Índice de Capítulo

    Plop.

    A pena caiu fraca após colocar o último ponto no papel. As penas da pena se soltaram e caíram. Tudo o que restava era uma pena sem plumas e uma folha de papel repleta de todo tipo de ressentimento e raiva rabiscados de forma agressiva.

    — Hiiick?!

    Grace deu um pulo e agarrou o pescoço de Samuel, seu rosto completamente pálido. Até ele parecia sem palavras no momento. Todos ali presentes ficaram em silêncio, encarando o papel por um tempo.

    Depois de um momento de silêncio sombrio, Ian abriu a boca.

    — Estaríamos em grandes apuros se simplesmente tivéssemos entrado.

    Samuel começou a morder os lábios com força. Achava aquilo um desperdício. Mesmo que não fosse uma tumba real, ainda assim, seu tamanho era dezenas de vezes maior do que a média. A mulher enterrada ali não era apenas a última filha de uma família nobre famosa, mas também havia sido canonizada como santa. O valor dos bens funerários encontrados seria considerável.

    No entanto, Seol Jihu havia usado a Pena da Consciência Fluída para criar uma prova que respaldava sua alegação de que seria perigoso entrar na tumba. Claro, não era como se não houvesse falhas em seu argumento, mas o problema real era que a hipótese de Ian, baseada apenas na intuição do Mago, havia dado um passo a mais para se tornar realidade.

    — Hiya… E eu ouvi dizer que quando uma garota guarda rancor, até neve cai no meio do verão!

    Samuel deliberadamente falou em voz alta enquanto pegava o papel do chão. Em seguida, o sacudiu como se não fosse nada demais.

    — Não fiquem tão assustados. É só um espírito zangado, não é? Não pode ser mais forte que um Lioner, certo? Quero dizer, um feitiço do Alex resolveria isso.

    Ele não estava errado quanto a isso. O que Seol Jihu havia provado até agora era apenas a existência de um inimigo dentro da tumba. Antes de enfrentá-lo, ninguém sabia o quão perigoso ele poderia ser. Seria uma piada se recuassem de medo e o inimigo se revelasse um fraco.

    — Não, não acho que seja o caso.

    Seol Jihu discordou imediatamente. Samuel suspirou.

    — Pode nos dar sua razão?

    — Antes disso, posso fazer uma pergunta?

    — Claro.

    — Dylan, Samuel. Por acaso, vocês viram vestígios de outras formas de vida além dos nossos grupos e do grupo de Kahn perto desta tumba? Por exemplo, monstros ou animais selvagens.

    — Isso…

    Samuel deixou a frase morrer. Quando havia inspecionado a colina em volta da tumba, não encontrou nada digno de nota.

    — De fato, pode-se ver dessa forma.

    Dylan concordou, talvez percebendo o que Seol Jihu estava tentando dizer.

    — E não é só isso.

    Seol Jihu continuou:

    — De acordo com o que o Mestre Ian nos contou, um famoso Sábio também veio a este lugar.

    — Oho. Um raciocínio inverso, é? De fato, podemos deduzir a força do espírito vingativo a partir da escala da magia defensiva lançada aqui.

    Ian também assentiu como se pudesse ver a lógica.

    Samuel ficou sem palavras ao ver dois dos membros principais da expedição começarem a se inclinar para o lado de Seol Jihu.

    “Sério, quem é esse cara?”

    Se fosse apenas uma questão de moralidade, Samuel poderia ter entendido. Afinal, o jovem era apenas um Nível 1. Provavelmente ainda não sabia como as coisas funcionavam no Paraíso. Sua alegação sem base poderia ser facilmente descartada.

    No entanto, cada palavra do jovem trazia uma ponta inegavelmente afiada. Era como se Samuel estivesse olhando para um Terrestre veterano que já participara de uma dúzia de expedições.

    — …Entendo o que você quer dizer.

    Samuel lambeu os lábios e abriu a boca.

    — Seol, admito que seu argumento faz algum sentido. No entanto, ainda é uma opinião baseada em uma hipótese não comprovada, certo?

    — Samuel.

    — O que sabemos com certeza agora é que esta tumba pertence a uma mulher de alta posição do Império, e que há um inimigo lá dentro. Desde que eliminemos esse inimigo, poderemos levar todos os bens funerários e retornar triunfantes para Haramark. Estamos falando de tesouros do antigo Império.

    — …

    — Claro, você pode estar certo. No entanto, mesmo considerando isso, ainda desejo entrar na tumba. Esta é minha opinião como líder da expedição.

