Os cavaleiros analisavam o local destruído. Um cavaleiro do grupo adentrou até a casa incendiada. Em seu peito estava o bordão, “Nyck”, ele era um caçador de dragão Veterano.

    A casa estava coberta de cinzas e pedaços de telhas e outros móveis espalhados pelos cômodos. Ele analisou o chão, e percebeu a cabeça do dragão empunhalada contra a parede. 

    Meio assustado, ele viu o corpo do monstro jogado ao chão, sendo devorado por ratos. Indo mais para frente ele percebeu o quê seria seu pesadelo real. Desacreditado, ele viu as cinco crianças mortas soterradas sob os destroços. 

    — Pessoal venham aqui! — gritou ordenando.

    Os cavaleiros que rodeavam o local e marcavam as pistas deixados por aquele impasse logo correram até a casa. — O quê aconteceu, Nyck? — perguntou um dos Caçadores, Finch.

    Ele apontou o dedo para o local e perguntou. —  O quê iremos dizer ao conselho sobre isso? 

    Eles se aproximaram e um deles enjoado, retirou os olhos do defunto e vomitou. — Que tipo de monstro fez isso? Eles estão queimados como brasa.

    — O dragão fez isso — falou o outro caçador veterano, Yorr. — Mas o caçador que se responsabilizou por essa missão deveria ter o dever de proteger as vítimas.  

    — Acha que deveríamos reportar ao conselho? — perguntou Nyck.

    — Não só reportar, mas procurar quem se responsabilizou por isso e mandá-lo para o calabouço, como sentença. 

    Finch pegou a caderneta e anotou a descrição do local junto às atrocidades. — Acho que poderíamos ir embora, isso vai me dar pesadelos à noite — falou Finch.

    Os cavaleiros assentiram e saíram daquela vila, voltando para o departamento da Guilda de Caçadores. 

    O dia estava bonito, o céu limpo e pelo que parecia que iria chover mais tarde. Yzael estava chegando novamente no reino em busca da recompensa.

    Os moradores locais estavam o encarando, não se sabia se era com nojo ou curiosidade. O rapaz estava com sua roupa rasgada, e uma de suas ombreiras danificadas, junto a alguns ferimentos em sua costa.

    Ele continuou marchando, passando por uma rua bem movimentada de cavaleiros da defesa do reino. Chegando no departamento, ele desceu de seu cavalo e foi em direção ao balcão de pagamento e análise. 

    — Que bom te ver de volta, caçador — falou Merlin, uma atendente de análise. 

    — É… é bom te ver também — respondeu.

    Ele puxou o papel que estava em sua cintura e colocou na banca da mulher. Ela pegou o papel e analisou, uma gota de sangue sob o papel e ela analisou o DNA dos glóbulos vermelhos.

    Seus olhos brilharam na cor vermelha, encostando os dedos no sangue. — É, realmente o dragão está morto.

    Ela abriu a gaveta de pagamento e guardou o papel da missão em um compartimento abaixo dela, e retirou  cinquenta moedas, efetuando o pagamento.

    — Eu nunca sei como vocês analisam isso, mas é bem interessante — brincou Yzael.

    — Ah… — riu Merlin corada. — Que isso, não é grande coisa.

    — Enfim, muito obrigado garota — ele se direcionou a saída. — Até mais.

    Yzael agarrou a corda do bridão e levou o cavalo a caminho do estábulo. — Vamos Tornado,  você trabalhou demais ontem, merece descansar. Prometo que irei te comprar um presentinho como símbolo de nossa parceria. 

    O cavalo relinchou, aparentemente de felicidade. Chegando ao estábulo, ele percebeu que Mayane estava lá também, cuidando de seu cavalo.

    Ele se aproximou, entrando no estábulo. Mayane percebeu sua chegada e o viu indo até a mesma baía. — Olha só quem voltou. Você não deveria tomar um banho? — perguntou ela.

    — Não estou fedendo tanto — respondeu.

    — Ah, já deve ter se acostumado com o próprio cheiro. O quê foi fazer pra ter ficado tão… machucado? — indagou curiosa olhando para os cortes em sua costa.

    — O quê você acha? Estava fazendo meu trabalho — falou enquanto tirava a sela do cavalo e seu bridão. 

    — Me desculpe, não queria que levasse por outro lado.

    Yzael respirou fundo. — Eu não levei pra nenhum outro lado, garota.

    Ele continuou limpando seu cavalo e retirando o excesso de sujeira que havia sob seus pelos e crina. 

    — Sei que deve estar bem cansado, já pensou em ir no hotel do centro? Ouvi dizer que lá tem termas com uma água muito boa.

    — Se você está tentando marcar um encontro, sabe que não está dando certo. Já falei garota, não sou o tipo de homem que atende seus requisitos.

    Mayane ficou sem palavras, por algum motivo ela se sentiu atraída por Yzael, ou por sua masculinidade diferente dos demais homens da região. 

    — Me desculpe… só queria puxar assunto.

    — Eu agradeço por você parecer preocupada com um cara que você conheceu a menos de um dia. Mas acho que você deveria tentar buscar uma equipe em que você deva se ocupar um pouco, e não só tosar seu cavalo.

