Índice de Capítulo

    Vincent franziu as sobrancelhas quando Paula se afastou de repente.

    “O que aconteceu?”

    “…”

    “Ei.”

    Mas como Paula não respondeu, Vincent estendeu a mão. Era um reflexo dele, depois de ficar cego. Tocar as coisas como uma maneira de se orientar. Mesmo agora, sua mão, que estava no ar, se movia em busca de algo para tocar.

    ‘Olha só, ele não pode me ver.’

    Só então Paula soltou um suspiro de alívio.

    “Ah, não. Nada.”

    Ela balançou a cabeça e tentou afastar a nervosismo. Então, ela balançou a mão diante dos olhos de Vincent. Os olhos vazios dele não moveram nem as pálpebras.

    Ela teve um pensamento inútil.

    Não conseguia acreditar que ele fosse cego, nem por um momento.

    “Mas por que ficou em silêncio de repente?”

    “Eu estava apenas… tentando ver se seu rosto estava na direção certa. Ah, agora está bom. Você pode olhar assim.”

    Paula voltou para o sofá oposto e se sentou. Tocou o coração que estava apertado e tenso. Quando virou a cabeça, sentiu o olhar de Ethan em cima dela. Ele sorriu de forma travessa quando ela o encarou, dizendo: “O que aconteceu com você?”

    “Você pegou um pouco de Vincent, né?”

    “O que você está dizendo de repente? Que tal isso?”

    “Está perfeito. Ah, por favor, não fique procurando com as mãos assim, como fez antes. Vai parecer estranho.”

    “Tá.”

    Paula olhou para as mãos de Vincent. Era um hábito quando se está cego. Então Vincent abaixou a mão e procurou pelo final da mesa, encontrou a xícara e a levantou. Ele parecia estar praticando para garantir que não pareceria desajeitado, mesmo em sua postura atual.

    “Faça uma cara mais apropriada. E a postura está muito rígida. Relaxe.”

    “Como?”

    “Você pode se sentar como de costume.”

    Vincent ficou em silêncio por um momento, como se estivesse tentando entender o que significava sentar-se de forma usual. Ethan então deu sua opinião e sugeriu que ele cruzasse as pernas. Vincent hesitou e cruzou as pernas. Quando Ethan disse que ele ainda parecia rígido, Vincent então encostou as costas no sofá. Só aí a postura dele parecia mais confortável.

    “Vincent, então, vamos bater um papo com a senhorita?”

    “O quê?”

    “O quê?”

    Vincent levantou a cabeça. Paula olhou para Ethan.

    “Conversa também requer prática.”

    Então Ethan deu uma leve batida no ombro de Paula e olhou para Vincent.

    “Agora, Vincent. Pense nela como Violet, e tenha uma conversa.”

    “Que conversa?”

    “Qualquer coisa. Fale sobre o tempo.”

    Ethan se sentou ao lado de Paula. Vincent franziu o cenho com o pedido inesperado. Paula também olhou para os dois alternadamente, sem saber o que fazer.

    “Ou começamos com senhorita? Agora, senhorita.”

    “O quê? O quê?”

    “Relaxe. Se coloque no lugar da Violet e converse com Vincent.”

    “O que eu vou dizer primeiro?”

    Paula ficou pensando. Ao lado dela, Ethan repetia: “Se coloque no lugar da Violet.”

    “Como eu posso ser a Violet?”

    “Que tipo de pessoa é a Violet?”

    Paula fechou a boca, imaginando um rosto branco e doce como açúcar.

    “Bem, o que aconteceu esse tempo todo? Por que não me encontrou?”

    “Violet não diria isso.”

    Era difícil demais. Foi corrigido na hora. Paula deu uma tosse constrangida.

    “Vincent.”

    “Está estranho.”

    “Vi-Vincent.”

    “Não gagueje.”

    “Vincent…”

    “O quê? O que foi?”

    Vincent franziu o cenho quando Paula imitou uma voz doce e fofa, como mel. Ele parecia ter ouvido algo que não podia ouvir.

    “Ah, meu Deus. O que aconteceu? Hein?”