    Uma expedição sempre seria acompanhada de perigo. Seol Jihu ficou sem palavras após essa realidade indiscutível ser lembrada. Só seu interior ardia de frustração.

    Assim que o jovem fechou a boca, Ian discretamente deu um passo à frente.

    — Então é isso. Mas, o que você pensa?

    — Perdão?

    — A posição do Samuel é de que devemos correr o risco e derrotar o espírito vingativo. No entanto, se você estiver pensando em outra solução, gostaria de ouvi-la.

    “Ele está tentando me dar uma chance?”

    Por algum motivo, parecia que Ian concordava com sua opinião. Só que estava fazendo isso de maneira indireta, em consideração a Samuel, que havia evocado sua autoridade como líder.

    “Droga, ainda está preto. Se entrarmos, vamos morrer imediatamente.”

    Seol já havia experimentado a cor Escape Imediatamente uma vez, lá na Zona Neutra. Só de pensar em como quase morreu naquela ocasião ainda lhe dava arrepios horríveis.

    Se ficasse parado sem fazer nada, sem dúvida, teria que entrar na tumba. Não, pensando bem, a entrada já estava praticamente decidida. Agora que Samuel havia expressado fortemente sua determinação, Seol não tinha mais o direito de impedir.

    “O que vocês querem de mim?”

    Como última tentativa desesperada, ele poderia recusar sozinho a entrada. Mas, pensando nas consequências disso, também não parecia uma decisão inteligente.

    O que ele deveria fazer agora?

    O melhor seria se eles conseguissem levar os bens funerários sem incorrer na ira do espírito vingativo. No entanto, ele não conseguia pensar em uma boa maneira de fazer isso.

    — Uma solução diferente, uma solução…

    — Veja, as mulheres são criaturas emocionais. Elas são diferentes de nós, homens.

    — Mas que diabos. Por que estou de repente me lembrando do que Hao Win disse…?

    Foi nesse momento que uma certa possibilidade surgiu em sua cabeça.

    — Gostaria de abordar esse problema de outra maneira.

    Os olhos de Seol Jihu, que antes estavam tumultuados, voltaram a se acalmar. Vendo isso, os olhos de Ian começaram a brilhar.

    — Esta é uma mulher que foi vendida em um casamento político e enterrada viva sem ter feito nada de errado. Isso já ultrapassa o nível de simplesmente sentirmos simpatia ou acharmos injusto.

    — Com certeza, muito provavelmente.

    — Como ela ficou presa ali por centenas de anos, não consigo nem começar a imaginar o quão forte é o ressentimento não resolvido dela agora. Se entrarmos no túmulo assim, todo esse ressentimento será direcionado a nós. Seria como se ela tentasse matar a todos, incluindo a si mesma.

    — Hoh. E então?

    Seol Jihu engoliu em seco.

    Ele mesmo sabia que era uma noção risível, um pensamento sem sentido. Mas, sem isso, ele não tinha nada. Não conseguia pensar em outra solução.

    No entanto, sua vida era preciosa, e para sobreviver, agarrar-se-ia até mesmo a um fiapo de esperança.

    Agora determinado, Seol Jihu prosseguiu.

    — Então, em vez de tentar lutar contra o espírito, que tal tentar apaziguá-lo…?

    — O quê? O quêêê?

    Samuel soltou um guincho agudo. Ian levantou a mão e sinalizou para que ele ficasse quieto.

    — Você quer apaziguar o espírito? Em outras palavras, quer obter o consentimento dele, é isso?

    — Algo assim, sim. Do ponto de vista da mulher, nós somos ladrões de túmulos e invasores, afinal de contas.

    — Hmm, não sei. Não tenho certeza se o dono da casa seria tão compreensivo quando um bando de ladrões tenta obter seu consentimento.

    — Bem, a mulher já está morta, de qualquer forma. O que estou dizendo é: vamos pelo menos mostrar um mínimo de sinceridade.

    Ian acariciou lentamente a barba. Parecia que ele precisava de um tempo para organizar seus pensamentos a respeito desse conceito estranho.

    — Hmm. Apaziguar o espírito, é isso…

    — Mestre Ian, eu já ouvi uma história semelhante antes.

    Surpreendentemente, Dylan apoiou Seol Jihu.

    — Acho que Seol está se referindo a um exorcismo. Ouvi dizer que, na realidade, os exorcistas não exterminam a alma durante a cerimônia de exorcismo, mas, na maioria das vezes, conversam com os mortos e resolvem quaisquer apegos que eles ainda tenham ao mundo.

