Capítulo 34
Liliana estava prestes a vomitar sangue de frustração.
Mas ao seu lado, Hugo estava tenso. Ele ouvira os boatos da Santa sobre a princesa em primeira mão.
Agnes clicou a língua e voltou sua atenção para Raymond.
— …
Sua expressão gradualmente mudou para uma de melancolia.
Ela interpretou perfeitamente o olhar de pena, ódio e arrependimento.
E esse olhar foi visto por cada membro dos Cavaleiros Brancos e cada soldado.
Agnes não esquecera seu papel.
Uma mulher desiludida que foi abandonada cem vezes e finalmente desiste.
Esse era o papel dela.
Você tem que construir toda a situação do nerd do Raymond Spencer até chegar a Kylo.
Com isso, Agnes virou seu cavalo com um leve chute nas ancas, seguida pelos Cavaleiros Negros e seus soldados.
— …
Os olhos de Raymond Spencer, que permaneceram inexpressivos o tempo todo, viraram-se para a nuca de Agnes.
Suas suspeitas anteriores foram confirmadas.
A princesa estava agora tentando destruir sua honra com seu ridículo intelecto.
O olhar de arrependimento e afeição da princesa o deixaram enjoado.
Raymond afastou de sua mente o pensamento sobre ela e deu suas ordens.
— Apressem-se e voltem ao palácio.
— Sim!
Com uma resposta estrondosa, os Cavaleiros Brancos partiram.
Cavalgando ao lado de Raymond, a santa voltou para sua carruagem, soluçando.
Kylo teve uma sensação estranha.
Nunca se sentira tão aliviado em sua vida.
Há momentos em que uma princesa pode ser útil.
A princesa Agnes trouxera ainda mais desprezo sobre a santa que o menosprezara.
Provavelmente não foi intencional, mas para Kylo, era a primeira vez em sua vida que alguém estava ao seu lado.
Tecnicamente, ele não chamaria isso de estar ao seu lado, mas foi assim que se sentiu naquele momento.
Acabou sendo a princesa Agnes, que o desprezara e ignorara mais do que qualquer outra pessoa.
Mas pensar nela insultando a santa e depois a Raymond Spencer deu-lhe um arrepio.
Seu coração acelerou e sua pele se arrepiou.
Mesmo agora, se a princesa mandasse ele se deitar como um cavalo e depois montasse em suas costas e o chicoteasse, ele seria capaz de suportar a humilhação e a desonra.
E o resto da tropa e dos soldados pensava o mesmo.
O poder é supremo.
Com esse pensamento em suas mentes, os soldados marcharam de volta ao palácio com a cabeça erguida.
Depois de informarem ao Imperador que haviam retornado são e salvos, se dispersaram.
Kylo, Anna e Victor foram para seus aposentos no prédio dos Cavaleiros, e Agnes voltou para os seus.
Agnes mergulhou em um banho quente e se estirou no sofá, exausta e feliz.
Mas logo se sentiu frustrada.
— Ah!
Percebeu que não tinha tirado nenhuma foto de Kylo… mesmo tendo levado sua câmera caseira ultra HD 4K.
Agnes desabou no sofá e chorou de arrependimento.
No dia seguinte, a vida voltou ao normal.
Agnes apareceu ilesa em um jantar com o Imperador, mas ele não ficou convencido.
Finalmente, Agnes foi convocada pelo Imperador no palácio, onde foi examinada e tratada.
Quando finalmente voltou para seus aposentos, foi recebida por suas criadas.
— Como foi sua missão?
— Ouvimos dizer que você passou por maus bocados. — perguntaram Emma e Chloe carinhosamente. Agnes assentiu e perguntou pelo paradeiro de outra criada, Daisy.
— E a Daisy?
— Ela foi para a fazenda há dois dias. Deve voltar em algum momento da próxima semana.
— Sério?
— Sim. Está tudo bem? — perguntou Emma curiosamente. As duas tinham ficado muito entediadas enquanto a princesa estava fora em sua missão.
Socializar sem ela era como uma festa de chá sem sobremesa, ou um baile imperial sem Raymond Spencer.
Então, como se lembrasse de repente, Chloe disse alegremente.
— Ah, e a propósito, ficamos sabendo que ela encontrou os Cavaleiros Brancos no caminho de volta.
Na verdade, o que Emma e Chloe queriam saber era isso.
A princesa era uma pessoa muito volúvel.
