Capítulo 66

Se realmente existe um Deus, ele deve ser incrivelmente sacana em fazer as coisas.

“Desgraçado…”

No momento em que viu a carruagem avançando em sua direção.

Por algum motivo, Agnes não conseguia se mexer.

O medo de morrer em sua vida anterior a paralisara.

Ela pensava que não se arrependia de sua vida anterior, mas não havia percebido que o trauma persistira.

Era vazio e absurdo.

Eu vou morrer em uma cafeteria de aniversário de novo?

— Isso está acontecendo… agora? — ela murmurou, incrédula, para um homem bem-vestido que a encarava.

Depois de ser atropelada por uma carruagem puxada a cavalos, sua alma foi rapidamente transportada.

E ela viu novamente o homem familiar.

— Hmm…

Um calafrio percorreu sua espinha.

Sentado no balcão da recepção, ele balançou a cabeça como sempre fazia.

— Hmm, você se importaria de sair um momento? Há algo que não está batendo.

Algo em sua paciência se quebrou. Parecia um estalo.

Maldição… este…

Ele pensa que vou ser enganada de novo?

Da última vez, ela esperou do lado de fora deste prédio por três dias antes de poder voltar ao seu corpo porque estava apodrecendo.

Imediatamente ele agarrou o recepcionista pelo colarinho e o puxou.

— Você está tirando uma com a minha? Tá me zoando? Da última vez você me deixou dormir na rua por três dias, e agora quer que eu espere de novo? Eu não posso esperar! Traga o responsável agora! Traga.

Quando Agnes começou a reclamar, os que pareciam ser os gerentes entraram em pânico e não souberam o que fazer.

Para piorar as coisas, ela se jogou sobre a mesa do gerente e começou a agitar os braços e as pernas.

Os executivos empalideceram, como se nunca tivessem visto algo assim.

Após dez segundos.

Ela fechou os olhos e abriu, e sua alma foi transportada para outro lugar.

Ela olhou através da janela de vidro transparente e viu um céu cheio de nuvens, o último andar.

Onde estava a mulher que conhecera da última vez, Deus.

— Sinto muito…

Ela fechou os olhos novamente e os abriu, e uma bela mulher apareceu diante de sua alma.

Ela estava vestida de branco da cabeça aos pés e tinha uma aparência muito misteriosa.

Ela coçou a bochecha enquanto observava o espírito de Agnes.

Após um momento, distraída por sua beleza, ela soltou suas palavras.

— Como você pode matar pessoas tão livremente? Quero dizer, você me matou por engano uma vez, mas fazer isso de novo, que sentido tem, hein?!

Logicamente, Deus gaguejou.

— Eu não sei por quê, isso não aconteceu em centenas de milhões de anos.

— Se você diz que não sabe, é o fim? Me mande de volta antes que meu corpo apodreça!

— Posso fazer isso?

Espera.

Ela estava prestes a gritar: Me mande de volta agora!, mas parou.

Da última vez que morrera por um erro do destino, encontrara Deus diante de seus olhos.

Ele lhe dissera que concederia a recompensa que ela desejasse, e ela murmurara algo sobre querer conhecer seu Favorito.

Foi assim que reencarnou em Agnes.

“Então…”

Ela não deveria ser recompensada por isso agora também?

O semblante de Deus empalideceu ao perceber seus cálculos mentais.

Só havia uma coisa que ela poderia pedir em troca.

A vida de seu favorito, condenado a morrer, Kylo.

— Desculpe, mas não posso fazer isso…

Ela pensou em sua cabeça, mas Deus imediatamente balançou a cabeça.

— Não posso conceder esse desejo, ele ainda não está morto… ainda não tenho esse tipo de poder.

Agnes mordeu o lábio diante da severidade de sua voz.

Então, o quê? Tenho que exigir alguma coisa…

— Bem… se você não tiver nada em mente, não force a pensar nisso, vou deixá-la ir rapidamente, então por que não volta? — ela se apressou em dizer.

Ela percebeu que era uma verdadeira cliente em busca de uma grande recompensa. Mas Agnes pensou na recompensa certa.

Seria ótimo.

O canto de sua boca se curvou e o rosto de Deus se contorceu.

— Dê-me isso como recompensa.

— … bem, eu sei do que você está falando…

— Você acabou de ler minha mente! Me dá isso! Me dá isso!

