Índice de Capítulo

    A Viscondessa Gray se agarrou à marquesa como se segurasse um pedaço de fio de cobre.

    — Você sabe como me sinto, marquesa. Se ninguém mais sabe, você sabe o quão amargurada e ressentida estou. Oh, como cada filho bastardo é…!

    — Não quero ouvir mais!

    A marquesa de Melville, que não estava prestando atenção, pulou da cadeira.

    O rosto da marquesa estava pálido e abatido.

    Ela era uma nobre com um forte senso de dignidade. Era a primeira vez que a ofendiam assim na frente de tanta gente.

    Todo mundo sabia sobre o filho ilegítimo do marquês.

    Mas ninguém jamais o mencionara em sua presença.

    Nos círculos sociais, supunha-se que não se deveria revelar segredos vergonhosos.

    Era uma questão de respeito.

    Mesmo aqueles que eram inimigos declarados da marquesa nunca falavam sobre isso na frente dela.

    Podiam tentar ridicularizá-la, mas dizer abertamente seria grosseiro.

    Então, como poderia ser…?

    A cabeça da marquesa Melville estava explodindo de humilhação e indignação.

    — Fora da minha festa imediatamente!

    — Sim, sim, o que é isso… ai, marquesa!

    A marquesa imediatamente chamou seu mordomo para expulsar a viscondessa Gray, sua filha e a descarada da senhora Ross.

    No meio da confusão, a festa terminou da pior maneira possível.

    Quando todos se foram, a marquesa se recolheu para seu quarto e chorou por um longo tempo.

    Não apenas tinha convidado todas as damas, mas também a princesa Agnes.

    Era terrível que uma festa assim tivesse sido arruinada.

    Desde que se tornara marquesa, organizara inúmeras festas, mas nunca tinha arruinado uma assim.

    Não conseguia imaginar como as damas com as quais não se dava bem ririam dela quando descobrissem isso…

    Tudo era culpa de seu marido.

    Se ao menos o marquês Melville não tivesse sido infiel, se ao menos não tivesse insistido em convidar uma mulher chamada senhora Ross para entretê-los…

    Então, ela não estaria nessa situação vergonhosa hoje.

    A marquesa Melville chorou por muito tempo, com pena de si mesma.

    Toc, toc.

    Bateram à porta.

    A marquesa mal havia parado de soluçar quando o mordomo bateu à porta.

    Ela se virou, sentou-se, fez sinal para ele entrar e ele entrou cautelosamente.

    — O que foi? Disse que queria ficar sozinha!

    Disse a marquesa friamente.

    Mas ela também sabia.

    Se o mordomo batesse à porta depois que ela pedisse para ficar sozinha, era porque tinha algo muito importante a dizer.

    Por mais chateada que estivesse, tinha uma responsabilidade. Como dona da mansão, tinha que fazer o que tinha que fazer.

    O mordomo colocou cuidadosamente algo sobre a mesa e disse:

    — Desculpe. Mas Sua Majestade a princesa insistiu que eu entregasse isso agora…

    Com essas palavras, o mordomo saiu silenciosamente do quarto.

    Ao ouvir a porta se fechar, a marquesa, que estava de costas para ela, virou lentamente a cabeça.

    Sobre a mesa havia uma única rosa amarela, um laço de fita amarela e um cartão postal.

    Esta fita é de…

    Era a fita que a princesa Agnes usara antes em um penteado com o cabelo.

    E a rosa amarela significa…

    Os olhos da marquesa se encheram de lágrimas ao ver o reconfortante presente de Agnes.

    Era uma tradição social.

    Após seu baile de estreia, a jovem dava uma única rosa amarela à sua mãe, que a havia criado até então, junto com seu adorno de estreia.

    O significado da rosa amarela era “amor inabalável”.

    Era uma forma de agradecer à mãe por seu amor incondicional.

    Por último, um cartão postal com uma nota manuscrita da princesa viúva fez a marquesa chorar.

    [Hoje fiquei profundamente impressionada com o jardim da Marquesa, ninguém pode ignorar o grande trabalho que ela fez.

    Um presente pelo seu trabalho árduo é enviado em meu nome].

    — Hmph…

    A marquesa abraçou a rosa amarela entre os braços e chorou inconsolavelmente.

    Era a primeira vez que alguém lhe dizia algo assim.

    Nem mesmo seu marido jamais reconhecera seus méritos.