    — Certo, também já ouvi algo assim.

    Hugo de repente se intrometeu.

    — Um dos meus amigos é especialista em roubar túmulos, sabia?

    Chohong deu uma risadinha.

    — Você deve estar tããão orgulhoso disso, hein, camarada.

    — Ei, vamos lá, escuta até o fim, tá? De qualquer forma, antes de cavar um túmulo, ele sempre realiza uma pequena cerimônia primeiro.

    — Uma cerimônia?

    — Isso mesmo. Ele oferece alguns pratos de comida e bebida alcoólica e pede aos donos dos túmulos que não fiquem muito irritados e tal. Ele diz que vai fazer bom uso dos bens funerários. E, depois que termina, ainda se certifica de restaurar os montes funerários e tudo mais ao estado original. Ele diz que é a única maneira dos mortos não ficarem furiosos ou algo assim.

    Com Hugo complementando o que Dylan disse, Ian começou a demonstrar sinais de estar convencido. Seol Jihu aproveitou a oportunidade.

    — A pena mágica ainda pode ser usada mais uma vez. Então, vamos tentar apaziguar a alma primeiro e depois descobrir o que a consciência da mulher tem a dizer.

    Samuel ficou lambendo os lábios por um tempo antes de abrir a boca.

    — Quanto tempo levará para apaziguar a alma?

    — Se fizermos uma cerimônia simples, dez minutos devem ser suficientes.

    — …Certo. Vamos fazer assim.

    Samuel continuou.

    — Vamos fazer como você propôs. Dez minutos, bem, isso não é nada. Mas, se o resultado final não for tão bom… então, quero que você siga minha ideia.

    Esse foi o máximo que Samuel estava disposto a ceder. Seol Jihu não disse mais nada e se levantou.

    — Certo, então, como fazemos essa cerimônia?

    — Vamos realizar um ritual ancestral.

    — Um ritual ancestral?

    — Sim. Alex? Posso pegar seu altar emprestado por um tempo? E, se você tiver alguma oferenda, também.

    — Bem, uh, eu tenho um altar, mas…

    Alex começou a murmurar para si mesmo. Na verdade, ele estava bastante cético em relação a essa coisa de apaziguar a alma. Do ponto de vista dele, seria um desperdício terrível de oferendas para algo que provavelmente nem funcionaria.

    — Claro, já que estou trilhando o caminho para me tornar um Alto Sacerdote, me certifico de estar sempre preparado, mas, como posso dizer… ainda sou apenas um Sacerdote Investigativo.

    — Alex, deixa disso. Quando a expedição terminar, eu te pago de volta.

    — Droga. Tá bom.

    Alex reclamou amargamente e pegou sua bolsa de um dos carregadores antes de abri-la.

    — Será que precisamos mesmo ir tão longe?

    Clara lançou uma pergunta incisiva, a voz cheia de insatisfação.

    — Que diabos estamos fazendo? Resolvendo apegos? Tá de brincadeira?

    — Clara, por favor, fique quieta.

    — Deixa eu falar. Ainda tenho que dizer o que precisa ser dito. Ei, você. Sabe que, uma vez usadas, as oferendas perdem todo o valor, né? Não tem nenhuma consideração pelo Alex? Ele até perdeu seu artefato importante também, sabia?

    — Clara!

    A voz de Samuel se elevou.

    — Se for por esse lado, então Seol também perdeu sua arma mágica. Ele até usou aquela pena mágica.

    — M-Mas, isso…

    — Para de choramingar. Eu já dei meu consentimento.

    Samuel falou de maneira decisiva e se virou para olhar Seol Jihu.

    — Foi mal. Deixe-me pedir desculpas em nome dela.

    A um olhar casual, poderia parecer que Samuel estava tomando o lado de Seol Jihu, mas na verdade havia um motivo oculto. Cedendo corretamente nas coisas em que precisava ceder, ele faria com que a outra parte também cedesse depois. Se a cerimônia funcionasse, ótimo. Se não, Samuel poderia silenciar o jovem de vez.

    “Só preciso esperar mais dez minutos, de qualquer forma.”

    E isso não era tudo. Tanto Chohong quanto Hugo lançavam olhares afiados para Clara, que tentava recuperar o fôlego e se acalmar. Se Samuel não interviesse, provavelmente seriam eles que tomariam a dianteira. Como líder da expedição, ele precisava ficar atento para que a equipe não se dividisse.