— … hmm. Não posso evitar, está bem.

O deus assentiu como se não pudesse evitar.

Agnes pensou que sua ideia improvisada era perfeita.

Ela queria dar um tapinha nas costas por ter pensado nisso no calor do momento.

Tudo o que pedia era um gesto como o de Raymond na novela original.

Ele conseguiu no final da primeira temporada, então ela não o viu usar, mas as pessoas perceberam e comentaram sobre seu uso em vários comentários.

Como…

[Talvez eu use isso para salvar a santa mais tarde na temporada 2.]

[No episódio 34, há uma relíquia sagrada que diz que você pode pedir emprestado o poder de um deus antigo, mas apenas àqueles a quem é concedido.]

[Não disseram que, se você conseguir, pode temporariamente usar um poder imenso? Talvez eu possa salvar a vida da santa ou da Hazel se estiverem em perigo?]

[Meu Raymond, fique mais forte, meu bebê.]

“Infelizmente, em vez do seu cachorro, consegui o meu…”

Ela não se sentiu culpada por roubar o objeto de Raymond.

Porque mesmo sem ele, Raymond é o herói.

“Agora me deixe devolvê-la ao seu corpo antes que ele apodreça.”

Ela apontou para Agnes com um olhar de nojo.

Com esse gesto, sua visão ficou negra.

Sua alma começou sua queda interminável para lugar nenhum.

Uma forte atração gravitacional puxou-a para baixo, e ela sentiu seu corpo e alma se conectarem.

Foi então que ela abriu os olhos novamente.

Ela estava de volta ao corpo de Agnes.

Abrindo os olhos, Agnes olhou ao seu redor.

Ela estava no palácio da princesa, em sua cama.

— Princesa!

Os olhos do mordomo se arregalaram ao perceber que Agnes estava acordada.

O mordomo saiu correndo do quarto para buscar um médico.

Agnes tentou se mover, sentindo a sensação de voltar à realidade.

Então ela sentiu uma sensação desconhecida na palma da mão.

Ela abriu a palma direita e descobriu um pequeno pingente de prata.

“A relíquia sagrada…!”

Os cantos dos lábios de Agnes se curvaram enquanto ela se levantava lentamente. Na novela, Raymond teve que se esforçar muito para consegui-la.

Para ela, no entanto, foi moleza.

“Não, não. Eu consegui da maneira difícil.”

Ela até pagou com sua vida.

De qualquer forma, ela não pôde deixar de sorrir com a ideia de roubar de Raymond, o humilde.

Foi então.

— Minha Senhora!

Os médicos que estavam esperando na sala irromperam no quarto.

Eles rapidamente examinaram Agnes.

Sua cabeça pulsava um pouco.

— A princesa… Hmph.

— Ui, princesa… Não consigo te dizer o quanto estou surpresa… Hmph.

— Hmph…

Agnes piscou enquanto via os criados e criadas chorarem.

A comoção não parou por aí.

Um desgrenhado Imperador Alejandro e um pálido Damian irromperam no quarto.

— Agnes!

O estado do Imperador era mudo, atordoado por quase perder sua filha.

Agnes o abraçou e acariciou lentamente as costas trêmulas de seu pai.

Damian também estava preocupado e perguntou ao médico se ela estava bem.

— Está tudo bem?

— Sim, tudo voltou ao normal, e o ferimento na testa dela foi curado pela magia de cura, então não acho que você precise se preocupar com isso agora, desde que sua mente e corpo estejam estáveis.

— Ela parou de respirar e depois voltou, mas está realmente bem?

— Sim, eu também estou incrédulo, mas ela está realmente bem.

Depois de tranquilizá-lo várias vezes, Damián respirou aliviado. Sua mão, incomumente carinhosa, acariciou os cabelos de Agnes.

Ela tentou afastar a mão, mas ele a segurou.

Parecia que enquanto fazia seu acordo com os deuses, seu corpo físico tinha parado de respirar e depois voltou.

Ela podia ver por que seu pai estava fazendo isso.

Foi então.

Damian deu uma ordem com voz grave.

— Tragam Sir Raymond imediatamente.

O Imperador ergueu o olhar e disse.

— Sim! Raymond Spencer, traga-o imediatamente! Rápido, para que Agnes possa ficar em paz!