Índice de Capítulo

    “Mm??”

    Tudo aconteceu sem qualquer aviso. Pelo menos, para Seol Jihu, que estava observando com cautela seus companheiros empacotarem os bens funerários, parecia que aquilo veio como um raio.

    A câmara, que antes era uma mistura de verde e amarelo, de repente mudou para um tom sutil de vermelho. Então, como se a dona do túmulo estivesse ficando mais irritada, todo o espaço começou a se tingir de um vermelho mais profundo.

    Completamente chocado com a ocorrência, Seol Jihu se virou e encontrou Alex e Clara no meio de mexerem nos bens funerários ao redor do sarcófago da esquerda.

    Para ser mais preciso, Alex estava estendendo a mão em direção a aquele mesmo objeto de lembrança, como se estivesse enfeitiçado, enquanto Clara acariciava um colar brilhante cravejado de gemas azuis com uma expressão extasiada.

    Não houve tempo sequer para pensar.

    — O que vocês dois estão fazendo?!

    Os dois se sobressaltaram de forma grandiosa. Alex rapidamente puxou a mão de volta, mas Clara olhou para o jovem com uma expressão de desdém e, sem qualquer hesitação, pegou o colar. Imediatamente, a câmara foi lavada com a cor do sangue.

    — Clara!

    — Argh, o quê?! Não posso nem dar uma olhada…?

    Quando Alex tentou impedi-la tardiamente, Clara demonstrou irritação antes que sua expressão ficasse atônita pelo que aconteceu a seguir. Seol Jihu correu silenciosamente até ela e arrancou o colar de suas mãos, colocando-o de volta sobre a tampa do sarcófago, fazendo Clara soltar um grunhido. Ela então soltou uma risada de incredulidade.

    — O que diabos você pensa que está fazendo?

    — Isso é o que eu quero perguntar para você.

    O tom de voz de Seol Jihu estava longe de ser amistoso. Embora ainda falasse com a mesma cortesia de antes, sua voz carregava nitidamente uma ponta de raiva.

    — Você não viu o que estava escrito naquele papel?

    — Eu vi. E daí?

    — Então por quê?

    — Eu vi, e o que tem?

    Clara retrucou. Os olhos de Seol Jihu se estreitaram como fendas.

    — Ei, você. Não acha que está se achando demais?

    Clara cruzou os braços e um sorriso zombeteiro se formou em seus lábios.

    — Parece que você está confundindo as coisas aqui. Samuel disse que, mesmo que o resultado da cerimônia não fosse bom, deveríamos seguir a sugestão dele. Ele não disse nada sobre seguir o que estava no papel, mesmo que o resultado fosse bom. O mesmo vale para mim e para os outros.

    — …Você quer morrer tanto assim, é?

    — Some daqui. Como você pode ter tanta certeza? Como caralhos você sabe se a vadia enterrada aí embaixo é forte ou não?

    O tom cortante de Clara fez Seol Jihu encará-la de volta com um olhar igualmente afiado.

    — Então você não está satisfeita com o que tem nas paredes. É isso?

    — Isso mesmo. Não estou. Se não tem mais nada para dizer, sai da minha frente. Ah, e um conselho: saber seu lugar fará bem para sua saúde no futuro.

    Ela também não se deixou intimidar e retribuiu o olhar, passando por ele com passos largos. Ela o empurrou e passou direto.

    — Que perdedor. Tem ideia de quanto isso pode valer? Um item do Império pode ser vendido por…

    Justo quando ela estendeu a mão direita novamente em direção ao colar, Seol Jihu agarrou seu pulso e a puxou para trás.

    — …É melhor me soltar.

    Os olhos cheios de ganância de Clara se voltaram para ele.

    — Quer brigar? É isso?

    — Não toque nisso.

    A voz de Seol Jihu se tornou gélida.

    Hmph.

    Clara bufou e estendeu a mão esquerda em direção ao colar. Nesse momento, os olhos de Seol Jihu começaram a brilhar de maneira extremamente perigosa.

    — Eu disse, não toque!

    Seu rugido furioso reverberou pela câmara funerária e, ao mesmo tempo…

    — Aaaahkk?!

    Clara foi arremessada com força e caiu no chão.

    — VOCÊ!!

    Os ombros e a lombar de Clara bateram ruidosamente contra o solo, e ela franziu profundamente a testa, mas se levantou imediatamente, tomada pela indignação.

    — O que vocês estão fazendo? Parem, Seol, Clara!