    O cavalo de Mayane relinchou, bravo. 

    — Você deveria ao menos conversar mais — falou Mayane, caminhando em direção a seu cavalo. — Se você não montar uma equipe, nunca poderá derrotar um dragão Tirano sozinho ou sair sem ferimentos, concorda? 

    — O dia que eu precisar de alguém para me acompanhar, pode ter certeza que eu vou procurar muito bem. E se for pedir muito, gostaria que fizesse silêncio, o Tornado gosta de silêncio. 

    Ele suspirou fundo e falou novamente:

    — Desculpe minha ignorância, só estou buscando ficar sozinho, não pense que é algo pessoal contra você. Obrigado pelo convite mas eu terei de recusar.

    Indo para a parte dos cavaleiros, os três estavam chegando ao reino, com o destino de ir até o conselho. — Finch, quero que leve as anotações até a analista de missões e veja se ela a reconhece.

    O cavaleiro assentiu e mudou a direção de seu cavalo. Merlin que estava tomando seu belo chá enquanto fofocava com sua amiga que ficava no outro balcão foram surpreendidas por Finch que estava apressado.

    — Merlin, preciso que veja isso — falou rapidamente.

    Ele entregou as notas de onde estavam na vila, Merlin leu aquelas informações com cuidado, usando sua habilidade ocular ela conseguiu decifrar e lembrar dos detalhes. — Conheço esta missão, o caçador que a concluiu veio aqui hoje de manhã. 

    — O quê, é sério? E qual era o nome dele, como ele era? — perguntou.

    — Não vou saber dizer o nome pois eu não conheço, mas ele era alto e tinha cabelos até os ombros e uma roupa bem gasta, ah, e ele também tinha olhos azuis.

    Finch guardou sua caderneta e agradeceu, — Obrigado pelas informações. Se eu precisar de mais alguma coisa, eu voltarei aqui. 

    — Sem problemas, Finch, até mais.

    Ele subiu em seu cavalo e correu em direção ao grupo dos Caçadores veteranos.

    Yzael já estava se retirando do estábulo, o cavalo estava limpo e bem tosado. — Agora vamos comprar alguma coisa pra você, garanhão.

    Enquanto ele estava saindo, Mayane foi chamada por outras duas pessoas que aparentemente também eram novatos no ramo de Caçadores. 

    Indo em direção ao centro da cidade até sua casa, Yzael parou em uma banca para comprar algumas maçãs, quando levou um chute sem querer de um dos cavaleiros que estava passando. — Ei, cuidado aí.

    O cavaleiro olhou de ombro para trás, e seu acompanhante ao lado também. — Algum problema rapaz?

    — Por enquanto nenhum, a menos que você esteja procurando — falou Yzael.

    O cavaleiro se virou para ele e retirou sua espada, apontando em sua direção. — O quê você faria se eu quisesse arranjar um problema contra você?

    Yzael pensou em sua resposta, e com um tom irônico ele respondeu. — Iria limpar o chão com a sua cara.

    O cavaleiro irritado pensou em descer do cavalo, mas o seu acompanhante o segurou, e assentiu para que não fizesse aquilo. O rapaz então guardou sua espada e deu um último alerta. — Você tá marcado rapaz, não pense que se safou.

    Os dois então saíram de lá do meio daquela multidão. — Caras estranhos, não acha? — perguntou para o dono da tenda.

    — Acho que você deveria tomar cuidado. Esses aí são os Caçadores veteranos, o Sr. Yorr é o futuro general dos Caçadores e aquele outro que segurou seu braço era Nyck, um mago muito poderoso.

    — Não é alguém que me assuste tanto. Ninguém é imortal nesse mundo.

    — É… mesmo assim, cuidado com o quê fala. Dizem boatos que o Sr. Yorr consegue transformar qualquer coisa em pedra em alguns instantes, foi assim que ele matou um grupo de bandidos locais.

    — Agradeço as informações, velho, mas não me importo tanto. Toma aqui, dez maçãs por dez moedas.

    Yzael saiu com seu cavalo até sua casa, em meio a multidão. Enquanto os outros dois cavaleiros foram chamados a atenção por Finch que vinha de longe.

    — Ei rapazes, encontrei informações — avisou Finch.

    — O caçador que havia feito a missão, entregou ela como concluída hoje de manhã. Ela me disse que ele possuía cabelos longos até o pescoço e olhos amarelos.

    — Não parece a pessoa que você confrontou agora pouco Yorr? — perguntou Nyck.

    — Realmente, ele tinha cabelos longos, mas não reparei em seus olhos, apenas nas suas vestes rasgadas.

    — Ah, ela também me disse que ele estava vestindo roupas bem gastas.

    — Realmente — falou  Nyck colocando a mão sobre o queixo. — É bem parecido com o homem que vimos agora pouco.

    — Aquele caçador idiota. Estava se sentindo o homem mais forte do mundo só porque matou um dragão simples. 

    — Acha que devemos ir atrás dele? — perguntou Finch.

    — Não, hoje irei deixar passar. Amanhã ao meio dia vamos à taberna, muito provavelmente ele também estará lá. E quando eu ver ele, quero fazer justamente o quê ele disse que faria comigo, vou limpar o chão com a cara dele.

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