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    Depois disso, foi só prática e mais prática. Vincent, que inicialmente agia com medo, começou a caminhar com confiança a partir de um certo ponto. À medida que continuava, parecia começar a perceber o que estava ao seu redor.

    No entanto, ainda não era fácil para ele caminhar sozinho. Depois disso, ele nunca chegou à porta sem cair no meio do caminho, não conseguindo superar o sucesso inicial. Ele continuava a cair.

    O problema era que, sempre que caía, ele perdia a confiança. Às vezes, ele tremia de medo, e outras vezes, ficava parado por muito tempo, com as mãos no chão.

    Será que seus olhos estavam afundando no medo? Sim.

    Assustado, rastejou pelo chão até a cama e puxou o lençol sobre si, como se tentasse se esconder.

    “… tem alguém.”

    “Somos só eu e o mestre aqui.”

    “Não minta. Toda vez que fiz isso, havia alguém. Tentaram me matar.”

    O passado deixou cicatrizes profundas nele. Só então Paula entendeu por que ele estava confinado ao quarto. Ele não tinha medo de andar. Ele tinha medo de sair do quarto. Temia que alguém fosse até lá fora e tentasse matá-lo, e esse medo o consumia a todo momento. Não seria que ele estava tentando se esconder ao puxar o lençol sobre si repetidamente para se proteger?

    “Mestre, que tal pensar assim? Agora o mestre está em uma aventura. No escuro. Você não sabe o que está à sua frente nem o que vai aparecer. Então é realmente assustador, mas, se você ficar parado, teria que ficar naquele escuro para sempre.”

    “…”

    “É preciso coragem para embarcar em uma aventura. Agora é o momento de reunir essa coragem. Não se preocupe. Há uma voz que só você pode ouvir ao seu lado. Pode ser um companheiro de aventura, um amigo, um familiar, ou qualquer pessoa. Só que você não pode vê-los, mas você não está sozinho.”

    “Se eles me matarem…”

    “Confie em mim. Isso nunca vai acontecer. Eu estou aqui para você.”

    Ela segurou a mão trêmula dele. Abraçou seu corpo encolhido.

    Paula queria muito o ajudar a encontrar coragem.

    “Você não é muito confiável…”

    ‘Desde que não diga coisas tão horríveis assim.’

    Felizmente, Vincent logo recobrou a compostura. Ele estava bem confiante até para caminhar sozinho. Agora, ele chegou até a soleira da porta sem cair. Ele balançava as mãos no ar e andava de forma desordenada, mas era admirável que ele não tivesse desistido.

    “Eu estou te observando calmamente.”

    “Não caia.”

    E ela o deu uma leve tapinha nas costas.

    “Está tudo certo.”


    Os nós do pano que envolviam o corpo foram soltos, e seu cabelo foi reunido em um só lugar. Paula ajeitou seus cabelos. Ela os arrumou levemente, mas não estava tão ruim quanto ela pensava. Estava arrumado. Claro, teria sido melhor se um barbeiro profissional tivesse vindo e cortado seu cabelo corretamente, mas estava difícil no estado dele, então ela mesma se encarregou disso.

    “Precisa fazer isso?”

    “Fica bonito porque está arrumado.”

    Quando ela cortou seu cabelo, ficou ainda mais impressionada. Sua aparência realmente se destacava. Ele provavelmente fazia sucesso com as mulheres. Valia a pena arrumar.

    “Traga minhas roupas.”

    “Ah, se for seu pijama, aqui está.”

    “Minhas roupas.”

    Foi uma ordem repentina. Mas ele não mudou de ideia. Paula entrou e abriu outra gaveta pela primeira vez. Camisas, coletes, casacos, calças, gravatas, sapatos… por que os sapatos estavam ali?

    Vagando pela sala, ela reuniu as roupas dele e as entregou a ele. Vincent tirou o roupão e começou a vestir as roupas uma por uma.