    E assim, sob a orientação de Seol Jihu, a preparação para o ritual ancestral começou. O altar foi disposto diante do túmulo, e várias oferendas foram colocadas sobre ele. Não apenas isso, a comida foi organizada cuidadosamente em cada prato, e Hugo até tirou a garrafa de bebida que vinha guardando para uma ocasião especial.

    Se houvesse alguma luz em meio às nuvens negras, seria o fato de Seol Jihu possuir um nível razoável de conhecimento sobre como realizar um ritual ancestral. A experiência era supostamente o melhor professor, ele participava de um três vezes ao ano, então estava mais ou menos familiarizado com todo o processo. Afinal, a tradição coreana ditava a prática dos rituais ancestrais.

    Quando a preparação terminou, Ian se aproximou do jovem e lhe perguntou:

    — Há algo que devemos ter em mente durante a cerimônia?

    Seol Jihu pensou por um momento antes de abrir a boca.

    — Há algo que meu pai sempre me dizia. Ele dizia que o coração sincero representa metade do ritual.

    — Um coração sincero é metade do ritual… São palavras profundas.

    — Obrigado. Eu sei que é meio chato, mas, por favor, façam o possível para participar do ritual de todo o coração. O ritual em si não é difícil. Basta confortá-la mentalmente ou pedir perdão em voz alta. Só não façam de qualquer jeito.

    Para ser honesto, nem Seol Jihu estava confiante de que isso funcionaria. No entanto, já que fariam o ritual, queria que fosse feito direito.

    — Bem, então. Vou começar o ritual com o Chohon.

    — Chohon?

    — Significa chamar pela alma do falecido… Bem, pensem nisso apenas como uma parte do ritual.

    Seol Jihu sorriu de forma resignada e se posicionou diante do altar.

    O ritual ancestral finalmente teve início. Não era uma visão incomum, já que existiam Altos Sacerdotes e Sacerdotes Chefes em Paraíso. Mas, considerando o fato de que o oponente desta vez era um espírito vingativo, este evento certamente se qualificava como algo bizarro e raro, mesmo naquele mundo.

    Assim como Seol Jihu havia dito, o ritual ancestral simplificado não durou muito. Em seguida veio o Sejan. Seol Jihu lavou a taça com álcool, prostrou-se diante do túmulo e moveu os utensílios para diferentes pratos no altar.

    Depois disso veio o Yushik, seguido do Sashin. A etapa final do ritual, o Bunchook, teve de se contentar com a queima do papel onde a consciência da mulher estava escrita.

    — Nunca pensei que faria algo assim.

    Quando o ritual terminou, Chohong murmurou suavemente para si mesma.

    — Ei, Seol. Posso comer aquilo?

    Hugo falou, apontando para a comida no altar. Agora que ele mencionava, já fazia muito tempo que haviam passado da hora do almoço.

    — Pode sim. Agora que o ritual terminou.

    — Ah, então era isso. Espero que o ritual tenha funcionado.

    Hugo falou como se não fosse nada demais e estendeu a mão em direção ao altar.

    Agora que tudo havia terminado, a pressão que Seol Jihu sentia aumentou cem vezes.

    “O que eu faço se não funcionar?”

    Será que os reis do passado se sentiam assim depois de realizarem rituais para chamar a chuva? Tentando acalmar o coração acelerado, Seol Jihu ativou seus Nove Olhos.

    “…Ah.”

    O túmulo continuava totalmente negro. Nada havia mudado. Mas, foi então que aconteceu.

    — Argh, ptooi! Pttooi!!

    Hugo franziu profundamente a testa e cuspiu no chão. Chohong, que estava ao lado dele, se assustou imediatamente.

    — Ei, seu idiota!! Presta atenção!

    — M-Mas o que diabos é isso? Por que isso tem gosto de merda?

    Hugo olhou para a carne seca em sua mão e cuspiu furiosamente.

    — O que tem de errado com o gosto?

    — Bem, uh, como posso explicar… é como mastigar areia, sabe?

    — O quê?

    Com uma expressão cética, Chohong deu uma mordida leve na mesma carne seca e imediatamente fez uma careta profunda.

    — Ptooi! Mas que merda é essa?

    — O que está acontecendo?

    Ouvindo a confusão, Dylan e o restante da equipe da expedição se aproximaram e começaram a provar os diversos alimentos. E todas as reações eram mais ou menos as mesmas. A comida não estava estragada, mas havia perdido completamente o sabor, a ponto de ser impossível comê-la.