    Ela havia construído uma grande reputação com a ajuda de sua família e sua habilidade para lidar com as coisas, e depois teve um caso.

    Ela não conseguia suportar e o expulsou como se fosse um pária.

    Quando descobriu que ele tornara seu filho ilegítimo sobrinho, tentou tirar a própria vida.

    Mas não conseguia se desfazer de tudo o que construíra.

    A mansão que herdara de seus pais, sua reputação como marquesa.

    E seu filho adorável.

    Mesmo quando quis morrer, nunca se afastou de ninguém.

    Naturalmente, ninguém ofereceu conforto.

    Era o primeiro conforto que recebia. Esta carta.


    A princesa Agnes voltou são e salva do chá no palácio.

    Agora que havia conquistado o coração da Marquesa Melville e a alta sociedade da capital, não precisava mais se preocupar com sua reputação.

    Embora estivesse satisfeita com o sucesso do chá, estava preocupada com a marquesa.

    A marquesa parecia profundamente ferida pelas palavras da viscondessa Gray.

    A viscondessa Gray era ainda mais tola do que Agnes pensava.

    “Não posso acreditar que alguém assim atormente o meu favorito…”

    Mas a marquesa ficaria bem.

    Agnes havia feito um bom trabalho para garantir que o rumor não se espalhasse…

    Acima de tudo, a marquesa era uma pessoa de coração forte. Ela superaria.

    Esse não era o problema imediato.

    Agnes parecia séria e pensativa.

    Há pouco tempo, assim que voltou do chá, as criadas a procuraram.

    Ela tinha ido ao conservatório imperial para conversar brevemente com suas jovens companheiras…

    O tema de conversa mais importante que surgiu da reunião de hoje foi este.

    — O Baile dos Fundadores.

    As criadas perguntaram a Agnes com quem ela iria como par.

    A mente de Agnes ficou em branco.

    Ela dispensou as criadas com uma dor de cabeça e pensou consigo mesma.

    Como pude esquecer?, questionou-se.

    O Baile dos Fundadores era um dos eventos mais importantes do Império.

    Era celebrado em toda a capital e a corte imperial organizava bailes durante toda a semana.

    E na novela…

    Agnes teve que levar Raymond Spencer como seu par.

    “Lá estava ela, implorando a Raymond para dançar com ela… até ouvir um barulho e começar a chorar.”

    Embora o baile não fosse um evento importante na novela, foi por volta desse momento que a trama realmente se desencadeou, confrontando a santa com Hazel Devon.

    “Hmmm… e quanto ao meu par?”

    Ela não tinha intenção de ir com Raymond Spencer como na versão original do filme.

    É claro que queria ir com…

    — Quero ir com Kylo.

    Mas Kylo Gray nunca iria ao baile.

    Agnes também não queria ir sem ele, mas…

    Ela era uma princesa.

    Como princesa, não tinha outra escolha senão comparecer, para consolidar sua reputação, que tinha aumentado como nunca.

    “Não há ninguém que eu possa levar como uma galinha em vez de um faisão?”

    A única resposta que veio à mente dela foi um colega.

    Na verdade, Damian era o mais fácil.

    “De qualquer forma, não tenho um par.”

    Num momento como esse, não seria uma má ideia que os colegas trocassem ideias.

    Agnes descartou rapidamente o pensamento. Profunda angústia não fazia parte de seu caráter. Mas os remorsos… não a abandonavam facilmente.

    No dia seguinte, Agnes se apresentou à sala do capitão dos Cavaleiros Negros com o uniforme completo.

    Ia tentar a sorte com Kylo sobre o baile, só por precaução.

    Principalmente, fazia tanto tempo que não o via que seus olhos doíam.

    Kylo havia voltado sozinho de uma longa missão dois dias antes.

    “Na verdade, queria ir vê-lo justo então…”

    Estava ocupada se preparando para a festa da marquesa. Agnes alisou o vestido e tocou suavemente a porta.

    O corredor estava silencioso quando ela entrou sozinha, sem criados.

    Logo ouviu uma voz convidando-a a entrar.

    Agnes empurrou a porta e entrou.

    O olhar de Kylo se desviou de sua mesa quando ela entrou.

    Ele franziu o cenho enquanto fazia uma pausa na redação dos relatórios das missões. Alguém tinha vindo vê-lo, e era a princesa Agnes.

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