    Completamente vestido, ele parecia o Conde Vincent Bellunita. Ele era realmente um nobre. A atmosfera mudou só de ele trocar de roupa. Estava um pouco seco, mas ainda assim bastante plausível.

    “Bastão.”

    Enquanto Paula o olhava sem saber o que fazer, ele estendeu a mão. Bastão? Ela se deu conta, olhou novamente ao redor da sala, encontrou o bastão e entregou-lhe. Ele ficou parado, com o bastão na mão. Parecia que ele estava tentando andar com o bastão.

    De qualquer forma, estava pronto.

    Paula saiu e fechou a porta. Depois de um tempo, Ethan apareceu.

    “O que aconteceu com Vincent?”

    “Ele está esperando lá dentro.”

    “Treinou bastante?”

    Ethan apertou os olhos de forma maliciosa. Parecia que ele sabia o que Vincent e Paula tinham praticado. Ele era uma pessoa muito má.

    “O tempo está bom. Seria perfeito sair.”

    “Entendi.”

    “Os galhos das árvores brotaram.”

    “O quê?”

    Paula se perguntou e, ao perguntar, ele apenas deu uma risada. A risada entediada chamou sua atenção de maneira estranha. Não, parecia que algo importante estava prestes a acontecer.

    Enquanto isso, Ethan ficou parado em frente à porta. Mas não conseguia puxar a maçaneta. Ela viu o rosto preocupado dele de lado. O estado complicado da mente dele também ficou evidente. Ela esperou ele abrir a porta.

    “Estou preocupado que nada tenha mudado.”

    “Veja você mesmo.”

    “Verei.”

    Depois de se decidir, ele abriu a porta. A surpresa se espalhou lentamente pelo rosto dele. Enquanto observava a reação dele, Paula também olhou para o quarto.

    Como planejado, Vincent estava parado no meio do quarto. Ele estava de pé no chão, com um bastão.

    Ethan piscou.

    “Vincent?”

    Ao chamado de Ethan, Vincent levantou a cabeça. Era um rosto tenso. Por fora parecia estar bem, mas os olhos de Paula podiam ver a tensão escondida ali.

    Vincent começou a andar na direção deles, com o bastão na mão.

    Ele havia praticado várias vezes. Ela até virou o corpo dele em direção à porta antes de sair do quarto. Então, tudo o que ele tinha que fazer era caminhar. Paula estava nervosa, achando que ele poderia cair, mas, felizmente, Vincent avançou com passos firmes.

    Vincent rapidamente chegou à porta. E finalmente saiu do quarto. Ethan, que estava observando sem piscar, abriu os braços, maravilhado.

    “Vincent!”

    Um grito feliz foi ouvido.

    Foi um momento que Paula achou uma reação inesperadamente violenta. Vincent de repente levantou a mão. Na mão dele estava o bastão. Dando um passo à frente, Vincent balançou o bastão em direção a Ethan.

    Aconteceu em um instante.

    Ethan se agachou assustado, e Paula abriu os olhos, atônita. O bastão, que perdeu o alvo, balançou no ar e atingiu a janela do corredor.

    Clink!

    O som do vidro quebrando ressoou. Paula ficou chocada e verificou a janela. O vidro da janela, no qual o bastão ficou preso, estilhaçou-se. Um caco de vidro caiu. Uma voz sombria se espalhou pela cena sangrenta.

    “Se você me ameaçar assim mais uma vez, você vai morrer.”

    O olhar de Vincent estava voltado para a frente, mas não era diferente do de Ethan, que estava encolhido abaixo dele. Ethan abaixou os braços que cobriam o rosto e olhou para ele.

    “… eu sou seu amigo.”

    “E então você me ameaçou?”

    “…”

    Ethan, pego de surpresa, fechou a boca. Vincent tirou a mão do cabo do bastão e virou o corpo. Ethan finalmente se levantou e olhou para a janela quebrada. Ethan, que estava atordoado por um tempo, logo recuperou o equilíbrio e foi atrás de Vincent, e Vincent virou o corpo.

    “Saia agora.”