    Alex entrou em pânico e tentou intervir.

    — O que está acontecendo aqui?

    Os outros membros da expedição também voltaram a atenção para a confusão. Mas, independentemente disso…

    — V-Você ficou maluco?! Como ousa me tocar?!

    — Cale a boca.

    — O quê… Você quer mesmo lutar comigo?! Ótimo!

    Clara cuspiu as palavras em pura raiva, então puxou o arco das costas e preparou uma flecha.

    — Calma, Clara!

    Alex, completamente desesperado agora, agitava os braços sem saber o que fazer. E, justo quando Clara mirou em Seol Jihu e puxou a corda do arco…

    BARUM-!!

    A câmara funerária, que até então estava imóvel, começou a tremer ruidosamente. A visão ao redor, conforme vista pelos Nove Olhos, começou a piscar em quatro cores: amarelo, laranja, vermelho e preto. Nunca antes Seol Jihu havia visto tantas cores aparecendo ao mesmo tempo.

    — O que é isso? De onde vem esse som?

    Dylan, que estava prestes a intervir entre os dois, parou e começou a olhar ao redor com cautela. Seol Jihu olhou para trás e imediatamente empalideceu de medo. O sarcófago da esquerda estava vibrando como um smartphone.

    Naquele instante, por alguma razão inexplicável… Seol Jihu colocou gentilmente a mão sobre a tampa, inconscientemente.

    “Desculpe.”

    Talvez ele estivesse simpatizando com as circunstâncias daquela mulher. É claro que as experiências que ambos passaram, os sofrimentos que suportaram, eram completamente diferentes. Ainda assim, compartilhavam um destino semelhante, o de terem sido rejeitados por suas respectivas famílias, seja por suas próprias ações ou pelas de outros.

    Seol Jihu sentia que não tinha mais um lugar a que pertencer na Terra e, talvez por isso, conseguia se identificar com o estado de espírito daquela mulher, mesmo que apenas um pouco. Mais importante, ela havia se acalmado e demonstrado boa vontade apenas porque ele realizara um ritual patético de apaziguamento, então não havia como ele trair suas expectativas.

    “Não vou deixar ninguém tocar.”

    Foi então que algo misterioso aconteceu. Talvez os pensamentos de Seol Jihu tivessem sido ouvidos, pois a tampa vibrante do sarcófago gradualmente parou.

    Ele permaneceu olhando silenciosamente para o sarcófago por mais um tempo antes de se virar. Clara, ainda com uma expressão um tanto surpresa, apontava sua flecha para o sarcófago até então, mas logo voltou sua mira para Seol Jihu.

    — Que bom timing esse, hein. Ei, garoto, para de bancar o exibido e sai logo daí.

    — Você não tem nenhum respeito pelos mortos?

    — Me poupe. Você fica aí bancando o moralista, mas no final, esse era seu verdadeiro motivo?

    Clara soltou um sorriso debochado antes de sua expressão se tornar séria.

    — Guarde essa sua moral elevada para outro lugar. Aqui é Paraíso. Agora saia da frente se não quiser levar uma flechada.

    — E se eu não quiser sair?

    — Nesse caso, paciência. Você começou, então não venha me culpar se morrer.

    Conforme suas palavras e atitudes pioravam, Seol Jihu soltou uma risada vazia.

    — …Muito bem.

    Sua lança mágica podia estar quebrada, mas ele ainda possuía outra.

    — Se você quer tanto assim, então venha pegar… por cima do meu cadáver.

    Ele sacou sua lança e mirou em Clara. Sua mana começou a se agitar dentro do corpo. Quando o jovem baixou levemente a postura, pronto para lutar de verdade, Clara cerrou os dentes.

    Foi então que:

    — Já chega.

    Samuel rapidamente se posicionou entre os dois, tentando apaziguar a situação volátil.

    — Clara, abaixe o arco.

    — S-Samuel?? Mas, foi aquele bastardo quem começou!

    — Foram você e o Alex que agiram como idiotas primeiro. Você sabe agora que há um espírito vingativo aqui, então quem mandou tocar nas coisas sem permissão? Como pretendia lidar com as consequências?

    Clara mordeu o lábio inferior. Pouco depois, abaixou o arco, mas estava claro o quão indignada ela estava.

    — Seol, abaixe sua lança também, por favor.

    Depois de confirmar que Clara havia abaixado a arma, Samuel pediu a Seol. Seol Jihu também abaixou a lança, mas não se afastou do sarcófago. Samuel colocou as mãos na cintura.

