Capítulo 162: Vício (4/4)
A nova direção da Carpe Diem foi revelada. Os três membros restantes decidiram fazer uma pausa e usar o tempo para refletir sobre o futuro.
Chohong e Hugo disseram que voltariam para a Terra ainda hoje. Seol Jihu concluiu que também não devia perder mais tempo. Depois de pedir a Chohong que trouxesse uma bolsa para ele, entrou em contato com Kim Hannah através da esfera de comunicação que ela lhe dera.
“Ela não tá atendendo…”
No entanto, não conseguiu contato. Parecia que ela ainda não havia retornado da Terra. Ele pegou as roupas que Chohong havia trazido e deixou a sala de tratamento. Como não estava em um hospital, não precisou seguir nenhum procedimento formal para sair. Ainda assim, precisava pagar pelo tratamento que havia recebido.
“Parece que meu corpo melhorou bastante.”
Seol Jihu estalou o pescoço e girou os braços, só para se surpreender profundamente. Seu corpo físico estava simplesmente saudável demais. Todos os ferimentos haviam cicatrizado e, embora pudesse ser apenas impressão, parecia que sua mana estava circulando com mais intensidade do que antes.
No geral, sentia como se tivesse passado por um avanço, quase como se tivesse ingerido uma erva preciosa ou uma pílula rara. No entanto, não conseguia se lembrar de absolutamente nada sobre o Sacerdote que o havia curado. Isso porque ele não fez nada além de dormir depois de ver aquela luz brilhante.
Ainda assim, sabia que alguém havia cuidado dele com muito zelo durante as 24 horas em que esteve dormindo ou quase inconsciente.
“Quem será que foi?”
Para pagar pelo tratamento e agradecer ao Sacerdote que cuidou dele, Seol Jihu foi até a recepção do templo. No entanto, encontrou um contratempo inesperado.
— Ela não está?
— Não, ela disse que tinha algo urgente para resolver.
— Então, posso ao menos saber o nome dela…?
— Sinto muito, mas não posso revelar isso sem a permissão dela.
Disseram ainda que ele não precisava pagar. Aparentemente, quem o tratou deu ordens estritas aos Sacerdotes para que não aceitassem nenhum pagamento. Mesmo assim, Seol Jihu insistiu, e a recepcionista acabou dizendo que o tratamento custava, no mínimo, uma moeda de ouro. Seol Jihu não conseguiu esconder o choque ao ouvir isso.
— Q-Quem foi que me tratou, afinal?
No fim, ele cedeu e se posicionou diante do portal de retorno. Disse a si mesmo que voltar era a escolha certa, mas ainda hesitava.
“Não espere nada. Não espere nada.”
Murmurou isso para si mesmo várias vezes antes de se entregar à luz azul.
Retornar à Terra. Já havia passado por isso uma vez antes, mas ainda assim não conseguia evitar a sensação estranha. Não era que estivesse desconfortável com a sensação de retorno em si. O que lhe era estranho era o quarto limpo no qual voltou.
“Quanto tempo eu fiquei fora?”
Olhou ao redor como se estivesse no quarto de outra pessoa. Logo avistou o celular caído no chão. Talvez por causa do mantra que repetira mentalmente para não criar expectativas, suas mãos não se moveram imediatamente para pegá-lo. Sabia que só acabaria se decepcionando. Ainda assim, precisava do celular para entrar em contato com Kim Hannah. Seol Jihu estalou os lábios e pegou o aparelho.
“Parece que ainda é de manhã…”
Ao abrir a janela, foi recebido por uma luz solar abrasadora. Franziu as sobrancelhas quando o ar abafado invadiu o ambiente.
Era começo de maio. O clima estava quente demais para um verão que mal havia começado.
“Acho que voltei mesmo.”
Observou os carros passando pelas ruas embaixo do prédio. Então, subitamente pegou a carteira. Como um burro picado por uma abelha, saiu apressado do prédio e correu até a loja de conveniência mais próxima.
— Keu!
Quando comprou uma lata de Coca e a virou goela abaixo, sentiu como se tivesse o mundo todo em suas mãos. Nunca imaginou que um refrigerante gaseificado pudesse ser tão satisfatório. Só depois de comprar um maço de cigarros também é que sentiu que estava, de fato, de volta à Terra.
Depois de esvaziar a lata de Coca e fumar um cigarro ali mesmo na calçada, sentiu-se relaxado. Até pensou em ir comer alguma coisa gostosa, mas sabia que havia assuntos mais importantes para resolver.
Pegou o celular e pressionou o botão de ligar com o polegar, os olhos fixos na tela. No momento em que o sistema iniciou e a tela apareceu…
Bzzz, bzzz, bzzz!!
O telefone começou a vibrar enlouquecidamente. Embora houvesse uma breve pausa entre cada vibração, ele conseguiu contar ao menos dez. Agora de olhos arregalados, Seol Jihu verificou as mensagens. Sua mandíbula caiu levemente.
“Minha mãe… e o Hyung também?”
A maioria das chamadas perdidas parecia ser de números de spam, mas sua mãe havia ligado duas vezes e seu irmão mais velho, Seol Wooseok, uma.
“P-Por quê?”
Não era como se estivesse sendo perseguido, mas Seol Jihu entrou em pânico. Verificou a data das ligações. Já fazia algum tempo, mas ainda assim ficou tentado a retornar as chamadas. No entanto, ao refletir um pouco mais, decidiu que não era uma boa ideia. Provavelmente estavam ligando para perguntar de onde ele havia tirado o dinheiro que mostrara antes. E Seol Jihu ainda não tinha uma boa resposta.
Sendo assim, só havia uma pessoa para quem ele poderia ligar agora.
“Era dia 17 de abril da última vez que estive aqui, né?”
Lembrou-se de Kim Hannah gritando com ele por não ter atendido o celular enquanto rolava a lista de chamadas anteriores. Um número não registrado havia ligado várias vezes no dia 17 de abril. Pelo horário das ligações, tinha certeza de que era o número de Kim Hannah.
Mas agora que pensava bem, ligar para ela também não seria tão simples assim. Tentou ao máximo acalmar o coração acelerado enquanto apertava o botão de chamada.
Bip-!
Antes mesmo de o toque tocar uma vez…
— Seu…
Seol Jihu afastou rapidamente o celular do ouvido. Mal conseguia entender a voz saindo do aparelho, mas captou algumas palavras, incluindo ‘filho’ e ‘-rdado’.
%@#^&@^#@!
Como um pardal diante de uma ave de rapina, Seol Jihu encarou o celular berrando em sua mão, em completo estado de choque.
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