Capítulo 175: As Fitas dos Laços Começam a se Atar (5/10)
— ⟅Em nome de Ira, eu concedo a partir deste momento o título de Templária de Nível 5 a Chung Chohong! Espero grandes feitos à altura da liga dos Altos Rankers!⟆
— Haat!
Assim que voltou, Chohong se candidatou imediatamente para se tornar uma Alta Ranker e saiu do templo com orgulho. Não conseguia esconder a felicidade após conquistar o que sempre sonhou.
Com o rosto cheio de sorrisos, ela ergueu as sacolas de compras que carregava.
“Ele vai gostar, né?”
Sabia que havia demorado bastante para voltar, então trouxe presentes para dar ao Seol Jihu. Desde que explicasse as circunstâncias e oferecesse alguns mimos, acreditava que ele não ficaria tão bravo assim.
O único problema era que Chohong não havia comprado absolutamente nada para o Hugo. Ela sequer cogitou comprar algo para ele.
— Aquele bastardo… Aposto que tá chorando de saudade da noona aqui.
Lulu~ Lululu~
Chohong cantarolava enquanto descia os degraus do templo. Talvez estivesse feliz por estar de volta depois de várias semanas, ou talvez estivesse ansiosa para ver a reação do companheiro ao receber seus presentes, mas, de qualquer forma, seus passos estavam cada vez mais apressados.
Logo, Chohong chegou ao escritório da Carpe Diem.
— Ei! Seol!
Ela escancarou a porta e entrou.
— Tá aí? Aparece se tiver! A irmãzona trouxe uns pre…
Koong!
De repente, o prédio tremeu levemente. Como se fosse um pequeno terremoto, toda a construção balançou.
Koong… Koong…
Os tremores não cessaram após o primeiro, continuavam em intervalos regulares. A expressão de Chohong congelou no mesmo instante.
Koong.
Outro pequeno tremor passou pelos pés de Chohong. Julgando pela intensidade leve, não era nada com que se preocupar. No entanto, seus sentidos aguçados perceberam que os tremores não vinham de um impacto direto no escritório, mas sim de um impacto indireto. Isso significava que o abalo de uma força de impacto separada estava fazendo aquele enorme prédio tremer.
“O que está acontecendo?”
Chohong olhou ao redor rapidamente antes de espiar pela janela. Imediatamente…
KOONG!
O som ficou mais claro, e ela pôde até ouvir outros sons misturados.
— Aaack!
Chohong franziu a testa enquanto cobria os ouvidos com as mãos.
“Porra, alguém tá explodindo granadas por aqui?”
Ela olhou para baixo resmungando, e seus olhos irritados se arregalaram instantaneamente de surpresa.
— Você tá bem!?
Ela viu um jovem familiar com as mãos em concha diante da boca, pedindo desculpas.
“Seol?”
Na frente dele…
— Tá preocupado com quem!? Eu tô bem, então volta a atirar!
…Estava um velho carregando um enorme escudo, gritando com uma voz rouca. Quando Chohong viu o casaco azul-marinho familiar, sua mandíbula caiu. Ele deve ter ouvido sua aproximação, pois virou levemente a cabeça para o lado. Imediatamente, seu olhar suavizou.
— É você, Chohong?
— Quer que eu te traga um chá quente?
— Não, tô bem.
— Então vou comprar alguma coisa gelada pra você beber.
— Mn, valeu.
— Sem problema. Quer alguma coisa, Chohong?
Um neto exemplar perguntando com um sorriso brilhante e um avô respondendo com seriedade. Vendo seu camarada ter se tornado o faz-tudo do velho, Chohong respondeu com atraso:
— Qualquer coisa serve.
Assim que Seol Jihu saiu dizendo que já voltava, o velho soltou um leve gemido e esfregou a mão.
— Merda, isso doeu.
Chohong soltou uma risadinha seca.
— Foi você quem gritou pra ele jogar rápido.
— Dá um tempo. Ouvi dizer que ele era Nível 2! Por que é tão forte assim?
— Então só fala pra ele pegar mais leve. Pensa na sua idade. Eu conheço gente que já partiu tentando bancar o jovenzinho.
— O que foi que você disse?
Thwack!
A bengala dele acertou em cheio a cabeça de Chohong, que imediatamente segurou a cabeça e gritou:
— Ai, por que me bateu!? Eu só tava preocupada com você!
— Preocupada? Esse é o tom de alguém preocupado? Você tava pronta pra fazer oferendas me despachando pro outro lado!
— Ah, qual é, oferendas? Já tentei isso e não adiantou nada!
Ao ouvir a confissão de Chohong, o velho fez uma careta.
— É mesmo, agora que você falou, isso aconteceu mesmo.
Era uma história de muito tempo atrás. Cansados de sofrer com o método de treino espartano do velho, Chohong e Hugo cerraram os dentes e juntaram um dinheirinho. Sem saber o que eles estavam tramando, o velho até ficou orgulhoso:
— Hoho, vocês pararam de ir pra bar? Devem ter finalmente tomado juízo.
