Capítulo 29

— Princesa!

Kylo gritou surpreso.

Uma sensação de pressentimento o invadiu enquanto segurava o corpo inerte nos braços.

— Temos que encontrar um lugar para levá-la agora…!

Enquanto Kylo, em pânico, indicava que procurassem um lugar seguro para deitar a princesa, Anna, agora ao seu lado, tomou a palavra.

— Acho que ela adormeceu, líder.

— O quê?

Kylo mal registrou as palavras de Anna Montrose.

Baixou o olhar para ver Agnes em seus braços, respirando suavemente como se realmente tivesse adormecido.

— Deve ter estado cansada.

— …

Kylo soltou um suspiro de alívio, acalmando seu coração acelerado.

Agnes se contorceu em seus braços, procurando um lugar mais confortável.

— Despejem os alojamentos agora.

À ordem de Kylo, os soldados se agitaram.

Não havia edifícios suficientes no abrigo para que cavaleiros e soldados descansassem, então eles montaram seus alojamentos em uma clareira.

Kylo, que tinha estado carregando Agnes o tempo todo, entrou uma vez que os alojamentos foram montados.

Quando a colocou na cama espessa e acolchoada, um suspiro de alívio escapou de seus lábios.

Era como se sua vida dependesse da segurança dela.

A joia do Império que o Imperador tanto apreciava.

Kylo olhou para o rosto de Agnes, que dormia placidamente.

Seu rosto era incomumente suave e gentil enquanto dormia.

Ela parecia tão nobre, tão infantil, que alguém juraria que era um anjo.

Mas ele sabia o quão ferozes podiam ser aqueles olhos fechados, quão afiadas as palavras podiam sair de uma boca fechada.

E ainda assim…

De alguma forma, naquele momento, ele não conseguia se lembrar de nenhum dos olhares e palavras que Agnes havia dirigido a ele com seu ódio.

Embora ele tivesse se sentido miserável por tanto tempo pela humilhação.

Foi então.

— Ky… Kylo…

Agnes virou-se em seus sonhos, pronunciando seu nome enquanto dormia.

Kylo congelou, surpreso, como um homem pego em uma emboscada.

Seu coração afundou.

Ele se perguntou se ela tinha acordado, mas não havia.

Então ela o chamou pelo nome em um sonho? Por quê?

— … in…

A testa de Kylo se enrugou com a palavra curta que se seguiu.

Após Kylo… o que ela disse?

In… seto…

Inseto?

Certamente essa era a resposta mais provável.

Essa mulher o considera um inseto, mesmo em seus sonhos.

Kylo a olhou com um arrepio e saiu do alojamento.

Enquanto isso, em seu sonho, Agnes pedia que ele se casasse com ela.

— Kylo… você quer se casar comigo imediatamente?

Infelizmente, no sonho, Kylo rejeitou sua proposta.

Era um pesadelo.

Amanheceu no dia seguinte.

Agnes acordou com um longo bocejo.

Sentia-se renovada depois de uma noite de sono reparador.

Levantou-se, percebendo que tinha desmaiado na noite anterior.

Ela se limpou com um feitiço de limpeza e saiu dos alojamentos para ver a agitação da atividade matinal.

— Princesa, está acordada?

— Está se sentindo bem, princesa?

Os soldados a cumprimentaram, e os residentes do abrigo devolveram o sorriso.

Que diferença faz um dia.

“Meu disfarce de anjo está funcionando,” pensou Agnes enquanto se afastava.

Seu destino estava bem ao lado, ao redor dos alojamentos de Kylo.

— Você está acordada?

Kylo perguntou quando ela enfiou a cabeça pela entrada do alojamento.

— … sim.

— Então, preparemo-nos, vamos vasculhar a área isolada.

— Certo…

Por alguma razão, o tom e a expressão de Kylo pareciam frios, mas Agnes atribuiu isso à sua imaginação.

Então, na manhã cedo, os membros dos Cavaleiros Negros se prepararam para sair.

Seu trabalho era vasculhar as aldeias controladas, eliminar os monstros e devolver os refugiados às suas casas.

Com quatro de seus melhores cavaleiros enfrentando demônios, os soldados decidiram ficar para trás e vigiar os refugiados.

Depois de cavalgar por um tempo, puderam ver a área ao longe.

A expressão de Anna era de lembrança.

Ela segurava uma motosserra maior que o torso e sorria com satisfação.

