Extra Especial 02
O mercado noturno estava lotado de gente.
As barracas estavam iluminadas com luzes amarelas brilhantes, fazendo a noite parecer quase dia.
Havia muitos lugares vendendo comidas deliciosas e bebidas alcoólicas, então o lugar estava cheio de casais e famílias.
Agnes e Kylo também se misturaram à multidão para aproveitar um tempo juntos como pessoas comuns.
Kylo apresentou a Agnes a comida de rua mais saborosa que ela já tinha experimentado. Por fora pareciam espetinhos de frango comuns… Agnes fingiu que nunca tinha comido antes.
E então devorou cinco de uma vez. Com todo o respeito ao chef do palácio imperial, mas aquela comida não ficava atrás.
Depois de encherem o estômago com espetinhos, saíram andando pela noite, tomando bebidas alcoólicas doces.
Enquanto caminhavam, chegaram ao fim do mercado. Diferente do centro, essa área era mais vazia, e por isso algumas lojas já estavam fechadas.
— Olha ali.
Agnes apontava para uma tenda. Ela ficava entre lojas com as luzes apagadas e exibia lembranças curiosas no balcão.
Quando os dois se aproximaram, um vendedor com um capuz preto bem puxado levantou-se do assento.
— Sejam bem-vindos. Tenho muitos objetos interessantes. Escolham o que quiserem. Como são pessoas tão distintas, vou fazer um descontinho.
Agnes olhou com atenção o rosto do vendedor, se perguntando por um momento se ele teria reconhecido quem eram.
O comerciante era um velhinho de cabelo branco e rosto simpático. Parecia que não tinha vendido nada o dia inteiro.
Como era uma parte mais afastada, provavelmente quase ninguém passava por ali, e os itens no balcão não pareciam nada de mais.
“Mesmo não parecendo nada especial, por algum motivo eu sinto uma atração estranha por essa tenda…”
De qualquer forma, o dono não parecia tê-los reconhecido. Devia ser só conversa de vendedor tentando empurrar alguma coisa.
Ela examinou com interesse os objetos estranhos em cima do balcão.
A maioria era enfeite com utilidade duvidosa: uma decoração de sapo feita aparentemente de bronze, uma pequena coroa com pedras incrustadas, um ornamento de propósito desconhecido, uma caixinha com joias enferrujadas… Era a cara de uma loja de antiguidades.
Normalmente nada disso chamaria sua atenção, mas… talvez por causa do álcool? Um dos objetos lhe chamou a atenção de forma estranha.
— O que é isso? É uma caixinha de música?
O item que Agnes apontava parecia um globo de neve. Curiosamente, em vez de neve, chovia lá dentro.
Ela não sabia se era feito com magia, mas a chuva parecia incrivelmente real.
“Isso tá quase no nível de uma tempestade!” E bem no meio da tempestade, havia um sapinho verde segurando um guarda-chuva amarelo.
— Ah… está falando desse aqui? Uau… que cliente de gosto refinado. Entre tantos objetos, conseguiu encontrar esse verdadeiro tesouro…
— Isso aí?
— Hm… já ouviu falar da fada-sapo?
— O quê?
A expressão de Agnes ficou desagradável. “Fada-sapo”… uma lembrança nada boa…
— Existe uma lenda no império que diz que, se você encontrar uma fada-sapo em um dia chuvoso, ela realiza um desejo seu. Essa aqui é exatamente essa fada-sapo!
— … Essa?
Agnes olhou de novo para o globo de neve, agora com um pouco mais de curiosidade.
— Isso mesmo! Lembra que recentemente ficou vários dias sem chover? Depois de muitas noites sem dormir, eu finalmente consegui capturar a fada-sapo e selá-la aqui. Hahaha.
— …
Obviamente era piada, mas… de repente, o sapinho verde ali dentro parecia meio triste.
— Oh… parece que você ficou com pena da fada-sapo.
— É… agora que olho bem, ela tem mesmo um ar tristinho.
— Hahaha, que cliente de coração puro e sensível. Que tal comprá-la e libertar essa pobre fada?
— …
Ele realmente tá usando de tudo pra empurrar esse treco…
Agnes entendia claramente a intenção do vendedor, mas como estava de bom humor, resolveu ser generosa.
— Hm, tá bom. Eu vou levar. Quanto custa?
— Excelente escolha! Por ser você, faço por apenas 1500 dets.
“O quê…? O senhor só pode estar brincando.”
1500 dets era quase o salário mensal de um guarda do palácio imperial. E os guardas do palácio eram considerados de alto escalão.
“Inacreditável. Até para um preço inflacionado, isso é demais…”
Agnes sentiu vontade de pegar o velho pelo colarinho e dizer pra parar de enrolar, mas se segurou.