Ele até tentou comprar equipamentos melhores pros dois e foi com eles até uma loja de armaduras. Mas, para sua surpresa, nem Chohong nem Hugo tinham um tostão. Quando foi investigar o que houve, descobriu que os dois tinham ido até o Templo de Luxuria e entregado tudo para um Sacerdote fazer uma Cerimônia.
Não demorou até ele descobrir que o pedido deles era para que algo acontecesse com o velho. Isso mesmo, eles tinham feito oferendas desejando a morte dele.
— Traidores miseráveis. Eu tava achando estranho por que vasos de flores ficavam caindo na minha cabeça e por que eu vivia tropeçando. Era tudo culpa de vocês, idiotas.
Quando o velho rosnou, Chohong deu uma risadinha.
— Não, não, a gente também foi enganado! Aquela idiota da Maria mentiu descaradamente dizendo que era Sacerdotisa Chefe!
— E isso é motivo de orgulho!? Tá se gabando!? Hein!?
— Tô brincando, tô brincando. Isso não é óbvio? Aff, continua com essa sua pose de superior, hein.
Thwack! Thwack!
Sons rápidos de pancadas ecoaram. Chohong gemeu — Auuuu! — antes de cair pra frente e esfregar a cabeça no sofá.
— Poxa, pensa em como a gente tava desesperado! Você não teria feito o mesmo se estivesse apanhando dia e noite!?
— Sua idiota! Se fosse metade esperta e dedicada como o Dylan, eu não teria precisado te treinar tanto! Como seu cérebro de passarinho não entendia nada mesmo depois de eu explicar cem vezes, tive que ensinar pro seu corpo na marra!
— Mas o Dylan…!
Chohong calou a boca na hora. O velho, que apontava sua bengala de madeira pra ela, também soltou o ar e sentou de novo. Enquanto Chohong arfava, ele falou com um tom mais suave:
— Ouvi falar do que aconteceu. Parece que você passou por maus bocados.
— …Você devia ter vindo antes. Tem ideia do quanto o Dylan queria te ver?
Chohong retrucou com a voz mais baixa.
— Hmph, esse seu jeito sem modos de falar.
O velho respondeu com rispidez, depois suspirou. As rugas fundas no rosto o faziam parecer mais magro.
— Mas fez um bom trabalho. Ouvi dizer que os Parasitas planejaram algo assustador, mas você não só salvou o Dylan como ainda conseguiu impedir eles. Foi uma atuação excelente.
— Eu não fiz muito. Quem merece os elogios é ele. Foi ele que fez tudo.
— Ele?
— O Seol. Sabe, o Seol, aquele que você tava treinando antes. Aliás, qual foi dessa história? Achei que você tinha se aposentado.
O velho não tinha ouvido os detalhes do ocorrido, então ficou surpreso ao saber que o jovem ‘fez tudo’.
— Bem… ele implorou tanto que eu não consegui dizer não. Mas não dava pra só assistir, então resolvi fazer isso como passatempo até vocês voltarem.
— Ooh? Esse é mesmo o velho amargurado até o osso? O você do passado teria virado as costas sem pensar duas vezes… Ah! O que foi? Nem posso mais dizer o que penso!?
Quando o velho levantou a bengala, Chohong recuou com uma cara apavorada. O velho clicou a língua e olhou para o teto.
— Que dor de cabeça. Fui embora tranquilo achando que podia confiar a Carpe Diem ao Dylan, mas agora que ele se foi, é questão de tempo até o grupo se desfazer.
A preocupação dele era compreensível, já que o líder e núcleo da equipe havia morrido. Chohong fez beicinho.
— Não subestima a gente. Eu também sou uma Alto Ranker agora.
O velho ficou com a expressão de quem acabara de sofrer um choque cultural.
— O-Quê? Você, uma… Alto Ranker!?
— Isso mesmo. Agora sou uma Templária.
Quando Chohong empinou o peito com orgulho, o velho perguntou de novo:
— Sério? Como?
— Bem… Eu sou uma Guerreira. Acumulei pontos de experiência mais do que suficientes enquanto tava presa no Nível 4, e quanto à Iluminação…
Quando Chohong hesitou em falar sobre essa tal ‘Iluminação’, o velho respondeu com tato:
— Iluminação não é obrigatória. E você não tava tentando subir de nível usando como atalho sua Classe Técnica inicial de Sacerdotisa? Em vez disso, e a missão da família real?
— Como Manifestação é um atalho? É a Habilidade da minha Classe.
Chohong protestou, e continuou como se tivesse sido injustiçada:
— Quanto à missão da família real, eles abriram mão dela porque participei da missão de resgate. Arrisquei minha vida naquela missão, então só mandariam outra em cima de mim se fossem uns filhos da puta completos.