    — Fuuu…

    Ele soltou um longo suspiro e abriu a boca suavemente.

    — Vou ser direto. Na verdade, eu concordo com a Clara.

    — Samuel.

    — Eu sei que o que aquela moça passou foi terrível. Mas só isso. No fim do dia, nós somos Terrestres.

    — E ela era uma Paraisiana.

    Samuel observou o jovem que respondeu friamente.

    — …Pensando bem, quanto tempo você disse que está em Paraíso?

    — Isso não tem nada a ver com o assunto.

    — Você sabe, por acaso, por que esse lugar se chama Paraíso?

    Era uma pergunta repentina e inesperada. Seol Jihu balançou a cabeça.

    — É simples. Apenas poucos escolhidos podem vir para cá, e oportunidades podem ser encontradas praticamente em todo lugar.

    — Oportunidades, é?

    — Estou falando dos bens funerários atrás de você, os que estão sobre o caixão. Se meus olhos não estão me enganando, eles são do Império.

    Quando Seol Jihu ia abrir a boca, Samuel levantou a mão, sinalizando para ele esperar.

    — Tenho certeza de que você queria me perguntar se esses itens são realmente tão incríveis. E sim, são. Não, são mais do que incríveis. O Império pode ter caído diante dos Parasitas, mas ainda assim, o nível de ciência mágica que eles possuíam era o mais avançado de todo Paraíso. As coisas dos reinos nem chegam perto.

    Mesmo assim, Seol Jihu não demonstrava sinais de ceder.

    — Não entendeu ainda? Vou ser ainda mais direto. Só um daqueles itens e todos nós ficaremos incrivelmente ricos.

    — Não acha que sua ganância está passando dos limites?

    Samuel pensou por um instante, antes de formar um sorriso amargo.

    — Ganância, é? Se está perguntando se estou disposto a arriscar minha vida, então sim, estou. Não estou brincando. Esqueça moedas de bronze ou prata, estamos falando de moedas de ouro. Sabe quanto dinheiro terrestre você pode conseguir com uma única moeda de ouro?

    — Não, não sei. E também não me interessa saber.

    Samuel estalou os lábios ao perceber que Seol Jihu não seria convencido tão facilmente.

    — Para ser honesto, se fosse em outras circunstâncias, eu atenderia seu pedido. Claro, os bens nas paredes são muito bons, mas os itens sobre o caixão valem muito mais.

    — Ou seja, vai pegar de qualquer jeito.

    — Escute até o final, por favor. O que estou dizendo é: enquanto eu estou disposto a correr o risco e pegar os itens, você não quer arriscar e prefere sair apenas com o que nos foi permitido. Acredito que nenhum de nós está errado.

    O que ele estava tentando propor? Seol Jihu não abaixou a guarda e permaneceu encarando Samuel.

    — Então, proponho que decidamos isso com uma votação.

    — Uma votação?

    — Isso mesmo. Já que nenhum de nós está realmente errado, deixemos que a maioria decida.

    — E se eu não quiser seguir o resultado da votação?

    — Isso não será permitido.

    Samuel balançou a cabeça gravemente.

    — Enquanto você fizer parte desta expedição, devemos agir como um só, goste você ou não. Às vezes, terá que fazer coisas que não quer e ceder, mesmo contra seus princípios. Se insistir em agir por conta própria, não poderei mais reconhecê-lo como membro da expedição.

    Samuel desviou o olhar do jovem, como se indicasse que não ouviria mais suas opiniões, e olhou ao redor.

    — Seol é obviamente contra, e você, Clara, está votando a favor, certo?

    — Claro.

    O semblante de Clara já havia se iluminado bastante, e ela inclinou a cabeça para trás, como se quisesse se exibir.

    — Um voto a favor, um contra. Vamos começar. Eu voto a favor.

    Samuel imediatamente declarou seu voto.

    — Uhm… Eu também voto a favor.

    Alex levantou a mão, desviando rapidamente o olhar de Seol enquanto murmurava timidamente.

    — D-Desculpa por isso, Seol. Mas, eu…

    Alex abriu e fechou os lábios algumas vezes antes de abaixar o olhar completamente.

    — Bem, já que o Samuel quer, eu também voto a favor.

    Grace deu de ombros de forma despreocupada.

    — Quatro votos a favor e um voto contra.

    Bastava mais um voto a favor para definir o resultado da situação. Samuel olhou para as quatro pessoas que ainda não haviam votado.

