Índice de Capítulo

    A manhã amanheceu.

    Seol Jihu acordou, lavou-se levemente e apressadamente colocou seu equipamento. Pensando bem, sua noção de tempo havia ficado um pouco turva desde que começou sua vida em Paraíso. Como não havia relógios ali, era inevitável, mas ainda assim era bem difícil saber exatamente quando seria esse ‘cedo pela manhã’ para o encontro.

    Ele pegou sua mochila e deixou a estalagem. Em seguida, dirigiu-se diretamente ao portão sul pelo caminho que havia memorizado no dia anterior.

    Até então, ele estava em dúvida, mas seus receios se confirmaram. Nove pessoas já o esperavam junto ao portão. Pensando que estava atrasado, Seol correu com quase tudo que tinha até Samuel notar sua presença e acenar para ele.

    — Opa, opa! Calma, calma! Você não está atrasado, então não precisa correr assim.

    — Ah. Era isso, então.

    — O Mestre Ian ainda não chegou, sabe.

    Samuel deu leves tapinhas no ombro de Seol antes de soltar um ‘Ops’ e lhe entregar uma bolsa bastante grande.

    — Esta é a bagagem pela qual você será responsável. Cuide bem dela. Se perdê-la de alguma forma, podemos enfrentar um grande problema depois.

    — Só isso?

    — É. Também contratamos outros dois carregadores, sabe. Eles são moradores locais, então você não precisa se preocupar muito.

    Seol Jihu assentiu com a cabeça, pegou a bagagem sem dificuldade e a jogou sobre o outro ombro. Ele sentiu o peso, mas não era pesado o suficiente para atrapalhá-lo. Enquanto isso, Samuel o observava com uma expressão ligeiramente atônita.

    — N-Não é pesado?

    — Na verdade, não.

    — Hoh… Como esperado, fiz bem em confiar no julgamento do Alex.

    Enquanto Samuel assentia sabiamente para si mesmo, Seol Jihu olhou ao redor. Perto do portão, ele viu duas carruagens, os membros da Carpe Diem e o time de Samuel.

    Se havia algo diferente em relação ao dia anterior, era que todos agora estavam devidamente equipados para a jornada.

    Seol Jihu já tinha visto o grande machado de batalha de Hugo e sua armadura pesada durante a viagem até Haramark. Samuel, à sua frente, parecia bastante impressionante com sua jaqueta de couro cravejada de cor vibrante e uma capa azul que descia até a cintura.

    Dylan, que deveria ser um Arqueiro, estava vestido com uma brigandina em formato de casaco, normalmente usada por Guerreiros. O jeito como a armadura refletia a luz prateada do sol da manhã indicava que não se tratava de um item simples.1

    Quando Seol Jihu notou a longa espada de aparência fria e o pequeno escudo prateado empunhados por Grace, ele não pôde deixar de sentir que seu próprio equipamento parecia muito mais inferior em comparação.

    Era como Cinzia havia dito antes; a diferença de qualidade entre a Zona Neutra e Paraíso era nitidamente grande, sem dúvida.

    “Um dia, eu também…”

    O jovem decidiu firmemente que aumentaria seu nível, conseguiria equipamentos melhores e se juntaria a esses indivíduos incríveis o mais rápido possível. Foi então que Chohong se aproximou dele. Sua vestimenta era tão única que Seol Jihu não pôde deixar de dar uma segunda olhada.

    Ela usava um manto branco semelhante ao de Alex, mas havia uma camada de cota de malha por cima. Além disso, seu peito, braços e pernas estavam todos protegidos por camadas de armaduras metálicas. Era, no mínimo, uma combinação de equipamento bastante complexa.

    “Ela é uma Sacerdotisa ou uma Guerreira?”

    Chohong nem sequer olhou para o confuso Seol Jihu e deu um tapinha no ombro de Samuel.

    — Então, quando é que aquele pervertido vai chegar?

    — Uh-huh. Como assim, ‘pervertido’? Deveria medir suas palavras na frente do Mestre Ian.

    — Tanto faz, né? Ele nem chegou ainda.

    — Bem, veremos.

    Samuel sorriu despreocupadamente e começou a acenar com a mão. Seol Jihu seguiu seu olhar e viu um homem se aproximando do grupo ao longe.

    Ele tinha uma altura mediana, corpo esguio. Seu cabelo não era completamente branco, mas se aproximava do grisalho. Vendo todas aquelas rugas ao redor dos olhos, ele devia ter passado dos quarenta há muito tempo, talvez já estivesse bem nos cinquenta.

    Mas o mais marcante era a longa, longa barba branca que descia até o umbigo, lembrando Seol Jihu de um certo mago de uma franquia de filmes famosa.

    — Ei-ii!

    O homem, vestindo um manto branco marfim, acenava com a mão que segurava um cajado de madeira com a ponta levemente curvada. Esse homem não era outro senão Ian.

    — Chegou, Mestre Ian.

    Samuel cumprimentou o Mago com uma reverência impecável.

    — Desculpe, desculpe. Acabei me atrasando um pouco. Fazia tanto tempo que eu não vinha a Haramark, que as ruas pareciam tão abertas e refrescantes, sabe?

    — Ah, sei como é. Já fui ao palácio real algumas vezes, e aquele lugar é realmente sufocante.

    — Total verdade. Se não fosse pela aparência da princesa, eu teria morrido de tédio.

    — Ah… Você fala daquela princesa certinha, né?

    Ian começou a rir enquanto conversava com Samuel. Seol Jihu já tinha formado uma impressão geral do velho a partir das histórias que ouvira no dia anterior, mas hoje, não pôde deixar de pensar que a personalidade despreocupada de Ian parecia ainda mais amigável do que ele esperava.

    — De qualquer forma, vamos partir. Se eu ficar aqui por mais tempo, a família real pode tentar me caçar. Eles ficaram tentando me convencer a mudar de ideia até esta manhã, sabia?

    Xiii. Isso definitivamente não seria bom. Vamos embora logo, então?

    — Devo subir naquela carruagem ali?

    — Sim. Ah, e a propósito…

    Quando Samuel viu Seol Jihu e hesitou um pouco, Chohong agarrou o braço do jovem e falou.

    — Esse garoto vai com a gente.

    — Ah, tudo bem.

    Samuel assentiu. Ian, por sua vez, abriu um sorriso brilhante ao encontrar Chohong.

    — Oh… Chohong! Quanto tempo! Você continua linda como sempre.

    — Cala a boca, velho pervertido.

    Chohong ergueu sua maça e rosnou de maneira ameaçadora, antes de se virar nos calcanhares. Seol Jihu foi arrastado por ela sem poder fazer nada e acabou embarcando na carruagem da Carpe Diem.

    E pouco depois…

    — Vamos!

    Junto ao grito de Samuel, as duas carruagens partiram lentamente do portão sul.

    Era o começo da primeira expedição de Seol Jihu.

    1. Curiosidade, a brigandina é uma armadura medieval inglesa; A forma mais fácil de descrever ela é como um colete de tecido ou couro, mas a mesma é repleta de pequenas placas de metal rebitadas por dentro. Não só era uma armadura incrível para proteção, como era confortável e bela.[]
    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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