Para se tornar um Alto Ranker, um Terrestre precisava cumprir a formalidade de completar uma missão emitida por alguma das famílias reais. Um detalhe importante era que essa missão sempre envolvia os Parasitas. Por ter um nível de dificuldade absurdo, havia incontáveis Terrestres descontentes com essa exigência.
Mas não havia o que fazer. Afinal, só de alcançar o Nível 5, alguém já ganhava o status e a autoridade necessários para fazer sua voz ser ouvida em Paraíso.
Na verdade, o motivo das famílias reais intervirem nas promoções dos Terrestres ao Alto Escalão era para ‘impedir que autoridade e poder fossem concedidos àqueles que não contribuíssem para o bem de Paraíso’. Os sete deuses também haviam concordado com os sete reinos.
Desde que essa mudança foi implementada, o número de novos Alto Rankers caiu drasticamente. Isso porque cada vez mais Terrestres preferiam se manter no Nível 4 ao perceberem o risco que precisariam correr para ultrapassar a barreira à frente.
De certo modo, era uma realidade deprimente. Era de conhecimento geral o quão poderosos os Alto Rankers eram. Para que as famílias reais, que odiavam os Parasitas, colocassem uma restrição dessas até em seus próprios aliados, só mostrava o quanto os Terrestres eram lamentáveis.
— Entendo. Faz sentido.
O velho concordou prontamente.
— Ainda bem. Agora que você é uma Alto Ranker, tem as qualificações pra assumir o posto de líder.
— Hã? Eu? Líder? Tô fora, não sirvo pra isso. E nem quero.
Chohong fez careta e acenou negativamente com a mão. Ser líder de uma equipe não era algo que qualquer um podia fazer. Além de poder, era preciso ter cabeça pra tomar decisões sensatas em momentos críticos.
Dylan era um líder ideal nesse sentido, mas Chohong era uma cabeça de vento que só sabia lutar. E isso o velho também sabia bem.
— É… Se você quisesse ser líder, teria escolhido se tornar uma Cruzada, não uma Templária.
O velho disse com certo pesar.
— De qualquer forma, eu nunca vou ser líder. Eu conheço minha personalidade. Se eu virar líder, esse grupo vai pro buraco.
O velho assentiu em total concordância, mas ainda assim falou com sinceridade:
— Não tem outro jeito. Um Alto Ranker precisa ser o líder pra equipe ter alguma credibilidade. E, convenhamos, você ainda é melhor que o Hugo.
— Merda. Você tem razão, mas por que isso me dá raiva?
Vendo a expressão irritada de Chohong, o velho balançou a cabeça.
— Fazer o quê? Não dá pra botar um novato Nível 2 no comando da equipe.
O semblante de Chohong escureceu. Assim como o velho disse, esse problema não podia mais ser evitado. Além do vazio deixado pela morte de Dylan, a Carpe Diem precisava eleger um novo líder para levantar o ânimo do grupo.
Isso mesmo, ela sabia… mas havia apenas um problema.
“Não tem ninguém adequado pro cargo.”
Chohong sabia bem da própria posição. Hugo também estava fora de questão. Ela via um pouco de potencial em Seol, mas ele ainda era inexperiente demais.
— …Tsk.
Chohong lançou um olhar discreto pro velho e estalou os lábios. Ela se levantou, coçando o pescoço com força.
— Eu vou pensar no assunto. Isso não é algo que eu deva decidir sozinha de qualquer jeito.
— Mm…
— Nós três vamos cuidar disso, então não se mete. Você já tá aposentado, não tem que se preocupar. Nada de sogra ranzinza, beleza?
O velho soltou uma risadinha. Chohong podia ser ríspida, mas ele não era burro o suficiente pra não notar os verdadeiros sentimentos dela.
— Olha só, que surpresa.
— O que foi?
— Quem diria que uma pirralha imatura como você ia aprender a ser tão atenciosa? Parece que já provou das águas de Paraíso.
— Eu sou uma Alto Ranker, sabia?
— Hmph, mas ainda é uma Meia-Boca. Não se ache demais.
Vendo o velho trocar de elogio pra bronca num piscar de olhos, Chohong abaixou a cabeça e suspirou.
— Enfim, não se preocupa mais com esse assunto, velho. Só encontra quem você veio ver e volta. Não vai enfiar o nariz onde não é chamado.
— Claro. E o Hugo, chega quando?
— Deve ser logo. Não tem mais ninguém que você quer ver?
— O Hugo já basta.
Ao ouvir isso, Chohong bateu no peito com desconforto.
— Aff, limpa a bagunça antes de ir embora, tá? Você tem ideia do que a gente passou depois que você sumiu? Todo mundo que a gente encontrava perguntava ‘Quando o velho volta?’ ou ‘Ele se aposentou mesmo?’
— Tá bom, tá bom.
O velho sorriu amargamente enquanto balançava a bengala no ar.
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