Capítulo 75: Carpe Diem (1/4)
Carpe Diem está procurando um novo membro.
Havia apenas uma única linha de texto no pergaminho e nada mais, nem mesmo um endereço. No entanto, Seol ainda gostou do fato de que aparentemente não impunha nenhuma restrição.
“Ir direto até lá seria tolice.”
Era sempre melhor ter bastante informação em mãos.
Seol Jihu deixou a praça e começou a caminhar sem um destino em mente. Estava pensando em entrar no primeiro restaurante que visse para cuidar do dejejum.
Enquanto olhava ao redor, acabou avistando à distância uma placa de madeira gasta e velha.
Comer, Beber e Curtir.
Comer, beber e curtir. Alex havia dito ontem que aquele lugar era um bar multiuso. Hugo queria vir até aqui com todos, mas Alex recusou na hora a ideia.
“Aparentemente, a Sincronização não traduz placas, hein.”
Seol Jihu inclinou levemente a cabeça antes de seguir diretamente para o bar.
Empurrou a porta com a expectativa borbulhando no peito e foi imediatamente recebido pelo barulho de pessoas conversando alto. Ao mesmo tempo, seu nariz foi atacado pelo cheiro misturado de cigarro, álcool, suor e mais algum outro odor não identificado.
Ao entrar, deparou-se com um salão, abarrotado, como aqueles que se vê em filmes ambientados no Velho Oeste. Pessoas sentadas em mesas redondas de madeira, conversando animadamente com copos de bebida na mão, ou sussurrando em tom sério.
Seol Jihu caminhou para dentro, passando pelas cinzas e bitucas de cigarro espalhadas pelo chão, até que seus olhos quase saltaram das órbitas ao ver uma mulher passar correndo, seu cabelo loiro esvoaçando no ar.
Ela usava um tipo de sutiã que deixava mais da metade dos seios fartos expostos, além de meias rosa e um cinto de ligas combinando; e seu quadril balançava à mostra por uma lingerie transparente.
Ela não era a única, no entanto. Ele logo viu muitas outras mulheres usando roupas tão escandalosamente reveladoras quanto, andando de um lado para o outro pelo bar.
“…Então esse era o significado de ‘Curtir’ no nome.”
De certa forma, entendia agora o que Alex quis dizer ao afirmar que aquele lugar não era adequado para ele.
“Não é como se eu não gostasse, no entanto.”
Ele só não estava acostumado, era isso.
Pouco depois, Seol finalmente encontrou um espaço vazio em um canto do balcão e se acomodou cautelosamente ali. Era óbvio que não deveria esperar um atendimento rápido num lugar como aquele.
Seol Jihu passou algum tempo observando a variedade de garrafas de bebida expostas nas prateleiras, até avistar um homem magro apoiado no cotovelo no outro extremo do balcão. Vendo que o homem estava vestido como um barman, era óbvio que trabalhava ali.
— Com licença.
— ?
O homem, com uma expressão entediada e um cigarro pendurado frouxamente nos lábios, lançou um olhar a Seol.
— Gostaria de fazer algumas perguntas.
O homem soltou a fumaça do cigarro e lentamente endireitou as costas arqueadas. Então se arrastou até Seol e perguntou com os olhos semicerrados:
— Vai pedir alguma coisa?
Seol não era bobo; imediatamente percebeu que o barman estava dizendo que precisava comprar ou pedir algo se quisesse ter suas perguntas respondidas.
— O que tem de bom para comer aqui?
— Uma refeição leve ou algo mais reforçado?
— Algo mais reforçado, por favor. Ainda não tomei café da manhã, sabe.
O barman abriu um pouco mais os olhos.
— Que tal uma tigela de sopa saborosa, um pão macio e uma salsicha grelhada levemente temperada?
— Parece ótimo.
— Ah, certo. Também servimos uma boa porção de bife.
— Me dê isso também. Ao ponto para mal-passado.
O barman olhou silenciosamente para Seol. Vendo isso, o jovem tirou uma moeda de prata e a apresentou ao homem. Só então o barman sorriu amigavelmente e devolveu 8 moedas de níquel como troco.
— Parece que vou ter que arregaçar as mangas depois de muito tempo. Espere aqui.
O barman entrou na cozinha e, logo depois, voltou trazendo primeiro a tigela de sopa e um grande pedaço de pão.