“Hoje o dia tá bom, vou manter a calma…”
Mas 1500 dets por um enfeite desses ainda era um absurdo…
Enquanto Agnes decidia se ia discutir ou não, Kylo puxou a carteira.
— Eu compro.
— O quê? Mas hoje é seu aniversário…
— Já ganhei presentes demais. Me deixa retribuir um pouco.
— … Mas…
Enquanto Agnes hesitava, Kylo já estava entregando o dinheiro ao vendedor. O homem, como se tivesse esperando por isso, pegou rapidinho e começou a embalar o globo de neve.
— Não dá pra fazer um descontinho?
Quando Agnes perguntou meio contrariada, o vendedor apenas apontou silenciosamente para uma plaquinha num canto do balcão:
[Proibido só olhar]
[Proibido pechinchar]
[Proibido reembolso ou troca]
Agora, sim, ela tinha certeza: era um velho sem um pingo de vergonha na cara… Não é à toa que ninguém compra nada aqui.
Agnes não gostava do vendedor, mas até que tinha simpatizado com o objeto. “Foi um presente do meu favorito… vou guardar pra sempre. Levo até pro túmulo, se precisar.”
Diferente de antes, quando olhava sem muito interesse, agora ela acompanhava o embrulho do globo com olhos brilhando, como se fosse o tesouro mais precioso do mundo.
O vendedor terminou de embalar e colocou a caixinha em uma sacola.
— Parabéns, cliente. Esta fada-sapo vai realizar o seu desejo.
— … Sério?
Por 1500 dets, era o mínimo que ela podia fazer.
— Claro! A fada-sapo realiza qualquer desejo. Mas lembre-se: seja qual for o desejo, ela só realiza um. E por apenas um dia.
— É mesmo?
Agnes achava engraçado o jeito sério do vendedor. “Que velhinho teimoso com esse teatrinho…”
De todo modo, era um bom encerramento para um encontro de aniversário.
Agnes voltou ao palácio imperial abraçando com carinho o presente do seu favorito.
E naquela noite.
Depois de trocarem palavras doces de amor, tomarem banho e se deitarem, os dois ficaram conversando. Compartilhar os momentos do dia sempre deixava o coração aquecido.
E então, o assunto do globo de neve veio à tona.
— Aquele velhinho era claramente um golpista, né? Cobrar 1500 dets por um enfeitezinho daqueles… Quanto mais penso, mais raiva dá. Deveria mandar prender ele?
Kylo sorriu levemente ao ver Agnes indignada.
— Se fosse um golpista de verdade, já teria fugido.
— Ai, que raiva…
Mesmo resmungando, Agnes se levantou da cama e foi até a sacola que tinha deixado de lado.
Tirou o globo de neve, ainda bem embalado, e o colocou na prateleira ao lado da cama.
Apesar de todas as reclamações, ela o colocou em um lugar de destaque. Bem no centro da estante onde guardava seus tesouros mais queridos.
Ao redor, havia fotos do Kylo, bichinhos de pelúcia de gatos e outros itens de fã cuja natureza era duvidosa. Era a área especial da Agnes.
Quando estava prestes a se virar após colocar o globo com todo cuidado…
Agnes parou de repente. Era impressão dela? Pareceu que o sapinho lá dentro tinha piscado…
Agora que pensava, a chuva parecia ter diminuído. Antes era claramente uma tempestade, agora parecia só uma chuvinha forte.
“Bom, se é um globo mágico, talvez a chuva varie mesmo.”
Agnes não deu muita importância e ficou olhando para o sapo verde.
“Você disse que realiza desejos?”
Um desejo só, por um dia…
Ela se lembrou de um comentário que tinha deixado em um post numa comunidade online:
[Título] Se você pudesse entrar numa obra com seu personagem favorito, o que faria primeiro? ^0^
[1500 comentários]
[Anônimo82]
Primeiro eu sequestrava ele pro meu quarto, depois dava doces e leite quente enquanto fazia carinho na cabeça. E deixava ele viver tranquilo, comendo e se divertindo a vida inteira. Claro, nos meus braços rsrs
[Editar] [Excluir]
Meu favorito… meu gatinho bebê.
Esse era exatamente o desejo de Agnes.
Brincar com seu favorito transformado num gatinho bebê. Dar doces e leite quentinho enquanto fazia carinho nele. E fazê-lo dormir nos seus braços, sem nenhuma preocupação.
Agnes fez esse desejo em pensamento e se virou. Era só uma brincadeira, claro.
Afinal, aquele vendedor golpista não podia ser um mago de verdade. E fada-sapo nem existe, né?
E mesmo que existissem, se uma sapinha dessas realizasse desejos, a profissão mais comum no império seria “caçador de sapo”.
Agnes voltou pra cama com uma risadinha debochada e se aconchegou nos braços de Kylo.
Sem imaginar, nem em sonho, o que aconteceria no dia seguinte.

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