    “Não, não faça isso.”

    Ele realmente se assustou e largou o copo. Ia quebrar, mas dessa vez ele olhou para o copo com uma careta. Estava um pouco instável, mas, felizmente, o copo estava seguro.

    Paula o colocou em uma posição fixa e se sentou novamente.

    “Por favor, me veja como a senhorita Violet.”

    “É estranho, o que você acha?”

    “É estranho?”

    “Está estranho.”

    “Não seja tão frio.”

    “Pense bem. Você precisa praticar agora, para ser natural quando encontrar a Violet mais tarde. Imagine, como quando você lê um livro, imagine.”

    “…”

    “Vamos lá, vamos lá.”

    Paula incentivou Vincent sem vergonha. Então ele suspirou e tapou a boca.

    “Quanto tempo, né.”

    Ele perguntou calmamente. Paula respondeu imediatamente.

    “De fato, Vincent.”

    “… melhor endurecer um pouco. Soou como se fosse vomitar.”

    “Realmente, por que não se encontrou comigo? Você sabe como fiquei preocupada? O que aconteceu esse tempo todo? Hein?”

    Paula corrigiu a voz e falou firme, e deu uma respiração profunda. Quando ela ouviu as palavras “Você é a Violet, você é a Violet”, como um murmúrio, parecia que estava se hipnotizando.

    “Será que sou tão ruim assim?”

    Paula se culpou pela sua atuação ruim, mas Ethan, ao lado, estava segurando o estômago e quase não conseguia respirar. Seu sorriso estava prestes a se transformar em lágrimas.

    “Desculpa. Eu estava um pouco distraído, sabe. Houve coisas perigosas. Então… eu estava muito nervoso. Não te encontrei nesse estado porque tinha medo de dizer algo errado. Eu estava preocupado que você estivesse em perigo porque ainda não estava seguro. Eu ia te encontrar quando minha segurança estivesse garantida e meu corpo melhor.”

    “Então, por que não respondeu a carta? Se era porque estava com medo de que eu estivesse em perigo, poderia ter me respondido por carta.”

    “Não pensei tão longe. Desculpa.”

    “Eu fiquei preocupada com você. Mas você não respondeu e nem mostrou seu rosto quando eu fui te ver. Eu fiquei preocupada que você não gostasse mais de mim.”

    “Isso é impossível.”

    A conversa seguiu de forma inesperada. Paula fez as perguntas que Violet faria, e ele respondeu imediatamente. Não dava para saber se ele tinha pensado normalmente ou se era realmente espontâneo, mas a conversa fluía bem.

    “Desculpe por te preocupar. Não é que eu não goste de você. Não me entenda mal.”

    “Agora você está bem, né?”

    “Sim, me sinto muito melhor. Como disse, ainda estou me recuperando porque queria melhorar logo, então não se preocupe muito.”

    “Isso é o suficiente?”

    A conversa foi bem, e durante todo o tempo ele não se moveu, olhando fixamente para frente, como Paula ensinou. Certamente, não parecia estranho imaginar que seus olhos se encontraram.

    Paula estava pensando se estava faltando algo, então reorganizou na cabeça o que Violet diria. Então percebeu que faltava a história mais importante.

    Paula tentou se concentrar e engolir a ansiedade antes de falar o que havia se preparado para dizer.

    Bem, bem.

    “Eu… eu…”

    “Você?”

    “Eu, eu, eu…”

    Paula não conseguia falar direito.

    Vincent inclinou a cabeça, observando. Paula passou a língua nos lábios secos várias vezes. Ela estava tão envergonhada de dizer aquilo. Era uma palavra estranha de se falar, e ela hesitou, fechou os olhos com força e disse a coisa mais importante.

    “Senti sua falta!”

    “…”

    Paula mal conseguiu falar e ficou com os olhos fechados por um bom tempo. Não conseguia olhar para Vincent. Ela esfregou as bochechas, como se seu rosto estivesse quente. Quando abriu os olhos, Vincent tinha uma expressão vazia. Seus olhos, que antes piscavam como se surpresos, logo se alargaram.

    “Sério?”

