Capítulo 91
Ela entendeu por que as pessoas se maravilhavam com o mundo natural.
A paisagem diante dela era de uma beleza impressionante.
Agnes olhou para a vista do castelo imperial e soltou.
— Senhor Gray, me desculpe.
— … o quê?
Kylo franziu a testa diante de suas palavras repentinas.
Agnes afastou a cabeça da hipnotizante vista e olhou para Kylo.
Um homem mais bonito que a paisagem que havia capturado sua atenção um momento atrás apareceu diante dela.
— Eu peço sinceras desculpas por todas às vezes que a desrespeitei e insultei no passado.
— …
— Não vou fazer isso de novo, então, por favor, me perdoe.
Enquanto falava, uma rajada de vento soprou.
Desarrumou o cabelo de Agnes e um sorriso fresco surgiu em seus lábios.
Kylo a encarou como se o tempo tivesse parado… ou melhor, como se ele fosse o único congelado no tempo.
Agnes não desviou o olhar dos olhos de Kylo, que estavam congelados em perplexidade.
Seus olhos azuis pareciam conter o universo.
Ela se sentia tão bem estando com seu Favorito.
Na verdade, Agnes tinha se afastado de sua reencarnação por um tempo.
Às vezes, parecia que ela não havia se reencarnado.
Mas Deus estava certo, ela se reencarnou neste mundo.
Deus apenas tinha avançado o tempo até o ponto em que ela reconheceu que se reencarnou.
Era tão fácil se afastar do que havia acontecido antes.
Ou para ser mais preciso… inconscientemente ela se desligou dos males que havia cometido.
Mas com o tempo, as linhas se tornaram turvas.
Ela pode não querer viver no molde do original, mas seus erros permaneciam.
Agora, ela não queria mais se afastar do passado e evitá-lo.
Reconheça. Ela tinha estado egoisticamente apaixonada por Raymond Spencer.
Ela não podia mudar o passado, e talvez não pudesse mudar sua própria natureza.
Por isso agora também estava egoisticamente apaixonada por Kylo.
Amar alguém unilateralmente, dar e não receber, era algo com que ela estava acostumada e esperava.
Por isso ela mudaria seu destino em seus próprios termos, sem o consentimento dele.
Uma coisa era pedir desculpas e pedir perdão, mas mudar seu destino era uma decisão egoísta…
Sua determinação de mudar seu destino era inabalável.
Ela havia decidido fazer isso desde o momento em que obteve a relíquia.
Ela o usaria para eliminar a fonte da rachadura em vez de Kylo.
Não importava se a punissem por torcer o destino.
Ela não podia deixá-lo morrer.
Uma vez que ele morresse, ela estaria sozinha neste mundo.
O único homem, este Cavaleiro.
Sem ele, sua vida não teria sentido.
Mesmo esta paisagem inquietante e bonita não a inspiraria mais.
A única coisa que tornava este mundo bonito era o homem diante dela.
A boa notícia era… que o mundo não seria muito diferente com ou sem ela.
Talvez fosse destino reencarnar em alguém que tinha uma má relação com ele.
Porque então, se ela tivesse morrido em seu lugar, ele não estaria tão triste.
Se o pedido de desculpas de hoje o aproximasse mais de Kylo do que ele já estava, ele preferia continuar sendo alguém que não significava muito para ele.
Tinha que ser assim.
— Você me perdoa? — perguntou Agnes com uma brisa quente.
Kylo, que tinha estado rígido o tempo todo, abriu lentamente a boca.
— … sim.
As comissuras dos lábios de Agnes se contorceram com a breve resposta.
— Obrigada.
Ela sabia que Kylo a perdoaria.
Um homem que poderia ser tão afiado por fora, mas macio por dentro.
O Kylo que ela conhecia era assim.
Então haveria muitas pessoas boas ao seu redor no futuro.
Seja como amantes ou amigos. Com sorte, mesmo depois que ela se fosse, o lado dele sempre seria caloroso e acolhedor.
Assim como ela não se sentia sozinha por sua culpa.
Que ele nunca se sentisse sozinho por culpa de ninguém.