    Seol Jihu fechou os olhos, vendo a situação marchar rumo a uma conclusão inevitável. Vários pensamentos passavam por sua mente. Deveria lutar ou fugir sozinho? Deveria revelar a verdade sobre os Nove Olhos e tentar convencê-los? De qualquer forma, precisava decidir rápido.

    — Eu sou contra.

    Foi então que uma voz masculina ressoou. Era Hugo.

    — Contra?

    — Eu não quero tocar no caixão daquela mulher, se puder evitar. Só isso.

    Quando Clara perguntou num tom de incredulidade, Hugo respondeu de maneira seca. Uma resposta curta, bem ao estilo dele.

    — Hmm.

    Dylan acariciou o queixo por um momento antes de expressar calmamente sua opinião.

    — Contra.

    As sobrancelhas de Samuel estremeceram levemente.

    — Dylan, você… é contra?

    — Mm. Eu entendo de onde você está vindo, mas concordo com a dedução que Seol fez lá fora. Quando penso no destino do time do Kahn, faz mais sentido não tocar no caixão.

    Ao ouvir Dylan afirmar isso claramente, Chohong coçou a cabeça de maneira frustrada.

    — Aooo… Isso tá tão ferrado. Sério.

    Ela relutou, encarando o caixão por um instante, antes de encontrar o olhar de Seol Jihu. Ela lambeu os lábios por um tempo antes de soltar seu voto num grunhido.

    — …Eiii, que droga. Eu também voto contra.

    Assim, ficaram quatro votos a favor e quatro votos contra. Todos os membros da Carpe Diem haviam ficado do lado de Seol Jihu. Não tendo antecipado esse resultado, os membros da equipe de Samuel ficaram visivelmente perturbados.

    Restava apenas um voto.

    Ian havia permanecido em silêncio até então, antes de abrir a boca lentamente.

    — Lá fora, este jovem amigo falou sobre o cálculo inverso. Eu consigo me identificar até certo ponto, mas ainda assim, é apenas uma hipótese, e não pode ser tratado como um fato confirmado.

    Então, ele encarou Samuel.

    — No entanto, Samuel…

    — Sim?

    — Você sabia que, várias vezes durante esta expedição, demonstrou estar muito apressado?

    — Eu…??

    Samuel piscou várias vezes.

    — Antes da batalha com os Lioners, logo depois também. Quando usamos a Pena da Consciência Fluída, e agora, durante a discussão acalorada com este jovem amigo.

    — Não, eu só…

    — Muitas vezes, o julgamento dos outros é mais preciso do que o nosso próprio.

    Ian continuou com um tom sério e grave.

    — Pensei muito sobre se deveria mencionar isso ou não. Permaneci em silêncio até agora, primeiro, porque respeitei sua autoridade como líder da expedição. Segundo, porque não queria usurpar essa autoridade de você. E, por fim, porque conheço suas circunstâncias.

    Ao ouvir ‘circunstâncias’, Samuel ficou completamente sem palavras.

    — De fato, o que aconteceu foi lamentável. Eu simpatizo com seus esforços para revitalizar sua equipe, que passa por momentos difíceis. No entanto, do meu ponto de vista, parece que você não aprendeu nada com a morte dela e está prestes a repetir o mesmo erro do passado.

    — …

    — Não vou me prolongar mais. Acredito que podemos voltar para casa com o que conseguimos aqui e ainda assim ficar plenamente satisfeitos com as recompensas. Não há razão para correr riscos adicionais. Portanto, minha resposta é contra.

    — M-Mestre Ian…

    — Haverá outras expedições no futuro. Espero que você não aposte tudo nesta.

    Essa era uma frase que Seol Jihu lembrava de ter ouvido Samuel dizer pouco tempo atrás.

    Samuel cerrou os punhos com força e se virou lentamente. Clara parecia absolutamente desolada, enquanto uma profunda dor estava gravada no rosto de Alex. Grace, porém, não parecia se importar com nada.

    Samuel sustentou seus olhares por um momento antes de abaixar lentamente a cabeça.

    — …Entendido.

    Só então Ian formou um sorriso tranquilo.

    — Um líder confiável é aquele que sabe quando recuar. Você fez a escolha certa.

    Um sorriso fraco lutou para se formar nos lábios de Samuel.

    — Vamos sair daqui. Já recolhemos todos os bens das paredes, afinal.

    — Mm.