    Sua voz era suave. Não estava rouca ou áspera, nem brava.

    Era uma voz tranquila, um pouco travessa. Ele abaixou os olhos ligeiramente e os levantou de novo. Os cantos da boca, ligeiramente erguidos, formaram um sorriso bonito.

    Ele estava sorrindo…

    Seus olhos carinhosos brilhavam.

    “Obrigado.”

    Havia consideração na sua voz doce. O sorriso amigável parecia estranho para Paula, mas ela não conseguia desviar o olhar dele. Era o mesmo sorriso que ela via quando tomava chá com ele no jardim. Não, era até mais afetuoso do que naquela época… um sorriso suave.

    ‘Não sou eu quem precisa ver esse rosto. Não é para mim.’

    Paula abaixou a cabeça.

    Ela não conseguiu fazer contato visual com ele.

    “Está tudo bem. Quero dizer…”

    Ele disse algo, mas Paula não conseguiu ouvir. Ela fechou os punhos e prendeu a respiração. Talvez fosse porque ela tinha visto algo inesperado, seu coração batia forte, como se tivesse espiado um segredo que não deveria ver.

    Boom, boom, boom.

    Era estranho.

    Era muito estranho.

    “… senhorita!”

    “Sim!”

    Paula colocou a mão sobre o peito e levantou a cabeça. Ethan a olhava com os olhos arregalados.

    “Por que você está tão surpresa? Acho que já está bom.”

    “Ah, bom. Sim. Acho que já deu.”

    “Agora está bom.”

    Paula se levantou do sofá com um movimento leve. Ela ficou aliviada por ter franja nesses momentos.

    Não iriam ver seu rosto vermelho.

    “Mantenha a conversa o mais curta possível. Vai ficar estranho se continuar por muito tempo. Acabe primeiro, dizendo que está cansado. Porque Violet nunca vai terminar a conversa primeiro.”

    “Vou fazer isso.”

    “Está bem. Então, a postura já está mais ou menos decidida, e acho que já deu para a conversa. A próxima parte também é importante. Levante-se por enquanto.”

    Vincent se levantou devagar, usando o encosto do sofá.

    “E você pode sair.”

    “Como?”

    “Vou te mostrar o caminho.”

    Ethan rearranjou os móveis sem dificuldade para que Vincent pudesse passar. Os sofás de cada lado da mesa foram afastados um pouco para abrir o caminho. Principalmente o sofá ao lado direito de Vincent, que foi afastado da mesa para dar mais espaço. Depois disso, Ethan, que estava olhando ao redor da sala, fez um gesto para Paula.

    “Então, senhorita. Agora você tem que mostrar ao Vincent como sair.”

    “Eu?”

    “Juntos.”

    Ethan sorriu. Paula tentava sair de seu caminho e se aproximou de Vincent. Ele estava parado lá, a expressão de antes parecia uma fantasia. Mas ainda flutuava em sua cabeça. Ela tentou afastar a memória.

    “Senhor, vou segurar sua mão e te guiar.”

    Vincent hesitou antes de estender a mão.

    Ele estava relutante em segurar sua mão.

    “O que aconteceu? Você estava bem antes.”

    Paula dobrou e desdobrou os dedos sem saber o porquê e tocou levemente na ponta dos seus dedos.

    “Agora, se você sair por aqui…”

    “O que está acontecendo com você?”

    “O quê?”

    Quando ele perguntou, franziu a testa. Então pegou sua mão.

    “Não me segure assim. Se eu cair, você vai ter que me pegar.”

    “Eu? Eu?”

    “O quê?”

    “Não, não. Vai ficar tudo bem.”

    Agora, segura firme, ela pensou, ainda tentando tirar a mão dele.

    Então ele apertou mais forte. Paula entrou em pânico com o aperto, como se ele estivesse tentando impedir que ela se soltasse. Ele a apressou a guiar rapidamente, fingindo não perceber.

    Finalmente, Paula forçou a barra, pegou sua mão e o guiou.

    “Aqui, você vai ter que memorizar bem o caminho.”

    “Eu vou.”

    ‘Não sei por que meu peito continua apertado.’

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