Capítulo 110

Algumas horas depois.

O templo respondeu ao chamado, afirmando que algo milagroso havia acontecido.

As ondas que emanavam da fonte da fenda haviam desaparecido repentinamente; diziam que os deuses os haviam abençoado.

Mas não houve um único sorriso no rosto de ninguém diante dessa boa notícia.

Para o sacerdote que trouxe a notícia, pareceu uma circunstância estranha.

Até que ele ouviu a notícia da morte de Agnes.

Que fique claro que um fã é invencível.

Se eu te dissesse até onde eu iria pelo meu favorito, a pessoa média provavelmente pensaria: — Eh… demais?

— Eh…? Não é demais?

Mas há muita gente no meu Tweetalk que poderia fazer pior.

Então eu vou morrer agora.

Mas…

O que eu não esperava era que o caminho para a morte fosse mais difícil do que morrer.

“Quantos dias se passaram…”

Do jeito que as coisas estavam indo, ela encontraria Kylo no topo, muito à frente dela.

Agnes conjurou outro feitiço de aquecimento sobre seus pés congelados.

Embora ela estivesse agasalhada como um gato gordo, ainda sentia o frio.

Foi uma marcha agonizante.

— Frio, frio, frio.

Nunca fora uma montanhista, e escalar uma montanha nevada era demais para ela.

Mas ela tinha uma chave para trapacear.

Seu poder mágico e a varinha mágica que um mestre ferreiro da Cidade Imperial lhe dera.

Na verdade, ela tinha sido tentada a pensar que poderia ser invencível com isso.

Mas não era o suficiente.

Mesmo com todos os truques que ela usara para chegar até aqui, incluindo sua magia de aquecimento, ela ainda tinha um longo caminho a percorrer.

Mas pelo lado bom, outra meseta estava à vista.

Agnes começou a caminhar novamente, tentando não olhar para trás.

— Me pergunto no que Kylo estava pensando quando subiu esta trilha.

A cada passo, ela podia sentir a dor que ele deveria ter sentido.

Kylo não tinha ninguém neste mundo em quem confiar.

Ele não tinha ninguém para apoiá-lo, nenhum lugar para descansar.

Ele estivera sozinho toda a sua vida, então o momento em que subiu essa trilha não importou para ele.

Talvez não tenha importado porque ele estava acostumado.

Se não, ele sentiu uma solidão muito pior do que jamais sentira em sua vida.

Ele teria sentido o frio penetrando em sua carne.

Mas, de alguma forma, a dor em seu coração deve ter sido maior do que a dor em seu corpo.

E ainda assim, ele caminhou e caminhou e caminhou.

Porque é assim que ele é.

A cada passo, o peito de Agnes se enchia e ela lutava para respirar.

Não era por causa da altitude. Sua magia já cuidara disso.

Em vez disso, seu coração continuava a inchar em seu peito por Kylo.

Apenas um pouco mais rápido.

Ela queria subir mais rápido.

Ela queria terminar tudo antes que ele viesse a este lugar.

Então, nesta vida, ele não teria que subir esta trilha.

Ela teve que se apressar para que ele não tivesse que sentir essa solidão.

Ela continuou caminhando.

Uma e outra vez, pequenas pegadas eram feitas onde nenhum homem jamais estivera antes.

E então elas seriam cobertas de neve novamente, e as pegadas desapareceriam instantaneamente.

Agnes respirou ofegante enquanto sentia sua mente dominando seu corpo.

— Cacete… deveríamos ter visto Kylo subindo esta montanha.

O romance mostrou o resultado, não o processo. Que pena.

Teria feito o sacrifício de Kylo brilhar ainda mais.

Mas ela também entendia por quê.

Ela havia amaldiçoado centenas de vezes enquanto subia até aqui.

Não acho que as pessoas teriam gostado de ver um texto dela ofegando e repetindo a frase: “É muito difícil.”

É difícil, mas nunca me senti mal percorrendo o caminho do meu favorito. Nesta vida, por outro lado, fiquei feliz em percorrer este caminho.

Ela se animou com entusiasmo otaku.

Muito em breve, Agnes estava diante de uma enorme estátua.