Agnes se levantou, sentindo a brisa um pouco mais fresca.
— Devemos descer agora?
Embora o céu estivesse claro, o vento era fresco, como se estivesse prestes a chover.
Ela podia sentir a brisa fria roçando sua pele.
— Sim.
Kylo a seguiu em silêncio.
Ele havia sido insultado muitas vezes na vida, mas esta era a primeira vez que recebia um pedido de desculpas.
Cada vez ficava mais difícil para ele ver Agnes sorrindo para ele.
Ele sentia que se a soltasse, acabaria a puxando para abraçá-la.
Ele a queria.
Pela primeira vez em sua vida, ele sentia emoções através dela.
Sua voz era como o gorjeio do pardal, seus lábios se moviam.
A forma como suas sobrancelhas se moviam com suas expressões faciais.
Suas bochechas fofas e redondas e como os cantos dos seus olhos se curvavam quando sorria.
Tudo nela era tão adorável que o deixava louco.
Se ele não se segurasse com os punhos, sentia que ia beijá-la imprudentemente.
O vento voltou a soprar.
Ao contrário de Agnes, que tremia de frio, para Kylo parecia uma brisa quente de primavera.
Agnes vagava como uma mulher à espera de ser libertada.
A maior parte de seus dias eram gastos em festas de chá para damas e reuniões com nobres de alta patente.
Mas o agito durava apenas alguns dias.
Quando chegava o final de semana, Agnes se recusava a sair da cama como se estivesse doente.
Em parte era uma estratégia para evitar Raymond, e em parte uma forma de se recuperar de uma semana agitada.
— Estou cansada.
Após uma boa noite de sono, Agnes acordou e se revirou na cama, apreciando o ritmo lento do final de semana.
Os últimos dias haviam sido agitados.
Ela havia organizado a festa de chá para mulheres em homenagem a Kylo.
Desde que ele havia ganhado a confiança de Agnes e se tornado seu guarda-costas.
A reputação de Kylo havia crescido mais uma vez.
As mulheres da nobreza começaram a considerar como seria ter Kylo Gray como parceiro, algo que nunca tinham considerado antes.
Foi uma boa mudança.
Agnes era só elogios para Kylo.
Ela se preocupava que pudessem suspeitar de seu relacionamento com ele… mas estava enganada.
Por mais que o mantivesse por perto, ninguém parecia pensar neles nesses termos.
Podiam pensar que ela confiava nele, mas não pensavam que ela gostasse dele como pessoa do sexo oposto.
Nem ele dela. Agnes era o tipo de pessoa que, quando gostava de alguém, deixava claro.
Bem, ela era sortuda se mostrasse isso.
Ela era quase uma sanguessuga grudada em Raymond porque gostava dele.
Ela se perguntava se era porque a lembrança da princesa sanguessuga estava tão viva na percepção das pessoas.
As pessoas nunca confundiam o relacionamento entre Agnes e Kylo.
E muitos presumiam que ela acabaria se casando com Raymond.
Cada vez que ela encontrava tais percepções em suas conversas com as damas, Agnes se sentia estranha.
Deveria ficar feliz por não suspeitarem que ela tinha um relacionamento com Kylo?
Claro que estava feliz, mas… era um pouco agridoce de alguma forma.
Bem, o bom era bom… vamos esperar pelo melhor.
Afinal, desde que a reputação de Kylo não sofresse, tudo ficaria bem.
De qualquer forma, a percepção das damas fazia com que Agnes fosse mais cuidadosa em seu comportamento.
Ela não podia passar tanto tempo com Kylo como durante sua recuperação após o acidente, mas se contentava em estar perto dele.
De qualquer forma, dias como esse não durariam muito.
Logo a rachadura se abriria.
Quando isso acontecesse, os dois homens designados como guarda-costas voltariam naturalmente aos seus postos.
Eles começariam a se preparar para a guerra novamente.
Claro, não seria a grande guerra que eles pensavam que seria.
Porque ela teria eliminado a fonte da rachadura.
Até lá, Agnes pretendia aproveitar esta breve paz.
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