    Samuel e Ian caminharam em direção à saída com passos rápidos. Os outros membros da expedição também começaram a sair um por um, mas Seol Jihu permaneceu até o fim, guardando sua posição.

    Bem, ele não podia ter certeza de que alguém não tentaria fazer algo. Estava decidido a ser o último a sair, apenas depois de confirmar que todos haviam partido.

    — Você deve estar bem feliz agora.

    Clara rangeu os dentes e zombou dele. Seol Jihu não conseguia entender por que ela estava tão furiosa e amargurada.

    — É, você deve estar se sentindo um belo de um merda feliz agora que conseguiu manter esse seu princípio ridículo.

    — Ei. Já chega.

    Quando uma maça voou repentinamente em direção ao rosto dela, Clara se assustou e deu vários passos para trás.

    — C-Chohong? Até você?

    — A decisão já foi tomada. Para de reclamar.

    — Por que estão todos pegando no meu pé?!

    — Porque você é quem fica criando problemas.

    Chohong passou a emitir aquele seu olhar frio característico.

    Seol Jihu abriu a boca lentamente.

    — Chohong. Por favor, deixe pra lá.

    — Hã? Não, pera. Eu só estava…

    — Eu sei. Eu sei, mas ela não vale o seu esforço.

    Ao ouvir algo tão inesperado vindo do jovem, os olhos de Chohong se arregalaram.

    — O que você acabou de dizer?! Hah, acha que não vai acabar igual a mim depois?!

    Recebendo a resposta cortante, a expressão de Clara se contorceu de maneira feia e ela começou a rosnar de raiva.

    — Você vai ver só. Dois anos, não, um ano, e você vai se arrepender amargamente desse dia. Pode apostar.

    — Se é para fazer previsões, então eu também vou fazer uma.

    Seol Jihu formou um sorriso zombeteiro.

    — Você, se continuar agindo dessa forma idiota, sem saber o que é certo ou errado, vai morrer muito antes do que imagina.

    — O q-que?!

    — Deveria agradecer ao Samuel enquanto ainda tem chance. Agora mesmo, não consigo entender como um cara como ele permite que uma bomba-relógio como você continue por perto.

    Após ouvir essas palavras profundamente insultuosas, Clara começou a gaguejar, como se tivesse sido atingida no âmago.

    — P-Para de falar besteira! O que você sabe?! Você é só um Novato de Nível 1!

    — Será mesmo? Eu acho que contribuí muito mais que você nessa expedição.

    As palavras de Seol Jihu permaneceram frias. Tão frias que até mesmo Chohong ficou surpresa. Ela sempre achou que o jovem era uma pessoa gentil e bem-comportada. Era a primeira vez que via essa expressão em Seol.

    — …Keuk!

    Quase instantaneamente, os olhos de Clara se encheram de lágrimas e ela saiu correndo da câmara, tomada pela raiva. Seol Jihu soltou um suspiro longo.

    — Ei, você…

    — Chohong.

    — Hã?

    — Obrigado.

    — Uh, uh, eu, ah…

    Chohong resmungou, deu um ‘hmph’ e virou as costas para ele. Enquanto caminhava lentamente, ela lançou um olhar de esgueira e viu o jovem parado, ainda olhando para o sarcófago.

    “Então ele tinha esse lado também?”

    Chohong inclinou a cabeça de um lado para o outro, antes de levar as mãos à altura do pescoço. Por algum motivo, aquela área parecia estranhamente mais quente do que antes.

    “Está feito.”

    Com isso, Seol Jihu havia cumprido sua promessa com o espírito da mulher.

    Ele corrigiu o colar que havia sido deslocado às pressas quando precisou devolvê-lo. Em seguida, limpou cuidadosamente a camada de poeira acumulada sobre a tampa e se virou para partir.

    — Me desculpe por toda essa confusão. Se eu tiver outra oportunidade no futuro, voltarei para visitar.

    Ele deixou essas palavras de despedida; e começou a sorrir suavemente, sentindo o peso sendo tirado de seus ombros.

    Não era como se não entendesse o que Samuel havia dito. Mas, além da segurança transmitida pelas cores da câmara vistas através dos Nove Olhos, terminar as coisas daquela maneira lhe parecia muito melhor.

    Dinheiro e fama? Claro, soavam bem.

    No entanto, nada se comparava ao valor próprio que ele havia recuperado depois de tanta luta.

    Plop.

    O som de algo caindo ecoou atrás dele, mas Seol não ouviu e apenas fechou a porta da saída.

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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