Na última vez, ela falara como se estivesse prestes a desistir de Raymond Spencer a qualquer momento, mas era muito possível que tivesse mudado de ideia novamente.
E embora Emma tivesse fingido que se lembrara de repente…
Na verdade, havia rumores sobre o que aconteceu naquele dia. Era um boato que se espalhara pelos soldados que tinham ido com os Cavaleiros Negros.
Emma e Chloe recordaram a conversa das jovens que ouviram ontem na festa.
— Os Cavaleiros Negros e os Cavaleiros Brancos se encontraram na Porta naquele dia?
— Sim, mas sabes o que a princesa fez lá?
— O que mais ela fez?
— Apontou um erro da Santa na frente de todos e culpou o Senhor Spencer.
— Onde é que esse temperamento dela vai parar?
— E que erro foi esse?
— Ela falou com a princesa antes de ser falada. Deve ter interpretado mal as ordens de Sua Majestade.
— Para dizer o mínimo, a princesa é muito mal-educada.
Mesmo enquanto falavam, as jovens damas mostravam rostos frios.
Alguns nobres até sentiam ciúmes da santa, que estava sendo tratada tão bem sendo plebeia.
De fato, nos últimos anos, a fama da santa tinha crescido tanto que alguns nobres começaram a sentir ressentimento em relação a ela.
Como resultado, jovens começaram a espalhar histórias sobre a santa.
Mas isso não era o que Emma e Chloe queriam saber.
A princesa tinha claramente culpado o Lorde Spencer pelo erro da Santa.
Essa era a essência, o cerne da questão.
Emma e Chloe correram para o castelo no dia seguinte. Agora que a princesa estava de volta, elas queriam perguntar a ela sobre isso.
— Você pode ter exagerado no movimento.
— E no ombro.
Elas se aconchegaram ao lado dela, suas vozes tão suaves e amáveis como sempre.
Enquanto Agnes desfrutava da massagem suave e relaxante, ela estava ciente de seus pensamentos.
Podia ler as mentes delas mesmo de olhos fechados.
Agnes fechou os olhos e aproveitou a massagem, depois abriu a boca.
— Sim, encontrei os Cavaleiros Brancos no caminho de volta.
— E também encontraste o Senhor Spencer…?
— Sim.
A frustração de Emma com a resposta forçada da princesa era evidente, e ela perguntou baixinho, suavizando a voz.
— Então, realmente culpaste o lorde Spencer pelo erro da Santa?
— Sim. É natural, não é? Que os erros do subordinado sejam culpa do chefe.
— Claro, você está certa.
Emma concordou, reconhecendo o ponto da princesa. Então ela perguntou em um tom mais cauteloso.
— Você estava bem…? É a primeira vez que vês o Lorde Spencer desde aquele dia.
Era uma pergunta esperada. Agnes fingiu um soluço e disse.
— Claro que estou bem, mas o que posso fazer? Ele me odeia tanto…
— Aww…
Emma suspirou, soando piedosa. Agnes virou a cabeça e olhou para Emma com piedade.
— Há tanto desprezo e nojo nos olhos do Lorde Spencer quando me olha… cada vez que olho para esses olhos, sinto como se meu coração estivesse sendo esfaqueado.
Agnes fez uma cara de pesar ao dizer isso.
Enquanto Emma e Chloe a observavam, as lágrimas brotavam dos cantos de seus olhos.
As duas criadas, que haviam sido praticamente babás de Agnes desde pequena, a abraçaram com compaixão.
Naquele momento, as duas criadas que haviam sido como babás de Agnes desde pequena a tinham mais comovente do que como alvo de ódio.
Mas a leveza era outra coisa.
O que Agnes disse naquele dia tornou-se um rumor e no dia seguinte se espalhou como fogo pelos círculos sociais. Era exatamente o que ela pretendia.
Mas havia outro rumor que ela não tinha previsto.
O rumor viajara desde a vila onde os Cavaleiros Negros tinham passado até a capital.
Os rumores sempre são exagerados.
A princesa Agnes tinha limpado muitos rios de sangue e curado centenas de doentes com um gesto de sua mão. Os Cavaleiros Negros haviam salvado a cidade dos monstros, com mais justiça e coragem do que qualquer outro.
Mesmo para Agnes, que era a fonte do rumor, era uma exageração.
Mas ela podia ver as intenções dos aldeões por trás do rumor.
O rumor era um presente de desculpas dos aldeões, que haviam menosprezado Agnes e os Cavaleiros Negros com fatos não verificados.
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