma última coisa que gostaria de confirmar… por que está me contando tudo isso?
— Minne pediu para que eu o servisse e respondesse tudo que me perguntar. Apenas você pode salvar a todos dessa mansão.
Salvar a todos da mansão?
Uma responsabilidade grande demais para braços tão pequenos quanto os dele.
Ele retira o anel e ela levemente fica receosa.
Kuzimu.
Sinos começam a ecoar e de repente sua mente começa a chiar.
Não quero trocar. Quero conversar.
Sem resposta, apenas mais alto o chiado e sua mente começando a enlouquecer.
Ele põe novamente o anel.
Os sinos param, mas os chiados ainda ficam levemente em sua mente. Estava conflitante, estava começando a sentir uma leve raiva. Estava… determinado, não cederia para o sentimento. Era a segunda vez que tinha seus sentimentos sendo controlados, não perderia para isso.
— Eu prometo para ti. Eu vou salvar a todos.
Kizimu estava determinado, não sabia o que isso significava, mesmo assim, iria salvar a todos.
— … — a garota ficou sem reação, foi uma mudança muito brusca de emoções.
— Amelaaniwa, esse nome é muito grande… eu vou te chamar… deixa eu ver. Vou te chamar de Mel. Ok?
— Ah, ok. Tudo bem Kuzimu.
— E me chame de Kizimu.
— Minha irmã disse que era para te chamar pelo seu verdadeiro nome, até você pedir para te chamar como preferir. Disse que poderia demorar… Superando minhas expectativas, você é forte e decidido.
— É uma mistura de senso com racionalidade, é como se as respostas estivessem em minha mente, eu apenas preciso encaixar as peças.
Tudo isso era novo e confuso, mas não era ruim. Ele respira fundo e olha nos fundos dos olhos bordô de Mel.
— Irei acompanhar Kim para conhecer o resto dos residentes e quando voltar. Quero que me conte tudo sobre Minne.
— Sim senhor.
Amelaaniwa se curva, saudando-o o máximo até ele sair do quarto dela.
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