    Seol Jihu observou a situação se desenrolando com olhos atônitos, antes de apressadamente voltar seu olhar para o túmulo. E então, quase por reflexo, prendeu a respiração.

    A cor do túmulo começou a mudar lentamente. Do negro intenso para o vermelho, do vermelho para o laranja, e finalmente, do laranja para o amarelo.

    “Atenção Necessária!”

    Seol Jihu cerrou o punho com força e gritou:

    — Mestre Ian!

    Ian já havia puxado uma folha de papel e estava esperando. Dylan também foi rápido e arrancou uma folha de erva que crescia no túmulo e a entregou a Seol. O jovem enrolou firmemente a erva na pena mágica e a colocou sobre o papel em branco.

    Pouco tempo depois, a pena mágica ficou ereta.

    Será que estava confusa? Parecia hesitar por muito tempo antes de começar a escrever palavras de forma cautelosa.

    Se houvesse uma diferença notável em relação a antes, era que a pena não se movia freneticamente como uma louca, mas sim de maneira lenta e cuidadosa. Era como se o escritor estivesse hesitante.

    Não demorou muito até a pena cair. Mesmo assim, a pena mágica continuava a arranhar o papel, como se quisesse escrever mais alguma coisa. No entanto, de repente, parou de se mover e virou um punhado de pó.

    “Por favor…”

    Seol Jihu já havia confirmado com seus Nove Olhos, mas não conseguia relaxar só porque o túmulo estava amarelo. Com a garganta seca, engoliu em seco e começou a ler as palavras escritas no papel.

    Faz tanto tempo que comi, estou com o estômago cheio mesmo? Você me entende? De verdade? De verdade, de verdade? Aqueles desgraçados são ruins estou com raiva ressentida quero ser consolada é totalmente injusto obrigado por me entender obrigada homem de cabelo preto obrigada de verdade podem entrar tudo bem podem pegar as coisas não preciso delas mesmo ah e não toquem nas lembranças ao redor do meu caixão lembranças por favor

    As letras no papel eram quase ilegíveis, rabiscadas de forma desordenada. Era como ler o desabafo de um bêbado. No entanto, cumpriam seu propósito e transmitiam a mensagem.

    — Mas que…

    A mandíbula de Samuel caiu no chão.

    — …Eu realmente não consigo acreditar.

    Tudo isso não passava de um lançamento de moeda. Mesmo para alguém como Ian, que já havia passado por todo tipo de dificuldades e eventos insanos, a situação atual era algo que ele ainda não tinha enfrentado.

    — Um evento como este é digno de ser reportado à Torre Mágica. Quem é você de verdade?

    Ian fitava o jovem com olhos que já haviam ultrapassado o assombro e chegado ao respeito absoluto.

    — Seol, tem algo que eu estou realmente curioso para saber.

    Hugo riu e encarou Seol Jihu.

    — Quem era você na Terra?

    Seol Jihu fingiu não ouvir nada. Obviamente, ele não podia contar absolutamente nada.

    — Essa expedição está cheia de surpresas, uma atrás da outra. Estou aprendendo muito aqui.

    Dylan balançou a cabeça com um sorriso resignado.

    Seol Jihu olhou para o túmulo com olhos cheios de compaixão. Depois que o método no qual ele não depositava muita esperança realmente funcionou, sentia-se feliz, mas ao mesmo tempo, também sentia pena do espírito.

    “Quão solitária e assustada ela deve ter sido…?”

    …Para que sua raiva amainasse tanto apenas com um pequeno e simples ritual de apaziguamento?

    Foram suas circunstâncias e o ambiente ao redor que forçaram sua alma jovem e frágil a mergulhar na escuridão. Será que, antes de sua morte precoce, sua personalidade era gentil e amável?

    “Se eu encontrar uma oportunidade…”

    Ele até pensou em voltar ali uma ou duas vezes por ano para realizar uma cerimônia, se pudesse.

    Pensando assim, Seol Jihu começou a guardar o altar devagar.

    A dona havia consentido. Então, a única coisa que restava era entrar.


    Creak…

    Após abrir o portão da frente, a expedição entrou cuidadosamente no interior do túmulo. Embora estivesse escuro lá dentro, Ian usou magia de luz para iluminar o local.

    Inesperadamente, a disposição interna não era complicada. Eles seguiram por um corredor e encontraram outra porta, e além dela, havia um grande salão semelhante a uma câmara.

    Samuel entrou cautelosamente primeiro, antes de suas passadas pararem abruptamente, com uma exclamação alta escapando de sua boca.

    — Uau!!