Uma enorme montanha nevada com lendas de deuses antigos.

Era a primeira vez em milhares de anos que pés humanos tocavam a montanha, também conhecida como a Montanha da Morte.

— Ah…

Agnes se deitou e ofegou por um tempo.

Quando finalmente recuperou o fôlego, ela pôde contemplar o que a cercava.

Não era uma vista que valesse a pena todo o esforço.

O céu estava escuro, e a neve continuava a cair, borrando o ambiente.

No entanto, a área ao redor da grande estátua de pedra estava livre de neve.

De alguma forma, assim que chegou ao topo, o frio desapareceu.

Agnes tirou o pesado casaco.

Quanto mais leve se sentia, mais relaxavam seus cansados ombros.

Depois de uma breve pausa, ela se impulsionou novamente para cima.

Aproximou-se da estátua de forma estranha e da estranha fenda no ar e olhou mais de perto.

Algo é assustador…

Uma fenda negra se abria com força, como se o espaço estivesse se rasgando.

Dentro havia uma escuridão tenebrosa.

Agnes a contemplou com olhos sombrios e depois olhou ao redor.

Então notou algo estranho.

— O que é esta lata?

Desviou o olhar do objeto de aparência estranha para descobrir um pequeno Golem.

A câmera do centro brilhava em vermelho e piscava.

Trazia o selo de um templo, então devia ser para suas pesquisas.

Foi assim que anunciaram a existência da fonte da fenda no romance.

Agnes olhou fixamente para o Golem e depois o afastou.

Não sabia se a câmera capturaria sua morte.

De alguma forma, não acreditava que seria uma morte glamorosa, e não queria que ninguém a visse.

Agnes se aproximou novamente da estátua do antigo deus e ergueu a cabeça.

Vestida com longas túnicas, a estátua do antigo deus tinha o rosto de um cachorro com um longo focinho em vez de um rosto humano.

Agnes tirou o pingente que carregava no pescoço como se fosse um tesouro.

Os leitores especulavam que aquele objeto sagrado tinha o poder de invocar o antigo deus.

Sentia como se um quebra-cabeça estivesse se encaixando.

Confiantemente, esperava poder eliminar a origem da fenda de uma vez por todas.

Após um momento de hesitação, Agnes pegou o papel e a caneta que trouxera.

Tinha as mãos geladas e escrever era difícil, mas ela conseguiu.

Havia tantas coisas que queria dizer sobre sua jornada até aqui.

Como se estivesse escrevendo suas memórias, Agnes registrou o fim de sua vida.

Havia tanto que queria dizer… mas quando começou, não foi muito longo.

Agnes dobrou a carta e se levantou.

Não havia tempo nem razão para hesitar.

Com o pingente na mão, ergueu a varinha e se colocou diante da fenda.

Não sabia como, mas sabia que precisava destruí-la.

Respirou fundo, com o coração batendo forte no peito.

Pensar que havia renascido para este momento aumentou sua excitação.

Os acontecimentos passados relampejaram em sua mente como uma lanterna.

As memórias passaram por sua mente, trazendo-a de volta ao momento em que escreveu sua nota de suicídio antes de partir para este lugar.

Em sua nota para a corte imperial, Agnes não mencionou Kylo.

Foi uma decisão que tomou porque não queria sobrecarregar seu coração, mas de alguma forma se arrependeu.

Era sua primeira nota de suicídio.

Em sua vida anterior, não havia tido tempo de escrever uma. Foi uma morte inesperada.

Agnes colocou novamente entre os braços a segunda nota que havia escrito antes.

Desta vez, estava escrita inteiramente para Kylo.

Mas provavelmente nunca veria a luz do dia.

Seria selada com a fonte da fenda ao mesmo tempo que sua própria morte.

Queria registrar seus pensamentos pela última vez, mesmo que não pudesse mostrá-los a ele.

Somente em retrospecto sentiu uma leve pontada de arrependimento.

Perguntava-se se Kylo ficaria desapontado por seu nome não estar na primeira nota de suicídio…

Mas ficou aliviada por não tê-lo feito.

Não queria ser especial para ele.