Índice de Capítulo

    Ela era mais baixa do que a maioria das meninas da sua idade e tinha uma estatura mais delicada. O cabelo, que chegava até o peito, era frisado, e sua pele estava bronzeada pelo sol. A cor do seu cabelo era um castanho sem vida. Seus olhos eram grandes, com pupilas castanhas, da mesma cor do cabelo, mas eram ligeiramente inclinados para cima. Seu pequeno e sardento nariz parecia se erguer para o céu. Seus lábios eram pequenos e ásperos, e frequentemente sangravam.

    Anã feia.

    Os meninos da minha idade costumavam me chamar assim.

    Ao contrário de Paula, Alicia sempre foi uma beleza desde a infância. Ela tinha mais ou menos a mesma altura de Paula, mas seu corpo era mais cheio e seus seios, grandes. Seu cabelo castanho-claro, que chegava até a cintura, era brilhante graças aos cuidados constantes. Ela evitava sair quando o sol estava forte, por isso sua pele era clara, seus olhos grandes, seu nariz longo e afilado, e seus lábios cheios, fazendo até um sorriso discreto ser o suficiente para encantar qualquer um.

    Para Paula, Alicia era realmente bonita. Tão bonita que os rumores sobre ela se espalhavam até fora da aldeia. O filho do senhor da aldeia se apaixonou por Alicia e a pediu em casamento. Não, todos os homens tinham uma paixão não correspondida por Alicia. Graças a ela, até sua personalidade difícil era vista como atraente.

    Ao mesmo tempo, Paula acabava sendo mencionada quando falavam sobre Alicia. A irmã mais velha da linda Alicia gerava curiosidade. Se a irmã mais nova era assim, como seria a irmã mais velha? Por isso, muitas vezes as pessoas viam Paula quando iam visitar Alicia. No entanto, o olhar cheio de expectativa logo se transformava em decepção ao ver o rosto de Paula. Havia quem franzisse a testa ou até xingasse. Era uma pergunta comum sempre que perguntavam se ela era realmente irmã de Alicia.

    Paula ficou em silêncio por um momento. Ele parecia imaginar a empregada que ousou ser arrogante com ele.

    ‘Você também me desprezaria se me visse? Talvez você tenha receio de me manter por perto porque sou feia. Como as outras pessoas fizeram comigo. Talvez eu tenha sorte agora que você não pode me ver. Porque não precisa olhar para esse rosto feio.’

    ‘Se, como um milagre, você pudesse me ver, eu não quero mostrar o meu rosto.’

    Ela não queria se machucar. Desde o início, era apenas uma voz, e a mentira surgiu do nada, mas não era tão ruim ele se enganar assim. Ela ficaria realmente feliz se houvesse ao menos uma pessoa na vida dela que a lembrasse como alguém bonita.

    “Você deve ser bonita. Não consigo imaginar.”

    “Costumo ouvir isso com frequência.”

    E então ela deu uma risada amarga.

    “Eu ouvi você dizer que parecia normal antes.”

    “Eu disse isso por educação.”

    “Sortuda.”

    Paula balançou a cabeça e soltou a ponta do cabelo que ele estava tocando. O mistério parecia ter sido resolvido. Era bom que ele não tivesse visto o tremor dos seus dedos segurando o livro.

    “O mestre também é bonito.”

    “Eu sei.”

    “Ah, isso é um pouco cansativo.”

    Enquanto deixava seu coração se expressar, ele levantou ligeiramente os cantos dos lábios. Havia alegria nos seus olhos esmeralda, que se curvavam levemente.

    “Você está sorrindo…”

    “Você deve ser fácil de encontrar.”

    “Será mesmo?”

    “Sim. Posso pedir para trazer a menor pessoa daqui.”

    Sua lógica foi inesperada. A pessoa menor…

    “Eu não sou tão pequena.”

    “Você é pequena.”

    “O mestre é mais alto.”

    “Você é muito pequena, então gostaria de usá-la como bastão.”

    “Eu não sou pequena.”

    Quando Paula disse isso com um tom desconfortável, ele riu novamente. Um prazer apareceu em seu rosto relaxado. Ela estava acostumada a ver expressões endurecidas ou aterrorizadas, então devia ser uma sensação realmente boa vê-lo sorrindo assim. Ao mesmo tempo, seu humor melhorou. Ela estava rindo junto com ele.