Dizia-se que a fome era o melhor tempero; e de fato, a comida estava maravilhosa. Seol Jihu terminou a sopa saborosa e o pão macio num piscar de olhos. A salsicha no espeto estava repleta de gordura suculenta, e quando deu a primeira mordida, o sabor da carne explodiu na boca.
O barman saiu da cozinha carregando o bife ainda chiando sobre um prato de metal, mas parou surpreso ao ver o jovem lambendo os dedos de satisfação.
— V-Você parece ter gostado da comida.
— Sim, estava realmente deliciosa. Pode me trazer o bife também.
“…Será que minhas habilidades culinárias são tão boas assim?”
O barman ficou pasmo ao ver o jovem cortando o bife sem hesitação e levando grandes pedaços à boca. Mesmo assim, conseguiu pegar uma garrafa de bebida da prateleira.
— Esta é por conta da casa. Tem baixo teor alcoólico, mas é bem doce e deve combinar bem com a comida.
A boca de Seol estava cheia de carne, então ele apenas acenou com a cabeça em agradecimento. Depois, pegou a garrafa e bebeu o líquido de uma vez. Uma sensação de satisfação o preencheu enquanto o aroma espesso de mel cru derretia em sua língua. Comida saborosa possuía essa capacidade de iluminar o humor, não importava a ocasião.
— Primeira vez que te vejo em Haramark.
O barman perguntou, com a expressão mais relaxada do que antes.
— Cheguei ontem. É minha primeira vez na cidade.
— De Scheherazade?
— Sim, está correto.
— Aha. Ah, certo. Você disse que queria me fazer umas perguntas, não foi?
Seol Jihu assentiu com a cabeça e perguntou:
— Há algum trabalho em Haramark? Não me importo com o que seja.
— Hmm, vejamos? Se não está falando de bicos, então… Que tal visitar a praça? Deve haver vários trabalhos listados no quadro de avisos.
— Estive lá agora há pouco, mas não havia muitos trabalhos que eu pudesse aceitar.
— Nesse caso, deveria começar como carregador. Anda por aí com outros, ganha alguma experiência, aprende umas coisas e, com o tempo, sobe de nível e consegue equipamentos melhores.
O barman lançou um olhar para a lança de Seol e continuou:
— Um Guerreiro precisa ser pelo menos Nível 3 se quiser tentar a sorte em uma expedição. Bem, a não ser que já esteja em um grupo.
— Então era assim.
— Ah, lembrei agora que o grupo do Samuel estava procurando um novo membro…
Seol Jihu brincou com a garrafa de bebida entre os dedos antes de perguntar ao barman:
— Você, por acaso, conhece o Carpe Diem?
— Hm? Carpe Diem?
Os olhos do barman se arregalaram levemente, como se não entendesse de onde vinha aquela pergunta.
— Claro que conheço. Se não souber quem é o Carpe Diem, vão achar que você é um espião em Haramark. Digo, eles não são aqueles que vivem para o hoje?
— ?
‘Carpe Diem’, significava literalmente ‘aproveite o dia’; no entanto, o barman disse que o ‘grupo’, vivia para o presente.
— Como eles são?
— Hm… O Carpe Diem é um time composto por quatro, não, espera… três pessoas. Nem preciso mencionar o quão habilidosos são. Até mesmo Sicília e as Tríades às vezes solicitam missões para eles. Como equipe, estão entre os cinco melhores de Haramark, sem dúvida.
Eles eram um grupo impressionante, ao que parecia. Haramark era uma cidade movimentada e próspera por si só. Então, se um grupo era considerado um dos melhores aqui, significava que, mesmo levando todo o Paraíso em conta, ainda estariam entre os melhores.
— Cada membro é conhecido pelas boas habilidades, mas o mais importante é que o líder é alguém bastante notável. Ele é um Alto Ranker, como era de se esperar.
— Onde posso encontrar o Carpe Diem?
— Por quê? Quer se juntar a eles?
Seol Jihu assentiu, o que fez o barman balançar a cabeça energicamente.
— Melhor esquecer essa ideia. Esse time é…
Mas ele deixou as palavras no ar e soltou um leve suspiro. O barman então abaixou um pouco a cabeça.
— …Não ligue para mim. Não estou em posição de dizer nada, de qualquer forma.
O jovem conseguiu a localização com o barman. Agradecendo pela refeição, Seol se levantou e deixou o bar.
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