    Após dizer isso, a porta foi fechada com um estrondo. Paula ficou paralisada com o ato de Vincent, que expulsou Ethan e ainda fechou a porta ele mesmo.

    Ethan ficou parado, olhando para a porta fechada.

    “Ele parece muito irritado.”

    “Claro.”

    Paula retirou a bengala que estava presa na janela.

    ‘Não, será que você pediu uma bengala pensando nisso?’

    Ela ficou pensando no que fazer com os pedaços quebrados, mas então ouviu uma risada vindo de algum lugar. Quando olhou na direção do som, viu que Ethan estava rindo. Ela imaginou que ele finalmente tivesse enlouquecido.

    “Sim. Esse é o Vincent.”

    ‘Exatamente.’

    Paula balançou a cabeça ao vê-lo rindo, com os cantos da boca tremendo. Ethan bateu na porta fechada, com um sorriso no rosto.

    “Vincent, posso entrar?”

    Dessa vez, não houve resposta, mas Ethan abriu a porta. Não estava muito distante da porta, mas Vincent estava lá, com uma expressão que perguntava por que ele ainda estava ali.

    “Não me olhe assim. Eu tenho algo para te falar.”

    Ethan tirou algo do bolso do casaco e entregou para Vincent. Era uma carta. Ele colocou na mão de Vincent.

    “É uma carta da Violet.”

    Violet!

    Ao ouvir o nome familiar, o olhar de Paula se voltou para a carta na mão de Vincent. Ela olhou para baixo, para a carta que ele segurava.

    “Ouvi dizer que você não respondeu às cartas da Violet. Ela está muito preocupada. Eu decidi entregar a carta dela para que você insistisse em vê-la, e conseguir convencer você.”

    “Como ela está?”

    “Ela está bem. Com boa saúde.”

    “Fico feliz.”

    Vincent não abriu o envelope. Apenas o segurou nas mãos e virou o corpo. Depois de praticar um pouco mais, ele voltou para a cama e se sentou. Ethan o seguiu.

    “Prometi a ela que iria conseguir uma resposta, então, por favor, escreva uma resposta para ela.”

    “Não.”

    “Eu também não posso desistir. Ah, Senhorita, me dê um pedaço de papel e uma caneta, por favor.”

    Ethan se virou para Paula e falou.

    Paula olhou rapidamente para Vincent, que estava franzindo a testa. Ela ficou curiosa para saber quem era a tal Violet, mas vendo a expressão insatisfeita de Vincent, não teve coragem de perguntar. Por fim, ela assentiu e saiu do quarto.

    Naquele dia, Ethan finalmente conseguiu a resposta para a carta.

    Já tarde da noite, Paula não conseguia dormir. Saiu do quarto para tomar um pouco de ar fresco. Mas uma luz vinha do fim do corredor. Era Ethan, com uma lamparina.

    “Por que você não está dormindo?”

    “Senhor Christopher, o que está fazendo aqui?”

    “Não consegui dormir, então estava dando uma volta.”

    “Eu também não consigo dormir.”

    Ela pensou em sair do anexo, mas se irritou. Em vez disso, ele colocou a lamparina na janela e abriu a janela. As luzes piscavam enquanto uma brisa fresca entrava. Enquanto Paula observava em silêncio, Ethan se aproximou e ficaram lado a lado.

    “Você está brava comigo.”

    “Eu?”

    “Você tem me dado conselhos por um bom tempo, mas eu ignorei.”

    ‘Você fez isso mesmo sabendo disso?’

    Bem, não era algo pelo qual ele devesse pedir desculpas. Era natural que quem estivesse em uma posição mais alta não ouvisse quem estava em uma posição mais baixa.

    “Não precisa pedir desculpas. Está tudo bem.”

    Ethan coçou as costas ao responder.

    “Eu sou um cara ruim, né?”

    “Não posso negar.”

    Então, Ethan riu. Paula riu junto.

    A risada curta logo foi interrompida.

    Havia um silêncio no corredor.

    Paula se encolheu na escuridão.

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