    “Você é realmente malvado.”

    “Apenas com você.”

    ‘Acho que vamos ter uma disputa para ver quem é pior.’

    “Agora está ventando mais.”

    “Não mude de assunto.”

    “Ah, entendi. Pense o que quiser.”

    Após declarar rendição, Paula apenas mexeu os pés. O vento soprou forte. Uma risada leve ecoou pelo vento.

    “O vento ainda está frio, então me avise se estiver com frio.”

    “Está tudo bem.”

    Ele tomou um gole de chá e virou a cabeça. Paula voltou a olhar para o livro. Ela pensava em continuar lendo de onde havia parado.

    “Dá vontade de sair para caminhar.”

    Era uma frase aleatória. Paula olhou para ele novamente. Vincent ainda estava olhando para o lado. O vento bagunçava seu cabelo. Hoje, ela não conseguia se concentrar na leitura. Não era só por causa do barulho do vento. Era por causa dele também.

    “Então, quer dar uma caminhada?”

    “O quê?”

    Paula colocou o livro de volta na mesa e se levantou. E segurou o braço dele, atordoada.

    “Vamos dar uma caminhada.”

    A floresta estava silenciosa. Como esperado, não havia ninguém lá. Fica nos fundos do anexo, então não era muito profunda, mas estava intocada e preservada. Felizmente, havia uma trilha, o que tornava agradável fazer uma caminhada leve. Parecia uma aventura caminhar entre os sons da natureza, com os pássaros cantando e as folhas farfalhando.

    “O tempo está realmente bom.”

    “Verdade.”

    Ele estava segurando sua mão e andando um passo atrás dela. Era constrangedor caminhar de mãos dadas com um homem adulto, mas parecia que ela estava saindo para caminhar com seu irmãozinho.

    “Se você estiver com dificuldade, me avise. Vou carregar você nas costas.”

    “Como eu disse antes, não machuquei a perna.”

    “Mesmo assim.”

    Como estava preso no quarto por muito tempo, ele estava em um estado de baixa energia. Então ela pegou a mão dele e caminhou devagar. A última vez que ele realmente fez melhorias no movimento foi quando estava com Ethan, começando a sair da cama. Claro, ele ainda estava confinado ao quarto, mas já era uma mudança boa comparada ao tempo em que estava deitado.

    O vento soprou. Ele inclinou a cabeça com a sensação agradável. O vento passava por seus cabelos, e uma aura gelada tocava sua pele. Mesmo o cabelo dourado de Vincent balançava com o vento. O som de seus passos sobre as folhas secas ecoava agradavelmente.

    “Acho que seria bom sair assim de vez em quando.”

    “Deixe para lá.”

    “Por quê?”

    “Porque quando encontro alguém, vira uma dor de cabeça.”

    Mas… ela não sentia presença de pessoas, ainda assim olhava ao redor, com os nervos à flor da pele, só para garantir.

    “Não tem ninguém aqui, mas aviso assim que alguém aparecer.”

    “Não vai aparecer ninguém.”

    “Sério?”

    “Este é um lugar que eu costumava vir muito quando era jovem. Com Ethan e Violet.”

    “Eu… eu fiquei curiosa desde então. Quem é a Violet?”

    Junto com Ethan e a carta, Paula estava curiosa, porque não parecia uma relação qualquer. Ele parecia estar de bom humor naquele momento, então ela perguntou, achando que era uma boa oportunidade.

    “Minha noiva.”

    “Uma noiva?!”

    Paula ficou um pouco surpresa, mas, considerando a idade dele, era mais estranho se ele não tivesse uma. Ela soubera que os nobres escolhem seus noivos desde muito jovens. Isso a fez lembrar de Alicia, que zombou do filho do Lorde, que insistia que abandonaria sua noiva para ficar com ela. Alicia odiava o filho do Lorde porque ele era feio, mas o rejeitou com a desculpa de que ele já tinha uma noiva.

    ‘Sim, eles se amam. Por isso ela mandou a carta preocupada com ele.’