    — O q-que foi agora?! O quê?!

    Alex também formou uma expressão chocada.

    A sala tinha formato de cúpula, com cerca de 20 metros de diâmetro. No ponto mais alto do teto arqueado, a altura chegava facilmente a 4 ou 5 metros.

    Mas o que mais chocou a expedição foram todos os objetos de valor expostos nas paredes.

    Muitos itens decorativos estavam pendurados na parede circular, e todos eram adornados com joias preciosas. Alguns deles até brilhavam com o inconfundível tom dourado fosco do ouro.

    No entanto, o destaque ficava para os dois sarcófagos posicionados sobre o altar no centro da sala. O da direita não possuía características notáveis, mas o da esquerda era verdadeiramente chamativo e inacreditável.

    Não apenas era feito de mármore de altíssima qualidade, capaz de receber intrincadas inscrições metafísicas, como também estava coberto por um tecido vermelho com bordados dourados. E, por cima de tudo isso, repousavam uma linda espada longa e um escudo elegante.

    E isso não era tudo.

    Vários acessórios que emitiam um brilho atrativo mesmo à primeira vista estavam dispostos ordenadamente ao redor e sobre o sarcófago. Havia brincos, anéis, objetos que pareciam moedas ou medalhões, e alguns outros que ninguém havia visto antes.

    Todos exibiam a aparência mais bela imaginável e também emanavam uma forte energia mágica, sem dúvida, eram os artefatos do antigo Império que Samuel tanto desejava.

    — Isso é incrível! Ei, ei, cara! Quanto você acha que isso aqui vale?!

    Samuel perguntou enquanto pegava uma flor da parede. Observando de perto, tratava-se de uma pequena escultura feita de várias joias que emitiam um brilho de cinco cores.

    — Hoje em dia é realmente raro encontrar uma escultura de joia talhada com tanta precisão. Aposto que poderia pedir qualquer preço a um colecionador.

    Dylan sorriu satisfeito e respondeu.

    — A-Aquilo, aquilo ali…

    Desde que entrara na câmara, Alex não conseguia desviar o olhar do sarcófago da esquerda. Mais precisamente, seus olhos estavam arregalados diante de um objeto do tamanho da palma da mão que estava sobre a tampa.

    — Alex?

    Quando Seol Jihu deu um leve toque em Alex, o pescoço deste tremeu ao abrir a boca.

    — Seol, Seol. Você, você está vendo aquilo?

    — O que foi?

    — S-Sabe, aquilo? Se aquilo for o que eu estou pensando… é um item incrivelmente raro e incrivelmente caro. É o equipamento dos sonhos para um Sacerdote.

    Ele até fechou os olhos e começou a tremer de empolgação.

    Fufu. Você é bem informado para um Sacerdote, Alex.

    Ian sorriu e se aproximou.

    — Provavelmente, você está certo. A maioria dos itens sobre o sarcófago da esquerda deve estar relacionada à profissão de Sacerdote.

    — Eu sabia…

    — Os bens funerários encontrados em túmulos geralmente são coisas usadas pelo falecido em vida. Esta dama não apenas era filha de uma casa renomada, como também foi canonizada como uma santa. Então, faz sentido que tenham preparado os bens adequadamente. É por isso que há uma diferença notável entre os dois sarcófagos aqui.

    Enquanto ouvia a explicação de Ian, Alex assentia como um louco. Era como se nada mais pudesse prender sua atenção naquele momento.

    Pelo modo como ele olhava com cobiça, não havia dúvidas de que eram itens extraordinários. Mas, infelizmente, eram apenas sonhos inalcançáveis. O espírito da mulher havia dito que podiam pegar os outros bens, mas pediu que não tocassem nos objetos ao redor de seu caixão. Eles haviam conseguido apaziguá-la de alguma forma, então não deveriam fazer nada que traísse sua confiança.

    “Já será mais do que suficiente pegar as coisas das paredes.”

    Seol Jihu viu Chohong e Hugo examinando os itens sobre o sarcófago da direita, mas não os impediu. No momento, ele mantinha seus Nove Olhos ativados. Com exceção dos itens do caixão da esquerda, tudo o mais exibia tons variados de verde.

    Seol Jihu juntou as mãos e ofereceu uma prece diante do sarcófago que continha a mulher, antes de se virar para uma das paredes. Os outros membros da expedição estavam ocupados guardando os bens funerários.

    E assim, algum tempo se passou, e a maioria dos itens nas paredes já havia sido recolhida, foi então que aconteceu.

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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