Capítulo 138: Eu Não Quero Viver Assim (9/10)
Como Chohong esperava, a reunião estava estagnada no mesmo ponto de sempre. Mas, nesse caso, seria difícil chamar aquelas pessoas de incompetentes. Era um grupo formado por indivíduos que se destacavam em suas respectivas áreas, mas com um inimigo daquele nível, nem mesmo eles conseguiam encontrar uma saída.
E foi justamente por isso que a chegada de Seol Jihu e sua solução inesperada surgiram como uma luz de salvação, um fino raio do novo amanhecer rasgando a escuridão.
— Isso é incrível. Realmente incrível.
Ian continuava a expressar sua admiração com o rosto de alguém completamente fascinado. Nem sinal de sua costumeira malícia, seus olhos brilhavam com um foco intenso. Como um homem prestes a se afogar que encontra um galho flutuante, ele agarrava a planta como se quisesse perfurá-la com os olhos.
— Não é bidirecional como o ‘Distorção’, mas conecta dois lugares diferentes curvando o espaço em uma única direção. Pode ser rudimentar, mas é uma solução surpreendente. Espera! Isso aumenta a carga, então as restrições são… Droga! Eu sabia…
Ian continuava a murmurar para si mesmo enquanto sua caneta não parava de rabiscar no papel.
Um certo homem, observando o velho, formava uma expressão cheia de apreensão. O olhar dele era afiado, e os lábios, pressionados em silêncio.
— Que consideração… Todas as explicações já estão aqui. Então, parece que o limite de peso por transferência é de uma tonelada. Se considerar o peso na volta, então o número de pessoas… Não, assim não vai dar. E se dividirmos em grupos e fizermos várias transferências… Merda! Aí o consumo de mana pra manter o círculo vai explodir…
— Mestre Ian.
O homem não aguentou mais e o chamou. Ian interrompeu seus cálculos fervorosos e levantou a cabeça.
— Podemos confiar nessas informações?
— Hmm…
A suspeita era compreensível. Afinal, tudo aquilo era brilhante demais para ter vindo de um Guerreiro de Nível 2. Eles haviam se visto encurralados e impotentes diante da situação, e agora, de repente, alguém vinha com a solução completa em mãos? Parecia bom demais pra ser verdade.
— Tem razão. Gostaria de conhecer esse homem e conversar com ele…
Ian falou num tom esperançoso, mas Seol Jihu balançou a cabeça.
— Ele já se recolheu. E não parece que vai sair do isolamento tão cedo.
— Nesse caso, paciência. Só isso aqui já é uma ajuda e tanto.
Ian aceitou a situação sem resistência. O outro homem abriu a boca novamente.
— Eu admito que esse plano é muito bom. Mas ainda há um risco. E se for uma armadilha…?
— Sei exatamente do que está com medo.
Ian cortou a fala do homem de imediato.
— Já agimos com pressa e imprudência uma vez. Pode ficar tranquilo, vou revisar cada mínimo detalhe. Com minhas habilidades, saberei dizer se esse plano é legítimo ou não.
Diante disso, o homem recuou sem mais objeções. Ian prosseguiu:
— Temos outra coisa com que nos preocupar. O importante é: agora temos um plano viável. Não podemos perder tempo.
Riiip.
Ian rasgou o papel onde escrevia e o entregou a Cinzia.
— Aqui estão as coordenadas do esconderijo nas Montanhas Arden. Entre em contato com a corte real e peça que busquem o local.
— Não precisa contatá-los.
Com um movimento elegante, Cinzia pegou o papel e se virou para sair.
— Temos algumas pessoas bem rápidas no grupo, se é disso que você precisa. Três, quatro dias devem bastar.
— Qualquer coisa serve, contanto que seja rápido.
Cinzia saiu da sala sem dizer mais nada. Ian acompanhou seu desaparecimento com o olhar, antes de voltar os olhos para Seol Jihu, com uma expressão animada.
— Você fez uma grande contribuição.
— Nem tanto. Ainda é cedo pra dizer isso.
Seol Jihu respondeu com humildade.
— Não concordo nem um pouco com isso.
Ian soltou um suspiro. O sentimento de arrependimento era evidente. Se ao menos tivessem essas informações desde o início…
— E até esse item, o rudium… Se tudo sair conforme o plano, talvez a gente consiga resolver isso com mais facilidade do que imaginamos. Eu poderia agradecer de muitas formas, mas nenhuma faria justiça ao que você fez.
— Ainda não dá pra ser otimista. Esse plano tem muitas variáveis.
Isso era verdade, mas ainda assim, a situação tinha melhorado muito em comparação à primeira tentativa. Não seria exagero dizer que Seol Jihu já tinha feito mais do que o necessário.