    Então as cartas que chegaram com tanto cuidado faziam sentido.

    “Ela parece gostar muito de você.”

    “Não é bem assim.”

    Paula ficou tocada, mas a outra pessoa cortou firme essa emoção. Ela olhou para Vincent.

    “Não?”

    “Não. Então, se ela vier à mansão, mande ela embora.”

    “Por que? Você disse que ela é sua noiva.”

    “Ela não sabe que estou cego.”

    Ah… ela já tinha ouvido dizer que ele estava escondendo isso, mas Paula não sabia que ele estava escondendo até da noiva.

    “Se ela souber que o noivo dela ficou cego, ela vai pedir para terminar o noivado.”

    “Não faria isso.”

    “Não sei o que ela pensa, mas nós dois não estávamos noivos porque nos amávamos. Foi um noivado arranjado pelas famílias por motivos de lucro. Então, se um lado se tornou inútil, é natural que o noivado acabe.”

    “…”

    “Não posso esconder isso para sempre, mas é melhor adiar o quanto for possível.”

    Da última vez, Ethan e agora Violet, todos estavam tentando colocar seus próprios interesses no relacionamento com ele. Paula pensou que a vida dos nobres também não era simples.

    “Vou lembrar disso.”

    Ela assentiu e respondeu. Mas ainda estava curiosa.

    Violet era a noiva de seu mestre. Como seria ela?

    Por algum motivo, Paula imaginava um rosto tão belo quanto uma flor.

    “E você não precisa fazer isso.”

    “O que você quer dizer?”

    “É por causa do que você disse da última vez. Significa que você não precisa me consolar.”

    “… não.”

    A resposta dela demorou porque ele tinha apontado aquilo. Ela tentou falar, mas não funcionou com ele.

    Na verdade, a atmosfera entre Vincent e Paula se acalmou um pouco depois daquela confissão chocante. Por algum motivo, ela olhou nos olhos dele, e ele ficou ainda mais silencioso. Não era como se estivessem tendo conversas casuais, mas a atmosfera que antes fluía agora estava um pouco abafada.

    Ela queria aliviar o clima, mas ele facilmente percebeu seus pensamentos internos.

    “Você não precisa mentir.”

    “Eu realmente não estou mentindo.”

    “Eu acredito que você está.”

    “Vou fingir que não sei.”

    Paula fingiu não ouvir e se concentrou na caminhada. Ele também não disse mais nada. Os pássaros cantavam na floresta tranquila. O som fazia seu coração se acalmar.

    Então, num piscar de olhos, um vento forte soprou. A toalha de mesa que ela segurava voou com o vento.

    “Ah! Espera um pouco, mestre!”

    Ela colocou o cesto que tinha pendurado no pulso no chão e soltou a mão dele. Sentiu os movimentos dele atrás de si, confusos. Gritou por um momento e então seguiu a toalha de mesa que estava voando. Achou que seria fácil pegá-la, mas quanto mais tentava, mais ela voava para longe. Se corresse, ela voaria ainda mais longe. No final, a toalha foi parar mais fundo no mato.

    A toalha, que estava voando, só parou quando bateu em uma árvore. Nesse momento, Paula correu rapidamente para pegar a toalha.

    Foi então que aconteceu. Antes que sua mão alcançasse a toalha, uma grande mão apareceu do nada e a pegou.

    Havia alguém na floresta.

    Paula não sentiu nenhuma presença, mas um homem estranho estava parado na frente dela. Ela parou ao vê-lo de repente. O cabelo castanho dele estava sendo levado pelo vento. O homem estava de costas, então não podia ver seu rosto.

    Quem seria? Seria alguém que trabalha aqui? Mas era a primeira vez que ela via alguém ali.

    Claro, muitas pessoas trabalhavam lá, e os empregados que ela via eram poucos e distantes. Mesmo assim, o homem à sua frente de algum jeito não parecia um empregado. Ele estava vestido com roupas nobres, e a atmosfera que ele transmitia era elegante.

    Paula ficou se perguntando e olhando para suas costas, mas logo o homem também se virou para ela. O rosto do homem que apareceu diante dela era jovem.

    E, como ela imaginava, ele era um iniciante.

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