Agnes desviou o olhar como se não a tivesse visto.

E então viu Victor Craven, segurando um machado gigante e rindo histérico.

Não… o que eles estão… vão matar monstros e estão tão animados, como se fossem a um encontro.

Mas Agnes também estava animada.

Claro, ela também estava com medo, mas…

Um encontro real com Kylo.

Era a única coisa em que conseguia pensar.

Quando se aproximaram da entrada da área isolada, viram uma barreira gigante.

Toda a área estava sob um feitiço de controle.

A segurança era muito mais rigorosa do que da última vez que Agnes estivera na Área A-15.

Graças à barreira, os monstros lá dentro não podiam sair.

Na entrada, havia uma cortina azul especial, Kylo passou seu cartão de segurança e fez alguns movimentos de desbloqueio.

A cortina se levantou temporariamente.

Os quatro a cavalo entraram na área isolada.

— Vamos nos dividir em dois times para procurar. — Disse Kylo.

No fundo, ele queria ir sozinho e enviar os outros três juntos, mas…

Anna Montrose e Victor Craven poderiam manter a princesa fora de perigo?

Claro que não.

Victor Craven era excepcionalmente teimoso.

Era um homem que gostava de esticar a carne dos monstros até que ela ficasse fina como papel.

Era improvável que conseguisse perceber se a princesa estava em perigo enquanto se concentrava na matança.

Se os eventos no Setor A-15 fossem uma indicação, ele não era um homem organizado.

E do lado de Anna?

Ela era pior.

Anna Montrose é uma sanguessuga.

Quando está caçando monstros, está ocupada rindo e fazendo uma festa com sangue para se preocupar.

Restava apenas uma opção.

Ele teria que ser o babá dela.

— Curandeira, você vem comigo, os outros dois, vão juntos. Entrem em contato comigo por rádio quando a missão estiver concluída.

— Sim, senhor.

— Teremos que verificar cada canto e fenda.

— Claro.

Anna e Victor trotaram em uma direção como se estivessem esperando por esse momento.

Agnes os observou e pensou nos dois estudantes que, ao chegar no Kid’s Cafe, saíram correndo como se uma corda que os prendia tivesse se quebrado.

Ficou aliviada que eles tivessem ido embora. Naturalmente, ela ficou sozinha com Kylo.

— Ai!

Agnes ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha e o olhou com olhos brilhantes.

Não achava que ele tivesse tomado essa decisão porque queria ter um encontro com ela.

Mas uma coisa boa é sempre bem-vinda, e de qualquer forma, ela queria ficar sozinha com ele.

Ele olhou nervoso para Agnes e para o cavalo branco.

O corcel negro que ele montava tinha estado com ele no campo de batalha e fora otimizado para o combate.

Seus genes foram alterados pela engenharia mágica para parecer um cavalo comum, mas, na verdade, tinha resistência incansável e uma pele de aço.

O cavalo de Agnes, por outro lado, era um cavalo de guerra, mas não estava preparado para o combate.

Kylo tomou uma decisão mental e disse.

— Seu cavalo pode estar em perigo, então vou levar o meu, e você vai cavalgar comigo.

Os olhos de Agnes se arregalaram com suas palavras. Kylo não pôde deixar de sentir um arrepio na espinha ao pensar no desagrado dela.

Ela o odiaria, e francamente, ele também odiava.

Mas não podia evitar. Era seu trabalho garantir que ela não se machucasse, por mais que odiasse.

— Bem, e quanto ao meu cavalo?

— Eu vou amarrá-lo na entrada fora da barreira.

— Está bem.

Agnes riu consigo mesma e pulou do cavalo. Em seguida, ela deu um tapinha na cabeça do cavalo branco.

— Espere pacientemente. Voltarei depois do meu encontro.

Kylo voltou para amarrar seu cavalo fora da tenda.

Então Agnes pegou sua mão e subiu em seu cavalo. Kylo se posicionou habilmente atrás dela.

“O corpo dela em minhas costas é uma loucura.”

O coração de Agnes deu um salto ao sentir o corpo robusto de Kylo contra suas costas.

Não sei por que fico tão pervertida e sem fôlego com o simples contato.

Agnes tentou esconder o fato de que era uma pervertida da melhor forma possível.

Ela se forçou a acalmar sua respiração agitada e se apoiou no corpo de Kylo.