Ian hesitou um pouco, trocou um olhar com Chohong e enfim tomou coragem para falar.
— Hm… Seol?
— Sim?
— Veja bem… Pretendo fazer um relatório completo do seu trabalho para a família real. Mesmo que a missão acabe fracassando.
— ?
— Claro, se conseguirmos ter sucesso, vou garantir que sua contribuição seja reconhecida antes de qualquer outra. Ninguém vai ter o nome mencionado antes do seu. Exceto o Mago em reclusão, é claro.
O que ele queria dizer com isso? Seol Jihu apenas inclinou a cabeça, confuso.
— O que estou tentando dizer é…
Ian disse as palavras seguintes com certa dificuldade:
— …O que você fez por nós até agora já é mais do que suficiente.
Só então Seol Jihu entendeu. O velho estava sugerindo que ele não precisava participar da missão em si.
— Eu seria um estorvo pra vocês?
Ian refletiu por alguns segundos e depois balançou a cabeça, com convicção.
Tecnicamente, ele não seria um peso. O círculo de transferência e o rudium eram o cerne da missão, uma missão cujo foco era o resgate, não o combate. Como agilidade era essencial, havia uma boa chance de o Brinco Festina que Seol Jihu usava se tornar uma peça vital.
E não era só isso. Ele também era membro da Carpe Diem, o que por si só já justificava sua participação. E se levassem em conta que ele era o autor original do plano, então rejeitá-lo seria ainda mais difícil. Por fim, a escassez de Terrestres dispostos a ir fazia com que cada ajuda extra fosse valiosa.
— Já que não vou atrapalhar…
Seol Jihu guardou o rudium no bolso. O significado daquele gesto era claro. Ian apenas soltou um sorriso torto.
— Então você vai com a gente.
— Eu quero ir.
— Você é mesmo um sujeito indecifrável…
Ian balançou a cabeça, sem saber se ria ou lamentava.
— Se é isso que decidiu, não vou impedi-lo. Mas tome muito cuidado quando estivermos lá.
Ele suspirou com pesar e voltou os olhos para o papel à sua frente. Seol Jihu apenas assentiu, indicando que entendeu.
Exatamente como Cinzia havia dito: a mensagem de que seu grupo havia encontrado o esconderijo nas Montanhas Arden chegou três dias depois. Ian confirmou o estado do círculo mágico através do cristal de comunicação, revisou o plano mais uma vez com todo o cuidado e, por fim, deu o sinal verde.
Havia seis pessoas que precisavam ser resgatadas.
Richard Hugo, Nível 4.
Ayase Yui, Nível 5.
Edward Dylan, Nível 5.
Erica Lawrence, Nível 6.
Ibrahim Ali, Nível 5.
Teresa Hussey, Nível 5.
A equipe de resgate foi formada rapidamente, mas o número de integrantes foi limitado a seis. Isso porque, no caso de conseguirem resgatar todos os seis cativos, seria necessário respeitar a limitação máxima de peso na volta pela magia de transferência.
Claro, a ideia de dividir os membros em grupos e enviá-los separadamente pelo círculo mágico chegou a ser considerada, mas isso trouxe outro problema: a mana, ou melhor, a falta dela.
Ian passou dias fazendo e refazendo cálculos, e o número final que determinou foi seis pessoas. Para ser honesto, apenas manter o círculo mágico ativo por trinta minutos já era suficientemente desgastante para ele se preocupar com possíveis efeitos colaterais no próprio corpo. Assim, concluiu que, em vez de consumir o tempo já apertado da missão, o melhor seria minimizar o número de participantes.
E assim, a equipe de resgate foi composta por Ian, encarregado de ativar e manter o círculo mágico; Seol Jihu e Chohong, responsáveis pela infiltração. Os três membros restantes incluíam um Arqueiro de Nível 5, atuando como guia do grupo, além de um Guerreiro de Nível 4 e um Sacerdote.
Como o objetivo da missão era claro, nenhum desses indivíduos foi forçado a participar. Pelo contrário, apenas voluntários foram aceitos. Todos escolhidos tinham fortes laços pessoais com os cativos e estavam determinados a realizar o resgate com sucesso.
Uma vez que a missão foi aprovada, uma ou duas pessoas começaram a demonstrar certa urgência. No entanto, Ian não cedeu à pressa. Em certas circunstâncias, ações rápidas podem ser necessárias, mas como ele já havia sentido o gosto amargo do fracasso por agir com precipitação, desta vez foi ainda mais cauteloso.
Diversos cenários possíveis foram considerados com base nas informações que Seol Jihu havia trazido, e somente após um número suficiente de simulações foi que o grupo partiu rumo às Montanhas Arden.
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